DANE AVANZI
DANE AVANZI
SÃO PAULO 2013
DEDICATÓRIA
Para Xxxxx Xxxxxx, meu tio e padrinho, ho- mem de grande capacidade de inovação, que comandou por décadas uma divisão da Philips brasileira.
Para Xxxxxxx Xxxxx Xxxxxx, radiotelegrafis- ta, despachador de trens da Estrada de Ferro Sorocabana/SP e tutor de meu pai.
Prefácio Introdução
1
O que é radiocomunicação Conceito
Mercado Brasileiro
2
Como contratar bons serviços
3
Como fazer um projeto
4
Como gerenciar riscos
5
O que é Anatel
6
Modelos de radiocomunicação
7
O desafio da pirataria
8
Artigos
9
Serviços e Tributos da Anatel
8
PREFÁCIO
UM AMIGO E CONSELHEIRO
Este livro que agora você tem em mãos se constitui numa inestimável proposta ao debate sobre as telecomunicações no Brasil. Num setor em que a bibliografia nacional ainda é rara, a contribuição de Xxxx Xxxxxx é muito bem-vinda. O autor vale-se de sua vasta experiência como advogado, em- presário e consultor da área para apresentar uma obra que pode ser lida e consultada conforme o interesse e a necessidade do leitor.
“Radiodifusão Digital 2 – Como gerenciar projetos” é um com- pêndio de mil e uma utilidades e possui duas linhas mestras muito claras. De um lado, funciona como uma espécie de manual, um guia seguro e eficiente para gestores de telecomunicação de todo o país, sob medida para ser compulsado aqui e ali a qualquer momento. De outro lado, convoca o leitor a uma reflexão, expondo certas mazelas que persistem no cenário das telecomunicações brasileiras, num convite à discussão saudável e en- riquecedora.
A divisão do livro tem um caráter nitidamente didático, que facilita o acesso aos temas e ajuda a eliminar uma dúvida, conferir um detalhe ou buscar uma dica pontual de legislação. Não resta dúvida de que este livro se inscreve desde já no seleto repertório das obras de referência no setor de telecomunicação do país. Surge para ocupar um lugar privilegiado na estante, na gaveta e na pasta de executivos, gestores e estudiosos do assunto. Tenho certeza: quem pegar, jamais largará dele. Será sempre um amigo e conselheiro na forma de papel impresso.
Xxxxx Xxxxx Presidente da Motorola Solutions do Brasil
RADIOCOMUNICAÇÃO DIGITAL 2
10
O
INTRODUÇÃO
espectro radioelétrico nacional – espaço aéreo pelo qual trafegam as ondas de telecomunicações – é um recurso natural escasso, finito e não renovável. Por isso, mais do que uma evolução tec-
nológica, a radiocomunicação digital vem ao encontro das expectativas atuais da sociedade e do governo brasileiros, funcionando como alternativa contemporânea no apoio aos projetos de desenvolvimento sustententável. A radiocomunicação digital permite acomodar mais redes no mesmo espaço radioelétrico. Como funciona? Basta imaginar o espectro formado
por avenidas trafegadas por veículos.
A primeira, tradicional, seria uma via com três faixas. Vamos chamá-la de Avenida Analógica.
Já a segunda, moderna, teria apenas duas faixas, denominada aqui Avenida Digital.
A diferença é que, embora disponha de apenas duas faixas, a Avenida Digital comporta a mesma quantidade de veículos que a Avenida Analógica, dona de uma faixa a mais. E a vantagem é que, por causa da compressão de bandas, a terceira via acaba liberada para a utilização por outro sistema e outras empresas.
Como é possível essa mágica? No caso, não há passe de mágica. Os equipamentos utilizados na radiocomunicação digital utilizam outra me- todologia de transmissão de sinal – chamada modulação digital, daí o nome da tecnologia. No entanto, para a radiocomunicação digital cumprir sua finalidade é preciso estudo detalhado da área de cobertura, definição precisa de arquitetura e de topologia de rede.
RADIOCOMUNICAÇÃO DIGITAL 2
12
1
O QUE É RADIOCOMUNICAÇÃO CONCEITO
MERCADO BRASILEIRO
RADIOCOMUNICAÇÃO DIGITAL 2
14
R
adiocomunicação é o meio pelo qual, simultaneamente, as pes- soas podem se comunicar num processo muito parecido com as redes sociais. Daí o slogan “bem-vindo ao clube”. Assim como nas
redes sociais, é possível formar várias comunidades, com temas de interesse específico, num sistema de radiocomunicação. Ou seja: uma espécie de mão dupla, na qual um fala, outro responde, e vice-versa.
Por isso, a radiocomunicação é utilizada em larga escala por diversos tipos de empresas, de vários tamanhos e segmentos. Ali, grupos de trabalho podem se comunicar instantaneamente, promover a troca informações entre pessoas da mesma equipe e acelerar a entrega do produto ou serviço em questão.
Como tempo é dinheiro e a informação é a moeda mais valiosa do planeta, empresas que se comunicam bem se destacam mais.
Faz tempo que tudo começou. O primeiro meio de comunicação sem fio foi o telégrafo, avô da radiocomunicação, nascido em 1896. Já o caçula da radiocomunicação é o celular. Entre vários meios e recursos, há o SME (Serviço Móvel Especializado), que combina as vantagens da radiocomuni- cação tradicional com os amplos horizontes abertos pelos celulares.
As semelhanças entre serviço móvel especializado e o sistema de radio- comunicação não são mera coincidência. Quando utilizado no modo rádio, o SME opera numa plataforma tecnicamente denominada troncalizada. A troncalização permite o tráfego de um grande volume de informação produzido ao mesmo tempo por milhares de usuários.
O modo de fazer circular essas informações é o half-duplex. Ou seja, enquanto um usuário transmite sua mensagem, os demais da rede escutam, ao contrário do telefone, no qual a comunicação é full-duplex – as pessoas falam e escutam ao mesmo tempo. O modo telefone do SME é tarifado de acordo com os mesmos critérios de qualquer operadora de telefonia móvel. Enfim, as vantagens e desvantagens oferecidas pela radiocomunicação convencional e pelo SME são praticamente as mesmas, com apenas uma exceção. Na radiocomunicação comercial, quem manda é o cliente: as redes são projetadas e instaladas de acordo com suas necessidades. É como um terno feito à mão, sob medida, no melhor alfaiate da cidade. Já quando qualquer cidadão assina um contrato com uma operadora de telecomuni- cações, quem manda é ela: cabe ao usuário utilizar o serviço nas localidades de interesse da operadora – onde estão suas torres –, sem considerar se os
serviços atendem ou não suas exigências.
As localidades preferenciais para as operadoras de serviços de teleco- municações são as que possuem maior densidade demográfica e renda per capita. E o motivo é simples: nessas cidades, a expectativa de retorno dos investimentos é mais rápida e garante maior lucratividade.
Antes de assinar um contrato de adesão com qualquer operadora, convém ao usuário saber se a qualidade do serviço prestado e a área de co- bertura estão adequadas ao seu perfil, orçamento e necessidades.
Destaque-se, por fim, que no caso do serviço de radiocomunicação é importante realizar um teste de viabilidade técnica, bem como verificar se há canais disponíveis na região, consultando uma espécie de mapa da Ana- tel – órgão federal que regulamenta a matéria – chamado Plano Básico de Distribuição de Canais, no qual consta a relação e as características técnicas de canais criados para todo o país.
R
CONCEITO
adiocomunicação é um recurso tecnológico utilizado para esta- belecer a comunicação por meio de transmissão e recepção de informações codificadas em sinal eletromagnético, num sistema
de propagação pelo espaço. Em resumo: é o meio pelo qual se transmite uma mensagem na forma de sinal elétrico.
Uma estação de radiocomunicação é utilizada para executar contatos à distância entre dois pontos. É composta de um aparelho transmissor- receptor chamado transceptor, uma linha de transmissão e uma antena. O nome dado a tal engrenagem é sistema irradiante.
As ondas eletromagnéticas propagadas pelo espaço precisam ser sub- metidas a algum tipo de codificação ou modulação para reproduzir a voz humana ou qualquer outro som. Por serem de comprimentos diferentes, as ondas são classificadas em curtas (alta frequência) ou longas (baixa frequên- cia). Deste modo, servem para fins diversos, como televisão, rádio e avião.
Os sistemas de radiocomunicação normais são formados por três componentes básicos:
Transmissor: composto por um gerador de oscilações, que converte a corrente elétrica em oscilações de uma determinada frequência de rádio;
Transdutor: transforma a informação a ser transmitida em impulsos elétricos;
Modulador: controla as variações na intensidade de oscilação ou na frequência da onda portadora, em níveis baixo ou alto.
Há dois tipos de modulação: quando a amplitude da onda portadora muda, obedecendo às variações de frequência e à intensidade de um sinal sonoro, é denominada modulação AM.
Quando a frequência da onda portadora se altera, de acordo com um nível estabelecido e sujeita a um ritmo parecido com a frequência de um sinal sonoro, passa a se chamar modulação FM.
Se tais equipamentos são exigidos em qualquer transmissão de radio- difusão comercial, também existe um aparato tecnológico na outra ponta. Ou seja, na recepção. Eis o material geralmente instalado para tal fim:
Receptor: componente principal;
Antena: para captar as ondas eletromagnéticas e convertê-las em oscilações elétricas;
Amplificadores: para aumentar a intensidade dessas oscilações;
Equipamentos para desmodulação.
Alto-falante: para converter os impulsos em ondas sonoras e gerar ondas de radiofrequência, a serem misturadas às ondas recebidas, produzindo uma espécie de coquetel sonoro dentro dos receptores.
O
MERCADO BRASILEIRO
mercado de radiocomunicação comercial no Brasil é composto por um enorme esquadrão de fabricantes. Através de canais, eles distribuem seus produtos. Quem compra do fabricante geralmente
é um distribuidor. Estabelecido comercialmente, ele revende seus produtos para prestadores de serviços cujo foco é revender, instalar e prestar serviços de manutenção ao cliente final.
Há vários tipos de clientes. Compete ao gestor descobrir em que tipo de perfil se enquadra sua empresa para identificar a plataforma de radioco- municação que lhe será mais útil.
Minha experiência com clientes corporativos recomenda dividir o pú- blico consumidor em duas grandes vertentes. A primeira demanda soluções simples, geralmente uma rede de rádios portáteis com operação em modo simplex ou ponto-a-ponto. A segunda sugere soluções mais complexas, baseadas em sistemas de grande porte, diversos terminais e mais de um sítio de repetição.
Teóricos de radiocomunicação digital usam o termo “mercados verticais” para definir o estudo das carências e demandas específicas de cada cliente. Isso facilita a atuação da consultoria no atendimento mais aperfeiçoado e na qualidade de produtos e serviços oferecidos.
Enfim, o assunto é complexo e a solução ideal requer estudo e um diagnóstico completo da situação. Surgem, assim, questões essenciais no contato inicial entre prestador de serviço e cliente:
Quando abrir mão da mobilidade para ganhar confiabilidade? Qual o modelo de rádio ideal para a minha operação?
Que tipo de funcionalidades consigo agregar ao serviço para reduzir custos ou otimizar a rentabilidade do negócio?
Como manter a minha rede em conformidade com as normas e exigências legais?
O que é mais vantajoso: comprar ou alugar?
O certo é que apenas uma empresa de consultoria isenta de interesses comerciais pode responder a essas e muitas outras questões.
Lembre-se que há centenas de empresas comerciais no mercado, mas poucas de consultoria. A maioria é formada por revendedoras de equipamen- tos, que ficam restritas ao atendimento de serviços mais simples, pequenas redes operadoras ponto-a-ponto ou um sítio de repetição. Pouquíssimas
(talvez menos de dez por cento) têm estrutura técnica especializada para instalar um sistema com qualidade e mantê-lo funcionando com índice de SLA (Service Level Agreement – acordo de nível de serviço) satisfatório.
Por isso, torna-se altamente recomendável a contratação de uma consultoria independente para mapear as necessidades e desenhar a solução mais adequada ao cliente. Em geral, um serviço de qualidade custa de cinco a dez por cento do valor total do projeto. E vale a pena.
19
2
COMO CONTRATAR BONS SERVIÇOS
R
ecomenda-se muita precaução no momento da contratação de fornecedores de serviços técnicos de telecomunicação. De início, o executivo precisa verificar documentos atestando que a empresa
de fato atua no setor e possui habilitação técnica para executar o trabalho. Para conferir se a empresa é do ramo, os documentos jurídicos (apre- sentação de CNPJ e contrato social com objeto compatível ao da solicitação)
são indispensáveis.
Outro documento importante é o registro do CREA (Conselho Re- gional de Engenharia e Arquitetura, entidade que regulamenta o exercício legal da profissão). Se o serviço for técnico, a empresa deve apresentar, no mínimo, Habilitação Técnica (instalação e manutenção de equipamentos). Se o serviço for de Engenharia, a empresa deve exibir Habilitação Técnica, comprovando atividade de engenharia (laudos conclusivos e elaboração de projeto técnico, entre outros).
