A importância da mobilidade académica internacional na vida discente
A importância da mobilidade académica internacional na vida discente
The importance of international academic mobility in student life
Xxxxxxx Xxxxx
Instituto Federal de Alagoas, Brasil
Xxxxx Xxxxxxxxx
CIEB, Instituto Politécnico de Bragança, Portugal
Resumo
Na era da informação, a celebração de contratos bilaterais entre instituições de ensino superior é considerada uma mais-valia para a internacionalização do saber, contribuindo para a formação profissional, cooperação em pesquisa e produção de literatura internacional. Da parte discente, a participação num programa de mobilidade académica internacional tem como maior ganho a aquisição de conhecimento de outras realidades e culturas e, principalmente, de inteligência emocional, importante competência para a atuação profissional. Neste contexto, este relato é uma partilha da experiência vivida na Escola Superior de Educação de Bragança, no segundo semestre do ano letivo de 2018/2019, contemplando as três fases principais da mobilidade: pré-mobilidade, mobilidade e pós-mobilidade.
Palavras-chave: internacionalização, acordo bilateral, inteligência emocional
Abstract
In the information age, the signing of bilateral contracts among higher education institutions is considered an asset for the internationalization of knowledge, contributing to professional training, cooperation in research and production of international literature. On the student’s side, the participation in an international academic mobility programme has the greatest gain in acquiring knowledge of other realities and cultures and, especially, of emotional intelligence, an important competence for professional performance. In this context, this report shares the experience lived at the School of Education of Bragança, in the second semester of the academic year 2018/2019, covering the three main phases of mobility: pre-mobility, mobility and post-mobility.
Keywords: internationalization, bilateral agreement, emotional intelligence
INTRODUÇÃO
A mobilidade académica internacional é uma oportunidade de crescimento pessoal e académico que implica ousadia para “sair fora da caixa” por parte de quem se proponha viver esta experiência, uma vez que não é fácil criar coragem para desbravar o mundo e viver em outro país, longe do conforto e da estabilidade do lar. Aprender novas culturas, ampliar os horizontes de conhecimentos, aprender a lidar com situações de estresse emocional, amadurecer pessoal e
profissionalmente são alguns dos desafios presentes num acordo de mobilidade académica, qualquer que seja a modalidade escolhida.
A mobilidade académica internacional é uma vivência única na vida discente, abrindo os horizontes para os campos dos conhecimentos transdisciplinares, levando a sabedoria que fará parte da vida profissional e, sobretudo, pessoal do indivíduo.
A maior riqueza produzida pela mobilidade internacional é a inteligência emocional que proporciona ao candidato, pois o mesmo deve aprender a acreditar nas suas potencialidades, gerir os seus sentimentos, trabalhar em condições de pressão psicológica constante e, sobretudo, ser resiliente para conseguir superar todas as adversidades que enfrentará durante a sua estância académica.
Entre os ganhos proporcionados na área académica, podemos referir alguns exemplos tais como: conhecer e experienciar técnicas só antes vistas na literatura, ter acesso a laboratórios com tecnologias inovadoras, participar de projetos de âmbito internacional, desenvolver trabalhos de pesquisa que resultarão em uma literatura globalizada contribuindo para o conhecimento internacional.
No final do processo de mobilidade internacional o discente ganha, para além de conhecimento, uma rede de contactos mundial e amigos que levará para a vida.
DESENVOLVIMENTO
A internacionalização do conhecimento teve sua origem no pós Segunda Guerra Mundial, na década de 1945, com a necessidade das nações em obter profissionais que auxiliassem no processo de reconstrução dos territórios, dando origem assim aos acordos de mobilidade internacional, bolsas de capacitação e outras modalidades de cooperação internacional para difusão do conhecimento (Xxxxxx & Xxxx Xxxxxx, 2012; Iorio, 2018).
Na era da informação, os acordos de bilateralidade internacionais são firmados entre nações que buscam atender a demanda por mão de obra mais qualificada e contextualizada com as necessidades globais, de forma a conectar conhecimentos, fomentar pesquisa e o acesso a soluções mais inovadoras (Azevedo & Xxxxxx, 2013; Lombas, 2017; Iorio, 2018). Para Iorio (2018), a mobilidade internacional é uma forma de qualificar o capital humano para o mercado de trabalho, constituindo uma mais-valia para os profissionais em formação.
