Contract
6
Expansão Energética: custos a longo prazo
6.1
Idéia Central
Para garantir o suprimento, é necessário trazer investimentos, e o investidor precisa de garantias para a recuperação de seu capital.
O Novo Modelo setorial estabeleceu contratos de muito longo prazo (dez, doze, quinze anos), com a finalidade de oferecer ao investidor privado a garantia desejada. Entretanto, nada vem sem um preço. O preço da segurança de suprimento está associado à atração de capital (investimento), que precisa ser remunerado.
Este trabalho tem o objetivo de estimar o preço mínimo que o investidor deverá praticar para recuperar seus investimentos. Este preço é conhecido como o custo de energia nova, associada às usinas ainda não construídas, que serão implantadas contra contratos já celebrados, a um preço conhecido e acordado entre as partes.
Utilizamos, em parte, os conceitos e métodos disponibilizados pela ENGENHO em sua Plataforma para a Previsão de Preços [9], cedida para a análise a seguir.
6.2
Modelagem
A análise financeira, aqui proposta, está baseada na determinação do fluxo de caixa futuro.
Um fluxo de caixa é composto por: cronograma físico-financeiro das despesas do empreendimento, a estrutura de capital utilizada, as condições de financiamento, as características técnicas do projeto (potência instalada, vida útil etc.), encargos setoriais e impostos.
Conhecidas essas informações, a idéia é determinar o preço mínimo que o investidor deve aplicar para garantir a remuneração do seu capital ao final da vida útil do empreendimento, utilizando-se do conceito de VPL – valor presente líquido.
Nesse modelo, o preço mínimo (custo) é calculado de forma que o VPL do investimento seja zero, isto é, determinando-se o ponto de equilíbrio entre as receitas e as despesas no qual o investimento não gera lucro nem prejuízo (break-even).
6.3
Caso Exemplo – Usinas Hidráulicas
Para esse exemplo foi simulado um investimento para a construção de uma usina hidrelétrica com potência de 11 GW e vida útil de trinta anos.
De acordo com o mercado, o custo para construção de uma hidrelétrica é cerca de R$1250,00/kW. Para fins desse trabalho, considera-se que o desembolso desse capital foi feito de forma equivalente durante os quatro anos necessários para esse tipo de construção.
Tabela 2 – Estrutura de Desembolso
Hidrelétrica – Investimento | |
Montante Inicial | 00.000.000.000 |
1º Ano (%) | 25 |
2º Ano (%) | 25 |
3º Ano (%) | 25 |
4º Ano (%) | 25 |
Para esse caso exemplo, sugere-se a seguinte estrutura de capital, comum no mercado brasileiro:
Tabela 3 – Estrutura de capital
Estrutura de Capital | |
Recurso Próprio | 40,0% |
Custo Oportunidade | 8,0% |
Recurso Terceiro | 60,0% |
Custo Captação | 10,0% |
A geração média da usina é calculada multiplicando a potência instalada pelo fator de carga médio. Dessa forma, a receita constitui-se da geração média valorada pelo custo a ser determinado. Os valores de geração média desta usina encontram-se no anexo 6.
Vale ressaltar que o fator de carga nos primeiros anos é menor, atingindo o seu valor máximo após a usina estar em pleno funcionamento.
Por sua vez, as despesas estão aqui representadas por: custos de operação e manutenção (O&M), encargos por uso de Recursos Hídricos e tributação média aplicada no setor e depreciação, além dos custos com o capital inicial investido.
Segundo o Modelo de Empresa de Referência da Aneel, o custo de O&M total de um empreendimento de geração hidrelétrica é de aproximadamente R$6,00/MWh [1].
Tabela 4 – Custos de O&M – R$/MWh
Custos O&M | |
pessoal e manutenção | 1,80 |
Materiais | 4,20 |
Total | 6,00 |
A lei da ANEEL 7990/1989, determinou a compensação financeira pelo resultado da exploração de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica. Segundo esta lei, a energia de hidrelétricas será gravada com a aplicação de 6% do valor da energia elétrica correspondente ao faturamento do serviço público local [1]. Para os fins deste trabalho, foi utilizado o valor da tributação média aplicado atualmente no setor.
Tabela 5 – Encargos e Tributos
Encargos e Tributos | |
encargos concessão (Rec Hídricos) | 6,00% |
Tributação Média | 25,00% |
Por fim, aplica-se um custo associado à depreciação do empreendimento, porque ao final do período de concessão a hidrelétrica é devolvida à União.
Finalmente, as despesas podem ser calculadas conforme as equações a
seguir:
• Despesa Investimento Inicial
onde,
d_I = [(I*(RP))*(CO +1) + (I* RT))*(CC +1)]* M
(6.1)
d_I despesa investimento inicial
I montante de investimento inicial
RP percentual de recursos próprios
CO percentual de custo de oportunidade
RT percentual de recursos de terceiros
CC percentual de custo de captação de captação
M percentual de desembolso
Dessa forma, de acordo com a Tabela 2 e Tabela 3 e a equação (6.1), pode-se determinar o fluxo das despesas devido ao investimento inicial:
Tabela 6 – Despesas referentes ao investimento aportado – R$
Despesas - I Inicial | |||
ano construção 1 | ano construção 2 | ano construção 3 | ano construção 4 |
3.753.750.000 | 3.753.750.000 | 3.753.750.000 | 3.753.750.000 |
• Despesa O&M
onde,
d_C = C _O&M * G
(6.2)
d_O&M despesa O&M
C_O&M custo de operação e manutenção em R$/MWh
G geração em MWh
Utilizando a equação (6.2), o custo da empresa de referência da Aneel (
Tabela 4) e a geração média da Tabela 23, obtém-se o fluxo para as despesas referentes à operação e manutenção desta usina, apontado no anexo 6.