É comum no mercado a existência de empresas que terceirizam serviço de licenciamento a profissionais que não visitam as instalações do cliente
e expõem a empresa contratante a muitos riscos. Um exemplo: se as ins- talações ficarem diferentes do projeto aprovado pela Anatel, a contratante poderá ser autuada e sofrer sanções da Anatel (art. 183 e 184, Lei Federal Nº 9472, de 1997).
Há ainda o capítulo das leis trabalhistas. No caso, cabem algumas su- gestões de documentos, normalmente exigidos pelas grandes empresas. São eles: PPRA e PCMSO da empresa, relação de EPIs necessários à execução do trabalho, ASO e exames médicos, comprovando a aptidão dos colaboradores do fornecedor para o trabalho.
Quanto aos quesitos técnicos de qualificação para serviços de instalação e manutenção, deve-se exigir uma instrumentação mínima (dependendo da complexidade e da natureza do serviço). Uma prestadora de serviços de qualidade jamais deixa de levar a campo o seguinte pacote básico: monitor de serviço, wattímetro, frequencímetro, jogo de ferramentas (necessário para instalações em rádios móveis), pequeno estoque de materiais, cabos, conectores, etc. Recomenda-se ainda que toda a instrumentação seja cali- brada em laboratório autorizado pelo Inmetro a cada 12 meses.
Clientes mais rigorosos exigem laudo de calibração dos instrumentos e empresas zelosas de seu ofício possuem essa documentação em dia. Os Certificados de Acervo Técnico (emitidos pelo CREA – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) demonstram que a empresa tem prática e está apta para o serviço.
Ainda não há Norma Técnica reguladora do serviço de radiocomunica- ção. Compete ao empresariado do setor discutir padrões e criar uma Norma Técnica para que o consumidor final possa escolher seus fornecedores com critérios objetivos e de forma mais especializada.
RADIOCOMUNICAÇÃO DIGITAL 2
24
RADIOCOMUNICAÇÃO DIGITAL 2
24
COMO GERENCIAR PROJETOS
3
COMO FAZER UM PROJETO
25
COMO GERENCIAR PROJETOS
25
Q
ualquer projeto para a instalação de equipamentos e operação de telecom é realizado em três níveis: engenharia civil, elétrica e de telecomunicações.
Depois de definir os objetivos para a busca da melhor solução (inclusive no planejamento de construção de sítios de repetição), o gestor interessado deve solicitar um estudo de viabilidade técnica e econômica do projeto, que indicará a maneira mais racional para atingir as metas estabelecidas.
A fase seguinte corresponderá à realização de estudos específicos para subsidiar a elaboração dos Projetos Básico e Executivo das três áreas de engenharia.
Todas as etapas estão relacionadas entre si e visam a excelência e o pleno funcionamento das instalações. O detalhamento da construção é fundamental para o êxito do empreendimento. Edificação, instalação elétrica e fixação de equipamentos fazem parte desse pacote de primeira necessida- de, que deve ser acompanhado de uma planilha de custos de insumos e de mão-de-obra especializada.
O passo seguinte é o Projeto Executivo. Precisa ser bem detalhado, proporcionar segurança e servir de guia para o engenheiro projetista – res- ponsável por qualidade, exatidão e segurança do plano e preferencialmente encarregado também da instalação.
No Projeto Básico e Executivo Elétrico, cabe ao engenheiro eletricista identificar o nível de consumo dos equipamentos que funcionarão no sítio de repetição, adequando a infraestrutura elétrica disponibilizada ao quadro de cargas dos equipamentos instalados no sítio.
Um projeto elétrico bem dimensionado garantirá segurança ao siste- ma de telecomunicação, que poderá operar com a máxima eficiência. Deste modo, suas principais causas de interrupção (flutuação de tensão, corrente elétrica insuficiente e aterramento inadequado, entre outros), deixam de ser riscos iminentes.
Cada projeto possui desafios distintos em suas propostas elétricas e civis. O desenho da arquitetura de rede e da topologia de sistema dependerá da correta identificação de necessidades. Fatores decisivos para a estratégia do negócio deverão ser levados em conta, evitando desperdício de tempo e dinheiro.
Utilizemos o caso das empresas de bioenergia como exemplo para ilustrar a ideia. Para a locação correta dos pontos de instalação do sistema é preciso considerar muitas variáveis. Entre elas, topografia, extensão, alcance
e até mesmo realocação de equipamentos.
A centralização da responsabilidade técnica em uma única empresa facilita o rastreamento e a solução de qualquer evento ou incidente, além de facilitar controle, execução e medição por parte da contratante.
Como fazer certo
A implantação de qualquer sistema de informação tem impacto direto sobre colaboradores, cultura e ambiente numa empresa. Não é diferente no caso da instalação de um sistema de radiocomunicação digital.
É pelo canal de rádio que as tarefas essenciais de business acontecem. Assim, não é exagero afirmar que o sistema de radiocomunicação se trans- forma na maior rede LAN da empresa. Mesmo porque no instante em que se desenha uma rede digital surgem verdadeiras “infovias”, que serão “ave- nidas” pelas quais trafegará a informação.
No meio desse tráfego intenso, fatores importantes devem ser con- siderados:
- Quais frentes de trabalho ocuparão quais canais?
- Qual o número máximo de pessoas por canal?
- Qual grau de prioridade terá a informação de cada canal para o business?
- Quais canais não podem falhar, sob pena de colocar em risco a se- gurança, a saúde e o meio ambiente?
O primeiro quesito para o sucesso de um sistema de radiocomunicação é a participação direta da alta direção da empresa no projeto.
Não basta encomendar, tem que participar. É preciso convocar todas as gerências de departamentos usuários do serviço para opinar e expor suas necessidades. Criar um ambiente propício para o gestor do serviço, adequar as carências e a cultura da empresa ao projeto e identificar as opções de produtos e serviços existentes no mercado.
Somente a alta direção da empresa será capaz de determinar o que é estratégico ou não, o que é prioridade ou não. Sem a participação dos stakeholders (donos dos recursos que irão financiar o projeto), haverá con- fusão na definição de metas e objetivos. E, se não existir clareza, ninguém conseguirá delinear as necessidades. Sobretudo pelo fato de não conhecê-las. Em meu primeiro livro, Radiocomunicação Digital 1: Sinergia e Produtividade, destaco a qualidade da infraestrutura que irá recepcionar as estações bases e repetidoras. Lembro que as ondas eletromagnéticas nada mais são do que eletricidade em nível bastante rarefeito. Deste modo, não
há como prosperar no setor sem energia de qualidade. Em outras palavras, energia de qualidade significa voltagem estabilizada e corrente suficiente para abastecer o consumo dos equipamentos do sítio de repetição.
A instalação dos equipamentos nos sítios de repetição levanta questões essenciais, como aterramento da torre e do quadro de energia elétrica. Ou- tros detalhes, como refrigeração adequada, limpeza dos ambientes interno e externo das edificações, são fundamentais na prevenção de acidentes de trabalho. Não é raro encontrar animais perigosos, vivos ou mortos, no in- terior dos sítios de repetição.
Alguns roem a fiação, como os ratos, ou arrebentam os cabos, como o gado. Fator essencial muito importante – que já salvou muitos sítios de queimadas em épocas de estiagem – é a instalação de dispositivos de com- bate a incêndio.
O papel do gestor
O objetivo de qualquer sistema de radiocomunicação, grande ou pequeno, é disponibilizar informação de qualidade entre duas ou mais pessoas. O uso da radiocomunicação comercial para a troca de informação em tempo real é uma escolha sob medida para pessoas físicas ou jurídicas, de direito privado ou público ou para fins de execução de determinadas tarefas. A modalidade desfruta da vantagem de não ser tarifada. O usuário paga um valor anual baixíssimo pelo serviço, que é acessível 24hs por dia nos 365 dias de cada ano.
O sistema pode ser customizado, de acordo com o interesse do usuário. Por isso, atrai gente de vários segmentos da economia para utilizações de diversos portes, desde um restaurante com três ou quatro rádios portáteis até uma rede de segurança pública com mais de vinte mil terminais.
Quando a extensão em que se pretende disponibilizar o sinal é peque- na, a missão é simples do ponto de vista técnico. No entanto, se a área de interesse abrange muitos quilômetros quadrados, é indispensável um estudo de viabilidade técnica antes de se fazer qualquer coisa.
Em se tratando dos chamados sistemas outdoor, com mais de 30 km de raio de alcance, o equipamento de radiocomunicação passa a ser parte de um conjunto denominado sistema de radiocomunicação.
Se o conceito não for absorvido por compradores e gestores de recur- sos, os erros e os gastos desnecessários aparecerão logo. A profissionalização ainda é um problema grave. Muitos clientes de grande porte sequer têm um
gestor para o assunto. Daí que em suas empresas, ao longo dos anos, cada departamento vai comprando e instalando equipamentos de modo desor- denado. Gestores improvisados ou de plantão ignoram a ideia de projeto único, elaborado de acordo com normas e padrões da Anatel – a Agência Nacional de Telecomunicações – que regula o setor.
Assim como raramente se resolve um problema financeiro com mais dinheiro, não se elimina “doenças” de um sistema de radiocomunicação simplesmente comprando rádios em profusão.
A compra de equipamentos antes do diagnóstico sobre os reais proble- mas da rede não é solução. É um segundo problema. Em vez de um, criam- se dois problemas. E o gestor ainda terá que explicar para a alta direção da empresa porque o investimento não teve retorno.
A rigor, o problema mais grave na condução do serviço de radio- comunicação é a inexistência da figura do gestor formalmente designado pela direção da empresa. Há ainda o gestor que não exerce sua atividade em regime full time (na maioria das vezes, isso ocorre não por incompetência do profissional, mas por acúmulo de tarefas). No plano geral, vigora uma enorme falta de conhecimento sobre um assunto tão complexo.
Figuram no mercado dois tipos de gestores entronizados pelas empre- sas: o usuário do serviço e o administrador do recurso. A visão e a percepção do sistema de radiocomunicação de um para o outro é muito diferente. Compete ao fornecedor de produtos e serviços de radiocomunicação lidar com as expectativas e demandas de cada tipo de gestor, conduzindo suas abordagens com tato, habilidade e competência – eis que, de resto, ele vive de resultados positivos.
Enfim, em qualquer dos casos, é imprescindível ao gestor facilitar as coisas. Ouvir, compreender, absorver e encaminhar as solicitações de cada departamento usuário do serviço e da alta direção da empresa em todas as etapas do projeto. As principais são: definição de necessidades, elaboração de projeto básico, mapeamento de recursos humanos e materiais para execução do projeto, elaboração de termo de referência para aquisição dos recursos, definição de política de manutenção do sistema e escolha de frequências junto à Anatel.
OCOMUNICAÇÃO DIGITAL 2
RADIOCOMUNICAÇÃO DIGITAL 2
4
COMO GERENCIAR RISCOS
R
iscos não podem ser eliminados. Porém, podem e devem ser redu- zidos com ações de prevenção e informação ao pessoal envolvido no projeto. Com isso, a empresa dá um salto em performance e
obtém maiores resultados em seu EBTIDA (Earnings, Before Taxes, depreciation and amortization).
O primeiro passo para planejar a estratégia de Gerenciamento de Riscos é definir premissas. O que é preciso saber? Antes de tudo, avaliar o impacto do sistema de TI sobre a operação do negócio, em caso de perda total ou parcial. Em seguida, apurar qual o custo do prejuízo, caso o cenário de sinistro se torne realidade. Só então irá se determinar um valor plausível a ser investido na mitigação do risco. Nada mais normal. Enfim, em qualquer empresa, fazer ou não fazer é algo definido pela relação custo/benefício.
Mapeamento
Uma vez definidas as premissas, cabe mapear as situações de risco. Quais as redes de radiocomunicação que podem, em caso de mau funcionamento ou pane, causar prejuízos ao negócio?
Para se determinar qual o grau de criticidade de cada rede é preciso mergulhar no processo produtivo. Muitas vezes a alteração de topologia de um sistema ou mesmo a substituição de um tipo de estação por outra, já é suficiente para mitigar o risco. Em outros casos, mesmo a mais perfeita rede, configurada e instalada com as melhores práticas possíveis, exige um elemento adicional e decisivo para o sucesso da empreitada. Ou seja, o re- curso humano capacitado.
Para operar uma estação de rádio qualquer, móvel ou portátil, é neces- sário o mínimo de conhecimento a respeito de funcionamento, facilidades e limitações da emissora. No entanto, há um tipo de estação cuja característica nodal exige ainda mais do operador. São as estações centrais, nas quais o ope- rador tem a tarefa de coordenar, distribuir, integrar e gerenciar a operação. Nesses casos, a capacitação do profissional deve ser diferenciada. Além disso, elementos intangíveis como profissionalismo, dedicação e pró-atividade são fundamentais para o sucesso da empreitada. Algumas qualidades podem ser desenvolvidas mediante treinamento específico; outras, não.
Um problema comum percebido com alguns de meus clientes é a falta de percepção de tais regras de seleção, sobretudo no caso do operador de uma estação central. Trata-se de um profissional que deve ser escolhido com muito critério, pois será literalmente a alma, o ritmo e a eficiência da rede.
Nas operações logísticas, por exemplo, a capacidade de otimização de tarefas e a coordenação dos processos podem economizar ou onerar a empresa em milhões de reais ao ano ou ao mês, de acordo com o tamanho do faturamento.