A União Europeia, no intuito de fomentar a internacionalização desde o ano de 1999, adotou o Sistema de Bolonha, como forma de normalizar o ensino superior europeu e facilitar a validação de diplomas entre as instituições de ensino. Através do sistema de acreditação europeia, é ainda possível firmar acordos de mobilidade acadêmica com instituições ao redor do mundo, criando um universo globalizado e sustentável (Xxxxxx & Xxxx Xxxxxx, 2012; Iorio, 2018).
Desta forma, através do acordo de bilateralidade firmado entre Instituto Federal de Alagoas (IFAL) e Instituto Politécnico de Bragança (IPB), deu-se o processo de mobilidade vivenciado no segundo semestre do ano letivo de 2018/2019, que decorreu na Escola Superior de Educação
de Bragança, nomeadamente no curso de Educação Ambiental (EA), em unidades curriculares da licenciatura e do mestrado.
Neste contexto, este relato de experiência de mobilidade evidencia as três fases principais de uma mobilidade: pré-mobilidade (o plano de estudo enquanto acordo de aprendizagem da mobilidade), mobilidade (a internacionalização do conhecimento, as experiências e as vivências que contribuem para o crescimento pessoal e académico) e pós-mobilidade (a forma que cada estudante encontra para disseminar a sua experiência de mobilidade, quando regressa à sua instituição de origem).
Plano de estudo
O plano de estudos é o principal documento celebrado entre as instituições (de origem e acolhimento) e o discente, garantindo que os trabalhos desenvolvidos no âmbito das unidades curriculares da mobilidade serão acreditados entre as instituições de ensino, constando do histórico escolar do discente. No plano de estudos deverão constar as unidades curriculares a serem desenvolvidas na instituição de acolhimento, assim como as unidades curriculares que serão substituídas na origem, permitindo, desta forma, que o estudante adquira competências e conhecimentos de acordo com sua área de formação académica.
Internacionalização do conhecimento
O grande objetivo da mobilidade académica é promover a internacionalização do conhecimento, produzindo estudos de cooperação que levem a um conhecimento mais globalizado (Xxxxxx & Xxxx Xxxxxx, 2012; Xxxxxxx & Xxxxxx, 2013; Lombas, 2017; Iorio, 2018).
Neste sentido, o estágio curricular da licenciatura em educação ambiental desenvolvido dentro do Projeto AS (Alimentação Sustentável), da responsabilidade das professoras Xxxxxxxx Xxxxxxxxx, Xxxxx xx Xxxxxxxxx Xxxxxxx, Xxxxx Xxxx Xxxxxxxxx e Xxxxx Xxxxxxx, foi o que apresentou o maior contributo para este resultado.
Através das atividades desenvolvidas no Projeto AS, fomentou-se a discussão sobre o tema alimentação sustentável, tendo em conta todo o ciclo de vida referente a produção, compra, transporte e consumo de alimentos, contemplando ações de educação ambiental em escolas do primeiro ciclo, na região de Trás-os-Montes.
A partir do trabalho desenvolvido no estágio curricular, deu-se origem a uma parceria para seguimento do estudo no Brasil, a ser apresentado como tema para trabalho final de conclusão de curso (TCC), através da coorientação de uma docente do IPB, nomeadamente da professora Xxxxx Xxxx Xxxxxxxxx, contribuindo, assim, para a partilha de experiências e para a difusão do conhecimento global.
Outros contributos para o conhecimento
No âmbito da mobilidade académica, vale ressaltar algumas experiências vivenciadas consideradas como uma mais-valia para a formação profissional, cita-se: o Projeto Demola, projeto internacional de empreendedorismo firmado entre o IPB e instituição finlandesa; serviço de secretariado no IV Encontro Internacional de Formação na Docência (INCTE); participação em formações de temas variados nas escolas IPB e serviço de secretariado e monitoria prestado à Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA).
Vivências pessoais
O discente de mobilidade internacional deve estar aberto a vivenciar experiências múltiplas no país de residência (Lombas, 2017; Iorio, 2018), participando de eventos da cultura local, experimentando sabores da gastronomia, entendendo e respeitando as diferenças culturais entre povos, desapegando-se temporariamente das preferências oriundas de sua nacionalidade, tirando, deste modo, o melhor proveito da experiência de mobilidade. Assim sendo, a participação nos passeios pedestres, promovidos pela Câmara Municipal de Bragança, no Carnaval dos Caretos e na Feira das Cantarinhas, constituem contributos para o aprendizado da cultura e gastronomia local.
Em contrapartida, o estudante de mobilidade deve partilhar conhecimentos sobre o seu país de origem, seus costumes e tradições, de forma a promover o intercâmbio cultural entre nações (Iorio, 2018).
