Prezado Citricultor
Prezado Citricultor
O ano de 2010 termina com mudan- ças. Uma que reputo como de grande im- portância resultou no trabalho elaborado pela Markestrat, com apoio da CitrusBR, chamado de ‘O retrato da citricultura bra- sileira’, onde mostra dados da produção à comercialização ao consumidor final do suco, com importantes informações. Com estas informações, as associações de produtores mais a CitrusBR, poderão prosseguir as discussões sobre o novo contrato entre produtor e indústria, pa- ra que possam evoluir para um sistema mais justo e transparente da remunera- ção da fruta.
Como poderão ler nesta edição, a safra que estamos acabando de colher é uma das menores da última década,
ta, pois teremos em muitas regiões, duas idades de frutas nas plantas e uma co- lheita mais longa. Outro ponto importan- te, dependerá dos danos resultantes da seca de 2010, pois em função de atraso na florada, haverá muito fruto ‘peque- no’ que poderá ou não se desenvolver adequadamente em relação à quantida- de de chuva.
O produtor deve estar sempre em busca de novas informações para o con- trole dos psilídeos e este é um ponto de sucesso, no manejo do HLB. Manter a qualidade das frutas é muito importan- te, desta maneira o produtor pode ter a opção da comercialização para o merca- do interno, sendo assim o bom controle da Mancha Marrom da Alternária e da
GCONCI: Xxxxxx X. Xxxxxx, Xxxxxxxx Xxxxxxx e Giovane Barroti esti- veram em visita técni- ca à região, que produz uma das melhores fru- tas do mundo e consta- taram in loco a dedica- ção de seus produtores para o mercado de fru- ta in natura.
Chegamos a mais um final de ano e gostaria de agradecer a vocês leitores por nos prestigiarem neste período e aprovei- tar para desejar a você e seus familiares, muita saúde e paz e que 2011 seja reple- to de realizações e cheio de felicidades.
a próxima safra, entretanto, ainda está Pinta Preta é fundamental.
indefinida, mas podemos dizer que se- rá bem diferente, a começar pela colhei-
Destacamos também a citricultura da Califórnia, onde os consultores do
Eng. Agr. Xxxx Xxxxxxx X. Xxxxxxx
Presidente do GCONCI
Índice
Ano de 2010 encerra com pouca oferta de laranja ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 4 Transmissão do HLB pelas sementes••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 6 Atualização sobre Mancha Marrom de Alternária ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 8 e 9 Número de horas de máquina e mão de obra/ha de laranja em 2010 ••••••••••••••••••••• 10 15º Dia do Consultor em Citros •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 12 Os inseticidas podem proteger os citros da infecção do HLB•••••••••••••••••••••••••••••• 14 a 16 Visita à Califórnia •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 18 a 21 A problemática da dívida rural ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 22 Plantação de seringueira como parte da Reserva Legal••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 24 GCONCI em ação •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 25 e 26 EMAG/2010•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 27
Expediente
GCONCI - Diretoria Executiva:
Xxxx Xxxxxxx X. Xxxxxxx (Presidente), Xxxxxxxx X. xx Xxxxxxxx Xxxxx (Secretário), Xxxxxxx Xxxxxxx Xxxxxx (Tesoureiro) e Xxxxxxxxx Xxxxxx Xxxx (Relações Públicas)
Conselho Editorial:
Xxxxx Xxxxxxx (Coordenador), Xxxxxxxx X. Xxxxxx, Xxxxxxx Xxxxxxxx, Xxxxxxxx Xxxxxxxx xx Xxxxxxxx Xxxxx, Xxxx Xxxxxxx X. Xxxxxxx e Xxxx Xxxxxxxx Xxxxxxx
Membros:
Xxxxxx Xxxxx Xxxxxxxxx, Xxxxxxx Xxxxx Xxxxxxx, Xxxxxx Xxxxxx Xxxxxx, Xxxxxxx Xxxxxxx Xxxxxx, Xxxxxxx Xxxx
X. xx Xxxxxxx, Xxxxxxxxx Xxxxxx Xxxx, Xxxxxxxx Xxxxxxx, Xxxxxxx Xxxxxxxx, Xxxxxxxx X. xx Xxxxxxxx Xxxxx, Xxxx
Xxxxxxx X. Xxxxxxx, Xxxxxxxx Xxxxx X. xx Xxxxx, Xxxxx Xxxxxxx, Xxxxx Xxxxxxx Xxxxxxxxx, Xxxxx Xxxxxxx X. Xxxxx, Xxxxxxxx Xxxxxxxx Corte, Xxxxxx Xxxxxx Xxxx e Xxxxxx Xxxxxxx Xxxxxxxxx
Endereço:
Rua Xxxxxx Xxxxx, nº 144 - Xxxxxx - XXX 00000-000 Xxxxx Xxxxxx 00 - Xxxxxxxxxxxxx - XX - Xxxxxx
Fone/Fax 00 0000-0000
xxx.xxxxxx.xxx.xx - xxxxxxx@xxxxxx.xxx.xx
Jornalista Responsável:
Xxxxxx Xxxxxxx MTb 56.683
Edição, produção e projeto gráfico:
enfase - assessoria & comunicação Fone/Fax 00 0000-0000
xxx.xxxxxxxxx.xxx.xx - xxxxxx@xxxxxxxxx.xxx.xx
Impressão: xxx.xxxxxxxxxxxx.xxx.xx
Tiragem: 6.000 exemplares - Periodicidade: bimestral
A revista Citricultura Atual pertence ao GCONCI - Grupo de Consultores em Citros. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores. A reprodução de matérias publicadas pela Citricultura Atual é permitida desde que citada a fonte.
Capa: Xxxx Xxxxxxx X. Xxxxxxx
2 GCONCI - Grupo de Consultores em Citros
GCONCI - Grupo de Consultores em Citros 3
Economia
Ano de 2010 encerra
com pouca oferta de laranja
Menor produção em 2010/11 e antecipação da colheita restringem volume da fruta neste final de ano
Em abril de 2010, indústrias pau- listas sinalizavam que a safra atual (2010/11) teria volume restrito, ao fe- charem contratos para a safra a pre- ços mais remuneradores. Essa expec- tativa estava atrelada principalmente ao abortamento de boa parte da flo- rada diante das chuvas constantes em 2009. Além disso, no período de pico de safra, principalmente entre junho e setembro, uma forte estiagem oca- sionou murchamento das frutas e re- dução no rendimento em caixas. Essa expectativa de menor produção se con- cretizou, segundo as estimativas priva- das e a oficial.
O relatório oficial foi divulgado em novembro de 2010 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em parceria com o Instituto de Economia Agrícola (IEA) e com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI). Segundo a estimativa, a atual safra de laranja deve totalizar 292,7 milhões de caixas de 40,8 kg, 8% acima da infor- mada pela Cutrale à imprensa em se- tembro de 2010, de 271,7 milhões de caixas. Os números desta indústria tam- bém consideram a safra do Triângulo
Mineiro, ao passo que o da Conab re- fere-se apenas à paulista.
Resultados prévios para a futura safra de laranja indicam que os citricultores têm a intenção de plantar 9,7 milhões de novos pés em uma área de 20.457 hectares (Conab). Poderá ser erradica- da, porém, uma área total de 22.346 hectares (Conab). A estimativa final da Conab deve ser divulgada em de- zembro de 2010, quando também se- rá disponibilizada a primeira projeção para a próxima temporada.
Ainda de acordo com o relatório de novembro da Conab, a colheita da tem- porada 2010/11 estava avançada, com cerca de 80% da safra já colhida entre junho e outubro. Além da forte que- bra na safra paulista 2010/11, a oferta de laranja no período reduziu-se tam- bém pela antecipação da colheita em função da estiagem prolongada que chegou a acarretar queda dos frutos. Apesar das estimativas da Conab ficarem acima das divulgadas pelo se- tor, os números da Companhia ainda são 8% inferiores ao potencial produ- tivo, de quase 320 milhões de caixas. Esse potencial, que também é calcula- do pela Conab, refere-se à área total plantada no estado de São Paulo, de 620 mil hectares, com produção mé-
dia de 1,7 caixa de fruta por árvore.
Com a oferta de laranja bastante reduzida no estado de São Paulo, in- dústrias processadoras de suco encer- raram as atividades de algumas uni- dades entre novembro e dezembro de 2010. Interrupções logo em novembro não são comuns, e a maioria das que seguem ativas neste final de safra es- tá processando volume bem abaixo do habitual para o período.
Segundo colaboradores do Cepea, a safra foi adiantada em cerca de três meses e esse efeito foi mais acentuado justamente no norte do estado. Desta
forma, haverá um longo período sem fruta, já que a colheita da safra 2011/12 deve ser intensificada somente no se- gundo trimestre de 2011. A próxima safra, de modo geral, segue incerta, visto que muitos fatores ainda podem interferir até o momento da colhei- ta. A maioria dos produtores paulistas consultados pelo Cepea está satisfei- ta quanto ao volume e ao desenvolvi- mento das floradas, mas nada garan- te que a safra 2011/12 seja volumosa. Quanto aos preços na safra 2010/11,
as médias pagas pela fruta posta na in- dústria (mercado spot, sem contrato), a partir de maio de 2010, foram nomi- nalmente as maiores desde o início da série do Cepea em 1994. As cotações elevadas refletiram a baixa disponibili- dade da fruta para as negociações na- quela modalidade (spot), já que grande parte dos produtores fechou contrato com a indústria no final de abril.