Monitoramento permanente
A batalha não termina aqui. A luta é permanente. Depois que o bom senso criar e instalar processos de mitigação de riscos, nenhuma empresa consciente e moderna poderá ignorar a auditoria periódica, corrigindo des- vios e acompanhando rotinas. A auditoria deve focar apenas os processos que impactam diretamente o risco.
Há casos excepcionais de culturas nas quais o comprometimento do funcionário especializado constitui um traço tão forte no caráter da empresa que tudo já se encontra internalizado pela própria natureza do negócio e a consultoria externa é desnecessária.
Lições de Santa Maria
A tragédia ocorrida na boate Kiss, em Santa Maria-RS, na qual 242 pessoas morreram e 123 pessoas ficaram feridas, em março de 2013, é um exemplo de falta prevenção. Ainda que não fosse evitado, o trauma poderia ser menor se houvesse o uso de um sistema de radiocomunicação. Tragédias acontecem o tempo todo em todo lugar e ninguém pode anular o risco, mas é possível, sim, mitigá-lo com planejamento, mapeamento e um bom plano de ações.
Grandes tragédias nunca têm um único culpado, mas vários. Essa não foi diferente. A omissão do poder público, que não exerceu seu papel na fiscalização, teve considerável cota de culpa. No entanto, a maior parte da responsabilidade pela castástrofe coube aos gestores/proprietários do local, conforme os relatos da imprensa.
No cenário brasileiro, impressiona a banalização de processos de gestão
e mapeamento de riscos, bem como de engenharia de segurança, tidos como importantes em qualquer lugar civilizado. Aqui são meros detalhes. Ainda pior, sequer existem para muitos administradores de negócios no Brasil.
Por certo, o resultado desse tipo de cultura está na origem da tra- gédia da boate Kiss. Show pirotécnico em ambiente fechado sem nenhum planejamento, falta de brigada de incêndio local (exigida para evento desse porte), superlotação da casa, sinalização de saída deficiente, porta de emer- gência trancada, segurança sem comunicação adequada e falta de percepção de que estava ocorrendo um incêndio – eis alguns erros gravíssimos que, fruto de planejamento nota zero e péssima gestão, decretaram a morte de centenas de jovens.
Acredito que a cultura de contar com a sorte e de achar que coisas ruins só acontecem com os outros é a real causa de pequenas e grandes tragédias que ocorrem no Brasil. Aqui, como no jogo do bicho – uma instituição nacional – conta-se com a sorte em tempo integral.
Vidas poderiam ser salvas
Segundo a UIT (União Internacional de Telecomunicações, agência da ONU especializada em telecomunicações), a radiocomunicação é a fer- ramenta de informação mais eficaz no combate a situações de emergência e catástrofes em geral.
Entre as características da radiocomunicação, a mais relevante de todas é o fato de ser instantânea. Simplesmente aperta-se um botão para transmitir uma mensagem em tempo real. Não é preciso discar, digitar sequências de números ou letras, nem depender de torres, que numa emergência podem não funcionar, como é o caso da telefonia móvel.
Numa situação em que segundos fazem a diferença entre vida e morte, o uso da radiocomunicação pode minimizar danos e salvar vidas. Na tragédia da boate Kiss, grande parte dos jovens morreu asfixiada, por não alcançar a saída rapidamente. Se a boate tivesse um sistema de radiocomunicadores, os seguranças que estavam nas imediações do palco e seus colegas postados na porta de acesso à rua poderiam trocar informações e orientar os clien- tes. E, claro, imediatamente as portas se abririam para a saída das pessoas e também da fumaça.
Para aprender com os próprios erros, o brasileiro precisa repensar as leis de segurança do país, construir uma sólida legislação de segurança e criar condições mais seguras para casas de eventos e shows.
RADIOCOMUNICAÇÃO DIGITAL 2
36
RADIOCOMUNICAÇÃO DIGITAL 2
36
COMO GERENCIAR PROJETOS
5
O QUE É ANATEL
37
COMO GERENCIAR PROJETOS
37
A
o contrário do que muitos pensam, a Xxxxxx não é nenhum bicho papão. Uma das queixas de alguns profissionais do mercado de licenciamento de sistemas é a respeito da morosidade da agência.
Na verdade, em muitos casos, o processo não é concluído com rapidez por incompetência do próprio consultor.
Situações desse tipo retardam o trabalho de implantação de um projeto de radiocomunicação. Deste modo, torna-se recomendável que a empresa contratante conheça pessoalmente o profissional que irá cuidar do processo e avalie a documentação de sua empresa, verificando principalmente se o objeto social é compatível com o escopo do trabalho.
Na concepção da Anatel, cada equipamento de rádio – seja repetidora ou portátil – é uma estação de telecomunicação.
Cada equipamento tem uma licença específica. Não há vínculo entre o equipamento e a licença, ao contrário do que muitos pensam.
Dados imprecisos relativos à estação, como tipo de antena, ganho da antena, frequência, potência, altura da antena em relação ao solo, coorde- nadas geográficas de estações bases e fixas podem provocar interferências prejudiciais em sistemas de terceiros.
O mais sério nisso tudo é que esse terceiro pode ser uma aeronave em comunicação com a torre ou uma ambulância do Samu em missão de socorro. Convém lembrar: a radiocomunicação é, por excelência, uma ferramenta para situações críticas.
O beabá dos tramites oficiais
A - Outorga e licença
Outorga é um documento emitido pelo poder público ao requerente, contendo os direitos e obrigações do último para com o primeiro.
Licença é um dos elementos da outorga, que é genêro do qual a licença é espécie. No serviço limitado privado da Anatel, a licença de funcionamento de uma estação consiste na autorização dada ao permissionário para o uso de equipamentos de radiocomunicação.
B - Licenciamento de sistema de radiocomunicação digital
O licenciamento de um sistema de radiocomunicação digital garante ao usuário o uso, gozo e fruição, a título precário, de um bem jurídico. No caso, a utilização de uma ou mais radiofrequências numa determinada região por tempo determinado.
O processo começa com o pedido de senha. A Anatel não aceita pedi- do por papel, por questão de agilidade operacional e economia processual. Depois do requerimento e da instrução do pedido de senha, encerra-
se a fase de identificação jurídica da entidade e da avaliação da capacidade técnica de quem assinou o requerimento.
(Entenda-se como instrução do pedido a reunião dos documentos exigidos pela Anatel: procuração, estatuto social ou contrato social e car- tão de CNPJ. Há pequenas variações, dependendo da natureza jurídica do requisitante).
Após a análise, a Anatel emite boleto de PPDESS, para caso de pedido inicial. Quando a entidade já possui cadastro e visa apenas atualização do sistema, uma senha é emitida para cadastramento do projeto on-line no STEL (Sistema de Serviço de Telecomunicações).
De posse da senha, o engenheiro responsável se torna apto a cadastrar as estações no sistema da Anatel, que em seguida analisa o pedido.
Se tudo estiver de acordo com as normas técnicas e com os demais usuários da frequência na região, o órgão torna válido o projeto técnico apresentado. Em caso de risco a terceiros, a Anatel solicita ao engenheiro responsável a adequação das características técnicas e sugere a troca de canal no prazo de 30 dias. Se a exigência não for cumprida, o processo é arquivado e o requerente deve iniciar tudo de novo, desde o começo.
Satisfeitas as exigências, finalmente o processo é autorizado, em dupla instância (regional e Brasília), com a publicação do ato de outorga do direito de uso de radiofrequência no DOU - Diário Oficial da União. É emitida, também, a permissão que autoriza a instalação dos equipamentos.
No passo seguinte, o interessado precisa então recolher alguns tribu- tos. São eles: taxas de fiscalização e PPDUR (Preço Público pelo Direito da Radiofrequência). Dois documentos terão que ser preenchidos para obter a licença: TRI (Termo de Responsabilidade de Instalação) e ART (Anota- ção Responsabilidade Técnica). De posse das licenças de funcionamento, o permissionário finalmente poderá ligar os equipamentos e colocar sua estação no ar.
C – Radioamador e radiocomunicação comercial
Alguns dizem que o radioamadorismo é um hobby. Outros, que é uma ciência. Na verdade, o radioamadorismo é composto por pessoas de diver- sos interesses, prevalecendo a fraternidade e a desinteressada prestação de
serviço ao próximo entre os praticantes.
Não é raro encontrar esses aficcionados em trabalhos relevantes. Ora em agências espaciais e governamentais, ora metidos em missões decisivas para o futuro da humanidade. Outros, com menos conhecimento e mais discretos, podem utilizar sua estação para executar pequenos serviços co- munitários, como transmitir um comunicado urgente, em caso de pane nas telecomunicações ou em qualquer situação de emergência.
No caso da radiocomunicação comercial, o meio utilizado é o mesmo, mas a finalidade é diferente. Há sempre um meio produtivo envolvido. Seja para a produção de bens de capital ou serviços, seja para a prestação de um serviço público por parte do Estado em seus diversos níveis de autonomia e representação. Daí o fato de serem regulamentados por serviços diferentes (Serviço de Radioamador – 402; Serviço Limitado Privado – 019).
D – Modulação analógica e digital
A simples referência à radiocomunicação induz a pensar, de imediato, num meio capaz de transmitir sinais radioelétricos à distância. Xxx, ok, mas como isso é feito? Começa com um aparelho chamado transceptor (um dispositivo capaz de enviar e receber impulsos no espaço aéreo – espectro radioelétrico). Os impulsos, na verdade, são ondas eletromagnéticas que lá em cima se transformam em sinais. Em seguida, decodificados pelo trans- ceptor destinatário da mensagem, tais sinais são convertidos em voz ou dados, dependendo do tipo de emissão do sinal radioelétrico.
Neste contexto, o caminho por onde trafega a onda é chamado tecnica- mente de frequência. Deste modo, para dois equipamentos se comunicarem, eles devem estar na mesma frequência – ou seja, em sintonia – nos casos de comunicação ponto a ponto ou peer to peer.
Tais comunicações, entretanto, podem ser emitidas de diferentes formas, o que tecnicamente é chamado de ‘designação de emissão’ ou ainda de ‘tipo de emissão’.
O tipo de emissão mais comum nos primórdios da telecomunicação era a Amplitude Média AM, hoje é a Frequência Modulada FM. Com o avanço da tecnologia, o modo de se transmitir sinais no espectro radioelétrico também foi aprimorado para atender à demanda e à exigência dos usuários de serviços, que exigiram maior capacidade de transporte de dados e mais fidelidade, clareza e confiabilidade. Xxxxxx, vive-se a era do HD (High Definition).
Na radiocomunicação comercial, este processo desenvolveu equipa-
mentos capazes de atender aos preceitos da era HD, haja vista a criação de novas técnicas de modulação, tais como OFDM, entre outras.
A principal diferença entre a modulação analógica e a digital é a compressão. A analógica é transmitida com uma portadora única e inin- terrupta, que “imprime” continuamente sinais radioelétricos, ocupando maior espaço no espectro radioelétrico. A digital transforma os dados em pacotes, comprimindo-os no mesmo espectro através de pulsos, utilizando áreas menores – o que, de resto, racionaliza o uso do espaço radioelétrico, recurso natural escasso, não-renovável e finito.
Em resumo, numa época em que sistemas digitais surgem com apri- moramento qualitativo e evolução darwiniana, a racionalização do espectro radioelétrico é tarefa urgente dos profissionais do setor. Vivemos na Era da Informação e, cada vez mais, o espaço aéreo tem se tornado um bem público de primeira necessidade. Assim como a água e a energia elétrica.
E – Site Survey
Site Survey é o nome do conjunto de procedimentos efetuados para o reconhecimento do ambiente de instalação de um sistema de radioco- municação. Vários aspectos são verificados pelos especialistas. Alguns deles: 1- A melhor faixa de frequência para se implantar o projeto (quando
o projeto é novo);
2 - A situação do espectro radiolétrico;
3 - As alternativas de canais da região (quando o projeto já existe e necessita ser ampliado ou atualizado);
4 - A melhor topologia de rede.
F - Topologia da rede
Assim como o corpo humano possui a coluna vertebral, estrutura indispensável ao seu funcionamento, o sistema de radiocomunicação digital conta com estações que são verdadeiros pilares na construção do sistema. Chamamos esses pilares de Topologia de Rede. O pessoal de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) está acostumado a esse termo, utilizado no desenvolvimento da arquitetura de rede dos computadores de uma empresa. Na Topologia de Rede são determinadas características
importantes definidas pelo gestor.
G - Repetidora paralela
Nesse tipo de sistema, todos os móveis e usuários se reportam a uma
sala de controle ou centro de operações. Dispensa-se a comunicação entre estações móveis. De modo geral, esse tipo de topologia é usado em centrais de rádio-táxi, concessionárias de energia elétrica, entre outras.
Com o advento da digitalização dos canais, esse tipo de topologia pode ser alterado em alguns serviços, sobretudo o sistema de enlace entre a estação base e a recepção da estação repetidora.
H - Repetidora cruzada
Estação repetidora cruzada é a mais comum de todas. Nesse modelo de topologia, todas as estações móveis e portáteis falam entre si.
