Contract
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Análise dos Resultados – Seguro de Vida
Este capítulo tem como objetivo a análise dos resultados obtidos através da modelagem dos dados de uma seguradora. A partir daí, foram calculados os valores do capital requerido para solvência, do capital mínimo para que o fundo possa operar, entre outros.
O seguro é uma modalidade de transferência de risco no qual o segurador, mediante contrato, se obriga a indenizar o segurado na hipótese de ocorrência de fatos danosos a vida, a saúde, aos direitos ou ao patrimônio do segurado. Neste trabalho estudou-se a aplicação a seguro de vida. Esse tipo de seguro é definido como um contrato feito entre a companhia seguradora e uma pessoa, ou um grupo de pessoas no caso de seguro de vida em grupo, onde a seguradora cobre financeiramente o risco de morte ou de acidente com lesão grave, dependendo do contrato do seguro de vida. Em troca desta cobertura financeira, o usuário contratante paga uma taxa mensal pelo tempo de duração do seguro.
A finalidade do seguro de vida é basicamente dar um suporte financeiro para as pessoas dependentes do segurado, em caso de ocorrer uma fatalidade com esta pessoa. Seguros de vida foram criados para garantir um valor econômico à vida.
O capítulo está estruturado da seguinte forma: a primeira seção diz respeito aos dados e suas premissas para a aplicação do modelo; a segunda seção mostra a modelagem, identificando quais hipóteses são feitas nas simulações; na terceira seção são apresentados os resultados do modelo, fazendo a análise de sensibilidade; e por fim na quarta seção foi feita uma comparação entre os resultados obtidos através da metodologia da Resolução CNSP e da simulação.
5.1.
Base de Dados
Os dados foram obtidos junto a uma empresa de seguros não identificada, e se fez necessário realizar um tratamento na base de dados a fim de se identificar tipos de sinistros e coberturas comuns a todas as apólices. Os dados originais foram alterados para que a sua identificação não fosse possível.
A partir deste tratamento foi possível observar que os sinistros comuns as apólices são: morte por qualquer causa (titular, cônjuge e filho), morte por acidente (titular e cônjuge) e invalidez (titular e cônjuge). As coberturas que podem ser acionadas por ocorrência de sinistros são: auxílio funeral, invalidez (titular e cônjuge) e morte (titular, cônjuge e filho).
Algumas informações sobre as apólices de seguro não estavam disponíveis na base de dados. Desta maneira, foram adotadas as seguintes premissas quanto às variáveis do banco de dados:
• a idade do cônjuge será de 4 anos a mais que a idade do titular caso este seja do sexo feminino, e 4 anos a menos, caso o titular seja do sexo masculino;
• todos os titulares, cônjuges e filhos iniciam o período de análise ativos e válidos;
• a ocorrência de sinistros por segurado é mutuamente excludente. Ou seja, em um dado mês, apenas um sinistro pode ocorrer por segurado.
5.2.
Modelagem
No contexto de modelagem, um dos fatores de risco é a ocorrência de sinistros com o titular, com o cônjuge e seus dependentes. A apólice termina quando o titular morre ou quando o mesmo se invalida totalmente. Outro fator de risco é a decisão do titular de interromper o pagamento de prêmios (rotatividade) e, conseqüentemente, ter-se a extinção da apólice. Ainda deve-se acrescentar como fator de risco a taxa de juros a ser utilizada.
No caso do seguro de vida, para cada modelo foram simulados 15.000 cenários. Cada um deles retorna o valor total do: sinistro gasto com o titular, sinistro gasto com o cônjuge, sinistro gasto com o dependente, sinistro total, prêmio pago, e conseqüentemente, ganhos líquidos6 dos mais de 250.000 indivíduos da apólice.