Quanto à Flórida, segundo maior produtor da fruta, a safra foi estima- da pelo USDA em 143 milhões de cai- xas em dezembro. Esse volume é 7% maior que o da temporada 2009/10, mas abaixo do estimado em outubro. As floradas foram satisfatórias no iní- cio de 2010, porém secas severas redu- ziram o calibre da laranja e, portanto, o rendimento em caixas. No inverno,
Eng. Agr. Xxxxxxxxx Xxxxxx
Pesquisadora Cepea/Esalq - USP
Xxxxx Xxxxxxxx Xxxxx
Analista de Mercado Cepea/Esalq - USP
o setor segue atento às geadas, visto que o fenômeno pode causar congela- mento e queda de frutos, além de da- nificar as árvores.
4 GCONCI - Grupo de Consultores em Citros
Pragas e Doenças
Transmissão do HLB pelas sementes
Foto: GCONCI
Instalar bancos de sementes em áreas livres do HLB pode ser um paliativo de curto prazo
O Greening ou Huanglongbing (HLB) está associado à presença de três espécies da bactéria Candidatus Liberibacter: a espécie isolada na África do Sul é denominada de Candidatus Liberibacter africanus e a isolada da Ásia é nomeada Candidatus Liberibacter asiaticus. Uma terceira espécie foi iso- lada em São Paulo recebendo o nome de Candidatus Liberibacter americanus. A CL africanus ainda não foi consta- tada nas Américas e a CL americanus parece ocorrer somente no Brasil jun- tamente com a CL asiaticus. Ambas po- dem ser transmitidas por borbulhas, mas a transmissão natural no campo ocorre por meio de um inseto vetor o psilídeo asiático Diaphorina citri.
Além da erradicação das plantas com sintomas de HLB e do contro- le do inseto, o plantio de mudas sa- dias, formadas sob telado antiafídeos, constitui um procedimento impor- tante, pois retarda o surgimento da doença no pomar.
A utilização de borbulhas sadias, somente portadoras de raças fracas do vírus da Tristeza, que protegem a planta contra os vírus mais fortes, já é uma rotina na formação das mu- das desde meados dos anos 90 com a implantação das borbulheiras pro- tegidas visando prevenção à Clorose Variegada dos Citros (CVC).
Entretanto, o mesmo cuidado não é proporcionado às plantas fornecedo- ras de sementes para a formação dos porta-enxertos. A maioria dos pro- dutores de mudas cítricas desconhe- ce a procedência das sementes sen- do poucos aqueles que cultivam suas próprias plantas matrizes. Nos dois casos as plantas estão desprotegidas quanto à presença da Diaphorina citri
quisado a possibilidade da transmis- são das bactérias pela semente. Na Flórida, foram desenvolvidos diver- sos trabalhos com sementes de laran- jas doces, laranja azeda, tangerinas, grapefruit e limão Rugoso retiradas de frutos com e sem sintomas de HLB por sua vez coletados de plantas sin- tomáticas e confirmadas de estarem infectadas pela bactéria CL asiaticus por meio de testes moleculares. Elas deram formação a mais de 700 ‘cava- linhos’ que foram testados quanto à presença da bactéria por diversas ve- zes ao longo de três anos com resul- tados sempre negativos. Durante esse período nenhum ‘cavalinho’ mostrou sintomas da doença, como folhas com manchas assimétricas, brotações clo- róticas e morte de brotos.
No que diz respeito a Candidatus
Liberibacter africanus as notícias também são animadoras. No XVIII Congresso da Sociedade Internacional de Virologistas de Citros (IOCV) realizado em novem- bro em Campinas (SP), pesquisadores da África do Sul relataram a ausência de CL africanus e de sintomas de HLB em plantas formadas de sementes de frutos visualmente sadios ou doentes retirados de laranjeiras, limoeiros, tan- geleiros e citrangeiro Troyer compro- vadamente infectados pela bactéria.
O cultivo das plantas matrizes de sementes sob telado aumentaria em muito o custo da formação das mu- das. Seria necessário a utilização de porta-enxertos nanicantes, tipo trifo- liata Flying Dragon, visando reduzir a altura das copas e, por consequência, a altura do telado, mas a ausência de insetos polinizadores e do vento cau- saria a diminuição do número de fru- tos e de sementes por fruto. A instala-
São desenvolvidos vários trabalhos de pesquisa sobre a transmissão do HLB através de sementes cítricas
ença em São Paulo e a sua presença em outros estados.
Entretanto pesquisadores relata- ram a presença da CL asiaticus no te- gumento de sementes de laranjas do- ces e outros citros, porém ausentes no embrião. Este fato pode afetar o co- mércio internacional de frutas frescas, pelas restrições impostas pelos países produtores de citros à entrada de fru- tas produzidas em países onde ocorre o HLB. Seria também um fator restri- tivo no intercâmbio de germoplasma de citros; atualmente parte deste in- tercâmbio é feito pela introdução de sementes consideradas livres de pató- genos endógenos.
e ocasional contaminação pelas bac- ção de bancos de sementes em áreas
térias causadoras do HLB.
Por essas razões, nos diversos paí- ses onde ocorre o HLB vem sendo pes-
onde o HLB ainda não foi constatado seria um paliativo de curto prazo ten- do em vista a rápida expansão da do-
Eng. Agr. Xxxxxxx Xxxxxx Xxxxxx Pesquisador aposentado do Centro de Citricultura Xxxxxx Xxxxxxx/IAC/SAA
6 GCONCI - Grupo de Consultores em Citros
Doenças
Atualização sobre Manc
Fotos: Xxxxxxx xx Xxxxxxx Xxxxxxx
Sistema desenvolvido na Flórida será testado no Brasil e
O segmento de frutas cítricas de me- sa, representado em grande parte pelo grupo das tangerinas, é um nicho de mer- cado a ser explorado. Mas, atualmente, produzir com qualidade para atender o consumidor tornou-se muito difícil em de- trimento à chegada ao Brasil da principal doença fúngica da cultura – a Mancha Marrom de Alternária (MMA). Prova desta dificuldade é a redução de apro- ximadamente sete mil hectares de área cultivada de tangerinas entre 2006 e 2008, resultando, segundo o IBGE, em uma queda na produção de cerca de 200 toneladas.
A MMA é uma doença causada pe- lo fungo Alternaria alternata, que pro- duz uma toxina de ação específica em tangerinas denominada ACT. A infecção ocorre em folhas, ramos e em frutos em desenvolvimento, ocasionando desfolha dos ponteiros, seca dos ramos novos e queda prematura dos frutos em decor- rência de lesões necróticas deprimidas e salientes, e de aspecto corticoso na su- perfície das frutas (Figura 1).
Fotos: Xxxxxxx xx X. Pacheco e Xxxx X. Martelli
Estudos desenvolvidos desde 2005 pelo Centro de Citricultura Xxxxxx Xxxxxxx, do Instituto Agronômico, em conjunto com a Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Sorocaba/Instituto Biológico, o Polo
Figura 1. Lesões típicas da Mancha Marrom de Alternária em tangor Murcott:
A - ponteiros, B e C - frutos verdes e maduros, respectivamente
Regional do Sudoeste Paulista/APTA Regional e o Fundecitrus mostram que as duas principais variedades de tange- rinas comercializadas no Brasil são alta- mente suscetíveis ao fungo causador da MMA, destacando-se a variedade tan- gor Murcott. Um dos agravantes é que as condições climáticas (temperaturas médias entre 22-27ºC e molhamento contínuo superior à 12 horas) nas prin- cipais regiões citrícolas do país são fa- voráveis ao desenvolvimento da doença. Até o momento, mais de 50 varie- dades e híbridos de tangerinas foram avaliadas nos municípios de Águas de Lindóia/SP, Capão Bonito/SP, Cordeirópolis/ SP, Itirapina/SP, Mogi Mirim/SP e Porto Feliz/SP, o que permitiu constatar dife- rentes níveis de severidade. Foram alta- mente suscetíveis as variedades Nova, África do Sul, Xxxxxx e Xxxxxxx; por outro lado, Xxxxxxx e Xxxxxx destaca- ram-se positivamente por não apresen- tarem sintomas da Mancha Marrom de Alternária (Figura 2). Além delas, evi- denciou-se também baixa ocorrência em clementina Nules, tangerina Cravo e tangor Ortanique. Para confirmação dos resultados de campo, foram reali- zadas inoculações do fungo A. alterna- ta em plântulas e em folhas destacadas dos mesmos genótipos, chegando-se a
conclusões similares.