I - Padronização
Quando se licencia os equipamentos, o sistema começa a ser desenha- do e planejado para obter o máximo em performance e qualidade. Aliás, a palavra chave no planejamento e implantação de sistemas de telecomuni- cações é padronização.
A padronização permite economia de recursos na implantação e ma- nutenção do parque de radiocomunicação ao longo de anos. Por exemplo: imagine um parque de mil rádios portáteis, com três ou quatro marcas ou modelos diferentes. Um cenáro assim pode se transformar numa espécie de babel eletrônica. Cada um falando uma língua. Outro fator importante é o alto desconto que o cliente final pode obter ao negociar maior volume de uma marca.
Na manutenção e na reposição, porém, o gestor não irá escapar de um pacote de três ou quatro tipos diferentes de modelos de baterias, microfones externos e suportes, entre outros acessórios. Quanto maior for a distância entre o cliente e os grandes centros urbanos, maior será o estoque. O pro- fissional ainda enfrentará a batalha cotidiana de administrar de nove a doze diferentes fornecedores (mesmo porque a praxe recomenda três orçamentos para cada ítem a ser adquirido).
J - Manutenção do parque de rádios
Seja caso de locação ou compra, o gestor deve saber o preço dos acessórios e componentes para reposição de equipamentos num parque de rádio. E ainda mais, precisa se informar sobre a forma de assistência técnica do fabricante.
- Qual o período de garantia?
- O que está coberto pela garantia?
- Qual a distância entre sua empresa e a assistência autorizada?
- Qual o tempo hábil para devolução do equipamento?
- Existe a opção de contratação de garantia extendida?
- O custo compensa?
- Qual o tempo de depreciação do equipamento?
O gerente de TI que não correr atrás dessas informações, não terá elementos para formar juízo e embasar suas decisões. Aí, o resultado é ca- tastrófico: não sabendo o que se quer comprar, o profissional acaba tragado pelo que o mercado quer vender.
K - Regulação da Anatel
Para ser comercializado legalmente no país, qualquer produto de telecomunicações necessita de um certificado de homologação da Anatel. Esse certificado é expedido por meio de uma OCD (Organismo de Certifi- cação de Designação) após criterioso exame das características técnicas do produto. Às vezes, a classificação depende até mesmo de testes e ensaios em laboratórios.
Em alguns países, o certificado é emitido em uma semana ou menos. No Brasil, o processo pode durar meses, exigindo do interessado muita paciência e dinheiro. Contar com todos os documentos à mão e não falhar nos testes facilita na redução do tempo de tramitação.
No caso de o interessado ser o consumidor final (como os gestores de TIC de grandes empresas) é necessário o licenciamento do sistema após a homologação do produto. Explica-se: a homologação é a autorização para importação ou comercialização do produto, enquanto o licenciamento é autorização para instalação e uso.
L - Parâmetros Técnicos
Muitos pedidos de certificação fracassam por incompatibilidade técnica. Pode acontecer de o produto testado se apresentar em desacordo com as normas (canalização de frequência, potência, tipo de designação de emissão/ modulação) ou ainda outra característica técnica reprovável, conforme entendimento da Anatel. Houve casos em que, após muitos testes, chegou- se a conclusão da inviabilidade total do projeto. O produto era totalmente inadequado para uso no Brasil.
Assim, pode-se considerar a má qualidade do produto como outra causa do fracasso do processo de certificação. Entenda-se: o conceito de
má qualidade vai além da percepção subjetiva do usuário. Muitas vezes, a falta de blindagem do equipamento pode causar interferências prejudiciais a terceiros e ainda expor o usuário a riscos de choque elétrico e exposição a campos de irradiação prejudiciais à saúde.
Enfim, há muitos aspectos técnicos que são conferidos pela Anatel para garantir que os produtos comercializados atendam aos direitos do consumi- dor, sejam de boa qualidade e seguros. Especialmente quanto à reposição de componentes em certo prazo, mesmo depois de sua descontinuidade pelo fabricante em linha de produção.
M - Equipamentos seguros
Equipamentos de radiocomunicação seguros possuem blindagem interna especial para proteção contra explosão causada por determinada classe de gases, bem como no caso de equipamentos de radiocomunicação portáteis e baterias especiais.
Esses equipamentos necessitam de uma dupla certificação. Além da homologação da Anatel, devem ser testados pelo Cepel (orgão ligado ao Inmetro) para verificar a blindagem. Se, por exemplo, o equipamento objeto de homologação for um rádio portátil, destinado a operar em área classificada com risco de explosão, precisará passar pelo Cepel. Muitas indústrias, especialmente as petroquímicas, se enquadram nesse perfil de usuários.
N - Aspecto Jurídico
Ao lado das normas de cunho técnico, um processo de homologação exige também estudos de cunho jurídico. Ao examinar o requerimento, a Anatel também verifica as questões legais. Por isso, antes da instrução do processo, recomenda-se avaliar se o produto não está em desacordo com outras normas além da Resolução 242 (que regulamenta a homologação e certificação de produtos). Ressalte-se que mudanças em norma de canaliza- ção e designação de emissão podem ocorrer durante o processo. Portanto, conhecer as tendências de regulação da Anatel é fundamental para o sucesso da empreitada.
O - Aspecto Aduaneiro
Por fim, se torna indispensável também conhecer as regras e processos da Aduana Brasileira. Este, a rigor, é o primeiro passo para quem deseja vender
ou comprar produtos estrangeiros. Apenas depois de tomar conhecimento de qual será a carga tributária sobre o produto a ser comprado o interessado poderá atestar se vale a pena, se o negócio compensará após o desembaraço da mercadoria no Brasil.
A Polícia Federal trabalha em conjunto com a Anatel e verifica se o produto está ou não homologado. Caso não esteja, não poderá ser de- sembaraçado. Assim, o importador – que geralmente pagou adiantado ao fabricante estrangeiro – perderá tempo, dinheiro e mercadoria.
O planejamento estratégico, conhecimento do mercado e de normas reguladoras são a chave para o sucesso de qualquer projeto. Seja uma empresa de produtos e serviços de telecomunicação, seja o usuário final.
P - Poder de polícia
Pairam dúvidas dos usuários a respeito da autoridade de fato das polícias estaduais rodoviárias na fiscalização de radiocomunicação. Em alguns casos, o policial rodoviário costuma solicitar a licença de funcionamento do rádio. Xxxx esclarecer que a prova de procedência pode ser exigida na prática, embora a autoridade policial seja incompetente quanto à matéria e quanto
ao foro.
A incompetência quanto à matéria decorre do fato de o policial rodo- viário não ser qualificado para emitir juízo de valor sobre o equipamento. Já a incompetência quanto ao foro tem a ver com o ordenamento jurídico brasileiro, que determina que o assunto seja gerido pela União. Logo, os estados são incompetentes para o assunto.
No entanto, quando houver indícios de utilização indevida ou clan- destina, a autoridade estadual pode e deve apreender o equipamento e oficiar à Anatel ou à Policia Federal para que se proceda a instauração de inquérito policial.
Se a autoridade concluir pela apreensão do equipamento, o proprietário ou portador deve exigir documento comprobatório no ato da apreensão, para em seguida tomar as devidas providências. Isso, claro, desde que a apreensão não seja baseada em fortes indícios de violação da lei.
Q - Equipamentos dispensados de licenciamento
A Resolução 506 da Anatel – que dispensa a licença de funcionamento
– abrange uma ampla gama de equipamentos presentes em nosso cotidiano, tais como telefones sem fio, controle remoto de portão, controle remoto de
brinquedos, tag de acesso a pedágios e equipamentos utilizados na medicina de diagnóstico.
Enfim, uma grande quantidade de dispositivos que a Anatel decidiu
– graças a um gesto de bom senso – excluir da exigência de licenciamento, por utilizarem potência reduzidíssima (400 mwatts a 1 watt).
Os equipamentos de radiação restrita possuem antena integrada. Quando há necessidade de acoplar uma antena externa, a potência de trans- missão deve ser alterada, ficando fora do alcance da Resolução 506 da Anatel (norma que dispensa o uso de licença de funcionamento de estação). Assim, em várias situações, a antena externa precisará ser homologada e licenciada. Os perigos da instalação desses dispositivos não podem ser esquecidos.
Antenas externas de má qualidade e mal instaladas podem trazer danos à saúde e ao meio ambiente. A Resolução 303 da Anatel e a lei federal (nº 11.934) tratam da radiação produzida pelas antenas e seus efeitos sobre a saúde e meio ambiente.
48
6
MODELOS DE RADIOCOMUNICAÇÃO
H
á vários modelos de contratação de serviço de radiocomunicação. Cabe ao gestor adequar as possibilidades à expectativa e cultura da empresa. A diferença substancial é o nível de terceirização que
se pretende adotar.
Culturas administrativas mais modernas optam pelo turnkey full. Ou seja: terceirizam tudo (aquisição, locação, manutenção, gerenciamento administrativo da rede e licenciamento das estações na Anatel). Outras empresas entendem que o gestor de TI deve gerenciar todos os prestadores (em geral, fornecedor de produto, empresa de manutenção e empresa de licenciamento).
Ambos os tipos de contratação exigem requisitos definidos, conforme a necessidade de cada cliente. O sucesso da empreitada dependerá de vários fatores. Entre os principais, o grau de percepção do gestor quanto à impor- tância do recurso e seu alinhamento estratégico com o objetivo do business. Por se tratar de informação, a radiocomunicação tem impacto marcante no resultado da empresa. Indiretamente, mas decisivo. Medir esse impac- to, equacionar gargalos e ter uma atitude de liderança em relação a outros departamentos é missão de um gestor de primeiro time.
Muito mais do que aspectos técnicos, o gestor de TI deve ser um ar- ticulador hábil e com ótimo relacionamento interpessoal com seus pares. Muitos projetos fracassam por falta de um gestor com habilidades gerenciais.
Alugar ou comprar equipamentos?
Quem não sabe o que quer comprar, acaba comprando o que mer- cado quer vender. Nesse contexto, o erro mais comum – inclusive entre profissionais de TIC – é definir qual tecnologia deve ser utilizada antes de conhecer a realidade dos usuários que de fato irão utilizar o produto ou serviço contratado.
Considerar a tecnologia escolhida é da mais alta importância. Em se tratando de um recurso de TIC, a atualização da tecnologia geralmente é muito rápida. De um dia para outro, tudo envelhece. Como ter implica em manter, é temerário não fazer simulações de quanto custará nos próximos anos a manutenção do parque a ser adquirido.
A partir dessas simulações, dúvidas fundamentais começam a ser res- pondidas. A principal delas é: ter o patrimônio ou não? Algumas empresas têm política definida para o assunto, enquanto outras liberaram seus gestores para contratar o que julgarem mais vantajosos.
Manter um parque de rádios é como manter uma frota de veículos. O mais barato é a aquisição dos produtos. Custos indiretos (como licenciamento, taxas da Anatel, instalação, contrato de manutenção com tempo mínimo de atendimento) devem ser contabilizados na hora de fechar negócio. É preciso saber de fato quanto custa todo o serviço.
Uma estimativa realista não deixar de lado o custo da reposição dos principais ítens do parque de rádios, tais como antenas (de rádios portáteis e móveis), microfones, teclas de ptt, potenciômetro, caixa do rádio, baterias, entre muitos outros, que – por sinal – podem variar drasticamente de preço um modelo para outro.
Ainda quanto à escolha dos modelos de rádios, muitas decisões devem ser tomadas em conjunto com outras gerências.
É preciso identificar, por exemplo, quais as áreas classificadas com risco de explosão na planta industrial? Quais os colaboradores que trabalham nesse ambiente de risco? Esses colaboradores não podem utilizar rádios comuns, mas sim aparelhos muito seguros. Este modelo de equipamento é certificado pelo Inmetro e sua não utilização nessas áreas pode trazer sérios riscos para a empresa e seus colaboradores.
No ambiente de empresas de bioenergia, por exemplo, cada depar- tamento tem uma necessidade específica. Na maioria das indústrias, hoje existe o COI. Geralmente cada processo possui um rádio (portátil ou base) e um canal exclusivo para gerenciamento eficaz e eficiente da rotina.
A correta instalação do COI deve ser realizada por profissionais ca- pacitados, com supervisão de engenheiro elétrico e civil. Planejar detalhes (como tubulação adequada para passagens dos cabos e estratégias para fixação das antenas) é coisa para profissional capacitado e atento a questões de saúde e meio ambiente.
Na área agrícola, os desafios são bem maiores. Muitas vezes um sítio de repetição não é suficiente para dar cobertura completa a uma área.
Repetidores provisórios instalados em torres emprestadas e sem con- dições de segurança formam um caldeirão do diabo. É a receita certa para provocar interrupções do serviço por causa de panes, gerando contratempos ao gestor e gastos desnecessários. Vale lembrar um exemplo: uma pane no canal da logística pode impactar o fluxo de entrada de cana na usina.
Outros departamentos que merecem especial planejamento são a brigada de incêndio, serviço de saúde e segurança patrimonial e do trabalho. Em geral, eles são agrupados e gerenciados por um único departamento,
especialmente no ambiente corporativo. Por salvaguardar bens de valor incalculável, como a vida, além do patrimônio da empresa, é recomendável que se conheça a fundo quais as áreas críticas nas quais a comunicação não pode falhar. É recomendável a realização de simulados para evacuação de área, com a utilização do sistema de rádio como apoio de comunicação.