Como dito no capítulo 2, ganho líquido é definido como
sendo
onde
- ganho líquido;
– prêmio;
– sinistro;
t – tempo em meses;
k – número de segurados, ;
j – número de sinistros, , sendo ;
- fator de desconto;
- probabilidade do indivíduo x sobreviver t meses;
- probabilidade do indivíduo x se tornar inválido depois de t meses;
PC – prêmio cobrado pela seguradora;
- importância segurada no caso de morte;
- importância segurada no caso de invalidez;
Os ganhos líquidos contabilizados pela seguradora espelham valores determinísticos calculados em função das premissas assumidas. A tabela a seguir mostra as hipóteses utilizadas no modelo base e suas variações.
6 ganho líquido é obtido pela diferença positiva entre o valor médio dos prêmios recebidos e o valor médio dos sinistros pagos.
Tabela 5.1 – Hipóteses utilizadas nos modelos
Hipótese | Modelo Base | Variação |
tábua de mortalidade | AT 83 | CSO 80 / AT 2000 |
tábua de entrada em invalidez | Xxxxxx Xxxxxx | - |
rotatividade | 21% ao ano | 15% ao ano / 30% ao ano |
taxa de crescimento salarial | 2% ao ano | - |
taxa de juros varia de 1% ao ano a 6% ao ano
Não estão sendo considerados novos contratos, e o período de análise é de 1 ano avaliado mensalmente.
5.3.
Resultados
Nesta seção são apresentados alguns resultados obtidos pelo uso de simulação da base de dados da seguradora.
5.3.1.
Necessidade de Capital
juros de 4% a.a. | |
ganho determinístico | 5,387,165.14 |
ganho estocástico | 5,497,107.28 |
variação | 2.00% |
O valor dos ganhos líquidos calculados deterministicamente e estocasticamente, com base nas premissas assumidas para o chamado modelo base é: Tabela 5.2 - Valor Esperado do Ganho Líquido do modelo base
A tabela acima mostra o resultado de duas formas de cálculo para ajudar a identificar se o cálculo da simulação está adequado. Através desta tabela é possível observar que a variação entre o cálculo determinístico e o estocástico é cerca de 2%. Através do cálculo do intervalo de confiança para a média de uma distribuição desconhecida, observa-se que o valor encontrado de forma determinística não se encontra dentro deste intervalo. Essa diferença se deve a forma de cálculo de cada
um. Para o cálculo determinístico, foi utilizada a tábua de múltiplos decrementos, sendo esta particionada considerando-se a probabilidade mês a mês. Já para o cálculo estocástico, foi considerada a tábua sem que houvesse partição mensal, fazendo apenas sua função de densidade de probabilidade. Optou-se por fazer o cálculo de formas diferentes, uma vez que seria um trabalho demasiado particionar a tábua para utilizá-la no caso estocástico. Por se tratar apenas de um cálculo para a verificação dos resultados das simulações, não preocupa o fato do valor determinístico não estar dentro do intervalo de confiança, pois isso já era esperado dado as circunstâncias em que cada cálculo foi efetuado.
O gráfico abaixo apresenta o histograma do valor esperado dos ganhos líquidos da seguradora obtido através da simulação. Observa-se que a distribuição do ganho líquido apresenta assimetria à esquerda. Conhecendo essa distribuição é possível observar em que percentil está situada o valor do ganho líquido calculado deterministicamente. Ainda é possível observar que o valor do ganho calculado de forma determinística se encontra próximo a mediana da distribuição.
Figura 5.1 – Distribuição do ganho líquido do modelo base (juros de 4% a.a.) – em milhões
Já era esperado esse comportamento para distribuição do ganho líquido, uma vez que uma seguradora faz os cálculos do valor do sinistro a ser pago e valor do
prêmio a ser recebido visando obter lucro. A parte da cauda a esquerda diz respeito aos prejuízos da empresa, mostrando que esses podem ocorrer, porém com uma freqüência bem pequena. Isto é ratificado ao observar a distribuição do valor dos sinistros, que apresenta uma assimetria à direita, assemelhando-se a uma Gama, como é considerado na literatura. No mercado observa-se justamente que a freqüência dos sinistros de valores mais altos é menor que os de valor mais baixo, confirmando o que é mostrado no gráfico dos sinistros.
