PROJETO PARA PERFURAÇÃO DE POÇO TUBUAR PROFUNDO
PROJETO PARA PERFURAÇÃO DE POÇO TUBUAR PROFUNDO
1 – REQUERENTE
PREFEITURA MUNICIPAL DE BARÃO DE COTEGIPE CNPJ: 87.613.451/0001-82
ENDEREÇO: XXX XXXXXXXX XXXXXX, Xx 000, XXXXXX XX XXXXX XX XXXXXXXX XXX: 00000-000
2 – LOCAL DO POÇO
O poço será perfurado no município de Barão de Cotegipe, na Linha Volta Grande, como pode ser observado no mapa de localização a seguir.
Figura 1 – Mapa de Localização
3 – INTRODUÇÃO
A demanda de água no interior do estado do Rio Grande do Sul, ocasionada principalmente pelo crescimento das comunidades, secas, atividade pecuária e industrial, provocou uma corrida por soluções rápidas e de menor custo, onde a melhor alternativa está sendo pela captação de água subterrânea.
Graças aos aquíferos de boa qualidade que ocorrem na região tem sido possível atender a essa demanda. Além disso, quando necessários, os tratamentos das águas obtidas dos poços são de baixo custo, sendo em muitas vezes necessário apenas a adição de cloro na rede.
O projeto de um poço tubular visa atender a necessidade do interessado através de uma análise das condições geológicas e hidrogeológicas da área de estudo, levando em consideração as características naturais do aquífero e seu potencial de fornecer poços produtivos.
4 – OBJETIVO
Tem-se como objetivo apresentar um projeto de perfuração de 1 Poço Tubular Profundo com uma vazão estimada adequada que possa atender a demanda para o consumo d’água (Consumo Humano) no entorno da comunidade rural.
Para atender o objetivo foram integrados dados geológicos, estruturais, hidrogeológicos e morfológicos em softwares de geoprocessamento.
O projeto inicial para a execução dos trabalhos pretende a perfuração de um poço com uma profundidade de 400m, onde nos primeiros 13m a perfuração terá 12 polegadas de diâmetro, e o restante da perfuração em 6 polegadas.
A água será utilizada por uma população de aproximadamente 30 pessoas com uma demanda mínima de 5,4 m³/dia.
5 – GEOLOGIA DA ÁREA
A área de estudo está inserida no domínio morfotectônico da Bacia do Paraná. A bacia sedimentar do paraná constitui uma ampla bacia intracratônica desenvolvida sobre a Plataforma Sul-americana em resposta à relativa estabilização tectônica após o Ciclo Brasiliano. Esta bacia é preenchida por rochas sedimentares e vulcânicas cujas idades variam entre o Ordoviciano e o Cretáceo, documentando assim quase 400 milhões de anos da história geológica fanerozóica dessa região do planeta. Possui um formato alongado na direção NNE-SSW abrangendo uma área de aproximadamente 1.700.000 km² na porção centro-leste da América do Sul com ocorrência no Sul do Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina.
O registro sedimentar da Bacia do Paraná compreende um pacote sedimentar-magmático com uma espessura em torno de 7 mil metros. Esse registro tem sido tema frequente de estudos possuindo uma vasta bibliografia. Desde os trabalhos pioneiros de White (1908) até nossos dias, dezenas de classificações já foram propostas para as rochas da bacia.
De acordo com Xxxxxx (1997), a bacia é formada por seis supersequências separadas por discordâncias de caráter inter-regional: Rio Ivaí (Ordoviciano-Siluriano), Paraná (Devoniano), Gondwana I (Carbonífero-Eotriássico), Gondwana II (Meso a Neotriássico), Gondwana III (Neojurássico-Eocretáceo) e Bauru (Neocretáceo).
A formação Serra Geral, pertencente à supersequência Gondwana III, é composta de derrames de basaltos, basalto andesitos, riodacitos e riolitos de filiação toleítica, onde intercalam-se arenitos intertrápicos Botucatu na base e litarenitos e sedimentos vulcanogênicos da porção mediana ao topo da sequência.
Na formação serra geral ocorre a Fácies Paranapanema (unidade de interesse para o projeto) de idade cretácea inferior. Tal unidade é formada por derrames basálticos granulares finos, melanocráticos contendo horizontes vesiculares espessos preenchidos por quartzo (ametista),
zeolitas, carbonatos, seladonita, Cu nativo e barita, compreendendo a maior concentração de jazidas de ametista do estado (Fig. 2) .
Figura 2 – Mapa Geológico
6 – HIDROGEOLOGIA
Como observado em Machado & Xxxxxxx (2005), o poço tubular profundo será alocado no contexto do no Sistema aquífero Serra Geral I (Fig. 3). Tal unidade possui aquíferos livres a semiconfinados de extensão regional, com porosidade por faturamento, descontínuo heterogêneo e anisotrópico. Os aquíferos são associados a derrames vulcânicos básicos e ácidos, localmente muito vulneráveis. Possuem baixo risco à contaminação na áreas rurais e médio risco nas áreas urbanas. As vazões captadas por poços bem construídos variam entre 5,0 e 40,0 m³/h.
Esta zona aquífera caracteriza-se por apresentar água com qualidade química boa para todos os fins: abastecimento doméstico e público, agrícola e industrial. O valor TSD geralmente é inferior a 500 mg/L.