A confirmação da resistência à X. xx- xxxxxxx em Fremont e Xxxxxx aumenta a importância econômica desses genó- tipos, principalmente por apresentarem boas características agronômicas. A va- riedade Xxxxxx xxxxxx muito o tangor Xxxxxxx por apresentar casca aderen- te, muitas sementes e maturação tardia (outubro-novembro), além de ser com- patível com o porta-enxerto citrumelo Swingle. Porém, em campo tem-se ob- servado que nos primeiros dois anos há produção de frutos ‘bufados’, sendo ne- cessários mais estudos sobre nutrição e irrigação, por exemplo. Trabalhos recen- tes descrevem bons aspectos da varie- dade Fremont, que possui coloração da
Figura 2. Tangerinas Fremont e Xxxxxx, no ponto ideal de colheita
xxxxx xxxxxxxxxx-forte, maturação em meia-estação (maio-julho) e cujos fru- tos permanecem fixos no pé por mais tempo quando comparada à Ponkan.
Para maior domínio no controle da MMA, por duas safras consecutivas (2008/2009 e 2009/2010), realizou-se estudo de manejo cultural em pomar comercial de tangor Murcott localizado no município de Araras/SP, que consis- tiu em avaliações sobre o uso de poda de limpeza no inverno para a retirada de material doente ou morto antes da florada e que servem como fonte de inóculo à MMA. Constatou-se que tal prática proporciona redução significa- tiva da severidade da doença quando comparada com plantas onde a poda não foi realizada, como se pode obser- var na Figura 3.
Outro ponto preocupante é a desco- berta da interação entre a Larva Minadora dos Citros - LMC (Phyllocnistis citrella) e a Mancha Marrom de Alternária. Observações de campo em pomares com a presença tanto do patógeno quanto da praga mostraram maior ocorrência de sintomas de MMA em folhas com ga- lerias de LMC. A partir dessas observa- ções, estudos de interação entre a LMC e MMA foram realizados analisando-se o comportamento da doença sob ino- culação em folhas destacadas e sadias e com galerias de LMC nas variedades de
8 GCONCI - Grupo de Consultores em Citros
ha Marrom de Alternária
pode ser uma boa ferramenta para o manejo da MMA
tangerinas mencionadas anteriormente, bem como em mudas de tangor Murcott (com e sem controle da LMC).
De acordo com os resultados dos en- saios, comprovou-se que não há que- bra de resistência na presença da LMC. Por outro lado, as variedades suscetíveis apresentaram maior dano pela ação do fungo em presença de galerias de LMC do que em material intacto (Figura 4).
No ensaio com mudas de Xxxxxxx, foi possível confirmar que o controle da LMC contribui para diminuição dos sin- tomas da MMA.
O controle químico é indispensável para os cultivos das variedades suscetí- veis, como Ponkan e Murcott, e reco- menda-se o uso de fungicidas dos gru- pos das estrobilurinas, dicarboximidas e triazóis. Os ditiocarbamatos e à ba-
deravelmente os custos de produção. É impor- tante mencionar que os benzimidazóis não apre- sentam eficácia no con- trole da doença.
Para efetuar a pul- verização no momento correto, um sistema de aviso denominado Alter- rater foi desenvolvido na Flórida/EUA. Baseado em modelos matemá- ticos, diariamente são assinalados pontos de acordo com as condi- ções climáticas favorá- veis à doença, princi- palmente precipitação (chuva) e as pulveriza-
Com lesão de minadora
Sem lesão de minadora
Resistente
Susceptível
Fotos: Xxxxx X. Polydoro
Figura 4. Genótipos resistentes e suscetíveis de Citrus ssp após inoculação de folhas com e sem lesões de larva minadora dos citros. A. África do Sul; B. Sul da África; C. Xxxxxxx;
D. Xxxxxx; X. Cravo; F. Ortanique
se de cobre também têm efeito positi-
vo. Entretanto, como a disseminação do fungo está altamente condicionada às condições ambientais, são necessárias várias aplicações para se reduzir a seve- ridade da doença, o que aumenta consi-
ções são recomendadas apenas quan-
do se atinge um determinado número de pontos. A aplicabilidade desse siste- ma também será testada nas condições climáticas do Brasil e pode ser uma boa ferramenta para o manejo da doença.
Desta forma, recomenda-se aos pro- dutores adotar algumas práticas cultu- rais, tais como a formação de pomares em áreas com bastante circulação de ar, cuidados com excesso de adubos nitro- genados – que induz um grande cresci- mento vegetativo à planta –, podas de limpeza no inverno para diminuir o inó- culo da doença e, também, arejar a plan- ta, além do controle da Larva Minadora dos Citros. Tudo isso, em associação com o manejo químico, tem permitido um menor custo de produção. Devido à gravidade da MMA e aos elevados pre- juízos causados em diferentes regiões produtoras, num futuro próximo, acre- dita-se na viabilidade do uso de varie- dades resistentes.
Eng. Agr. Xxxxxxxx X. xx Xxxxxxx Pesquisador Centro de Citricultura Xxxxxx Xxxxxxx/ IAC/SAA
Eng. Agr. Xxxxxxx xx X. Pacheco
Mestre em Agricultura Tropical e Subtropical/IAC/SAA
Eng. Agr. Xxxx Xxxxxxxxx Martelli Mestrando em Agricultura Tropical e Subtropical/ IAC/SAA
Xxxxx Xxxxxxx Xxxxxxxx
Graduando Eng. Agronômica UFSCar
Figura 3. Severidade da Mancha Marrom de Alternária em frutos de tangor Murcott (Araras/SP, safras 2008/2009 e 2009/2010)
Estagiário Centro de Citricultura Xxxxxx Xxxxxxx/ IAC/SAA
GCONCI - Grupo de Consultores em Citros 9
Custos
Número de horas de máquina e mão de obra/ha de laranja em 2010
Racionalização operacional supera expectativas e demonstra que a organização e o gerenciamento com base em metas é uma realidade
Utilizando dados apurados por sis- tema de informática especializado e im- plantado em diversos produtores rurais com propriedades citrícolas distribuídas pelo estado de São Paulo e Sul de Minas Gerais, os resultados retratam boas pers- pectivas de gerenciamento avançado de mão de obra e do uso de máquinas, uma vez que a média apurada até setembro de 2010 possui números inferiores aos estimados como base para planejamen- to orçamentário.
Para fins orçamentários e perspectivas financeiras estimamos o uso de 86 horas de mão de obra por hectare de laranja du- rante todo o ano e temos apurado até o mês de setembro a utilização média total
de 60,7 horas. A média mensal espera- da seria de 7,2 horas e estamos apuran- do neste momento 6,7 horas de mão de obra por hectare de laranja. Durante os 9 primeiros meses de 2010 registramos uma redução média de 6,9% no uso de mão de obra em relação à estimativa or- çamentária. Em relação ao igual período de 2009, onde apurávamos um total de horas de mão de obra por hectare de la- ranja de 61,3 ou uma média mensal de 6,8, também registramos uma redução, porém de menor expressão, apenas 1,5%.
Analisando o uso de máquinas, onde a expectativa anual é de utilizarmos 34 horas e até o momento o uso total mé- dio é de 22,5 horas de máquina por hec-
tare de laranja, com média mensal esti- mada de 2,8 horas, porém apuramos até setembro deste ano o uso de 2,5 horas de máquina por hectare de laranja men- sal, uma redução média de 10,7%. Em relação ao igual período de 2009, onde tivemos uma utilização de 22,2 horas de máquina por hectare de laranja até se- tembro, ou 2,5 horas de máquina men- sais, estamos com praticamente igual pa- râmetro, ou seja, se manteve o mesmo.
É fato que geralmente os meses de ou- tubro, novembro e dezembro apresentam demanda crescente por serviços no trata- mento da laranja e estes não estão inseri- dos neste estudo, porém apuramos a ge- ração de uma sobra, pequena, mas que pode auxiliar na composição anual dos
jan/10 | fev/10 | mar/10 | abr/10 | mai/10 | jun/10 | jul/10 | ago/10 | set/10 | |
Média | 6,7 | 6,5 | 7,2 | 6,3 | 6,2 | 7,2 | 7,7 | 6,3 | 6,7 |
Análise de Horas de Mão de Obra por Hectare
Número médio de horas de mão de obra por hectare de laranja em 2010
jan/10 | fev/10 | mar/10 | abr/10 | mai/10 | jun/10 | jul/10 | ago/10 | set/10 | |
Média | 2,7 | 2,7 | 3,0 | 2,6 | 2,2 | 2,6 | 2,5 | 2,4 | 1,8 |
Análise de Horas de Máquina por Hectare
Fonte: Orion/FarmAtac
Número médio de horas de máquina por hectare de laranja em 2010
custos de produção de citros em 2010. Caberá a cada produtor tomar suas me- didas estratégicas para manter seus cus- tos dentro dos patamares aceitáveis e que proporcionem rentabilidade satisfatória. Tendo metas traçadas, como neste caso os números estimados para uso de máquinas e de mão de obra, e apurando seus resultados frequentemente, o produ- tor poderá controlar o ritmo dos serviços desenvolvidos, evitando apurar os custos apenas após sua realização, quando já não há ações viáveis a serem tomadas. Adotar esses recursos como ferramentas de tra- balho auxiliam no gerenciamento da lu- cratividade esperada por caixa de laran- ja produzida e comercializada, porém é sempre interessante ressaltar que o pro- dutor deve encarar cada talhão (ou qua- dra) de sua propriedade como uma uni- dade produtora independente e assim apurar os resultados em cada um deles, para que possa ter base para tomar deci- sões estratégicas, como reformas ou mes-
Admin. de Empresas Xxxxxxx Xxxxxx
Farm Assistência Técnica
mo erradicações por falhas produtivas.