Figura 5.2 – Distribuição do sinistro do modelo base (juros de 4% a.a.) – em milhões
Analisando a sensibilidade da taxa de juros sobre os valores do ganho líquido médio, margem de risco e SCR, observa-se pela tabela que quanto maior a taxa de juros, menor é o ganho líquido da empresa. O mesmo ocorre no caso do SCR. No caso da margem de risco, nota-se uma oscilação com o crescimento da taxa de juros, não havendo um padrão.
Tabela 5.3 – Valores do ganho médio, margem de risco e SCR (AT 83) – em milhões
juros de | juros de | juros de | juros de | juros de | juros de | |
1% a.a. | 2% a.a. | 3% a.a. | 4% a.a. | 5% a.a. | 6% a.a. | |
Ganho médio | 5.543 | 5.529 | 5.511 | 5.497 | 5.484 | 5.471 |
Margem de Risco | 2.079 | 2.067 | 2.07 | 2.058 | 2.047 | 2.036 |
SCR | 3.495 | 3.475 | 3.443 | 3.424 | 3.404 | 3.388 |
O gráfico a seguir mostra como se comporta a distribuição do ganho líquido com o aumento da taxa de juros. Observa-se que quanto maior a taxa de juros, menor será o ganho líquido. Isto não pode ser visto claramente uma vez que o horizonte de tempo é de 1 ano.
Figura 5.3 – Distribuição do ganho líquido variando os juros (AT 83) – em milhões
Ao analisar a sensibilidade do modelo quanto à tábua biométrica, é possível observar que ao utilizar a tábua AT 2000, o valor ganho líquido é o maior entre as tábuas utilizadas. A tábua que mostra menor valor é a tábua CSO 80. Isto é decorrente da maior extensão da longevidade, pela ordem, nas tábuas AT 2000, AT 83 e CSO
80. Observa-se ainda que nas duas tábuas os valores decrescem conforme a taxa de juros aumenta.
juros de 1% a.a. | juros de 2% a.a. | juros de 3% a.a. | juros de 4% a.a. | juros de 5% a.a. | juros de 6% a.a. | |
BEL | 3.982 | 3.976 | 3.971 | 3.965 | 3.959 | 3.953 |
Margem de Risco | 2.265 | 2.254 | 2.242 | 2.231 | 2.221 | 2.211 |
SCR | 3.881 | 3.860 | 3.839 | 3.818 | 3.797 | 3.783 |
BEL | 6.739 | 6.720 | 6.700 | 6.681 | 6.663 | 6.644 |
Xxxxxx xx Xxxxx | 1.910 | 1.903 | 1.891 | 1.881 | 1.872 | 1.863 |
SCR | 3.336 | 3.32 | 3.303 | 3.287 | 3.272 | 3.261 |
Tabela 5.4 - Valores do ganho médio, margem de risco e SCR (CSO 80 e AT 2000) – em milhões
CSO 80
AT 2000
O gráfico a seguir ratifica o mostrado na tabela anterior.
Figura 5.4 – Distribuição do ganho líquido variando tábuas biométricas (juros de 4% a.a.) – em milhões
No caso de alterar a taxa de rotatividade, observa-se que quanto maior a taxa de rotatividade, menor o valor do ganho médio, a margem de risco e o SCR.
