Contract
TERMO DE REFERÊNCIA PLANO BIANUAL 2021/ 2022 DO MUSEU DO FUTEBOL. PRONAC: 204.732 | ||
Núcleo Emitente: Núcleo de Exposições e Programação Cultural. | DATA DE EMISSÃO | |
10/05/2022 | ||
Assunto: Contratação de Empresa Especializada em Produção, Gravação e Masterização de Áudio para a Exposição Temporária do Museu do Futebol. |
1. DO OBJETIVO:
Contratação de Empresa Especializada em Produção, Gravação e Masterização de Áudio para a
Exposição Temporária ‘22 em Campo – Modernismo e Futebol’ do Museu do Futebol.
2. DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS:
A empresa selecionada deverá fornecer:
• Atores/narradores, sendo voz feminina e voz masculina, para as gravações em áudio de 14 textos de até 3 minutos de duração cada, que serão selecionados e entregues pela Curadoria do projeto.
• Estúdio profissional de áudio disponível para as gravações com os atores/narradores, incluindo um técnico de gravação disponível;
• Um (a) diretor (a) de ator para as gravações com os atores/narradores,
• Serviços de Edição, Mixagem, Masterização e finalização das 14 peças, realizadas por um editor/finalizador de áudio;
• Coordenação de produção, atendimento ao briefing e cumprimento dos prazos estipulados pelo Cliente;
• Entrega dos áudios finalizados no Padrão HD.wav - 96 KHz/24 bit ;
• Os atores/narradores deverão conceder ao Cliente, os direitos de uso de sua interpretação (voz) nos 9 áudios gravados, pelo período de 8 meses de duração da Exposição no Museu do Futebol em São Paulo, e para a veiculação na internet, no Site do Projeto, pelo período de 24 meses, em território nacional.
Pedimos enviar duas opções de custos:
1) 2 atores: 1 voz feminina + 1 masculina (para todas as gravações)
2) 14 atores: 1 voz feminina + 13 masculinas
Grade de Gravação (Numeração são os módulos da exposição) – ANEXO I.
1. A BOLA
- NETO, Xxxx Xxxxxx xx Xxxx. A educação pela pedra e depois (1966). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
- XXXXXXX, Xxxxxxxx. Xxxxxx Xxxxxx (1928). São Paulo: Saraiva, 1962.
- XXXXXX, Xxxx Xxxxxx. Veneno remédio: o futebol e o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
4. XXXXXX XX XXXXXXXX
- MENDONÇA, Xxxx Xxxxxx Xxxxxxxx de. “O salto” (1926). In: XXXXXXX, Xxxxxx. Gol de letra, o futebol na literatura brasileira. Rio de Janeiro: Editora Gol, 1967.
5. XXXXXX XXXXXXXXXXXX
- XXXXXXX, Xxxxx. “Domingo” (1921). In: De Paulicéia desvairada a Café (Poesias completas). São Paulo: Círculo do Livro, s. d.
- DEL PICCHIA, Menotti. “Arte moderna” (1922). In: XXXXXXXX, Xxxxx (Org.). Brasil – a história contada por quem viu. São Paulo: Mameluco, 2008.
6. PAU-BRASIL
- XXXXXXX, Xxxxxx xx. Memórias sentimentais de Xxxx Xxxxxxx (1924). São Paulo: Globo, 1991.
- XXXXXXX, Xxxxxx xx. “E a Europa se curvou ante o Brasil” (1925). In: Poesias reunidas. São Paulo: Difel, 1966.
7. VOCABULÁRIO
- XXXXXXX, Xxxxxxx xx Xxxxxxxxx. “Corinthians (2) vs. Palestra (1)” (1927). In: Brás, Bexiga e Barra Funda. Rio de Janeiro: Imago, 1997.
9. OPERÁRIOS
XXXXXX, Xxxxxxx do. “Cultura física”, In: Jornal Diário de S. Paulo. São Paulo, domingo, 14 de abril de 1940.
10. TARSIWALD
- XXXXXX, Xxxxxxx xx. “Boa palavra sobre a música popular”. In: Balanço da bossa e outras bossas. São Paulo: Perspectiva, 1978, p. 60.