10 GCONCI - Grupo de Consultores em Citros
GCONCI - Grupo de Consultores em Citros 11
Eventos GCONCI
15º Dia do Consultor em Citros
Evento tradicional,
Fotos: GCONCI
mais uma vez reúne elos da cadeia citrícola
O 15º Dia do Consultor em Citros realizou-se em 05 de novembro no Carlton Plaza Hotel, em Limeira (SP), esse tradicional evento mudou para um novo local e teve patrocínio das em- presas parceiras: Allplant, Basf, Bayer, Samaritá e Spraytec.
O Dia do Consultor em Citros foi o primeiro evento criado pelo GCONCI, inicialmente o objetivo era difundir os conhecimentos dos consultores mais experientes e homenageá-los pelos serviços prestados à citricultura, com o passar dos anos o evento foi evoluindo
O Dr. Xxxxx falando da evolução da citricultura em sua apresentação
para um novo formato. Atualmente a organização busca nomes atuantes e renomados para proferir aos elos da cadeia mais informações e as tendên- cias da economia.
Entre os palestrantes do evento, a versão 2010 contou com a presença do escritor Xxxxxxx Xxxxxx, do engenheiro agrônomo Xxxxxxx Xxxxxxxx Xxxxx e do economista Xxxxxxx Xxxxx.
A abertura do evento foi realizada pelo consultor Xxxxxx Xxxxx Xxxxxxxxx coordenador do CAN, Comissão do Agronegócio do GCONCI.
Gilclér Xxxxxx focou sua palestra no tema: ‘Você e a Força Motivadora do Conjunto: Excelência, Humanismo & Competitividade’ com um conteú- do bastante abrangente destacando o quanto podemos fazer mudanças importantes em nosso meio de atua- ção, a importância da quebra de pa- radigmas à busca pela excelência e o prazer de povoar a vida com sucessos.
Foi bastante aplaudido no final de sua apresentação.
Xxxxxxx Xxxxx abordou o tema: ‘Evolução da citricultura’. Falou do crescimento da indústria de sucos cí- tricos e as transformações ocorridas no parque citrícola brasileiro, foi um resumo histórico econômico da evo- lução da citricultura e da indústria de sucos cítricos. No final de sua palestra o consultor Xxxx Xxxxxxx X. Xxxxxxx
- Presidente do GCONCI agraciou Dr. Amaro com uma placa comemo- rativa referente ao seu ingresso no Hall da Fama da Citricultura Brasileira.
Em seguida a palestra: ‘Perspectivas da economia e os desafios do cres- cimento sustentável’ do economis- ta Aquiles Mosca destacou a macro economia nacional e internacional,
O economista Xxxxxxx Xxxxx proferindo palestra sobre as perspectivas da economia e os desafios do crescimento sustentável
Um dos momentos da confraternização
No final, os participantes do even- to foram recepcionados em um co- quetel de confraternização. O evento contou com a participação de repre- sentantes de todos os elos da cadeia citrícola, aproximadamente 120 con- vidados presentes.
O GCONCI agradece o patrocínio das empresas e atribui o sucesso do evento às parceiras.
demonstrando as tendências para o
O escritor Xxxxxxx Xxxxxx recebe o certificado, após sua apresentação, do consultor Xxxxx X. Simonetti
futuro próximo e as prováveis medi- das para a manutenção da estabiliza- ção econômica.
Téc. Agr. Amauri T. Peratelli
Coordenador do CAN - GCONCI
12 GCONCI - Grupo de Consultores em Citros
Matéria de Capa
Os inseticidas podem protege
Estudos vêm sendo realizados para maximizar o nível de proteção
Foto: GCONCI
Importante componente do pro- grama de controle do HLB, os inseti- cidas são utilizados pelos citricultores da Flórida (EUA) para manter as po- pulações do vetor (psilídeo) tão bai- xas quanto possível e assim minimizar o potencial de dispersão do patóge- no. Todavia, o que não está claro é se os inseticidas podem ter benefí- cios adicionais em termos de preve- nir a transmissão do patógeno (aqui- sição do patógeno pelos psilídeos de plantas infectadas e a subsequente inoculação de plantas sadias por psi- lídeos adultos).
A capacidade dos inseticidas de pro- teger as plantas da infecção do HLB é um importante aspecto para os citricul- tores que se defrontam com decisões de replantar ou não pomares onde o HLB está presente. Se árvores jovens não podem ser protegidas do HLB, en- tão o replantio é um jogo econômi- co para os citricultores. Atualmente, investigamos se a aplicação de sistê- micos de solo e inseticidas foliares de largo espectro garantem algum bene- fício em termos de proteger plantas sadias da infecção do HLB. Os resul- tados até agora são promissores, su- gerindo que certos inseticidas podem garantir alguma proteção contra a in- fecção do HLB.
O mais lógico e definitivo método para determinar se os inseticidas po- dem evitar a infecção por HLB é ex- por plantas a psilídeos contaminados com a bactéria do HLB e depois es- sas plantas podem ser testadas para a presença da bactéria para confirmar
Seleção adequada de inseticidas é estudada para o controle do HLB
se a transmissão do patógeno ocor- reu. Devido ao período de latência do patógeno na planta, após inoculação, ser longo, 12 meses ou mais, e o fa- to da transmissão por poucos psilíde- os resultar em baixas taxas de eficiên- cia, estamos usando monitoramento de EPG (Electrical Penetration Graph ou Gráfico de Penetração Elétrica) pa- ra checarmos os comportamentos de
alimentação de psilídeos em plantas
tratadas e assim determinarmos se os comportamentos associados à transmis- são do patógeno podem ser evitados.
Insetos “ligados”
Os estudos de EPG têm sido usados para se conhecer o comportamento ali- mentar de muitos insetos sugadores de seiva com o propósito de melhor
entender os mecanismos de transmis-
são de patógenos por vetores. EPG é um sistema elétrico que faz de uma planta e um inseto que se alimenta de- la, um circuito elétrico fechado. Isso é feito pela aplicação de correntes elé- tricas nas plantas usando um eletro- do inserido no solo da planta. O inse- to teste é ligado a um finíssimo fio de ouro como um fio de cabelo, o qual
14 GCONCI - Grupo de Consultores em Citros
r os citros da infecção do HLB
aos psilídeos infectivos através de seleção adequada de inseticidas
Quadro 1. Comparação do tempo, em porcentagem, dos psilídeos em cada comportamento alimentar em plantas de citros tratadas e não tratadas
imidacloprid | aldicarb | fenpropathrin | ||||
não tratado | tratado | não tratado | tratado | não tratado | tratado | |
Atividades não alimentares | 39 | 63 | 28 | 32 | 41 | 72 |
Penetração de estiletes na folha | 41 | 32 | 40 | 39 | 42 | 28 |
Inserção de estiletes no floema e salivação | 14 | 5 | 25 | 23 | 12 | 0 |
Ingestão de floema | 2 | <1 | 4 | 2 | 2 | 0 |
Ingestão de xilema | 4 | <1 | 3 | 4 | 3 | 0 |
é conectado a amplificadores dentro de um monitor de EPG. A quantida- de de corrente que passa através do inseto enquanto se alimenta na plan- ta é medido como voltagem.
Para cada comportamento alimentar desempenhado pelo inseto, há mudan- ças no nível de voltagem que é regis- trado pelo monitor de EPG e apresen- tado no computador como ondas que são específicas para cada comporta- mento alimentar do psilídeo.
Agrupamos os comportamentos alimentares do psilídeo em seis on- das principais: 1) penetração de es- tiletes dentro da folha e procura por uma célula do floema, 2) inserção de estiletes no floema, 3) salivação no floema, 4) ingestão de seiva do floe- ma, 5) ingestão de seiva do xilema e
6) comportamentos não alimentares, como caminhar ou pular da planta.
Desde que a bactéria do HLB é res- trita as células do floema dos citros e são carregadas destas células pela sa- liva, a inserção dos estiletes no floema e a salivação no floema são provavel- mente os comportamentos alimenta- res mais importantes responsáveis pelo sucesso da inoculação de plantas sa- dias com patógeno do HLB. Por ou- tro lado, a ingestão de seiva do flo- ema é provavelmente a responsável pela aquisição do patógeno do HLB. Então, nós estávamos interessados em determinar se os inseticidas poderiam
reduzir ou evitar os comportamentos alimentares no floema e assim redu- zir a probabilidade de transmissão do patógeno.