Dissecada a necessidade de cada um dos departamentos, aí sim o gestor de TIC saberá com precisão quais as necessidades dos usuários que utilizarão o sistema.
A definição de qual o SLA de atendimento para as estações repetidoras, quais os serviços que serão incluídos na rotina de manutenção preventiva, qual a periodicidade ideal para essa rotina, além da definição clara de outros custos (tais como quilometragem, hospedagem e hora extra) criará um ambiente de concorrência justo para os participantes da licitação e para o contratante.
Deste modo, o fornecedor saberá exatamente o que deve entregar e o comprador saberá exatamente quanto irá desembolsar pelo serviço.
Funcionalidades da tecnologia digital
As funcionalidades da tecnologia digital são amplas. Entre elas, o envio de mensagens tipo SMS, telefonia digital padrão SIP, GPS integrado, transmissão de dados por telemetria, aumento da segurança da informação através de criptografia, gerenciamento e sistemas de rede via softwares exter- nos, chamadas em grupo ou privativas, desativação de rádios roubados ou extraviados, escuta remota de um determinado equipamento, roaming auto- mático de uma torre para outra nos casos de sistemas de radiocomunicação com mais de um sítio de repetição.
Outra vantagem é a escalabilidade. Com a integração de controladoras é possível troncalizar o sistema, otimizando a quantidade de canais ociosos. Deste modo, o usuário obterá maior proveito da capacidade total do sistema em tempo real. Por exemplo: em 10 canais duplex, dependendo do tráfego, pode-se trabalhar com a metade dos canais.
Desafios administrativos da tecnologia digital Quanto mais sofisticada uma tecnologia, maior será o trabalho dos gestores de TI na criação de sistemas de gerenciamento de informações,
gestão e mapeamento de dados.
Nesse contexto, o controle de ativos tem sido uma dor de cabeça para
gestores de sistemas de radiocomunicação com muitos terminais, distri- buídos em diversos departamentos e colaboradores (muitas vezes em três turnos de trabalhho).
Controlar rádios base e repetidores é relativamente fácil porque eles não “saem por aí”. Já os rádios portáteis (de mão) e os rádios veiculares (instalados em veículos e máquinas), esses dão muito trabalho se a empresa não tiver uma cultura de controle de ativos bem sólida.
Para o caso de empresas em processo de estruturação e ainda sem regras claras sobre o assunto, o primeiro passo é criar a Política de Uso, Manutenção e Controle de Ativos. Para tanto, é necessário que a alta direção da empresa reconheça a necessidade e coloque o assunto em pauta, elegendo o gestor do recurso “rádios” entre os gerentes e coordenadores. O escolhido deverá trabalhar em sintonia com os gerentes e coordenadores usuários do serviço para juntos criarem a Política de Uso e Conservação dos devices.
Constituem tópicos essenciais para a criação da Política: o treinamento aos usuários, a rotina de revisão preventiva dos equipamentos, a lacração dos rádios móveis veiculares e etiquetacão dos portáteis.
Com o advento da digitalização dos sistemas de rádios, novas ferra- mentas estarão à disposição do gestor de radiocomunicação, tais como o rádio killer – função que desabilita à distância um equipamento roubado.
7
O DESAFIO DA PIRATARIA
55
A
partir de 2014, as operadoras poderão bloquear a atividade de celulares fantasmas em suas respectivas redes. A Anatel deu sinal verde e já existe tecnologia disponível para essa ação. Agora basta
adequar o sistema e acelerar a varredura. Conhecidíssimos em lugares do interior de Goiás e outros estados como capetinhas, esses equipamentos possuem uma linha habilitada não oficial, que permite realizar ligações livre do pagamento de contas. Não honram nem pré nem pós-pagos. Esse problema é antigo. Em geral, facilita a vida de criminosos, principalmente detentos, que usam as linhas para comandar operações a partir de cadeias e penitenciárias.
A pirataria na telefonia móvel ocorre de várias formas e em diversass camadas do sistema. Além de chips piratas, cujo IMSI (número de iden- tificação do chip) não está vinculado ao IMEI (número de identificação do aparelho celular, tablet, ipad ou iphone), existe também a pirataria do aparelho, vendido no mercado negro a preços baixos, fruto de contrabando ou roubo de cargas.
O novo sistema antipirataria atuará cruzando informações de um ca- dastro mundial de IMSIs e IMEIs, que identificará e bloqueará equipamentos cujo número não corresponder ao código regularmente habilitado.
A iniciativa da fiscalização de pirataria partiu do Ministério Público Federal. Um estudo detectou que até vinte por cento das chamadas, em algumas regiões, eram originadas por linhas de celulares piratas. O número é assombroso. Em resumo, de cada cinco aparelhos habilitados, um é pirata. Muitos desses aparelhos vendidos no mercado negro não possuem certificado de homologação da Anatel. Deste modo, se constituem em grave risco à saúde do próprio dono. Os equipamentos certificados passam por testes que definem a quantidade de irradiação saudável para o organismo do usuário. É verificada também a bateria do equipamento, que pode explodir se não for fabricada dentro dos padrões técnicos estabelecidos pelas normas
internacionais de segurança.
Outro problema prejudicial às operadoras e usuários do serviço de telefonia móvel são as ERB’s (estações de rádio base) clandestinas. Trata-se de equipamentos capazes de amplificar a qualidade do sinal em determinadas áreas, mas que – por não estarem dentro de um plano de engenharia e não possuírem licença da Anatel afetam prejudicialmente as ERBs legalizadas, derrubando o sinal das ligações dos usuários da região em que operam.
Essas estações retransmissoras são vendidas regularmente, numa
negociação direita. Quem compra é o cliente final, que as coloca em ativi- dade, muitas vezes sem saber o mal que está causando a ele mesmo, a sua e a outras operadoras da região.
Ressalte-se que as ERBs piratas não devem ser confundidas com os reforçadores de sinal, com potência máxima de 2 watts e regulamentados pela Anatel (Resolução 477), segundo a qual as estações retransmissoras dependem de licenciamento, que deve ser solicitado pela operadora de rede.
57
8
ARTIGOS
59
60
N
COMO A INVENÇÃO DA RADIOCOMUNICA- ÇÃO SALVOU A TORRE EIFFEL
ão se pense que a Torre Eiffel, o maior símbolo de Paris, foi bem recebida na época de sua inauguração em 1889. Artistas franceses a chamaram de “monstro” numa carta de protesto ao jornal Le Temps.
O poeta Xxxx Xxxxxxxx a comparou a um esqueleto urbano e o romancista Xxx xx Xxxxxxxxxx disse que era parecida com uma “pirâmide alta e estreita, de escadas de metal”. O povo, porém, ignorou o blablabá dos artistas. Em 1889 – data dos 100 anos da Revolução Francesa – dois milhões de pessoas escalaram os 300 metros da Torre Eiffel, construída em dois anos, dois meses e cinco dias, sob encomenda, para as comemorações da Exposição Mundial na França.
De acordo com o plano inicial, a Torre Eiffel tinha data de validade. Havia sido construída para ficar exposta por apenas 20 anos. Em seguida, seria desmontada. No entanto, seu criador, o engenheiro Xxxxxxxxx Xxxxxx Xxxxxx, alimentava planos secretos de perpetuá-la. Por isso, usou na cons- trução ferro fundido, material barato em relação ao aço e de imprescritível durabilidade, necessitando apenas de rotina de pintura para sua conservação contra os efeitos do tempo e da natureza, com baixo custo de manutenção. Conforme o prazo de desmonte ia chegando, o velho Eiffel criava outras utilidades para a Torre, todas ligadas ao desenvolvimento da ciência. Por exemplo: acima dos arcos de sustentação do primeiro patamar da torre,
podem ser vistos os nomes de 72 cientistas mais proeminentes da época.
Apareceram ainda várias instalações científicas na torre. Entre elas, uma estação metereológica, com ênfase em estudos dos ventos – preocupação constante de qualquer engenheiro civil da área de construção de torres. Xxxxxx Xxxxxx não era diferente dos outros. No entanto, o invento científico decisivo para a perpetuação da Torre Eiffel foi a instalação de uma estação de rádio. Em princípio, serviu às Forças Armadas Francesas, cuja importância foi decisiva na Primeira e Segunda Guerras Mundiais. E, a partir de então, se justificou a necessidade da permanência do monumento parisiense.
Hoje, a Torre Eiffel abriga várias emissoras de rádio, cujas antenas são adornadas pelo pavilhão francês. E valeu a pena a peristência do velho Eiffel. Hoje, o monumento mais conhecido e visitado no mundo recebe anualmente sete milhões de visitantes e contabliza uma receita de 65 milhões de euros por ano. Além disso, há 120 anos continua sendo o palco de outro fenômeno magnético: o vaivêm de casais apaixonados de todo o mundo.
A
TÉCHNE E OS VENTOS DE SÊNECA
palavra tecnologia deriva do grego Téchne, que na antiguidade tinha vários significados. Dois de seus principais sentidos são arte e técnica – entre outros ligados à filosofia.
No contexto da tecnologia, a arte pode ser definida como a capacidade de superação e evolução do homem. Ou ainda o resultado final de uma ideia concretizada através da técnica. No território da técnica, a palavra téchne é entendida como o meio pelo qual o trabalho do artista se materializa no mundo.
Longo tempo se passou desde os gregos da antiguidade até os séculos XVII e XVIII, períodos históricos em que a ciência ganhou grande impulso, influenciada pelo pensamento de Xxxxxxx Xxxxx, Xxxx Xxxxxxxxx e Xxxxxxxx Xxxx, ícones pré e pós-iluministas.
Através do método, foi possível a adoção de técnicas para se verificar fenômenos da natureza, de modo comprobatório e científico. Deste modo, se abriu para humanidade uma janela para o conceito de juízo de valor conclusivo após a análise dos fatos. Tal advento criou um divisor de águas entre ciência e superstição que até então eram uma coisa só.
Nessa época, o mundo testemunhou inventos importantes. Tanto pela genialidade como pela persistência dos inventores, na batalha para superar dificuldades cotidianas. Uma das inovações mais destacadas, do ponto de vista industrial, foi o motor a vapor, que mudou radicalmente a forma de produção e o modo pelo qual o homem se locomoveria pela terra.
Os motores a vapor passaram a impulsionar fábricas, barcos e loco- motivas, que revolucionaram toda a estrutura de produção e logística do mundo. Até então tudo dependia da tração animal. Matrizes energéticas, como o carvão e o petróleo, passaram a ter grande valor estratégico no processo de industrialização e circulação de bens e produtos.
Nesse contexto, chega por fim a Era Moderna, com a Revolução Industrial de 1750 na Inglaterra. A tecnologia da engenharia mecânica foi determinante para invenções que possibilitaram a ascenção da burguesia e de uma nova ordem da economia mundial, o ponto de partida para a sociedade atual.
Dessa forma, os séculos XIX e XX produziram enorme quantidade de bens e riquezas, que passaram a circular pelo mundo em alta velocidade. A burguesia, inicialmente composta por comerciantes e industriais, xxxxxxx-
ceu a ponto de criar um mercado financeiro europeu, que rapidamente se internacionalizou. Nasceram as bolsas de valores (dedicadas a comercializar ativos) e as bolsas de mercados futuros (voltadas para a comercialização de contratos agrícolas de safras vindouras).
Pela primeira vez na história, o lastro para a riqueza não era mais um bem concreto: sal, gado, trigo ou ouro, como no passado. A riqueza passou a ser representada por ativos intangíveis, tais como: títulos de créditos e contratos de diversos tipos. Eis aqui a criação de um novo tipo de riqueza, incorpórea e abstrata. Prenúncio da virtualização que viria no fim do século XX? Talvez.
Vivemos hoje o século XXI. A Era da Informação, fruto da internet e da globalização, que destruíram distâncias e algumas barreiras culturais Quebraram paradigmas e aproximaram pessoas. Não há dúvida de que tudo isso veio graças a uma tecnologia decisiva: o desenvolvimento dos meios de telecomunicações, especialmente a tecnologia de telefonia móvel e a inter- net, que recentemente convergiram para o mesmo produto, hoje disponível para a maioria da população do planeta.
A questão agora é: o que virá após a Era da Informação? Que uso fa- zemos das tecnologias de informação? Qual a contribuição que damos para a evolução da sociedade? Qual o compromisso de governos e empresários do setor de telecomunicações com o desenvolvimento social?
Tais questões surgem no instante em que nos deparamos com um panorama de terra arrasada. É assustador o modo como usam os novos meios e os ricos recursos disponíveis para a comunicação e a informação. Sem saber o que fazer e dizer, tudo de bom que a humanidade construiu através dos séculos vem sendo apequenado, amesquinhado e desprezado. Basta ver a quantidade incrível de informação banal e sem valor disponível hoje na internet, nas redes sociais e nos veículos de mídia. Note-se o miserê de ideias na TV aberta brasileira, que é uma concessão pública. Será que a saga percorrida pela humanidade há mais de dois milênios fracassou? Não conseguiu estabelecer objetivos ético e social definidos? Ao que parece o Téchne enquanto técnica (meio) sobrepujou o Téchne enquanto arte (função do objeto no mundo). É desolador, embora navegar seja preciso. Como diria Sêneca: “De nada adiantam bons ventos, se não sabemos para onde ir”.