Cartilha de mobilidade académica internacional para discente IFAL / IPB
Como forma de facilitar a compreensão da construção do plano de estudos e da organização da documentação para solicitação do visto de estudante no consulado português, e outras informações relativas à preparação da mobilidade, foi desenvolvida, por parte da aluna em mobilidade académica, uma cartilha para os processos de mobilidade entre IFAL e IPB, estando a mesma disponível no endereço eletrónico institucional do IFAL, na secção de relações internacionais, subsecção legislação e normas, com livre acesso para consulta (xxxxx://xxx0.xxxx.xxx.xx/).
Compartilhamento do saber adquirido
Ao retornar à instituição de origem, o estudante deve partilhar publicamente as vivências e conhecimentos adquiridos na mobilidade académica, como forma de internacionalizar os saberes. Neste sentido, aquando do retorno à instituição de origem (IFAL), a discente promoveu o Workshop “Ideias de Além-mar”, partilhando vivências e ideias de projetos desenvolvidos em Portugal, tendo, também, participado na palestra “Desafios e Preparação da Mobilidade Académica”, no IX Congresso Acadêmico e Científico da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL). Como forma de reunir as informações necessárias ao processo de pré-mobilidade, desenvolveu a “Cartilha de Mobilidade Académica Internacional para discente IFAL / IPB.
CONCLUSÕES
Quando um aluno se desloca em mobilidade para o Instituto Politécnico de Bragança, pode encontrar informações nos endereços eletrónicos das Relações Exteriores e Internacionais que o ajudarão a tornar a sua estância académica mais agradável e esclarecida (GRI, 2020; GRE, 2020). Contudo, este relato pretende ilustrar a experiência de mobilidade de uma aluna de mobilidade com o intuito de esclarecer eventuais dúvidas que outros alunos possam ter sobre o processo de mobilidade.
Os processos de mobilidade académica internacional são importantes formadores de profissionais mais contextualizados com a necessidade dos mercados internacionais, produzindo conhecimentos múltiplos a serem compartilhados entre nações (Iorio, 2018). São também responsáveis pela internacionalização do saber, já que através dos contratos bilaterais promovem a cooperação no desenvolvimento de pesquisa e formação de literatura internacional (Lombas, 2017).
Do ponto de vista do estudante, o maior ganho da mobilidade é a inteligência emocional, importante competência para o mercado de trabalho, além da oportunidade de construir uma rede de contactos global e de incrementar caraterísticas de comunicação, resiliência, proatividade e flexibilidade, entre outras. Para além disto, um aluno de mobilidade terá, em definitivo, a sua essência alterada, tornando-se uma pessoa com uma visão do mundo mais alargada, não se limitando a pensar dentro de uma caixa.
Agradecimentos e observações
Um especial agradecimento aos gabinetes de mobilidade internacional de ambas instituições. De referir que o texto se encontra em português do Brasil por ser esta a nacionalidade de uma das autoras.
Referências
Xxxxxxx, X. X. X. & Xxxxxx, A. M. (2013). Educação Superior, internacionalização e circulação de ideias: ajustando os termos e desfazendo mitos. Inter-Ação, v.38, n. 2, 273-291.
Xxxxxx, X. X. & Xxxx Xxxxxx, X. (2012). O ensino superior: a mobilidade estudantil como estratégia de internacionalização na América Latina. Revista Lusófona, 21, 69-96.
GRE (2020). Gabinete de Relações com o Exterior. Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Bragança. Acedido em: xxxx://xxx.xxx.xxx.xx/xxxxx.xxx/xxx/x-xxxx/xxxxxxxx/xxxxxxxx-xxxxxxxx-xxxxxxxx
GRI (2020). Gabinete de Relações Internacionais. Instituto Politécnico de Bragança. Disponível em xxxx://xxx.xxx.xx/xxx
Xxxxx, X. X. (2018). Trajetórias de Mobilidade Estudantil Internacional: estudantes brasileiros no ensino superior em Portugal. Tese de doutoramento. Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal. Acedido em xxxxx://xxxxxxxxxxx.xx.xx/xxxxxxxxx/00000/00000/0/xxxx000000_xx_Xxxxxxx_Xxxxx.xxx
Xxxxxx, M. L. S. (2017). A mobilidade internacional acadêmica: características dos percursos de pesquisadores brasileiros. Sociologias [online], v.19, n.44, 308-333. Acedido em xxxx://xx.xxx.xxx/00.0000/00000000- 019004413