Usando monitoramento de EPG, examinamos os comportamentos ali- mentares do psilídeo em plantas tra- tadas com um dos três inseticidas apli- cados, com doses recomendadas de campo: aldicarb (Temik® 15G), imi- dacloprid (Admire Pro® 4.6F) e fen- propathrin (Danitol® 2.4EC). Aldicarb e imidacloprid foram aplicados como tratamento de solo 20 dias antes do uso das plantas nos experimentos, en- quanto que fenpropathrin foi aplica- do em pulverização (e deixado secar) no mesmo dia do estudo. Psilídeos
adultos foram “conectados” ao mo- nitor de EPG e seus comportamen- tos alimentares registrados por um período de 12 horas.
No primeiro experimento, compa- ramos o comportamento alimentar de psilídeos em plantas tratadas com imi- dacloprid em drench de solo (Admire Pro® 4.6F) versus plantas não trata- das. No final de 12 horas, 100% dos psilídeos das plantas tratadas estavam mortos, enquanto todos os psilídeos das plantas não tratadas estavam vi- vos e se alimentando. Antes da mor- te dos psilídeos nas plantas tratadas com imidacloprid, os comportamen- tos alimentares associados à salivação e ingestão no floema foram reduzidos
GCONCI - Grupo de Consultores em Citros 15
Foto: Gilberto Tozatti
Matéria de Capa
comparados com psilídeos que se ali- mentaram em plantas não tratadas (Quadro 1). Psilídeos em plantas tra- tadas com imidacloprid também gas- taram mais tempo em comportamen- tos não alimentares, como tentativas de pular das plantas, em resultado da exposição ao imidacloprid depois da penetração de estiletes na folha. Esses resultados sugerem que a apli- cação de imidacloprid pode não ga- rantir 100% de proteção contra ino- culação do patógeno do HLB, todavia a probabilidade de inoculação é for- temente reduzida.
Na segunda série de experimen-
tos, examinamos se o aldicarb apli- cado no solo (Temik® 15G) poderia também causar alterações nos com- portamentos alimentares dos psilídeos semelhantes ao imidacloprid. No final de 12 horas de registro, nenhum dos psilídeos adultos tinha morrido como resultado da alimentação em plantas tratadas com aldicarb, apesar das aná- lises de tecido foliar feitas imediata- mente após os estudos confirmarem a presença do aldicarb nas folhas. Nas comparações dos resultados de EPG, não houve diferença entre os com- portamentos alimentares nas plantas tratadas com aldicarb e não tratadas. Esses resultados sugerem que não se deve colocar o aldicarb como uma tá- tica isolada de controle do psilídeo. E suporta as recomendações anteriores do IFAS para o uso de pulverização de choque no período dormente (inver- no) em conjunto com o aldicarb antes
das vegetações de primavera. Esta pul- verização permitirá o controle da po- pulação adulta de inverno, enquanto o aldicarb garantirá um controle sis- têmico prolongado de qualquer psi- lídeo imaturo que se desenvolve no final do inverno ou nas primeiras ve- getações de primavera.
No terceiro conjunto de experimen- tos, estudamos os efeitos da aplica- ção foliar de fenpropathrin (Danitol® 2.4EC) no comportamento alimentar do psilídeo. Por causa dos efeitos rá- pidos deste inseticida piretróide, psi- lídeos colocados em plantas tratadas estavam mortos em oito minutos após o contato inicial com essas plantas. Como resultado da mortalidade rápi- da, nenhum dos psilídeos em plantas tratadas com fenpropathrin foram ca- pazes de se alimentar no floema, exi- gência para inoculação de plantas sa- dias de citros com o patógeno do HLB. Os resultados desses estudos con- duzidos até agora demonstraram que inseticidas podem garantir algum grau de proteção ao HLB, causando a morte de psilídeos infectivos antes de se ali- mentarem no floema. Todavia, os re- sultados também demonstraram que nem todos os inseticidas alteraram os comportamentos alimentares críticos. Continuaremos esses estudos exa- minando outros inseticidas comumente usados por citricultores da Flórida pa- ra melhor entender o nível de altera- ção na alimentação que esses produ- tos causam. Uma questão crítica que responderemos com estas pesquisas
Estudos analisam como cada inseticida afeta o comportamento alimentar dos psílídeos
é, “por quanto tempo esta proteção dura sob condições de campo, parti- cularmente com respeito aos produ- tos sistêmicos de solo aplicados em árvores jovens?” Assim que desen- volvermos um melhor entendimento de como cada inseticida afeta o com- portamento alimentar do psilídeo, os programas de controle deste inseto podem ser refinados, com o objetivo de não somente reduzir as populações do psilídeo, mas também maximizar o nível de proteção aos psilídeos infec- tivos através de uma seleção adequa- da de inseticidas e sua melhor época de aplicação.
Autores: Xxxxxx X. Serikawa é estu- dante de doutorado, Xxxxxxx X. Xxxxxx e Xxxxxx X. Stelinski são professores de entomologia da Universidade da Flórida (Lake Alfred). Xxxxxx X. Backus é ento- mologista do USDA (Parlier, Califórnia).
Artigo publicado na revista Citrus Industry, de julho de 2010. Vol. 91 nº 7 páginas 6 a 9.
Tradução: Eng. Agr. Xxxxx Xxxxxxx Xxxxxx Xxxxx – GCONCI
16 GCONCI - Grupo de Consultores em Citros
Viagem Técnica
Visita à Califórnia
Maior produtora americana de citros de mesa,
Foto: Xxxxxx X. Medina
a Califórnia busca constantemente a satisfação do consumidor
Conhecer a citricultura da Califórnia (EUA) é viver uma parte da história da América do Norte. O estado faz parte da corrida pelo ouro explorado na re- gião de Sacramento, capital do Estado, foi local da guerra entre o México e os Estados Unidos, recebeu e recebe muitos imigrantes de múltiplas nacio- nalidades e é rota de destino de ame- ricanos de muitas regiões. No século passado muitos agricultores busca- ram trabalho na Califórnia por terem dificuldade de sobrevivência na gran- de depressão de 1929 com a queda dos preços dos cereais. Esta imigra- ção teve grande impulso quando hou- ve uma grave seca nas planícies meri- dionais que empurrou os produtores pela Rodovia 66 em busca de traba- lho nos campos de produção de uvas, laranjas e outras frutas o que acabou por povoar o Estado e auxiliar o seu desenvolvimento.
Hoje a Califórnia é o maior cen-
Foto: Xxxxxx X. Medina
Foto: Gilberto Tozatti
tro industrial dos Estados Unidos e lí- der nacional na produção de produ- tos agropecuários. Depois da Flórida é o segundo produtor americano e o maior produtor de citros de mesa com 110 mil hectares cultivados. A produ- tividade é de aproximadamente 700 caixas por hectare que totalizam ao redor de 76 milhões de caixas. O va-
lor financeiro desta produção atinge um bilhão e duzentos milhões de dó- lares ou próximo de US$ 15,00 /caixa (USDA-2008).
O sucesso da citricultura de mesa não se deve apenas à força de traba- lho, mas as variedades, as condições naturais de clima, disponibilidade de água e solos adequados. Destacam-se as laranjas de umbigo ou “navel oran- ges” (Ex: Washington Navel), originá- rias da laranja brasileira ‘Bahia’ e a la- ranja Valência com inúmeros cultivares melhorados. Ultimamente, há plantios de tangerinas como a W. Murcott e Tango, seguindo a tendência das pes- soas preferirem frutos fáceis de des- cascar e sem sementes.
A maior concentração de frutos en- contra-se no vale do Rio São Joaquim de clima desértico que recebe água de degelo das montanhas, e é armazena- da em lagos e distribuída por enormes canais artificiais. As plantações se de- senvolvem com irrigação localizada, que reduz o desperdício de água pre- senciado nos sistemas por aspersão ou
Figura 3. Moacir Ap. Xxxxxxxxxx mostra laranjas excelentes produzidas pelo californiano Xxxxx Xxxxxx (Jim) em Exeter, Califórnia (EUA)
inundação convencionais. No inverno não é incomum a ocorrência de ge- adas e geralmente toda propriedade possui enormes “máquinas de ven- to” para evitar que o ar frio concen- tre-se nas copas das árvores no pro- cesso de inversão térmica comum no inverno (Figura 1).
Figura 1. Cultivo de citros no Vale de São Joaquim. Torres brancas na baixada são máquinas de vento para evitar danos por geadas
Figura 2. Integrantes da missão técnica à Califórnia. Ao fundo, pintura monumental em homenagem à citricultura em Exeter. EUA, julho de 2010
18 GCONCI - Grupo de Consultores em Citros
Viagem Técnica
Figura 4. Tanques de fertilizantes, filtros e sistema para preparo e injeção de soluções nutritivas em hidroponia aberta da empresa Paramount. Califórnia, Vale do São Joaquim, Agosto de 2010
Foto: Xxxxxx X. Medina
As condições de clima permitem boa coloração dos frutos. A rara ocor- rência de chuvas reduz a possibilidade de pragas. O grande período de horas de luz e o controle da quantidade de água possibilita a produção de frutos muito saborosos. Embora a doçura e a coloração dos frutos sejam interes- santes para a extração de suco, eles possuem casca mais grossa e menor rendimento industrial por serem de- senvolvidos sob temperaturas amenas ao longo do ano. Assim, a indústria de extração de suco é pequena e absor- ve os frutos que não atingem a quali- dade necessária para mesa.