15. XXXXX XX XXXXXXX E XXXXX XXXXX
- Xxxxx xx Xxxxxxx, “Brasil-Argentina” (1939). In: Os filhos de Xxxxxxxx. São Paulo: Xxxxxxx, 1963, p. 81)
16. RÁDIO
- XXXXXX XXXX, Xxxxxxxxx. “Hino do Fluminense” (1915). Letra composta com base na música de H. Xxxxxxxx (“It’s a long, long way to Tipperary”). Cf. NETTO, P. C. O Fluminense pitoresco e dramático. Rio de Janeiro: Minerva, 1969, p. 115 e 116.
19. GARRINCHA – MACUNAÍMA
- XXXXXXX, X. xx. Xxxxxxxxx, o herói sem nenhum caráter (1928). Belo Horizonte/Rio de Janeiro: Garnier, 2001, p. 49 e 50.
3. ENVIO E FORMA DE ANÁLISE DAS PROPOSTAS:
⮚ As propostas deverão ser enviadas para os e-mails xxxxxxx@xxxx.xxx.xx e xxxxxxx.xxxxxx@xxxx.xxx.xx até às 18h do dia 13/05/2022.
⮚ As propostas recebidas serão analisadas conforme o critério de técnica e preço. A empresa deverá enviar currículo e/ou portfólio, juntamente com a proposta comercial.
⮚ A proposta comercial deverá contemplar todos os custos que envolverão deslocamento e alimentação da contratada.
⮚ A proposta comercial deverá ser elaborada em papel timbrado, contendo o CNPJ do proponente e assinatura.
4. DAS OBRIGAÇÕES DA CONTRATADA:
4.1. A CONTRATADA será responsável por todas as despesas referente a seus empregados e/ou contratados, tais como, mas não limitadas a: salários, adicionais devidos, férias, décimo terceiro, seguro de acidentes de trabalho, contribuições ou encargos devidos à previdênciasocial, ao FGTS, ao PIS, bem como quaisquer outros encargos de natureza trabalhista,previdenciária ou tributária, não tendo a CONTRATANTE qualquer responsabilidade neste sentido;
4.2. A CONTRATADA será responsável pelo custeio de todos os tributos, taxas, contribuições fiscais, parafiscais, previdenciárias, trabalhistas, e de indenizações relativas a acidentes de trabalho que incidam ou venham a incidir sobre a prestação de serviços a ser realizada.
5. DAS OBRIGAÇÕES DA CONTRATANTE:
• Efetuar os pagamentos nas condições e preços pactuados no contrato a ser assinado;
• Rejeitar no todo ou em parte, os serviços executados em desacordo com as exigências deste Termo de Referência, do contrato e das necessidades do projeto.
6. DA EXECUÇÃO DOS TRABALHOS:
• O desenvolvimento dos trabalhos será acompanhado por funcionários da Diretoria Técnica do Museu do Futebol em todas as etapas.
• A CONTRATANTE indicará o gestor do contrato para acompanhar, fiscalizar e atestar a realização dos serviços, e terá a competência de dirimir as dúvidas que surgirem no curso de sua execução.
• Os trabalhos devem ser realizados a partir da sede do Museu do Futebol, onde estão as mídias com arquivos digitais a serem consultados. A execução de trabalhos fora da sede será possível mediante negociação com a Contratante e conforme as prioridades dos projetos expositivos.
7. DO PERÍODO DA EXPOSIÇÃO:
30/06/2022 a 29/01/2023.
8. DO PAGAMENTO:
O proponente, ao apresentar a sua proposta comercial, estará ciente dos prazos de pagamentos estabelecidos pelo Núcleo Administrativo Financeiro, ciente de que não haverá pagamentos antecipados ou fora do prazo pactuado.
Os pagamentos das Notas Fiscais serão efetuados apenas nos dias 10 e 25, após execução dos trabalhos, conforme segue:
1. Notas Fiscais emitidas e enviadas para o e-mail xxxxxxxxxx@xxxxxxxxxxxxxx.xxx.xx entre os dias 01 e 15, o pagamento será efetuado no dia 25 do mesmo mês.
2. Notas Fiscais emitidas e enviadas para o e-mail xxxxxxxxxx@xxxxxxxxxxxxxx.xxx.xx entre os dias 16 e 26, o pagamento será efetuado no dia 10 do mês seguinte.
3. A NF da respectiva cobrança deverá ser emitida de acordo com o CNAE do serviço realizado.
4. As notas fiscais devem ser emitidas e enviadas para o e-mail xxxxxxxxxx@xxxxxxxxxxxxxx.xxx.xx dentro do mês de competência da prestação de serviços, sob pena de não serem aceitas fora do prazo aqui estabelecido.
