NOTA TÉCNICA nº 003/2020 – SAMU/DAPM/SUE/SES
NOTA TÉCNICA nº 003/2020 – SAMU/DAPM/SUE/SES
ASSUNTO: RECOMENDAÇÕES DE ATENDIMENTO E BIOSSEGURANÇA NAS CENTRAIS DE REGULAÇÃO DAS URGÊNCIAS - CRU DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO PRÉ HOSPITALAR MÓVEL - SAMU 192 DURANTE A PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS
Data de Emissão:
23 de Março 2020
Revisão: Conforme Atualizações da OMS, MS e SES
1. OBJETIVO
Estabelecer medidas de caráter temporário para a mitigação dos riscos decorrentes da doença causada pelo novo coronavírus (COVID-19) no âmbito das Centrais de Regulação das Urgências do SAMU 192.
2. INTRODUÇÃO: NOVO CORONAVÍRUS
Desde 2005, o Sistema Único de Saúde (SUS) está aprimorando suas capacidades de responder às emergências por síndromes respiratórias, dispondo de planos, protocolos, procedimentos e guias para identificação, monitoramento e resposta às emergências em saúde pública.
O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China. Os coronavírus são uma extensa família de vírus que podem causar doenças em animais e humanos. Em humanos, sabe-se que vários coronavírus causam infecções respiratórias, que podem variar do resfriado comum a doenças mais graves, como a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) e a síndrome respiratória aguda grave (SARS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença de coronavírus COVID-19.
COVID-19 é a doença infecciosa descoberta mais recentemente causada pelo coronavírus. Tanto o novo vírus quanto a doença eram desconhecidos antes do surto em Wuhan, China, em dezembro de 2019.
Vale enfatizar, que as medidas adotadas devem ser proporcionais e restritas aos riscos vigentes, visto que não há vacina ou medicamento específico disponível para o novo Coronavírus até o momento.
A TRANSMISSÃO pessoa-pessoa se dá através da via respiratória, por secreções produzidas durante episódios de tosse, espirros e coriza, semelhante à transmissão do vírus da influenza.
Para infecções confirmadas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), há relatos de pessoas com sintomas leves e outras com sintomas muito graves, chegando ao óbito, em algumas situações. Os sintomas mais comuns dessas infecções podem incluir sintomas respiratórios (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais, entre outros) e febre (a febre pode não estar presente em alguns pacientes, como aqueles que são muito jovens, idosos, imunossuprimidos ou que tomam medicamentos para diminuir a febre). Atualmente, acredita-se que os sintomas do novo coronavírus (SARSCoV-2) podem aparecer em apenas 2 dias ou 14 após a exposição. Isso se baseia no que foi visto anteriormente como o período de incubação dos vírus MERS-CoV (2012). Ainda há muito para aprendermos sobre a transmissibilidade, a gravidade e outros recursos associados ao SARS-CoV-2 e as investigações estão em andamento em todo o mundo. Ainda não existe vacina disponível para prevenir a infecção pelo SARS-CoV-2
O período médio de INCUBAÇÃO por coronavírus é de 05 dias, com intervalos que chegam há 12 dias, período em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção.
A TRANSMISSIBILIDADE dos pacientes infectados por SARS-CoV-2 (vírus) é em média de 07 dias após o início dos sintomas. No entanto, dados preliminares do SARS-CoV-2 sugerem que a transmissão possa ocorrer mesmo sem o aparecimento de alguns sinais e sintomas, exemplo febre.
Neste contexto de diagnóstico sindrômico, similaridade entre a sintomatologia causada entre os diversos agentes virais, propagação utilizando mesmo mecanismo e provavelmente com possibilidade de sazonalidade comum, os demais diagnósticos diferenciais devem ser pensados para o adequado manejo clínico, assim, preconiza- se a vacinação por influenza em todos os profissionais da saúde e APH do estado.
AINDA:
- Considerando que no estado de SC já há casos de transmissão comunitária;
- Considerando o aumento no número de casos;
- Considerando as medidas para controle e prevenção;
- Considerando e assegurando a biossegurança para os profissionais;
- Considerando que a transmissão do coronavírus se dá por contato e gotículas, que se depositam em superfícies em até 1,5 a 2 metros.
- Considerando que o coronavírus sobrevive por aproximadamente 24 horas em diversas superfícies;
A Superintendência de Urgência e Emergência da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina destaca as seguintes orientações para os profissionais atuantes nas Centrais de Regulação das Urgências do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU 192.