Neste cenário, o GCONCI parti- cipou em julho de 2010 da missão técnica revivendo e observando boa parte da evolução do que presenciou em 2000. A empresa Allplant possi- bilitou a viagem e levou técnicos do agronegócio paulista e paranaense. Participaram os profissionais Xxxxxxxxx Xxxxxx Xxxxxxxxxx, Xxxxxxx Xxxxxx Xxxxxx, Xxxxxx Xxxxxx Xxxxxx, Xxxxxxxx Xxxxxxx xx Xxxxx, Xxxxxxxx Xxxxxx Xxxxxxxx, Xxxxxxxxx Xxxxxxx Xxxxxx, Xxxxxxxx Xxxxxxx, Xxxxxxx Xxxxxxxx, Xxxx Xxxx Xxxxxx, Xxxx Xxxxxxx Xxx’Xxxx Xxxxxx, Xxxxxx xxx Xxxxxx, Xxxxx Xxxxxxx Xxxxxxx, Xxxxxx Xxxxxxxxx Xxxxxxxxxx, Xxxxx Xxxxx Xxxxxxxx Xxxxx, Xxxxx Xxxxxxxxx, Xxxxxxx Xxxxx Xxxxxxxxxx Xxxxx, Xxxxxxx Xxxxxx Xxxxxx, Xxxxxx Xxxxxxxx Xxxxxxxxx, Rogério Xxxxxxx Xxxxxxx, Xxxxxx Xxxxxxxx e Valdecir Xxxx Xxxxx (Figura 2).
Foto: Xxxxxx X. Medina
A excursão iniciou no Vale de São
Joaquim em Exeter, cidade que pertence ao condado de Tulare. Fomos acompa- nhados pelo citricultor Xxxxx Xxxxxx (Xxx) que inicialmente nos dirigiu até a praça onde há uma pintura monu- mental em homenagem à citricultura e posteriormente, nos apresentou di- versos pomares e produtores. Revelou que o foco está na qualidade reque- rida pelo consumidor e na produção fora de época. Para tanto, atenta-se
muito à escolha adequada da copa e cavalo, ao manejo de águas, nutrien- tes e uso de biorreguladores vegetais (Figura 3).
A fertirrigação está se desenvol- vendo a passos largos à medida que buscam aumento da eficiência no uso de água e fertilizantes. Destaca-se o uso de sistemas de irrigação de gote- jamento por pulsos, como os sistemas de hidroponia aberta onde todos os macro e micronutrientes são forneci- dos por este sistema (Figura 4).
A maioria das citriculturas adota um espaçamento tradicional principal- mente entre ruas (ao redor de 7 me- tros) e fazem constantemente podas laterais e de topo, tanto para permitir maior incidência de luz na copa, como para dar espaço para as máquinas e evitar danos mecânicos aos frutos. O espaçamento entre as plantas tem fi- cado mais adensado por proferir au- mento da produtividade e precocidade da produção e, via de regra, retorno mais rápido do capital investido, no- tadamente se o HLB chegar (Figura 5). A ameaça do Huanglongbing (HLB)
é a preocupação atual da citricultu-
ra californiana. O Estado constatou a presença do psilídeo Diaphorina citri e é vizinho de locais com a presença
Figura 5. Pomares de tangerinas Tango com dois anos de idade no Vale do São Joaquim na Califórnia, com a precocidade obtida pelo sistema de irrigação por hidroponia aberta
Figura 6. Xxxxx Xxxxxxxx à esquerda conversa com o produtor desenvolvem e permitem a alimentação e criação de milhões
20 GCONCI - Grupo de Consultores em Citros
Foto: Xxxxxx X. Medina
do HLB, como México e outros esta- dos americanos. Para se prevenir, a Califórnia monitora a ocorrência do psilídeo, desenvolve programas de proteção do material propagativo e de conscientização de toda a comuni- dade. O monitoramento dos psilídeos é feito através de milhares de armadi- lhas, colocadas em áreas comerciais e urbanas. Segundo os pesquisadores da estação experimental da Universidade da Califórnia de Lindcove, há mais plan- tas de citros na grande Los Angeles que em todo o Vale do São Joaquim, onde se concentra a citricultura co- mercial. Se os inspetores encontram algum psilídeo nas armadilhas das ci- dades, pulveriza-se a planta e ao re- dor do foco em um raio de 400 me- tros. Todos os insetos capturados são analisados para verificar a presença da bactéria, o que até hoje não ocorreu. Para estancar a expansão da Diaphorina, os pesquisadores estu- dam a liberação de inimigos naturais. Segundo a coordenadora do progra- ma, Dra. Xxxxxxxxx X. Grafton esta ação é interessante, pois atinge áreas urba- nas ou pomares não comerciais, que não possuem possibilidade de contro-
le químico do vetor.
O manejo de pragas busca maior
Figura 7. Processamento de frutas na Suntreat, Califórnia
Foto: Xxxxxx X. Medina
equilíbrio biológico e alguns produ- tores já adotam a liberação de inimi- gos naturais como o produtor Xxx Xxxxxxxxxx. Ele possui um laborató- rio comercial para criação de vespas parasitas da Cochonilha Vermelha da Califórnia. O produtor foi visitado pe- lo GCONCI em 2000 e verificou-se o desenvolvimento deste negócio, bem como o aumento da sua produção de mudas e frutas.
Foto: Xxxxxx X. Medina
Outro fator de prevenção ao HLB está na modernização dos vi-
veiros para que, dentro de dois anos tenham todas as fases do sistema de produção de mudas em cultivo prote- gido. Visitamos o viveiro que se adap- ta às novas normas, a TreeSources, que tem o gerenciamento do agrôno- mo brasileiro Xxxx Xxxxxxx Xxxx Xxxxx. Este viveiro se destaca pela produção de mudas em tubetes prontas para a comercialização (Figura 8).
Com uma citricultura que está vol- tada para mesa é obrigatório visitar packinghouses para descobrir um pou- co da exuberância deste negócio. Na tradicional Suntreat dos irmãos Xxxxxxxx, cada lote de fruta é pré-classificado no campo e quando chega ao packinghou- se. Durante o processamento, o geren- te geral do packing muda a velocidade de processamento do lote de acordo
Figura 8. Xxxx Xxxxxxx Xxxx Xxxxx do viveiro
TreeSources mostra plantas enxertadas em tubetes. Este material propagativo é enviado para outros viveiristas que dão o acabamento final da muda em sacolas e são, inclusive exportado para outros países
propagativo sadio, na condução dos pomares e no processamento rigoro- so, observamos a busca constante pa- ra a satisfação do consumidor. Todos os integrantes desta excursão técnica agradecem a empresa Allplant e as re- cepções calorosas das empresas e dos produtores californianos onde mui- tos conhecimentos foram adquiridos e servirão para a citricultura brasilei- ra avançar e melhorar cada vez mais.
com a intensidade de defeitos verifica-
Xxx Xxxxxxxxxx. Ao fundo abóboras onde cochonilhas se de parasitóides que serão liberados nos pomares
dos em várias amostragens no período.
Assim, através da modernização de cultivares, da produção do material
Eng. Agr. Xxxxxx Xxxxxx Xxxxxx
GCONCI
GCONCI - Grupo de Consultores em Citros 21
Legislação
A problemática da dívida rural
Questões que devem ser levantadas junto aos bancos que operam crédito rural e que podem reduzir dívidas
O endividamento do setor rural é uma triste realidade que assola a pro- dução rural em todo território nacio- nal. A negativa de informação corre- ta aos produtores sobre a verdadeira regra do jogo tem sido a maior pro- blemática nos financiamentos em ge- ral. O objetivo do empréstimo rural é fomentar o setor e não obter lucro. Mas não é isso que se tem observado. Há diversas abordagens a serem feitas perante os Bancos que operam
crédito rural tais como:
• O desrespeito aos limites legais para os juros de mora (12% a.a.).
• A cobrança de comissão de per- manência.
• Multa acima de 2%.
• Taxa efetiva e não nominal.
• Encargos elevados de inadimplên- cia.
• Taxa indevida de tarifa contratual.
• O cômputo do ano comercial de 360 dias ao invés de ano civil de 365 dias na apuração da taxa de juros diária.
• Cálculos manipulados que anulam o rebate legal concedido nos finan- ciamentos com recursos dos Fundos Constitucionais.
Especial de Saneamento de Ativos). Essas questões devem ser levan-
tadas para que seja realizada uma re-
negociação da dívida e mesmo que o produtor já esteja sendo executado cabe a ele o direito da ampla defesa para que possa ser reduzida sua dívi- da ou um alongamento de seu débi- to, por meio das aplicações dos bene- fícios legais.
Se o produtor preencher os requisi- tos previstos em lei, certamente evita- rá que seu patrimônio seja arrematado pelos oportunistas dos leilões judiciais.
• A capitalização mensal dos juros • Excesso de garantias nas opera-
sem pactuação expressa.
ções de Securitização e PESA (Programa
Xxxxx Xxxxx & Associados.