5. O IDBRASIL recebe notas fiscais emitidas entre os dias 01 e 26 do mês da prestação dos serviços.
6. Notas fiscais emitidas entre os dias 27 e 30/31 não serão aceitas e, deverão ser canceladas pelo contratado.
9. DAS CONDIÇÕES GERAIS:
9.1. A contratação deste serviço não estabelece qualquer forma de associação ou relação entre a CONTRATANTE e a CONTRATADA, especialmente as de natureza previdenciária, trabalhista e societária.
9.2. O Contrato determina que todas as relações entre a CONTRATANTE e a CONTRATADA
são de natureza meramente civil.
9.3. Poderá participar deste processo de seleção toda e qualquer sociedade empresária do ramo, conforme CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) que atenda às exigências mínimas contidas no presente Termo de Referência.
Eventuais dúvidas deverão ser esclarecidas por escrito através do endereço de email: xxxxxxx@xxxx.xxx.xx e xxxxxxx.xxxxxx@xxxx.xxx.xx.
O IDBRASIL SE RESERVA O DIREITO DE SELECIONAR OS PARTICIPANTES, CONTRATAR PARCIALMENTE OS ITENS DESTE TR, DE ACORDO COM A DISPONIBILIDADE FINANCEIRA, CANCELAR OU SUSPENDER ESTE PROCESSO SELETIVO.
ANEXO I
SELEÇÃO DOS TRECHOS ESCOLHIDOS:
(Obs.: A sequência numérica se refere aos módulos onde terão as narrações):
1. A bola
“é um utensílio semivivo,/
de reações próprias como o bicho/ e que, como xxxxx, é mister/
usar com malícia e atenção/ dando aos pés, astúcias de mão”.
XXXX, Xxxx Xxxxxx xx Xxxx. A educação pela pedra e depois (1966). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
*
“Aquele Deus, amigo das crianças, que tem uma bola branca cor de opala e tem outra bola vermelha cor do sol; que está jogando noite e dia futebol,
e que chutou a lua agora mesmo
por trás do muro; e, de manhã, por trás do morro, chuta o sol”.
XXXXXXX, Xxxxxxxx. Xxxxxx Xxxxxx (1928). São Paulo: Saraiva, 1962.
*
“Verdú anota a passagem da velha bola de capotão, que reinou até os anos 50, leguminosa e visceral, feita de couro explícito (cujo cheiro rescendia), encordoada e eventualmente irregular, com seu pulmão de bexiga às vezes saltando por entre os gomos, quando desgastada e laboriosamente engraxada com sebo, para bola branca, hermética, sintática e sintética, que ‘se diz a si mesma de dentro de um centro autista e pontual’, impermeável, concluída, laboratorial, que se introduz nos anos 1960 (para jogos noturnos), e se generaliza nos 70”.
XXXXXX, Xxxx Xxxxxx. Veneno remédio: o futebol e o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
4. Xxxxxx xx Xxxxxxxx
Ao ver-te hoje saltar para um torneio atlético,
Xxxxxx, forte, audaz como um vulto da Ilíada, Todo o meu ser vibrou num ímpeto frenético, Como diante de um grego, herói de uma Olimpíada.
Estremeci fitando este teu porte estético
Como diante de Xxxxx estremecera a dríada. Era um conjunto de arte, esplendoroso e poético, Enredo e inspiração para uma heliconíada.
No cenário sem par de um pálido crepúsculo,
Tu te lançaste no ar, vibrando em cada músculo, Por entre a aclamação da massa, entusiástica.
Como um deus a baixar do Olimpo, airoso e lépido, Tocaste o solo enfim, glorioso, ardente intrépido, Belo, na perfeição da grega e antiga plástica.
XXXXXXXX, Xxxx Xxxxxx Xxxxxxxx de. “O salto” (1926). In: XXXXXXX, Xxxxxx. Gol de letra, o futebol na literatura brasileira. Rio de Janeiro: Editora Gol, 1967.
5. Xxxxxx Xxxxxxxxxxxx
Domingo
Hoje quem joga?... O Paulistano
Para o Jardim América das rosas e dos pontapés! Xxxxxxxxxxxx fez goal! Corner! Que juiz!