juros de 1% a.a. | juros de 2% a.a. | juros de 3% a.a. | juros de 4% a.a. | juros de 5% a.a. | juros de 6% a.a. | |
BEL | 5.653 | 5.638 | 5.619 | 5.572 | 5.565 | 5.553 |
Margem de Risco | 2.086 | 2.076 | 2.109 | 2.090 | 2.071 | 2.040 |
SCR | 3.579 | 3.560 | 3.552 | 3.584 | 3.628 | 3.484 |
BEL | 5.388 | 5.375 | 5.362 | 5.346 | 5.336 | 5.324 |
Margem de Risco | 2.016 | 2.004 | 1.993 | 1.989 | 1.972 | 1.963 |
SCR | 3.361 | 3.350 | 3.340 | 3.339 | 3.307 | 3.294 |
Tabela 5.5 – Valores do ganho médio, margem de risco e SCR (rotatividade de 15% a.a. e 30% a.a.) – em milhões
rotatividade de 15%
rotatividade de 30%
O gráfico abaixo mostra como se comporta a distribuição do ganho líquido com o aumento da rotatividade. Observa-se que quanto maior a rotatividade, menor será o ganho líquido, porém essa diferença não é tão grande, uma vez que com o aumento da rotatividade, diminui tanto o prêmio como o sinistro.
Figura 5.5 – Distribuição do ganho líquido variando taxa de rotatividade (juros de 4% a.a.) – em milhões
O cálculo do Solvency Capital Requirement (SCR) deve emitir um nível de capital que permita a empresa de seguradora absorver perdas significativas imprevistas e dar garantia razoável aos segurados que os pagamentos serão feitos à medida que requeridos.
O risco de um segurador, medido pela distribuição estatística dos resultados, provê uma métrica que pode ser usada para definir as necessidades de capital. No caso deste estudo, o SCR é a quantia de capital necessário para cumprir todas as obrigações durante o horizonte de tempo de 1 ano para o nível de confiança de 99.5%.
Figura 5.6 – Percentual do SCR em relação ao ganho líquido variando as tábuas biométricas
Através do gráfico acima, é possível observar que quanto mais conservadora for a tábua escolhida pela empresa, maior terá que ser seu capital requerido para solvência, sendo maior a relação capital requerido/ ganho líquido. Além disso, observa-se que quanto maior a taxa de juros, menor será o SCR.
Figura 5.7 – Percentual do SCR em relação ao ganho líquido variando a taxa de rotatividade
Aqui se observa que quanto maior a taxa de rotatividade, menor deverá ser o capital necessário para que não ocorra insolvência, sendo menor a relação entre esse capital e o ganho líquido. Essa redução é esperada, uma vez que mais participantes saem do plano, resultando em menor pagamento de benefício.
O Minimum Capital Requirement (MCR) corresponde ao limite mínimo de capital abaixo do qual a seguradora apresenta risco excessivo de perda de direitos e benefícios para os segurados e beneficiários. Seu valor é definido como um percentual do SCR, que neste trabalho será 1/3 (mais utilizado).
Tabela 5.6 – Valor do MCR variando as tábuas biométricas – em milhões
juros de | juros de | juros de | juros de | juros de | juros de | |
1% a.a. | 2% a.a. | 3% a.a. | 4% a.a. | 5% a.a. | 6% a.a. | |
CSO 80 | 1.294 | 1.287 | 1.28 | 1.273 | 1.266 | 1.261 |
AT 83 | 1.165 | 1.158 | 1.148 | 1.141 | 1.135 | 1.129 |
AT 2000 | 1.112 | 1.107 | 1.101 | 1.096 | 1.091 | 1.087 |
xxxxx xx | xxxxx xx | xxxxx xx | xxxxx xx | xxxxx xx | xxxxx xx |
1% a.a. | 2% a.a. | 3% a.a. | 4% a.a. | 5% a.a. | 6% a.a. |
1.193 | 1.187 | 1.184 | 1.195 | 1.209 | 1.161 |
1.165 | 1.158 | 1.148 | 1.141 | 1.135 | 1.129 |
1.120 | 1.117 | 1.113 | 1.113 | 1.102 | 1.098 |
Tabela 5.7 – Valor do MCR variando as taxas de rotatividade – em milhões
rotatividade de 15% rotatividade de 21% rotatividade de 30%
Nas tabelas anteriores, pode-se observar que ao utilizar a tábua CSO 80, aumenta o valor do capital mínimo requerido em relação à tábua base (AT 83), ocorrendo o contrário com o uso da AT 2000. O mesmo ocorre ao alterar a rotatividade, utilizando uma taxa de rotatividade menor que a do modelo base, o valor do MCR diminui, enquanto que ao aumentar a rotatividade este valor diminui.