22 GCONCI - Grupo de Consultores em Citros
GCONCI - Grupo de Consultores em Citros 23
Meio Ambiente
Plantação de seringueira como parte da Reserva Legal
Com vantagens econômicas, sociais e ambientais,
a heveicultura insere-se no contexto de agricultura sustentável
Foto: Xxxxxxx Xxxxxxxxxx Xxxxx
A seringueira é principal fonte co- mercial de borracha natural no mundo e a borracha é a matéria-prima estra- tégica para mais de 40.000 produtos. O Brasil, que até a metade do século XX detinha o monopólio da produção mundial de borracha natural, hoje res- ponde por apenas 1% em termos glo- bais e produz apenas 30% do seu con- sumo. Em nível mundial, o consumo de borracha natural tem crescido mais do que a capacidade de produção dos se- ringais. De acordo com estimativas, a de- manda de borracha natural para 2020 é da ordem de 9,71 milhões de tonela- das, contra uma produção de 7,06 mi- lhões de toneladas. Estima-se, ainda, que em 2035, seguindo-se a curva de oferta e demanda, haverá um déficit de 5,0 milhões de toneladas de borracha. Do ponto de vista ambiental, o cultivo da seringueira é considerado altamen- te benéfico, uma vez que seu compor- tamento se assemelha ao de uma ma- ta nativa, acumulando menos perda de solo por hectare e menor exportação de nutrientes em comparação com ou- tras importantes culturas. A seringueira exige um menor uso de mecanização e insumos para seu cultivo quando com- parada com a maioria das culturas anu- ais, constituindo um tipo de manejo ex- tremamente desejável. Trata-se de uma cultura que protege o solo e os manan- ciais, reduzindo o impacto do sol, chu- vas e ventos. Quando se compara o ba- lanço hídrico de um seringal com uma floresta contígua, verificam-se vantagens no equilíbrio do balanço hídrico do se- ringal devido ao maior armazenamento de água no solo, maior drenagem pro- funda e menor evapotranspiração anu- al. Tais resultados de estudos indicam que, dependendo da extensão do se- ringal os mananciais próximos poderão ser melhor supridos e que esta cultura pode suportar maiores períodos de se- ca durante o ano. Portanto, a heveicul- tura é considerada reflorestadora e além
A extração do látex se dá através de cortes na planta que são feitos de maneira que o leite caia dentro de um recipiente (cumbuca)
de contribuir com a conservação dos re- cursos naturais, pode ser utilizada para a recomposição da Reserva Legal, ampara- da por lei. Segundo o Código Florestal, Reserva Legal é a área localizada no inte- rior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente (APP), necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabi- litação dos processos ecológicos, à con- servação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas. De acordo com a legislação ambiental do Estado de São Paulo, o proprietário ou o titular responsável pela exploração de imóvel rural com área recoberta por ve- getação nativa na reserva legal em ex- tensão inferior ao percentual mínimo exigido (20% da área da propriedade) pode optar por recompor a vegetação no próprio imóvel por meio do plantio de espécies arbóreas exóticas, intercaladas com espécies arbóreas nativas de ocor- rência regional ou pela implantação de Sistemas Agroflorestais (SAF). Neste ca- so, a seringueira poderá ser utilizada pa-
ra tal finalidade e ser explorada comer- cialmente, desde que respeitando alguns dispositivos da legislação, como o plan- tio em até metade da área e fazê-lo no prazo máximo de oito anos. Quanto ao aspecto técnico o espaçamento tradicio- nal da seringueira pode ser rearranjado em linhas duplas, permitindo alta den- sidade de árvores nativas e seringueira por hectare e, consequentemente, gran- de cobertura do solo. Porém, findo o ci- clo de produção do plantio inicial não é permitido o replantio de espécies arbó- reas exóticas na reserva legal, daí a gran- de vantagem da seringueira, pois o seu ciclo pode se estender por mais de 30 anos e, ainda, há possibilidade do apro- veitamento de madeira nobre no final do ciclo. No contexto edafoclimático, o estado de São Paulo possui um poten- cial de área de cerca de 14 milhões de hectares altamente favoráveis de solos leves e profundos, e aptos ao cultivo da seringueira, além do caráter sazonal do clima, possibilitando rápido crescimento das árvores e escape à principal enfermi- dade denominada “mal-das-folhas”. Do ponto de vista econômico, atualmente é uma das atividades que melhor remu- nera o produtor, com renda mensal ga- rantida por mais de 30 anos, valorização da propriedade e madeira nobre no final do ciclo. Devido às grandes vantagens econômicas, sociais e ambientais, a he- veicultura insere-se perfeitamente den- tro do contexto de agricultura susten- tável, fazendo cumprir a função social e ambiental da terra por meio de gera- ção de empregos e notável uso dos re- cursos produtivos.
Eng. Agr. Xxxxxxx Xxxxxxxxxx Xxxxx Xxxxxxxxxx de Desenvolvimento Rural de Limeira/CATI/SAA
e-mail: xxxxxxxxxx@xxxx.xx.xxx.xx
24 GCONCI - Grupo de Consultores em Citros
Eventos GCONCI
GCONCI em ação
Participação dos consultores do GCONCI em eventos no 2º semestre/2010
Julho /2010
05-08/07 – O consultor Xxxxxxxx Xxxxxxx liderou Missão Técnica à Califórnia (EUA), para um grupo de 20 profissio- nais, dentre eles, os consultores Xxxxxx
L. Xxxxxx e Giovane Barrotti do GCONCI e citricultores. Ministrou palestra na Estação Experimental de Lindcove da Universidade da Califórnia sobre o te- ma: ‘O Manejo do HLB na Citricultura Brasileira’ e realizaram visitas técnicas aos pomares, viveiros e empresas da região do Vale do São Joaquim.
12-14/07 – Consultores do GCONCI visi- taram a citricultura do Paraná (região de Paranavaí), com o objetivo de atualizar os conhecimentos em relação ao controle do Cancro Cítrico e outros aspectos de manejo da cultura dos citros. Foram re- cepcionados pela família Xxxxxxxx e pelo consultor Xxxxxx Xxxxxxx, que mostraram com muita hospitalidade os avanços téc- nicos da cultura naquela região.
Consultores do GCONCI visitam a citricultura do Paraná
Agosto/2010
16/08 – O consultor Xxxxxxxx Xxxxxx participou da reunião do Consecitrus na Sociedade Rural Brasileira em São Paulo (SP), o evento foi organizado pela própria SRB.
18/08 – O consultor Xxxxxxxx Xxxxxx participou da 22ª Reunião Ordinária da Câmara Setorial em Brasília (DF), no MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que discu- tiu sobre a Portaria de recomposição da Câmara; Calendário de reuniões – ano de 2010 – Ratificação; Agenda Estratégica – estabelecimento das pró- ximas ações visando sua execução; Apresentação da Assessoria Parlamentar
- ASPAR/GM/ MAPA; Perspectivas do Mercado do Suco Concentrado de Laranja – CitrusBR; Relato dos princi- pais assuntos discutidos no Seminário ‘Futuro da Citricultura Mundial’ pro- movido pelo GCONCI; Relato das ações em andamento; HLB e Cancro Cítrico – Fundecitrus; Consecitrus e Endividamento – CNA; O Nordeste co- mo região potencial para expansão da citricultura brasileira - análises de ris- cos e oportunidades – EMBRAPA, en- tre outros assuntos.
Foto: Gilberto Tozatti
19/08 – Realizou-se no Carlton Plaza Hotel, Limeira (SP) a Assembleia Geral Ordinária do GCONCI, com a apre- sentação das comissões internas do GCONCI. Foi realizada a eleição e a posse da nova Diretoria do Grupo, sendo os consultores Xxxx Xxxxxxx X. Xxxxxxx (Presidente), Xxxxxxx Xxxxxxx Xxxxxx (Tesoureiro), Xxxxxxxx F. C. Xxxxx (Tesoureiro) e Xxxxxxxxx Xxxxxx Xxxx (Relações Públicas), efetivados nos cargos. Agradecemos o empenho e dedicação dos consultores Xxxxxx
L. Xxxxxx (ex-Presidente) e Xxxxxx Xxxxxx Xxxx (ex-Secretário), que dei- xaram a Diretoria.
26/08 – O consultor Xxxxxx X. Peratelli participou do Top Ciência, evento pro- movido pela BASF, em Campinas (SP).
02-30/08 – O consultor Xxxxxxxx Xxxxxxx participou como palestrante em três encontros com citricultores nas regi-
ões de Araras, Leme e Conchal, em parceria com a BASF.
Setembro/2010
8/09 – Os consultores Xxxxxxx X. Xxxxxx, Xxxxxxxx F. C. Xxxxx e Xxxxxxxxx Xxxxxx Xxxx estiveram na empresa con- veniada Syngenta, em Paulínia (SP), em reunião com seus diretores.
Foto: Xxxxxxxx X. Corte
13/09 – O consultor Xxxxxxxx X. Corte foi homenageado pelo Rotary Centro, em Araras (SP), pelo Dia Mundial do Engenheiro Agrônomo.