Gostar de Bianco? Adoro. Qual Bartô... E o meu xará maravilhoso!...
– Futilidade, civilização...
XXXXXXX, Xxxxx. “Domingo” (1921). In: De Paulicéia desvairada a Café (Poesias completas). São Paulo: Círculo do Livro, s. d.
*
“Aos discóbolos de Esparta, queremos Friedenreich e Carpentier”.
Esclarecimento: discóbolo refere-se à estátua do escultor grego Xxxxx, a figurar um atleta olímpico no ato de lançar um disco.
DEL PICCHIA, Menotti. “Arte moderna” (1922). In: XXXXXXXX, Xxxxx (Org.). Brasil – a história contada por quem viu. São Paulo: Mameluco, 2008.
6. Pau-Brasil
7 a 2
3 a 1
A injustiça de Cette
4 a 0
2 a 1
2 a 0
3 a 1
E meia dúzia na cabeça dos portugueses.
XXXXXXX, Xxxxxx xx. “E a Europa se curvou ante o Brasil” (1925). In: Poesias reunidas. São Paulo: Difel, 1966.
*
Bondes gols Aleguais
Noctâmbulos de matches campeões E poeira
Com vesperais Desenvoltas tennis girls No Paulistano
Paso doble.
XXXXXXX, Xxxxxx xx. Memórias sentimentais de Xxxx Xxxxxxx (1924). São Paulo: Globo, 1991.
7. Vocabulário
Prrrrii!
– Aí, Heitor!
A bola foi parar na extrema esquerda. Melle desembestou com ela. A arquibancada pôs-se em pé. Conteve a respiração. Suspirou:
– Aaaah!
Xxxxxxxxx xxxxxxx as unhas no braço gordo da Xxxxxxx. Em torno do trapézio verde a ânsia de vinte mil pessoas.
De olhos ávidos. De nervos elétricos. De preto. De branco. De azul. De vermelho. Delírio futebolístico no Parque Antártica.
Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam‑se, embaralhavam‑se, caíam, contorcionavam-se, esfalfavam-se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava.
– Neco! Neco!
Parecia um louco. Driblou. Escorregou. Driblou. Correu. Parou. Chutou.
– Gooool! Gooool!
Xxxxxxxxx ficou abobada com o olhar parado. Arquejando. Achando aquilo um desaforo, um absurdo. Alegua-gua-gua!
Alegua-gua-gua!
Hurra! Hurra!
Corinthians!
Palhetas subiram no ar. Com os gritos. Entusiasmos rugiam. Pulavam. Dançavam. E as mãos batendo nas bocas:
– Go-o-o-o-o-o-ol!
Miquelina fechou os olhos de ódio.
– Corinthians! Corinthians! Tapou os ouvidos.
– Já me estou deixando ficar com raiva! A exaltação decresceu como um trovão.
XXXXXXX, Xxxxxxx xx Xxxxxxxxx. “Corinthians (2) vs. Palestra (1)” (1927). In: Brás, Bexiga e Barra Funda. Rio de Janeiro: Imago, 1997.
9. Operários
Os cronistas esportivos encheram os jornais, há pouco tempo, com a derrota dos foot-ballers brasileiros infligida pelos argentinos e uruguaios. (...)
Confesso que vibrei num enorme entusiasmo ao assistir, pela primeira vez em minha vida, ao encontro em que os brasileiros enfrentaram os seus colegas argentinos, no campo apinhado do Parque Antártica. O dinamismo das jogadas, o empolgante aspecto do campo, a beleza de certos lances que chegavam a lembrar bailados, me traziam evocações de velhas leituras, reminiscências dos estádios gregos em que se realizaram os jogos olímpicos na Antiguidade pagã. A Grécia antiga, cujos atletas foram modelados pelos grandes escultores, principalmente no seu período de apogeu no V e VI séculos antes de Cristo, incitava a juventude ao desenvolvimento harmonioso do corpo, visando sobretudo à formação de bons defensores da pátria. (...)
A cultura física está preparando uma geração forte e feliz. A disciplina da ginástica, o exercício militar a que se submete a juventude despertam a consciência coletiva e revigoram o caráter. Pela ginástica os antigos conseguiram os seus tipos de beleza. Agora, além da ginástica, vem a endocrinologia, principalmente no período da adolescência, operar maravilhas e remodelar corpos defeituosos. Esses dois elementos podem dar à nova geração a felicidade da saúde e da beleza – a alegria de viver.