A fim de comparar o uso de duas medidas de risco, também foi calculado, para o modelo base, o capital requerido para solvência, utilizando o T-VaR. Por ser um medida mais conservadora, o resultado foi como o previsto, o capital requerido foi maior que o calculado anteriormente através do VaR, essa variação é de 12% em média. O gráfico abaixo mostra melhor o comportamento.
Figura 5.8 – Valores do SCR variando a medida de risco – em milhões
5.3.2.
Análise dos Modelos
Na tabela a seguir, encontram-se as estimativas obtidas para o modelo base dos valores esperados dos sinistros ocorridos, dos prêmios e, portanto da necessidade de capital da empresa, para as diferentes taxas de juros.
Tabela 5.8 – Valores esperados para 1 ano do modelo base – em milhões
E(Prêmio) | E(Sinistro) | E(Ganho) | ||
juros de 1% a.a. | 17.609 | 12.066 | 5.543 | |
juros de 2% a.a. | 17.534 | 12.005 | 5.529 | -0.25% |
juros de 3% a.a. | 17.462 | 11.952 | 5.511 | -0.34% |
juros de 4% a.a. | 17.390 | 11.893 | 5.497 | -0.24% |
juros de 5% a.a. | 17.318 | 11.834 | 5.484 | -0.24% |
juros de 6% a.a. | 17.248 | 11.777 | 5.471 | -0.24% |
Observa-se na tabela acima, que para as seis taxas de juros utilizadas o valor esperado dos prêmios excede o valor esperado dos sinistros nos próximos 12 meses,
sob premissas do modelo. Isto ocorre devido ao efeito da força de juros que mantém o equilíbrio entre as diversas alternativas. Estima-se ainda que o valor esperado dos ganhos líquido desta carteira ultrapasse R$ 5.5 milhões.
A fim de fazer uma análise de sensibilidade do modelo utilizado como base, foram realizadas outras simulações com premissas diferentes com o objetivo de comparar ao modelo anterior.
Primeiro, a premissa de que a tábua utilizada no modelo seria a AT 83 foi alterada. Foram realizadas simulações com duas outras tábuas, CSO 80 e AT 2000, e a seguir estão as comparações dos resultados.
Tabela 5.9 – Valores esperados do modelo com tábua CSO 80 – em milhões
E(Prêmio) | E(Sinistro) | E(Ganho) | ||
juros de 1% a.a. | 17.530 | 13.547 | 3.982 | |
juros de 2% a.a. | 17.455 | 13.479 | 3.976 | -0.15% |
juros de 3% a.a. | 17.382 | 13.412 | 3.971 | -0.15% |
juros de 4% a.a. | 17.310 | 13.346 | 3.965 | -0.15% |
juros de 5% a.a. | 17.239 | 13.281 | 3.959 | -0.15% |
juros de 6% a.a. | 17.170 | 13.217 | 3.953 | -0.14% |
Tabela 5.10 – Valores esperados do modelo com tábua AT 2000 – em milhões
E(Prêmio) | E(Sinistro) | E(Ganho) | ||
juros de 1% a.a. | 17.699 | 10.959 | 6.739 | |
juros de 2% a.a. | 17.623 | 10.903 | 6.720 | -0.29% |
juros de 3% a.a. | 17.549 | 10.849 | 6.700 | -0.29% |
juros de 4% a.a. | 17.476 | 10.795 | 6.681 | -0.28% |
juros de 5% a.a. | 17.404 | 10.742 | 6.663 | -0.28% |
juros de 6% a.a. | 17.334 | 10.690 | 6.644 | -0.28% |
Assim como para a tábua AT 83, o valor esperado dos prêmios excede o valor esperado dos sinistros. A diferença está no valor esperado dos sinistros. No caso da utilização da tábua AT 2000, o valor esperado do sinistro é menor enquanto o da tábua CSO 80 é maior que o do modelo base. Desta forma, há alteração no valor esperado do ganho líquido da carteira, ultrapassando a R$6.5 milhões, no caso da tábua AT 2000, e chegando a quase R$ 4 milhões, no caso da tábua CSO 80.