Da esquerda para direita: Xxxx Xxxxxxx Xxxxxx xx Xxxxxxxx (Rotary Club de Araras) Xxxxxxxx
D. Corte (GCONCI) e Xxxxxxx Xxxxxxx Xxxx
- Presidente do Rotary Club de Araras
13 a 17/09 – O GCONCI foi repre- sentado pelo consultor Xxxxxxx Xxxxx Xxxxxxx, no SESC de Guarapari (ES), on- de aconteceu o encontro Fertibio/2010
- 24º Reunião Brasileira de Fertilidade de Solo e Nutrição de Plantas - Fontes de nutrientes e produção agrícola: mo- delando o futuro.
GCONCI - Grupo de Consultores em Citros 25
Eventos GCONCI
16 / 09 – Os consultores Xxxxxx X. Xxxxxx e Xxxxxx X. Rosa representaram o Grupo no VII Simpósio de Citricultura Irrigada, na EECB - Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (SP), re- alizado pelo GTACC - Grupo Técnico de Assistência e Consultoria em Citros.
16/09 – Foi ministrada aos consulto- res do GCONCI, a palestra ‘Pagamento ao produtor por sólidos solúveis’, pe- lo Eng. Agr. Xxxxx Xxxxx Xxxxxxxx, du- rante Junta Agronômica, realizada no Carlton Plaza Hotel, em Limeira (SP). Após a palestra, realizou-se reunião entre o GCONCI e os técnicos da par- ceira Biolchim, discutiu-se sobre os produtos alvos da empresa.
17/09 – No Carlton Plaza Hotel, em Limeira (SP), os consultores estiveram reunidos com os representantes da empresa conveniada BASF, para dis- cussão sobre o portifólio da mesma e atualidades na citricultura.
21/09 – O consultor Xxxxxx X. Xxxxxx participou da 23ª reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Citricultura, em Brasília (DF), que te- ve como pauta: Calendário de reu- niões – ano de 2010 – Ratificação; Fundo Catástrofe – publicado Decreto; Agenda Estratégica – continuação do estabelecimento das próximas ações, visando sua execução; Perspectivas do Mercado do Suco Concentrado de Laranja – CitrusBR; Discussões so- bre HLB – Fundecitrus; Apresentação abordando as diversas modalidades de garantias (contra adversidades cli- máticas) para as atividades agropecu- árias; Debates sobre as ações em an- damento; Consecitrus; Endividamento; Cancro Cítrico, entre outros assuntos.
26 a 30/09 – O consultor Xxxxx X. X. Paiva representando o GCONCI, partici- pou em Natal (RN) do XXIII Congresso Brasileiro de Entomologia.
Outubro/2010
20/10 – Ocorreu no Hotel Renaissance, em São Paulo (SP), o Seminário ‘Desafios da Citricultura Brasileira’ realizado pe- lo jornal Valor Econômico e CitrusBR, enfocando o trabalho elaborado pela Markestrat - USP sobre a cadeia pro-
dutiva dos citros brasileira. O evento contou com presença de citriculto- res, indústrias e formadores de opi- nião. Representando o GCONCI, Xxxx Xxxxxxx X. Xxxxxxx, Xxxxxxxxx Xxxxxx Xxxx e Xxxxxxxx Xxxxxxx, sendo que o consultor Xxxxxxxx Xxxxxx, ministrou palestra sobre ‘Mercado mundial de bebidas e sucos’.
Consultor Xxxxxxxx Xxxxxx em sua apresentação no Seminário ‘Desafios da Citricultura Brasileira’
21/10 – Os consultores Xxxxx X. X. Xxxxx e Xxxxxx Xxxxxx Xxxx representaram o GCONCI no Seminário ‘Avanço so- bre o manejo do HLB na citricultura de São Paulo e da Flórida (EUA)’ rea- lizado pelo Fundecitrus na Unip, em Araraquara (SP).
21/10 – Aconteceu no Carlton Plaza Hotel Limeira (SP) reunião com a em- presa parceira Spraytec, onde foram
abordados assuntos relativos ao por- tifólio da empresa e perspectivas para a citricultura brasileira em 2011.
Foto: Xxxxxxx Xxxxxxxxx
22/09 – Foi ministrada palestra so- bre o tema ‘Pagamento por Sólidos Solúveis’ pelo Eng. Agr. Aparecido Donizeti Marconatto aos consulto- res do Grupo. Realizada no Carlton Plaza Hotel, Limeira (SP) e coordena- da pela Comissão Técnico-Científica do GCONCI.
26/10 – O consultor do GCONCI Xxxxxxxxx Xxxxxx Xxxx realizou palestra no X Dia da Laranja no Centro APTA Xxxxxx Xxxxxx Xxxxxxx/ IAC, em Cordeirópolis (SP) com o título: ‘Qualidade ambien- tal e a aplicação de defensivos na ci- tricultura’, enaltecendo a importância do cuidado com o Meio Ambiente no setor citrícola.
28 e 29/10 – Em Orlando, Flórida (EUA) ocorreu a Conferência Internacional so- bre Economia Citrícola que discutiu im- pacto do HLB na Citricultura Mundial. Os consultores Xxxxxxxx Xxxxxx e Xxxxxxxx Xxxxxxx, participaram repre- sentando o GCONCI como palestran- tes com o tema: ‘Previsão de safras (10 anos) de São Paulo sob o impac- to do HLB’. O evento reuniu cerca de 200 profissionais entre pesquisado- res, economistas, indústrias de suco, produtores de cítricos e investidores ligados à citricultura. O tema central desse encontro é o impacto do HLB na produção de laranjas nos EUA e no Brasil e o futuro do mercado de suco no mundo. O evento foi organizado pela Universidade da Flórida e trouxe palestrantes da Europa e EUA para fa- larem sobre o mercado de suco de la- ranjas e de mercado interno de cítricos das duas principais regiões econômi- cas desenvolvidas. Comparou-se, do ponto de vista econômico, o sistema chamado ‘padrão’, que prevê o arran- quio de plantas doentes com o siste- ma chamado ‘alternativo’, que prevê o reforço nutricional e manutenção de plantas sintomáticas, ambos sob o controle do vetor (psilídeo). Os traba- lhos apresentados discutiram ainda o futuro da pesquisa e as perspectivas para a solução da pior doença que a citricultura jamais enfrentou.
26 GCONCI - Grupo de Consultores em Citros
EMAG/2010
Eventos GCONCI
Foto: Gilberto Tozatti
Reaproveitamento de materiais, antes descartados, gera fonte de trabalho e renda
Neste ano, o GCONCI, através da CMAG - Comissão de Meio Ambiente do GCONCI - focando os temas des- carte de embalagens de agrotóxicos e o aproveitamento de materiais, or- ganizou e realizou no dia 21/10/2010, em Limeira (SP) no Carlton Plaza Hotel, o EMAG/10 - Evento Meio Ambiente GCONCI 2010 - que contou com a presença dos palestrantes, integran- tes, parceiros e convidados.
Foto: Gilberto Tozatti
Dando início ao evento, tive - mos a presença de Xxxxx Xxxxxxxx, Coordenador de Operações do InpEV - Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias - e Xxxx Xxxxxxxxxx Xxxxxxxxx, Coordenador de Operações
Em explanação, Xxxxx Xxxxxxxx destacou as normas para descartes de embalagens de agrotóxicos
da ASACIA - Associação das Revendas de Agrotóxicos de Casa Branca e Central de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos, que falaram so- bre ‘Sistema de Destinação Final de Embalagens Vazias de Agrotóxicos’. Nas apresentações foram expostas de maneira muito clara que, seguindo os rigorosos métodos e normas de lava- gem, separação, preparo para descar- te e envio aos postos de coletas, as embalagens de agrotóxicos utilizadas na agricultura e em particular na citri- cultura, podem ser muito bem apro- veitadas para outros fins, eliminando, diminuindo ou minimizando assim, re- síduos poluentes oriundos das ativida- des agrícolas.
Em seguida, contamos com a pre- sença de Xxxxxxx Xxxxx Xxxx, Professor de Recursos Naturais Renováveis da UNESP - Universidade Estadual Paulista ‘Xxxxx xx Xxxxxxxx Xxxxx’, Departamento de Recursos Naturais, que apresentou a importante palestra sobre ‘Resíduos Agroindustriais como Fonte de Materiais e Energia’, onde todos os participan- tes tiveram a oportunidade de co- nhecer as inúmeras atividades e es- tudos que estão sendo realizados e colocados em prática, em várias par- tes do mundo, no sentido de reapro- veitamento, inclusive na medicina, de uma grande gama de materiais nobres
Prof. Xxxxxxx Xxxxx Xxxx, no momento da sua apresentação no EMAG/10
que, até então eram eliminados, per- didos e desperdiçados e que agora, podem ter outros destinos, diminuin- do resíduos, melhorando a eficiência de produtos e gerando fontes de tra- balho e de renda.
A CMAG, com a finalidade de tra- zer informações, agradece aos pales- trantes pelas ricas apresentações, bem como a todos os participantes e orga- nizadores do evento.
Eng. Agr. Xxxxxxxxx Xxxxxx Xxxx
Coordenador da CMAG - GCONCI
GCONCI - Grupo de Consultores em Citros 27