XXXXXX, Xxxxxxx do. “Cultura física”, In: Jornal Diário de S. Paulo. São Paulo, domingo, 14 de abril de 1940.
10. Tarsiwald
“A expansão dos movimentos internacionais se processa usualmente dos países mais desenvolvidos para os menos desenvolvidos, o que significa que estes, o mais das vezes, são receptores de uma cultura de importação. Mas o processo pode ser revertido, na medida em que os países menos desenvolvidos consigam, antropofagicamente – como diria Xxxxxx xx Xxxxxxx – deglutir a superior tecnologia dos supradesenvolvidos e devolver-lhes novos produtos acabados, condimentados por sua própria e diferente cultura. Foi isso o que sucedeu, por exemplo, com o futebol brasileiro (antes do dilúvio), com a poesia concreta e com a bossa-nova, que, a partir da redução drástica e da racionalização de técnicas estrangeiras, desenvolveram novas tecnologias e criaram realizações autônomas, exportáveis e exportadas para todo o mundo.”.
XXXXXX, Xxxxxxx xx. “Boa palavra sobre a música popular”. In: Balanço da bossa e outras bossas. São Paulo: Perspectiva, 1978, p. 60.
15. Xxxxx xx Xxxxxxx e Xxxxx-Xxxxx
Estávamos em pleno domínio do 'nacional', com algumas bandeiras argentinas por enfeite de excessiva delicadeza. Na verdade, como havia uma disputa incontestável, pouco importa se de futebol ou de guerra, na verdade todos estávamos odiando os argentinos e a Argentina naquele momento. E dizem que jogo de futebol estreita relações de amizade: estreita nada! Sejamos perfeitamente sinceros: nas condições atuais da educação dos nossos povos, tais competições só servem para alimentar antagonismos entre massas nacionais. É certo que uma centena de sujeitos, mais bem conformados por uma verdadeira educação esportiva, conseguem, dois minutos depois do ódio, convertê-lo em pasmeira. Mas em amor é que não. O ódio se acalma, a gente chega a reconhecer a superioridade do adversário. Mas fica tristinho.
Xxxxx xx Xxxxxxx, “Brasil-Argentina” (1939). In: Os filhos de Xxxxxxxx. São Paulo: Xxxxxxx, 1963, p. 81)
16. Rádio
O Fluminense é um crisol Onde apuramos energia. Ao pleno ar, ao claro sol
Lutando em justas de alegria O nosso esforço se congraça Em torno do ideal viril
De avigorar a nova raça do nosso Brasil
Corrige o corpo como o artista
Vida imprime à estátua augusta Faz da argila uma robusta
Peça de aço onde a alma assista Na arena como na vida
Do forte é sempre a vitória.
Do estádio foi que a Grécia acometida Irrompeu para a Glória.
XXXXXX XXXX, Xxxxxxxxx. “Hino do Fluminense” (1915). Letra composta com base na música de H. Xxxxxxxx (“It’s a long, long way to Tipperary”). Cf. NETTO, P. C. O Fluminense pitoresco e dramático. Rio de Janeiro: Minerva, 1969, p. 115 e 116.
19. Garrincha-Macunaíma
– “O herói não maliciava nada. Vai, Xxxxx pegou num tijolo, porém pra não machucar muito virou-o numa bola de couro duríssima. Passou a bola pra Maanape que estava mais na frente e Maanape com um pontapé mandou ela bater em Macunaíma. Esborrachou todo o nariz do herói.
— Ui! que o herói fez.
Os manos bem sonsos gritaram:
— Uai! está doendo, mano! Pois quando bola bate na gente nem não dói! Xxxxxxxxx teve raiva e atirando a bola com o pé bem pra longe falou:
— Sai, peste!
Veio onde estavam os manos:
— Não faço mais papiri, pronto!
E virou tijolos pedras telhas ferragens numa nuvem de içás que tomou São Paulo por três dias.
O bichinho caiu em Campinas. A tatorana caiu por aí. A bola caiu no campo. E foi assim que Xxxxxxx inventou o bicho-do-café, Jiguê a largarta-rosada e Macunaíma o futebol, três pragas.
XXXXXXX, X. xx. Xxxxxxxxx, o herói sem nenhum caráter (1928). Belo Horizonte/Rio de Janeiro: Garnier, 2001, p. 49 e 50.