Esta mudança no valor do sinistro era esperada, uma vez que a tábua AT 2000 possui taxa de mortalidade menor que a AT 83, e esta última possui taxa de
mortalidade menor que a CSO 80, sendo esta última a tábua mais conservadora das três utilizadas. Desta forma, altera as probabilidades da ocorrência do sinistro morte.
Isto pode ser ratificado através da tabela abaixo, que mostra a sinistralidade7 de cada tábua para cada taxa de juros utilizada na simulação.
Tabela 5.11 – Taxa de Sinistralidade para as três tábuas utilizadas
CSO 80 | AT 83 | AT 2000 | |
juros de 1% a.a. | 77.28% | 68.52% | 61.92% |
juros de 2% a.a. | 77.22% | 68.47% | 61.87% |
juros de 3% a.a. | 77.16% | 68.44% | 61.82% |
juros de 4% a.a. | 77.10% | 68.39% | 61.77% |
juros de 5% a.a. | 77.04% | 68.33% | 61.72% |
juros de 6% a.a. | 76.98% | 68.28% | 61.67% |
Quanto mais conservadora a tábua, maior a sinistralidade.
A segunda alteração de premissa feita foi em relação à rotatividade dos segurados. A princípio, foi considerada uma taxa de rotatividade de 21% a.a.. Para analisar o comportamento do modelo, foram simulados resultados com duas outras taxas de rotatividade, 15% a.a. e 30% a.a.
Tabela 5.12 – Valores esperados do modelo com taxa de rotatividade de 15% a.a. – em milhões
E(Prêmio) | E(Sinistro) | E(Ganho) | ||
juros de 1% a.a. | 18.136 | 12.484 | 5.653 | |
juros de 2% a.a. | 18.058 | 12.420 | 5.638 | -0.25% |
juros de 3% a.a. | 17.982 | 12.363 | 5.619 | -0.34% |
juros de 4% a.a. | 17.906 | 12.334 | 5.572 | -0.84% |
juros de 5% a.a. | 17.832 | 12.267 | 5.565 | -0.13% |
juros de 6% a.a. | 17.758 | 12.205 | 5.553 | -0.21% |
7 o termo taxa de sinistralidade reflete o quanto a seguradora terá que pagar de indenização para cada R$1,00 do premio recebido.
Tabela 5.13 – Valores esperados do modelo com taxa de rotatividade de 30% a.a. – em milhões
E(Prêmio) | E(Sinistro) | E(Ganho) | ||
juros de 1% a.a. | 16.819 | 11.431 | 5.388 | |
juros de 2% a.a. | 16.749 | 11.374 | 5.375 | -0.24% |
juros de 3% a.a. | 16.680 | 11.319 | 5.362 | -0.24% |
juros de 4% a.a. | 16.614 | 11.268 | 5.346 | -0.28% |
juros de 5% a.a. | 16.546 | 11.210 | 5.336 | -0.19% |
juros de 6% a.a. | 16.480 | 11.156 | 5.324 | -0.23% |
Assim como para o modelo base, o valor esperado dos prêmios excede o valor esperado dos sinistros. A diferença está no valor esperado dos ganhos líquidos. Ao mudar a taxa de rotatividade, há um aumento (decréscimo) no número de sinistros ocorridos assim como no número de prêmios pagos. Quanto maior a taxa de rotatividade, menor o valor do sinistro, do premio, e conseqüentemente, o valor dos ganhos líquidos.
Isto pode ser visto na tabela a seguir, que mostra que não há alta diferença na sinistralidade com a alteração apenas da taxa de rotatividade.