A
RADIOCOMUNICAÇÃO NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
no passado, tive a oportunidade de conhecer por dentro o porta- aviões americano USS Midway, hoje transformado em museu e ancorado na cidade de San Diego, na Califórnia.
Além do acervo de aeronaves, caças, helicópteros e equipamentos, na maioria utilizados na Segunda Guerra Mundial, o acervo do USS Midway revela por si detalhes de como vivia sua tripulação graças às instalações originais preservadas.
Ao percorrer as dependências do USS Midway, fiquei impressionado com a existência de uma verdadeira cidade dentro de um porta-aviões. Circulei por hospital, alojamentos, farmácia, salas de tratamento odonto- lógico, cozinha, refeitório, correios, enfim, todo o aparato necessário para suportar a vida em alto mar, meses a fio, se a situação exigir. Isso, claro, além do setor militar.
No entanto, o que mais me chamou a atenção foi a importância es- tratégica da radiocomunicação no contexto da guerra. Só para se ter uma ideia: a sala de radiocomunicação ficava entre a sala de comando e o quarto do almirante. Ou seja: um ponto privilegiado, que poderia ser alcançado em segundos pelo comando do porta-aviões. Um lugar em que eram recebidas e transmitidas mensagens capazes de mudar o destino de uma nação e os rumos da História.
Os equipamentos eram enormes e necessitavam de uma sala somente para abrigá-los. Ao fitá-los, impressiona o fato de que ao longo de meio sé- culo os equipamentos de radiocomunicação ficaram mais leves, compactos e precisos.
Na sala de radiocomunicação havia dois ou três operadores, além da radiocomunicação por radiotelegrafia. Operava-se também outro aparelho
– uma novidade na época – chamado teletipo, precursor do telex.
Através do telégrafo eram transmitidas mensagens por sinais sono- ros. A codificação predominante era o Código Morse. O teletipo era mais avançado e a mensagem já vinha digitida, como num fax. Junto com a impressão, era emitida uma fita, uma espécie de backup, que armazenava o conteúdo da mensagem e possibilitava a retransmissão automática sem ter que digitar. Ou melhor, datilografar (termo usual na época e hoje em desuso) tudo novamente.
A
O TELÉGRAFO, O TWITTER E AS AVES MIGRATÓRIAS
invenção do telégrafo no século XIX criou a primeira rede de telecomunicações da História Moderna. Porém, no início cada região ou país tinha uma configuração de rede com características
particulares. O fato impedia a comunicação entre países vizinhos. Cada um, a rigor, tinha regras e padrões técnicos próprios e diferentes dos demais.
Muitas barreiras precisaram ser vencidas para que o telégrafo com fio, a princípio, e o telégrafo sem fio, em seguida, pudessem funcionar com eficiência. Para padronizar os diversos tipos de telégrafos existentes, nasceu a UIT (União Internacional de Telecomunicações) que, ao organizar regras e padrões técnicos em todos os países, viabilizou a criação de uma infovia (ou gateway) única.
Essa infovia era composta de rede cabeada e de interfaces aéreas (wire- less). Transmitia informações em velocidade antes inimaginável, vencendo grandes distâncias em milésimos de segundos. A tecnologia do telégrafo aliada à ferrovia – sua irmã gêmea – revolucionou a maneira de as pessoas se relacionarem com o trabalho, os meios de produção e a vida de um modo geral. Enfim, construíram o estilo de vida de toda a sociedade pré-internet.
Como tudo evolui, a internet – neta do telégrafo (o sistema de codi- ficação atual – o binário 0 ou 1 – continua análogo ao antigo ponto e traço do tempo das marias-fumaças) engendrou uma infinidade de ferramentas de comunicação escrita, falada, por imagem e vídeo.
Entre elas, duas têm a mesma instantaneidade do telégrafo Ou seja: a capacidade de mandar volumes de mensagens descomunais em um segun- do. São eles o Twitter e o Facebook, para citar apenas duas atuais formas de comunicação instantânea.
Por fim, claro, caberia uma pergunta: o que as aves têm a ver com isso? É que escrevo este artigo em um trem, utilizando meu telégrafo moderno (iphone) enquanto observo, pela janela, uma revoada de diversas espécies de aves migrando do oeste para o leste da Alemanha. Sim, a mobilização permanente tem tudo a ver com o telégrafo, o twitter e as aves. Talvez, do mesmo modo que as aves migratórias que trocam de lugar por instinto em determinadas épocas do ano num ciclo sem fim, o homem insista em se reinventar, criando e recriando desafios e soluções, geração após geração.
68
9
SERVIÇOS E TRIBUTOS DA ANATEL
SERVIÇOS DA ANATEL
A – Serviço limitado privado
Este termo é utilizado pela Anatel para designar o serviço de tele- comunicações cuja infraestrutura é provida, implantada e executada pelo próprio titular da outorga.
Para se entender melhor o conceito é necessário distinguir as características básicas do Serviço Público de Telecomunicações e do Serviço Privado.
O Serviço Público de Telecomunicações é explorado por uma concessionária de telecomunicações, como é o caso das operadoras fixas e móveis. Nesse gênero, a infraestrutura pertence às operadoras. O assinante (usuário) é responsável apenas pela compra do aparelho (fixo ou móvel).
O Serviço Privado destina-se a atender uma necessidade específica, personalizada. Para tal fim, a Anatel desenvolve um projeto único, limitado, restrito a área de interesse do cliente.
B – Serviço limitado privado e serviço limitado móvel privativo
O SLP (Serviço Limitado Privado – 019) regulamenta a utilização de equipamentos de radiocomunicação convencionais.
O SLMP (Serviço Limitado Móvel Privativo – 023) regulamenta a utilização de sistemas troncalizados, utilizados por entidades com grande número de canais e usuários, geralmente empresas de grande porte ou agên- cias estatais, tais como serviços de segurança pública, saúde e engenharia de tráfego, entre outros.
C– Sistema digital
Em 15 de dezembro de 2008, com o advento da Resolução 523 da Ana- tel (e as recentes resoluções, 568, 557 e 558), foi inaugurada oficialmente a era digital no Brasil. Muitas foram as motivações para o governo publicar a referida resolução. Figuram entre as principais a racionalização do espectro radioelétrico e a evolução tecnológica dos sistemas digitais, capazes de suportar aplicações de dados e voz com qualidade e eficiência, entre outros fatores. A mudança é complexa. O processo de migração de uma plataforma tecnológica para outra não ocorre instantaneamente. A própria resolução prevê prazos para as entidades migrarem, bem como assegura o direito de
uso das licenças enquanto perdurar suas datas de validade.
Recomenda-se que apenas profissionais especializados sejam convo-
cados para esmiuçar os projetos de instalação e interpretar determinados termos técnicos. Mesmo porque o novo jargão pode facilmente induzir a erros de interpretação e a falsas conclusões. Expressões como “caráter primário”, “caráter secundário”, “coordenação de canais” necessitam ser contextualizadas e interpretadas caso a caso, considerando principalmente as características do sistema.
Qual é a diferença entre operação em caráter primário e caráter secundário?
As entidades autorizadas a operar em caráter primário possuem proteção contra interferências prejudiciais, podendo solicitar a intervenção da Anatel caso terceiros pertubem seu direito.
As frequências que operam em caráter secundário não têm direito de proteção contra interfêrencias prejudiciais.
Outra questão que merece atenção especial é a preparação da infra- estrutura. O ambiente digital, ao contrário do analógico, não admite im- provisações, exigindo, por exemplo, internet de qualidade para o perfeito funcionamento dos aplicativos.
D - Rádio, serviço móvel especializado e celular
Há muita confusão sobre a utilidade e o funcionamento das ferramentas rádio, serviço móvel especializado e celular. Especialmente entre os mais jovens, que nasceram no mundo da telefonia móvel, a radiocomunicação é um monstro eletrônico muito estranho.
Para se entender a diferença entre os serviços de rádio, Nextel e telefo- nia móvel, primeiro é preciso esclarecer alguns conceitos sobre a natureza jurídica de cada um deles. Vamos começar explicando o que é:
- Serviço Público de Telecomunicações.
- Serviço Privado de Telecomunicações.
Serviço Público de Telecomunicações é prestado por concessionárias que conquistaram tal direito depois de participar de um leilão. Por considerar sua oferta mais vantajosa, o governo lhe outorgou o direito de exploração do serviço de telecomunicação em determinada região geográfica, por certo período de tempo.
Existem várias modalidades de serviço público de telecomunicações. O mais relevante é o SMP (Serviço Móvel Privativo), que regulamenta a telefonia móvel. As operadoras de telefonia celular podem prestar esse serviço em nome do interesse coletivo, comprometidas por contrato em atender toda a população.
Nesse planejamento, as operadoras procuram incluir o maior número de usuários possível. Daí decorre o fato de a oferta do serviço ser proporcional à densidade demográfica. Pela lei, as operadoras devem atender a todos os cidadãos brasileiros, independente ou não da viabilidade econômica.
Para implantar um serviço do gênero, investe-se muito, mas se ganha muito dinheiro também. Um exemplo: a Vivo inaugura uma torre em de- terminada cidade, vende o acesso aos seus serviços de transmissão de voz e dados em suas diversas modalidades e fatura milhões de reais com as ligações atendidas. É uma questão lógica. Quanto maior a cidade, mais pessoas usarão o sistema e o retorno do investimento será mais rápido. Mas há o contrário: onde não há concentração de pessoas, não existem muitas torres.
Serviço privado de telecomunicação de interesse restrito
Neste serviço, o próprio usuário compra os equipamentos instala e usa, pagando taxas fixas de baixo custo à Anatel. É de interesse restrito porque somente o proprietário será beneficado por uso, gozo e fruição do sistema.
Deixar de pagar tarifas a terceiros não significa que o funcionamento da engenhoca custa mais barato. Tem outra conta por trás: a execução dos serviços privados impõe ao executante o ônus do investimento em infra- estrutura, implantação e manutenção. Em compensação, pode-se utilizar dele 24 horas por dia sem pagamento de tarifas.
Ainda assim, é preciso ficar alerta e considerar que o valor gasto com os celulares da empresa não deve servir de base para nortear o investimento. As realidades mercadológicas são muito diferentes, a quantidade e os perfis de usuários também. A rigor, cada empresa deve dimensionar corretamente o que pretende para o seu sistema de radiocomunicação.
Nesse aspecto, o Serviço Móvel Privativo é uma boa referência.
Por meio dele, o assinante contratou uma espécie de aluguel que lhe permite utilizar todos os sítios de repetição do país. Do mundo, aliás, caso esteja fora e habilitado no serviço de roaming internacional. Nesse aluguel está incluíndo o custo de implantação e manutenção do serviço.
Para saber se o custo de um serviço é caro ou barato, o sensato é seguir o mesmo itinerário utilizado na concepção do sistema. Saber o que temos e o que precisamos. Sabendo o valor do investimento em implan- tação, temos que orçar de imediato o valor do que deveremos gastar na manutenção do sistema. A manutenção pode ser planejada de diversas formas. O mais aconselhável é manter um equilíbrio entre gastos com
manutenção preventiva e manutenção corretiva.
Há poucos clientes que fazem manutenção preventiva em radioco- municação. A maioria prefere esperar a pane para mandar consertar. Sim, inegavelmente é uma forma de se gerenciar, mas não é o método mais bara- to. Tudo que é urgente é mais caro. Conforme a localização do cliente, um técnico especializado pode demorar um ou dois dias para “chegar rápido”. Dependendo do recurso que estiver indisponível, o impacto para a planta industrial pode custar muito caro.
De qualquer forma ter um contrato com uma empresa especializada, equipada e com profissionais capazes de intervir com rapidez e eficácia é condição indispensável para uma política de manutenção de sucesso. Vale ainda indagar se a empresa tem verba adequada para implantação, manu- tenção e melhorias no sistema de radiocomunicação.
Para planejar o orçamento, o gestor deve fazer um inventário. Levantar o que tem e a idade média do parque. A partir daí, será possível traçar metas e estimar o gasto com manutenção dos equipamentos.
Em seguida, o profissional precisa estimar quanto custa a manutenção de acessórios. Independente de serem bem cuidados ou não, muitos acessórios necessitam ser substituídos periodicamente. Um exemplo: as baterias dos rá- dios portáteis. Do mesmo modo, os rádios móveis exigem revisões frequentes. Antenas, suportes e conectores não raro necessitam ser substituídos.
Ainda no capítulo da manutenção do sítio de repetição, há vários ítens que demandam cuidados periódicos. Entre eles, pintura da torre, manuten- ção do sistema de aterramento e para-raio, limpeza interna e externa do sítio. Quanto aos equipamentos, devem ser testados com instrumentação específica. Aliás, tudo deve ser testado: cabos conectores, antenas, fontes de alimentação e acopladores, entre outros.
1 – Serviço Móvel Marítimo
Executado em embarcações por meio de estações de radiocomunicação homologadas e licenciadas pela Anatel. Antes de adquirir equipamentos é recomendado checar se estão homologados pela Anatel e possuem certifi- cados de homologação válidos.