• Depreciação
onde,
T_d
= 1 *100% A
(6.3)
T_d taxa de depreciação
A total de anos de vida útil (tempo em que a usina deverá ser devolvida)
e
onde,
d_d = T_ d * d_ I
(6.4)
d_d despesa referente à depreciação
• Despesas com Encargos e Tributos: As despesas com encargos e tributos são calculadas com base na receita e, portanto, dependem do preço aplicado, conforme as seguintes equações:
♦ tributação
[R − (d_I + d_ O&M )]* T
(6.5)
onde,
R Receita do empreendimento
T Tributação média
♦ encargos
R* E (6.6)
onde,
R Receita do empreendimento
E taxa aplicada (6% segundo Xxxxx)
A Figura 46 ilustra o fluxo de caixa utilizado para representar este problema:
Figura 46 – Fluxo de Caixa – Hidrelétrica
Utilizando uma taxa interna de retorno – TIR – de 10% ao ano, comum no mercado brasileiro, determina-se o custo que gera um VPL zero para o fluxo modelado. Isto é,
∑
33 G(a)* P
33 d_I (a) + d_ O&M (a) +[G(a)* P − (d_I (a) + d_ O&M (a))]* T + G(a)* P* E
a=0 (TIR +1)
a = ∑
a=0
(TIR +1)a
(6.7)
onde,
P custo a ser determinado
Vale dizer que o somatório de zero a trinta e três representa os quatro anos de construção acrescidos dos trinta anos de vida útil.
O custo resultante da equação (6.7) foi R$61,15/MWh, gerando as receitas e despesas anuais apontadas no anexo 6.
6.4
Caso Exemplo – Usinas Termelétricas
Nesse exemplo foi simulado um investimento para a construção de uma usina termelétrica a gás, com potência de 600 MW e vida útil de trinta anos.
De acordo com o mercado, o custo para construção de uma hidrelétrica é cerca de R$600,00/kW. Considera-se que o desembolso desse capital foi feito de forma equivalente durante os dois anos necessários para a construção.
Tabela 7 – Estrutura de Desembolso
Termelétrica- Investimento | |
Montante Inicial | 360.000.000 |
1º Ano (%) | 50 |
2º Ano (%) | 50 |
Para esse caso exemplo, sugere-se a mesma estrutura de capital, utilizada no caso exemplo de usinas hidrelétricas, de acordo com a Tabela 3.
Conforme já mencionado, a receita constitui-se da geração média valorada pelo custo a ser determinado, conforme tabela disponível no anexo 6.
Pelo mesmo motivo das usinas hidrelétricas, o fator de carga das térmicas é menor nos primeiros anos, atingindo o seu valor máximo após a usina estar em pleno funcionamento.
As despesas de um empreendimento de geração térmica estão aqui representadas por: custos de operação e manutenção (O&M), custos com combustível (gás), e tributação média aplicada no setor, além dos custos com o capital investido.
O custo de O&M total de uma usina termelétrica a gás, é de aproximadamente R$10,00/MWh [7], enquanto a tributação média é a mesma aplicada aos empreendimentos hidrelétricos (25%).
Tabela 8 – O&M e Tributação
O&M e Tributação | |
O&M (R$/MWh) | 10,00 |
Tributação Média (%) | 25 |
Por fim, o custo de combustível, segundo a Annual Energy Outlook 2006 é equivalente a $6,90/106BTU. Levando em consideração um rendimento médio de 7,67 106BTU/MWh, pode-se calcular os custos anuais referentes ao uso de gás.
Finalmente, as despesas podem ser calculadas conforme os procedimentos a seguir:
• Despesa Investimento Inicial
De acordo com a Tabela 3, a Tabela 7 e a equação (6.1), pode-se determinar o fluxo das despesas devido ao investimento inicial:
Tabela 9 – Despesas referentes ao investimento aportado – Usina Térmica – R$
Despesas - I Inicial | |
ano construção 1 | ano construção 2 |
251.160.000 | 251.160.000 |
• Despesa O&M
Utilizando os dados da Tabela 27 e da Tabela 8, pode-se calcular as despesas referentes à operação e manutenção, através da equação (6.2), obtendo-se o fluxo para as despesas referentes à operação e manutenção desta usina, apontado no anexo 6.
• Despesas Combustível
d_C = P_C * R_e * G
(6.8)
onde,
d_C despesa com combustível (R$)
P_C preço do combustível (R$/106BTU)
R_e rendimento do uso do combustível (106BTU/MWh)
G geração (MWh)
A tabela com os valores referentes às com combustível encontra-se no anexo 6.
• Despesas Tributos: As despesas com tributos são calculadas com base na receita e, portanto, dependem do preço aplicado, conforme a equação (6.5)
A Figura 47 ilustra o fluxo de caixa utilizado para representar este problema:
Figura 47– Fluxo de Caixa – Termelétrica a Gás
Utilizando uma taxa interna de retorno – TIR – de 10% ao ano, comum no mercado brasileiro, determina-se o custo que gera um VPL zero para o fluxo modelado. Isto é,
∑
31 G(a)* P
31 d_ I (a) + d_O&M (a) + d_C (a) +[G(a)* P − (d_ I (a) + d_O&M (a) + d_C (a))]* T
a=0 (TIR +1)
a = ∑
a=0
(TIR +1)a
(6.9)
onde,
P custo a ser determinado
Vale dizer que o somatório de zero a trinta e um representa os dois anos de construção acrescidos dos trinta anos de vida útil.
O custo resultante da equação (6.7) foi R$158,97/MWh, gerando as receitas e despesas anuais, disponíveis no anexo 6.