Tabela 5.14 – Taxa de Sinistralidade para as três taxas de rotatividade utilizadas
15% a.a. | 21% a.a. | 30% a.a. | |
juros de 1% a.a. | 68.83% | 68.52% | 67.97% |
juros de 2% a.a. | 68.78% | 68.47% | 67.91% |
juros de 3% a.a. | 68.75% | 68.44% | 67.86% |
juros de 4% a.a. | 68.88% | 68.39% | 67.82% |
juros de 5% a.a. | 68.79% | 68.33% | 67.75% |
juros de 6% a.a. | 68.73% | 68.28% | 67.70% |
5.3.3.
Cálculo Resolução versus Modelo Interno
Segundo a Resolução CNSP n° 178 de 17 de dezembro de 2007, capital mínimo requerido é equivalente a soma do capital base com o capital adicional. Ainda como definição presente nesta resolução, capital base corresponde ao montante fixo de capital que uma seguradora deverá manter a qualquer tempo, e capital adicional é o montante variável de capital que uma sociedade seguradora deverá manter para poder garantir os riscos inerentes a sua operação.
De acordo com o anexo da mesma Resolução, o capital base será constituído da soma da parcela fixa, correspondente a autorização para atuar com seguro de danos e pessoas, e da parcela variável para a operação dos mesmos ramos em cada uma das regiões do país. A parcela fixa do capital base é de R$1.200.000,00. Já sua parcela variável é determinada de acordo com a região em que a seguradora foi autorizada a operar. No caso desta dissertação, conforme tabela em anexo na referida Resolução, o valor da parcela variável é R$2.800.000,00. Desta forma, a primeira parcela do capital mínimo requerido já está calculada, R$4.000.000,00.
Para o cálculo da segunda parcela, referente ao capital adicional, é preciso recorrer aos anexos da Circular SUSEP n° 355 de 17 de dezembro de 2007. Segundo a fórmula e fatores lá presentes, são possíveis duas vertentes de cálculo. A primeira considera que a seguradora possui modelo interno, sendo os fatores retirados dos anexos I, II e III; e a segunda leva em consideração o fato da seguradora não possuir modelo interno, utilizando então os anexos III, IV e V.
Para efeito de comparação, a tabela abaixo apresenta os valores correspondentes ao capital mínimo requerido calculados segundo a fórmula da SUSEP e a utilização de modelo interno no caso do modelo base.
Tabela 5.15 – Capital mínimo requerido segundo forma de cálculo variando a taxa de juros
modelo interno) | modelo interno) | ||
juros de 1% a.a. | 6,893,931.47 | 6,498,118.81 | 6,104,074.08 |
juros de 2% a.a. | 6,893,931.47 | 6,498,118.81 | 6,085,539.44 |
juros de 3% a.a. | 6,893,931.47 | 6,498,118.81 | 6,058,980.86 |
juros de 4% a.a. | 6,893,931.47 | 6,498,118.81 | 6,040,998.61 |
juros de 5% a.a. | 6,893,931.47 | 6,498,118.81 | 6,023,006.69 |
juros de 6% a.a. | 6,893,931.47 | 6,498,118.81 | 6,006,207.50 |
SUSEP ( sem
SUSEP (com
Modelo Interno
Observa-se aqui a vantagem da utilização do modelo interno. Primeiro pelo fato de atribuir menor valor ao capital mínimo requerido para a seguradora. Segundo por considerar em seu cálculo a questão da variação da taxa de juros. Além disso, mesmo que não sejam utilizados os valores adquiridos através do modelo interno, se a empresa em questão possuir o próprio modelo teria um desconto de quase 6% no valor do capital mínimo requerido. Outra vantagem de usar o modelo interno é que através de seus cálculos é possível a obtenção dos valores referentes ao capital
requerido para solvência, o que não pode ser calculado segundo as fórmulas contidas na Circular SUSEP n° 355.