Homologação é a autorização para a comercialização do produto, sob a responsabilidade do fabricante ou distribuidor.
Licenciamento é a autorização para uso e é obrigação do proprietário da embarcação.
Qualquer irregularidade com a licença de funcionamento de estação pode ensejar a apreensão da embarcação pela autoridade competente.
2 – Serviço Móvel Aeronáutico
Executado em aeronaves por meio de estações de radiocomunciação homologadas e licenciadas pela Anatel. Recomenda-se os mesmos cuidados sugeridos no caso do serviço móvel marítimo. Ou seja: antes de comprar qualquer coisa, o cliente deve conferir se os equipamentos estão homologados pela Anatel e possuem certificados de homologação válidos.
3 – Instalação de torres no entorno de autódromos
A instalação de torres no entorno de autódromos, dependendo do raio determinado por lei, necessita de autorização do COMAER – Co- mando Aéreo Regional – e obedece uma norma identificada por ICA–63. Os proprietários de torres e sistemas de telecomunicações no entorno dos aeródromos devem manter a documentação da Anatel, bem como projeto de torre atualizado.
Cada tipo de sistema e cada tipo de aeródromo está sujeito a um con- junto de regras e exigências. Portanto, compete aos gestores se informar e atuar com rigor no cumprimento das referidas normas.
4 – Licenciamento ambiental de xxxxxx
A crescente demanda por diversos tipos de serviços de telecomuni- cações e a expansão da rede de telefonia móvel forçaram alguns Estados (Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) a criar legislações ambientais específicas para disciplinar a construção de torres.
A Constituição Federal indica que a competência para legislar sobre o meio ambiente é concorrente. Ou seja, todas as instâncias do poder pú- blico (federal, estadual e municipal) podem produzir leis sobre posturas, licenciamento e boas práticas para regular a construção de torres. Empresas que utilizam torres em aplicações de telecomunicações em geral devem se informar sobre normas de segurança, saúde e meio ambiente, evitando problemas e contratempos com o poder público.
A apresentação de estudos técnicos específicos do projeto estrutural (fundação e localização, entre outros) é indispensável para a obtenção de licenças ambientais. Tal trabalho exige a contratação de equipe multidisci- plinar composta por engenheiros (civis, ambientais, elétricos e de teleco-
municações) e advogados aptos a orientar e desenhar soluções.
5 – Gerenciamento de terceiros que participam de sua rede
Dúvida comum paira sobre os terceiros. Eles são tão numerosos quanto maior for o tamanho da empresa tomadora do serviço. Como a licença é intransferível, restam duas soluções para o caso do terceiro empreiteiro.
A empresa pode requerer as licenças em seu nome ou operar com a licença da tomadora do serviço. Desde que devidamente contratada. Em geral, a licença é intransferível, mas há casos em que a natureza da operação exige um grau de integração, inclusive no compartilhamento de canais, que o terceiro (parte integrante da rede da tomadora) não tem outra opção. O assunto é espinhoso. Trata-se de uma zona cinzenta, e há muitas no direito administrativo.
TRIBUTOS DA ANATEL
A Anatel recolhe duas taxas, duas tarifas e uma contribuição. Vejamos a fundamentação jurídica de cada uma.
Taxas
TFI E TFF
A TFI (Taxa de Fiscalização de Instalação) e a TFF (Taxa de Fis- calização de Funcionamento) têm um valor fixo pago por um tipo de serviço prestado pelo Estado. Corresponde ao pagamento pela análise do processo de licenciamento e fiscalização das telecomunicações realizados pela Anatel. Funciona, por exemplo, como o IPTU – uma cobrança anual feita pelas prefeituras para manutenção de serviços públicos, como a varrição das ruas e o recolhimento de lixo.
Tarifas
PPDESS
Essa sigla enorme – PPDESS – significa Preço Público pelo Direito de Exploração de Serviços de Telecomunicações e pelo Direito de Exploração de Satélite.
A natureza do tributo é tarifária. Ao contrário das taxas (cobradas de quem possui um bem ou usufrui de serviço prestado pelo Estado), as tarifas são exigidas pela utilização de um bem ou direito do próprio Estado. O direito de outorgar o uso de radiofrequência é da Xxxxxx – representante
do Estado brasileiro e tutor do gerenciamento do espectro radioelétrico.
O valor pago não é fixo. Recolhe-se uma quantia proporcional ao uso. Quanto mais se usa, mais se paga. Se não usar o serviço, não paga. São exemplos práticos de tais tarifas os pedágios, contas de telefone e de eletri- cidade, entre outras.
PPDUR
Outra sopa de letras – PPDUR – quer dizer Preço Público pelo Di- reito de Uso de Radiofrequência, pago pelo uso do espectro radioelétrico, conforme o seguinte mecanismo: quanto mais se utiliza, mais se paga. Ou seja, quanto mais frequências obtidas da Anatel, maior será a conta.
Daí a exigência de um exercício de precisão. O interessado precisa projetar exatamente o que necessita. Não apenas como medida de econo- mia, mas por respeito às outras entidades exploradoras do serviço porque, nunca é demais recordar, a natureza do espaço radioelétrico é finita, escassa e não-renovável.
Contribuição
CFRP
A CFRP (Contribuição ao Fomento da Radiodifusão Pública) é um tributo criado com recurso desmembrado dos 5 por cento da TFF (Taxa de Fiscalização de Funcionamento) para financiar emissoras de radiodi- fusão pública. Seu vencimento é anual, juntamente com a TFF (recolhida no dia 31 de março de cada ano).
DANE AVANZI
SÃO PAULO 2013
DEDICATED
To Xxxx Xxxxxx, a man of great capacity for innovation, my uncle and godfather, who led a division of Philips Brazil for decades .
To Xxxx Xxxxxxx Xxxxxx, radio operator, train dispatcher of the railway Sorocabana / SP and my father’s tutor.
Preface Introduction
1
What is radiocommunication Concept
Brazilian Market
2
How to hire good services
3
How to make a project
4
How to manage risks
5
What is Anatel
6
Radiocommunication Models
7
The challenge of piracy
8
Articles
9
Anatel Services and Taxes
PREFACE
A FRIEND AND ADVISER
This book you now hold in your hands constitutes a valuable proposal to debate on telecommunications in Brazil. In a sector where the national bibliography is still rare, the contribution of Xxxx Xxxxxx is very welcome. The author draws on his extensive experience as a lawyer, entrepreneur and consultant in the area to present a work that can be read and consulted according to the interest and need of the reader.
“Digital Radiocommunication 2 - How to manage projects” is a com- pendium of a thousand and one uses and has two very clear guidelines. On one hand, it works as a kind of manual, a safe and efficient guide for telecommunication managers across the country, tailored to be perused here and there anytime. On the other hand, it invites the reader to reflect, exposing certain flaws that persist in the Brazilian telecommunications scenario, a call for a healthy and enriching discussion.
The division of the book has a distinctly educational character, whi- ch facilitates access to the topics and helps eliminate any question, check a detail or get a clue about legislation. There is no doubt that this book falls already in the select repertoire of reference works in the telecommunication sector of the country. It appears to occupy a privileged place on the shelf, drawer and folder of executives, managers and specialists of the subject. I am sure: the one, who holds it, will never leave it. It will always be a friend and advisor in the form of printed paper.
Xxxxx Xxxxx Chairman of Motorola Solutions in Brazil
T
INTRODUCTION
he national radioelectric spectrum – airspace through which the telecommunication waves travel over – is a scarce natural resource, finite and non-renewable. Therefore, more than a technological
change, the digital radiocommunication meets the current expectations of the society and Brazilian government, functioning as contemporary alternative in supporting sustainable development projects.
A digital radiocommunication can accommodate more networks on the same radioelectric spectrum. How does it work? Just imagine the spectrum formed by avenues trafficked by vehicles.
The first one, traditional, would be a road with three lanes. Let’s call it Analogical Avenue.
The second one, modern, would have only two tracks, here called Digital Avenue.
The difference is that, although it has only two tracks, the Digital Avenue holds the same amount of vehicles that the Analogical Avenue, owner of one track more. And the advantage is that, because of the com- pression of bands, the third track is released for use by other system and by other companies.
How can this magic be possible? In this case there is no magic. The equipment used in digital radiocommunication uses another signal trans- mission method – called digital modulation, hence the name of the tech- nology. However, for the digital radiocommunication to fulfill its purpose a detailed study of the coverage area is needed as well as the precise definition of architecture and network topology.
R
1 – WHAT IS RADIOCOMMUNICATION
adiocommunication is the means by which people can communi- cate simultaneously in a process much like social networks. Hence the slogan “Welcome to the club”.
Just like in social networks, it is possible to form various communities with topics of specific interest in a radio communication system. That is, a kind of two-way, in which one person speaks, another replies and vice versa.
Therefore, the radiocommunication is in wide use for many types of companies of various sizes and segments. There, workgroups can instantly communicate, promote information exchange among people of the same team and accelerate the delivery of the product or service concerned.
As time is money and information is the most valuable currency in the world, companies that communicate well stand out better.
A long time ago all started. The first means of wireless communica- tion was the telegraph, the radiocommunication grandfather, born in 1896. But the youngest son of radio communication is the cell phone. Among various means and resources, there is the SME (Specialized Mobile Service), that combines the advantages of traditional radiocommunication with the broad horizons opened by the cell phones.
The similarities between the specialized mobile service and the radio- communication system are not coincidental. When used in radio mode, SME operates a platform technically called trunked. Truncking allows traffic off a large volume of information produced simultaneously by thousands of users.
The way to circulate this information is half-duplex. That is, while a user transmits a message, listen to the rest of the network, unlike telepho- ne, in which communication is full-duplex – people talk and listen at the same time. The phone mode EMS is billed according to the same criteria as any mobile operator
The way to circulate this information is the half-duplex. That is, while a user transmits his message, the rest in the network just listen, unlike the telephone, in which communication is full-duplex – people talk and listen at the same time. The phone mode SME is billed according to the same criteria as any mobile telephone operator.
In short, the advantages and disadvantages offered by conventional radiocommunication and the SME are virtually the same, with one excep- tion. In business radiocommunication, the customer is king: the networks
are designed and installed according to his needs. It’s like a handmade suit, tailor-made, by the best tailor in town. But when any citizen signs a contract with a telecom operator, the last rules: the user must use the service in the localities of interest of the operator – where its towers are located – without considering whether or not the services meet his requirements.
The preferred locations for operators of telecommunications services are those that have a higher population density and per capita income. And the reason is simple: in these cities, the expected return on investment is faster and ensures greater profitability.
Before signing a subscription contract with any operator, the user may want to know if the quality of service and the coverage area are suitable to his profile, needs and budget.
It should be highlighted, finally, that in the case of radio communica- tions service it is important to conduct a test of technical feasibility as well as check for available channels in the region, referring to a kind of map of Anatel – the federal agency that regulates the matter – called “Basic Plan for Channel Distribution”, in which appears the relationship and technical characteristics of channels created for the whole country.
R
CONCEPT
adiocommunication is a technological resource used to establish communication by means of transmission and reception of information encoded in electromagnetic signal, in a system of propagation through space. In short: it is the means by which a message is
transmitted in the form of an electrical signal.
A radiocommunication station is used to perform distance contact between two points or locations. It consists of a transmitter-receiver device called transceiver, a transmission line and an antenna. The name given to such gear is radiating system.
The electromagnetic waves propagated through space must be subjec- ted to some kind of coding or modulation to reproduce the human voice or any other sound. Because they are of different lengths, the waves are classified into short (high frequency) or long wave (low frequency). Thus, they serve various purposes, such as television, radio and airplane.
The normal radiocommunication systems consist of three basic components:
Transmitter: is composed of a generator of oscillations, which con- verts the electrical current into oscillations in a certain radio frequency.
Transducer: converts the information to be transmitted into elec- trical impulses.
Modulator: controls variations in the intensity or the oscillation or in the frequency of the carrier wave, in low or high levels.
There are two types of modulation: when the amplitude of the carrier wave changes, following changes in the frequency and intensity of a sound signal, receives the name of AM modulation.
When the frequency of the carrier wave changes in accordance with a set level and subjected to a rate similar to the frequency of a sound signal, it shall be called FM modulation.
If such equipment is required for any transfer of commercial broad- casting, there is also a technological device at the other end. That is, at the reception. It is the material usually installed for this purpose:
Receiver: main component.
Antenna: to capture electromagnetic waves and convert them into electrical oscillations.
Amplifiers: to increase the intensity of these oscillations.
Demodulation Equipment.
Speaker: to convert the pulses into sound waves and generate radio- frequency waves, to be mixed with incoming waves, producing a kind of sound cocktail within the receptors.
T
BRAZILIAN MARKET
he market for commercial radiocommunication in Brazil is made up of a huge squad of manufacturers. Through channels, they distribute their products. Who buys from the manufacturer, is
usually a distributor. Established commercially, it sells its products to service providers whose focus is to resell, install and provide maintenance services to the final customer.
There are several types of final customer. The manager must find out what kind of profile fits his organization to identify the radiocommunication platform that will be most useful.