3. ORIENTAÇÕES DE BIOSSEGURANÇA GERAIS PARA O AMBIENTE DA CENTRAL
- Manter o ambiente ventilado com as janelas abertas;
- Manter distância, se possível, de 1,5m entre as estações de trabalho ou entre os operadores;
- Ao assumir o serviço/plantão realizar a limpeza de sua mesa com água e sabão ou álcool 70% e os componentes eletrônicos (teclado, mouse, telefone) e microfone do headset com álcool 70%;
- Eliminar ou restringir o uso de itens compartilhados como canetas, pranchetas e telefones;
- A utilização de máscara é recomendada somente para àqueles que estiverem com algum sintoma gripal;
- Caso o operador apresente algum sintoma de suspeita por COVID-19 (febre, tosse, dificuldade para respirar, produção de escarro, congestão nasal ou conjuntival, dificuldade para deglutir, dor de garganta, coriza, saturação de O2
< 95%, sinais de cianose (coloração azul-arroxeada da pele, batimento de asa de nariz e dispneia (falta de ar), deverá comunicar sua condição ao seu Chefe imediato;
- Fica proibida a entrada na CRU de profissionais que estão de serviço nas viaturas (unidades de atendimento);
- Fica proibida a permanência nas dependências da CRU de qualquer pessoa que não seja àquelas escaladas para turno de trabalho;
- Discussão de casos entre profissionais das unidades de atendimento e da Central de Regulação, devem ser realizadas em ambiente fora da Central;
- Preferencialmente, os profissionais em serviço na CRU devem permanecer em escala exclusiva junto à CRU;
- Não poderá haver trocas de entre médico da Central e médico da USA durante o plantão de 12h;
- Será disponibilizado equipamento headset individual para cada operador da CRU. Não haverá equipamento reserva na CRU, ficando o operador
responsável em manter a guarda deste equipamento e trazer para o seu plantão/serviço;
4. ORIENTAÇÕES GERAIS DE BIOSSEGURANÇA INDIVIDUAL E ETIQUETA DE HIGIENE
- Lavar as mãos frequentemente até a altura dos cotovelos com água e sabão ou sabonete por pelo menos 20 segundos: lavar entre os dedos, embaixo das unhas e também a parte de trás da mão. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool 70%;
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca;
- Evitar contato próximo com pessoas doentes;
- Evitar o contato físico ao cumprimentar as pessoas;
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
Na falta de um lenço, use o antebraço; nunca as mãos;
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência. Objetos que podem estar contaminados: maçanetas, talheres, botões de elevadores, caneta, celulares e dispositivos eletrônicos, corrimão, mouse, copos e lenços. O vírus permanece por até 24 horas nos objetos.
5. ORIENTAÇÕES GERAIS DE ATENDIMENTO AOS MÉDICOS REGULADORES
Nos atendimentos via telefone aos usuários com suspeita de COVID-19, seguir as orientações abaixo:
- Buscar junto ao usuário algum sinal ou sintoma do novo Coronavírus (tosse, dificuldade para respirar, produção de escarro, congestão nasal ou secreção nos olhos, dificuldade para engolir, dor de garganta, coriza) e orientar a ligar para a Unidade Básica de Saúde (posto de saúde) mais próximo de sua
residência, informando sobre os sintomas e evitando o deslocamento até o local;
- Orientar a buscar informações através do telefone 136, do Ministério da Saúde;
- Orientar buscar informações nos sites dos órgãos de saúde competentes: xxx.xxxxx.xxx.xx/xxxxxxxxxxx
xxx.xxxxx.xx.xxx.xx/xxxxxxxxxxx
- Mantêm-se a regulação médica relacionado às ocorrências respiratórias graves, de acordo com os protocolos já adotados pelo serviço;
- Foi orientado ao Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina – CBMSC , que em casos respiratórios graves, o CBMSC irá repassar a ocorrência para o SAMU, a fim de ser feita a regulação médica do quadro;
- O Corpo de Bombeiros poderá ser acionado pelo SAMU nos casos em que não houver viatura SAMU disponível e for necessário o atendimento presencial/deslocamento do paciente;
- O COBOM que não conseguir passar diretamente a ocorrência para o SAMU, através da transferência da ligação para o 192, o atendente deverá orientar o paciente para que ele ligue para o SAMU discando o número 192;
- O CBMSC só atenderá ocorrências relacionadas ao COVID- 19, quando for solicitado pelo SAMU, após regulação médica;
- Sempre notificar PREVIAMENTE o serviço de saúde para onde o caso suspeito ou confirmado será encaminhado;
- Registrar no sistema informatizado de regulação CRSAMU no campo APELIDO todos os casos suspeitos ou confirmados, atendidos via 192 com a descrição COVID-19. Isso irá facilitar o mapeamento e tabulação dos dados referentes a este tipo de agravo.
6. RECOMENDAÇÕES IMPORTANTES:
- Caso algum profissional venha a apresentar sintomas relacionados à COVID-19, deve-se seguir as normas do empregador;
- Usar máscaras quando não indicado podo gerar custos desnecessários e criar uma FALSA SENSAÇÃO DE SEGURANÇA que pode levar a negligenciar outras medidas como práticas de HIGIENE DAS MÃOS.
ATENÇÃO:
LEMBRAR DE SEMPRE HIGIENIZAR AS MÃOS.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
- As ações aqui descritas são guias no auxílio da mitigação do vírus;
- Todas essas medidas são baseadas no conhecimento atual sobre os casos de infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) e podem ser alteradas conforme novas informações sobre o vírus forem disponibilizadas;
- Conforme prospecção ou mitigação do cenário atual, todas as orientações poderão sofrer alterações, que serão prontamente informadas em Notas Técnicas complementares;
- Ainda, conforme avaliação do cenário atual, as orientações de cada esfera poderão ser direcionadas especificamente para locais determinados (Regiões, Unidades Federadas e municípios);
- Quando identificada a redução do número de casos por Doença Respiratória aguda 2019-CoV hospitalizado e dos casos/óbitos confirmados, por um período preconizado pela OMS, ou ainda quando os serviços voltarem as suas atividades de forma rotineira, as ações preconizadas no Plano de Contingência do Estado serão gradativamente cessadas e a vigilância dará continuidade ao monitoramento, conforme rotina já desenvolvida.
BIBLIOGRAFIA
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária Segurança do paciente em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies/Agência Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília: Anvisa, 2012.
Fluxo de atendimento aos casos suspeitos, prováveis e confirmados do novo Coronavírus (COVID – 19). Diretoria de Porta Móvel. Superintendência de Urgência e Emergência. Secretaria do Estado da Saúde de Santa Catarina, 2020.
xxxxx://xxx.xxxxx.xxx.xx/xxxxxxxx/xxxxxxx-xxxxx/00000-xxxxxxxxxxx. Acessado em 18 de março de 2020.
Nota Informativa Nº 02/2020 – CECIS/ SUV/ SES-SC.