Figura 3 – Mapa Hidrogeológico
6.1 – POÇOS PRÓXIMOS
Conforme consulta junto ao SIAGAS, há 3 poços cadastrados contendo dados hidrogeológicos em um raio de 4200 metros do poço objeto de outorga. A seguir, são apresentadas as médias dos parâmetros obtidos dos poços n° 0000000000, 4300015288, 4300001718.
• Profundidade: 133,34 m
• NE: 11,80 m
• ND: 89,39 m
• Vazão: 11,6 m³/h
7 – AUTORIZAÇÃO PRÉVIA
Antes do início da perfuração exige-se a Autorização de Perfuração aprovada pelo SEMA. Este trabalho visa atender a prefeitura de Xxxxxxxx Xxxxxxx com o fim de licitar o poço na região de interesse.
8 – PERFURAÇÃO DO POÇO
Após a obtenção da Autorização de Perfuração do poço junto a XXXX, a obra será executada de acordo com os seguintes passos: Instalação do canteiro de obras; e início da perfuração.
Compreenderá no canteiro de obras o deslocamento, instalações e montagem dos equipamentos de perfuração e acessórios. Deverá ter o espaçamento necessário para a acomodação dos caminhões, em topografia plana para o nivelamento dos mesmos. Deverá ter também um bom reservatório de água com alimentação contínua; isolamento total de visitantes em função dos riscos de acidentes e altos ruídos. Atenção também a fiações e redes elétricas. Concluída a montagem dos equipamentos dar-se-á início à perfuração.
9 – DESENVOLVIMENTO E LIMPEZA DO POÇO
Após a conclusão da perfuração, deverá ser feita a limpeza interna do poço pelo método “air lift”, que consiste na descarga dos compressores de um período em torno de quatro horas para limpeza total dos restos de perfurações e fragmentos de rochas existentes. Essa descarga de ar para limpeza deverá ser de forma intermitente, de modo a liberar a descarga e após alguns minutos cortar, esperar que o nível do poço se recupere e novamente liberar a descarga. Assim, as partículas de fragmentos de rocha que estão nas fraturas se deslocam para dentro do poço e com novas descargas de ar possam ser lançadas para fora do poço. O poço será dado como limpo quando não houver mais impurezas na água.
10 – TESTE DE VAZÃO
Após a conclusão da perfuração, será executado o Ensaio de Bombeamento durante 24h initerruptas, com a bomba instalada na última entrada d’água de maior profundidade, com rebaixamento de nível até o crivo da bomba. Esse trabalho visa a limpeza dos restos da perfuração e avaliação hidrodinâmica da capacidade real do poço. Também durante o teste de vazão, se faz a desinfecção do poço da seguinte forma: Após 10h de bombeamento são lançados 2 litros de Hipoclorito de Sódio no interior do poço, fazendo a retrolavagem (lançar água bombeada de volta ao poço) por duas horas sem interromper o bombeamento. Após duas horas de retrolavagem, lança-se a água para fora do poço e conclui-se o teste de bombeamento de 24h.
11 – PROTEÇÃO SANITÁRIA DO POÇO
Após realizados os processos de limpeza do poço, bem como o teste de bombeamento, inicia-se a complementação da obra onde deverá ser construída uma laje de concreto para a proteção do poço que envolva o tubo de revestimento com 1,0m² por 0,15m de altura; e também a colocação de um tampão metálico resistente de difícil remoção para evitar ações de vândalos.
12 – TRABALHOS COMPLEMENTARES: ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS E BACTERIOLÓGICAS, AUTORIZAÇÕES E RELATÓRIO TÉCNICO
Ao final do teste de vazão e bombeamento do poço será coletada amostra de água e encaminhada ao laboratório para a identificação de sua composição química e bacteriológica afim de determinar a potabilidade de acordo com os padrões de uso para o licenciamento final que consiste no requerimento da Outorga de Uso junto a Secretaria de Recursos Hídricos do Estado.
13 - EMISSÃO DE LAUDO TÉCNICO FINAL DA OBRA
Após o término do Ensaio de Bombeamento serão feitos os cálculos sobre as condições hidrodinâmicas do poço para emissão do Relatório Técnico Final da Obra. Entrega de uma pasta contendo todas as informações do poço como: perfil geológico e construtivo, boletim de sondagem, planilha do ensaio de bombeamento, laudo técnico final do poço, autorização prévia, análise físico- química e bacteriológica da água, ART de execução e dos relatórios acima por técnico com atribuição (Geólogo ou Engenheiro de Minas). Este documento deverá ser arquivado para futuras interferências no poço.
14 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao término da obra deverá ser realizada a limpeza geral da área de perfuração. A segurança dos equipamentos de perfuração durante a execução da obra ficará por conta da empresa contratada.
15 – ANEXOS
Figura 4 – Perfil Geológico Construtivo estimado para o poço
16 – REFERÊNCIAS
Xxxxxxx, X.X.X. & Xxxxxxx, M.A. 2005. Projeto Mapa Hidrogeológico do Rio Grande do Sul: relatório final. Porto Alegre, CPRM. 71 p.
Xxxxxx, X. X. (1997). Evolução tectono-estratigráfica da Bacia do Paraná e seu relacionamento com a geodinâmica fanerozóica do Gondwana sul-ocidental (Doctoral dissertation, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.).
XXXXXXX, Xxxxxx; XXXXXXX, Xxxxxxxx Xxxxxx; XXXXX, Xxxxxxx xx Xxxxx; XXXXXXXX, Xxxxxx Xxxxxx xx Xxxxxxxx. Geologia e recursos minerais do estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: CPRM, 2008. Escala 1:750.000. Programa Geologia do Brasil.