My experience with corporate customers recommends splitting the consuming public in two major strands. The first demands simple solutions,
usually a network of portable radios operating in simplex mode or point to point. The second suggests more complex solutions based on large systems, different terminals and more than one site of repetition.
Theoreticians of digital radiocommunication use the term “vertical markets” to define the study of the needs and demands of each client. This facilitates the performance of consulting services in more perfected and the quality of products and services offered.
Anyway, the issue is complex and the ideal solution requires study and a complete diagnosis of the situation. Therefore, essential issues in initial contact between service provider and customer will appear:
When should I give up mobility to gain reliability? Which is the ideal radio model to my operation?
What kind of features can I add to the service to reduce costs or op- timize the business profitability?
How to keep my network in accordance with the standards and legal requirements?
What is more advantageous: buy or rent?
The truth is that only a consulting company free of commercial interests can answer these and many other questions.
Remember that there are hundreds of commercial enterprises in the market, but few are consulting companies. The majority are resellers of equipment, which are restricted to provide simple services, small networks operators point to point or a site of repetition. Very few (perhaps less than 10 percent) have specialized technical structure to install a high quality system and keep it running with a satisfying SLA index (Service Level Agreement
– service level agreement).
Therefore, it is highly recommended to hire an independent consultant to map the needs and design the best solution to the customer. In general, a service of quality costs 5-10% of the total value of a project and it is worth.
I
2 – HOW TO HIRE GOOD SERVICES
t is recommended great caution when hiring technical service providers of telecommunication. Initially, the executive needs to check documents certifying that the company actually operates in the sector and has te-
chnical capability to perform the work.
To check if the company is in the business, legal documents (submis- sion of the CNPJ (Corporate Register Number) and social contract with compatible object to the request) are indispensable.
Another important document is the registration of CREA (Regional Council of Engineering and Architecture) – entity that regulates the legal exercise of the profession. When the service is technical, the company must provide at least Technical Qualification (installation and maintenance of equipment). When the service is of Engineering, the company must display Technical Qualification, confirming engineering activity (conclusive reports and preparation of technical projects, among others).
It is common in the market the existence of a company that outsources licensing service for professionals who do not visit the customer premises and
expose the contractor to many risks. An example: if the premises become different from the project approved by Xxxxxx, the contractor may be fined and face sanctions from Anatel (art. 183 and 184, Federal Law No. 9472, 1997). There is also the chapter on labor laws. In this case, there are some suggestions of documents typically required by large enterprises. They are: PPRA (Environmental Risks Prevention Program) and PCMSO (Program for the Medical Control of Occupational Health) of the company, list of PPE (Personal Protective Equipment) required for performing the work,
ASO and medical tests, proving the suitability of the supplier’s employees to the work.
As for the technical issues of qualification for installation and mainte- nance services it should be required a minimal instrumentation (depending on the complexity and nature of the service). A qualified provider never fails to take to the field the following basic package: service monitor, wattmeter, frequency meter, set of tools (required for installations in mobile radios), small stock of materials, cables, connectors, etc... It is also recommended that all instrumentation is calibrated in laboratory approved by INMETRO every 12 months.
The most demanding customers require calibration reports for instruments and companies which take their craft seriously, have this documentation up to date. Certificates of Technical Collection (issued by CREA – Regional Council of Engineering, Architecture and Agronomy) show that the company has practice and is ready for service.
There is not a Technical Standard regulator of the radiocommunica- tion service yet. The business community will discuss and create a Technical Standard so that the final consumer can choose his suppliers with objective criteria and in a more specialized way.
A
3 – HOW TO MAKE A PROJECT
ny project for the installation of equipment and telecom operation is performed on three levels: civil, electrical and telecommuni- cations engineering. After setting the goals for the search of the
best solution (including in planning for the construction of repetition sites), the manager concerned shall request a study of technical and economic feasibility of the project, which will point out the most rational way to achieve the goals set.
The next phase will correspond to specific studies to support the de- velopment of the Basic and Final Projects of the three areas of engineering.
All steps are related to each other and seek excellence and full operation of the facility. The detailing of the construction is critical to the success of the enterprise. Building, electrical installation and equipment installation are part of this package of first necessity, which must be accompanied by a worksheet of input costs and skilled labor.
The next step is the Executive Project. It needs to be very detailed, provide security and serve as a guide for the design engineer – responsible for quality, accuracy and safety of the plan and preferably also in charge of the installation.
In the Basic Project and Electrical Executive, the electrical engineer must identify the level of consumption of the equipment that will work at the site of repetition, adjusting the electrical infrastructure available to the load table of the equipment installed at the site.
A well dimensioned electrical project will ensure safety to the tele- communications system, which will operate at maximum efficiency. Thus, the main causes of interruption (voltage fluctuation, insufficient electrical current and improper grounding, etc.) no longer constitute imminent risks. Each project has different challenges in their electrical and civil pro- posals. The design of the network architecture and topology of the system depends on proper identification of needs. Decisive factors for the business strategy should be taken into account, avoiding waste of time and money.
Let us use the case of bioenergy companies as an example to illustrate the idea. For the correct location of the installation points of the system, many variables must be considered. Among them, topography, extent, scope and even relocation of equipment.
The centralization of technical responsibility in a single company fa-
cilitates tracking and resolution of any event or incident besides facilitating control, execution and measurement by the contractor.
How to do it right
The implementation of any information system directly impacts employees, environment and culture in a company. It’s no different in the case of the installation of a digital radiocommunications system.
It is by the radio channel that the essential tasks of business happen. Thus, it is no exaggeration to say that the radiocommunications system becomes the largest LAN network of the company. Even because at the moment a digital network is drawn, true “highways” appear that will be the “avenues” by which the information will travel.
In the middle of that intense traffic, important factors must be con- sidered:
– Which work fronts will occupy which channels?
– What is the maximum number of people per channel?
– What degree of priority will the information of each channel have for the business?
– Which channels cannot fail under penalty of endanger the safety, health and the environment?
The first item to the success of a radiocommunications system is the direct involvement of the management of the company in the project.
Just ordering is not enough, there must be participation. It is neces- sary to call all department managements, users of the service, to express their opinions and needs. Create a suitable environment so that the service manager can suit the needs and culture of the company to the project and identify options of products and services found on the market.
Only the top management of the company will be able to determine what is strategic or not, which is a priority or not. Without the participation of stakeholders (owners of the resources that will finance the project) there will be confusion in the definition of goals and objectives. And if there is no clarity, nobody will be able to outline the needs, especially by the fact of not knowing them.
In my first book – Digital Radiocommunication 1: Synergy and Pro- ductivity – I highlight the quality of the infrastructure that will receive the base and repeater stations. I remind that electromagnetic waves are nothing more than electricity in a very rarefied level. Thus, there is no way to pros-
per in the industry without quality energy. In other words, quality energy means stabilized voltage and enough current to supply the consumption of the equipment of the repeater site.
The installation of the equipment at the repeater sites raises key ques- tions such as tower grounding and framework for electricity. Other details
– such as proper cooling, cleaning of internal and external environments of buildings – are critical in the prevention of accidents. It is not uncommon to find dangerous animals, alive or dead, inside the repetition sites. Some of them, such as mice, chew wiring and others, such as cattle, burst cables. An essential, very important factor– that has saved many sites from burning in times of drought – is the installation of fire-fighting appliances.
The role of the manager
The goal of any radiocommunications system, large or small, is to provide quality information between two or more people. The use of commercial radiocommunication for the exchange of information in real time is a choice tailored to individuals or legal of private or public law, or for the execution of certain tasks. The method enjoys the advantage of not being billed. The user pays a very low annual value for the service, which is accessible 24 hours a day, 365 days each year.
The system can be customized according to the user’s interest. So it attracts people from various segments of the economy, for uses of various sizes, from a restaurant with three or four portable radios to a public safety network with over 20,000 terminals.
When the area where the signal will be provided is small, the mission is technically simple. However, if the area of interest covers many square miles is an indispensable a study of the technical feasibility, before you do anything.
In the case of the so-called outdoor systems, with over 30 km of ran- ge, the radiocommunication equipment becomes part of a group called radiocommunications system.
If the concept is not absorbed by buyers and resource managers, errors and unnecessary spending will soon appear. Professionalization is still a serious problem. Many large clients not even have a manager to the issue. Hence in their companies over the years, each department will buy and install equipment, disorderly. Improvised or on call managers ignore the idea of unique project, prepared in accordance with the rules and
standards of Anatel – the National Telecommunications Agency, which regulates the sector.
Just as rarely is a financial problem solved with more money, “disea- ses” of a radiocommunication system are not eliminated by simply buying radios in profusion.
The purchase of equipment before the diagnosis of the real network problems is not the solution. It is a second problem. Instead of one, it cre- ates two problems. And the manager will still have to explain to the top management why the investment had no return.
Strictly speaking, the most serious problem in conducting the radio- communication service is the absence of the figure of the manager formally appointed by the direction of the company. There is also the manager who does not exercise its activity in a full time regime (most of the time this is not because of professional incompetence, but by the accumulation of tasks). In the overall plan, there is a huge lack of knowledge about such a complex subject.
There are on the market two types of managers enthroned by com- panies: the service user and the administrator of the resource. The vision and the perception of a radiocommunications system both have are very different. The supplier of products and services of radiocommunication must handle the expectations and demands of each type of manager, lea- ding their approaches with tact, skill and competence – moreover, he lives from positive results.
In either case, it is essential to the manager to make things easier. Lis- ten, understand, absorb and respond to requests from each department that uses the service and from the top management at all stages of the project. The main ones are: defining needs, preparation of basic project, mapping of human and material resources for the execution of the project, preparation of terms of reference for the acquisition of resources, setting the policy for the system maintenance and choice of frequencies at Anatel.
R
4 – HOW TO MANAGE RISKS
isks cannot be eliminated. However, they can and should be mitiga- ted through prevention and information to the personnel involved in a project. Thus, the company takes a leap in performance and
gets higher results in its EBITDA (Earnings, Before Taxes, depreciation and amortization).
The first step to plan the strategy of Risk Management is to define premises. What do you need to know? First of all, assess the impact of IT systems on the operation of the business, in case of total or partial loss. Then determine what the cost of the damage, if the sinister scenario beco- mes reality. Only then, determine a plausible value to be invested in risk mitigation. Nothing is more normal. In short, in any company, to do or not to do something is defined by the cost/benefit ratio.
Mapping
Once defined the premises, it is time for mapping the risk situations. Which are the radiocommunication networks that can, in the event of malfunction or breakdown, cause damage to the business?
To determine the degree of criticality of each network is necessary to dive into the production process. Many times the change in the topology of one system or the substitution of one kind of station for another is su- fficient to mitigate the risk. In other cases, even the most perfect network, configured and installed with the best possible practices, requires an addi- tional and decisive element for the success of the task. That is: the trained human resource.
To operate any radio station, mobile or portable, you need the mini- mum of knowledge about operation, facilities and limitations of the station. However, there is a kind of station whose nodal characteristic requires even more from the operator. Those are the central stations, in which the operator has to coordinate, distribute, integrate and manage the operation. In such cases, the training of the professional should be differentiated. In addition, intangible elements such as professionalism, dedication and proactivity are keys to the success of the venture. Some qualities can be developed through specific training, others cannot.
A common problem seen in some of my clients is the lack of awareness of such selection rules, especially in the case of a central station operator.
It is a professional who should be chosen with great care, because he will be literally the network soul, rhythm and efficiency.
In logistics operations, for example, the ability of tasks optimization and coordination of processes can save or encumber the company in millions of dollars a year or month, according to the size of the sales.
Continuous monitoring
The battle does not end here. The fight is ongoing. After the good sense creates and installs processes to mitigate risks, no conscious and modern company can ignore the periodic audit, correcting deviations and accompanying routines. The audit should focus only on the processes that directly impact the risk.
There are exceptional cases of cultures in which the commitment of the specialized employee is so strong a trait in the character of the company that everything is already internalized by the very nature of the business and the external consultant is unnecessary.
Lessons from Santa Maria
The tragedy occurred at the nightclub Kiss, Santa Maria-RS, in which 242 people died and 123 people were injured, in March 2013, is an example of lack of prevention. Though not avoided, that trauma could be less if a radio communication system had been used. Tragedies happen all the time everywhere and no one can nullify the risk, but it is indeed possible to mi- tigate it with planning, mapping, and a good plan of action.
Great tragedies never have a single culprit, but several. This one was no different. The omission of the authorities, who did not exercise their role in supervision, had a considerable share of blame. However, most of the responsibility for the catastrophe fell to the managers / owners of the site, according to media reports.
In the Brazilian context, the trivialization of management processes and risk mapping, as well as the safety engineering, considered important in any civilized place, impress. Here, those are mere details. Even worse: they do not even exist for many business managers in Brazil.
Certainly, the result of this kind of culture is at the root of the tragedy of the nightclub Kiss. Pyrotechnics indoors without any planning, lack of local fire brigade (required for an event of this size), house overcrowding, inadequate exit signs, emergency door locked, security without proper
communication and lack of understanding that a fire was taking place – here are some grave errors, result of a zero planning and mismanagement, that decreed the death of hundreds of young people.
I believe that the culture of relying on luck and thinking that bad things only happen to other people is the actual cause of large and small tragedies that occur in Brazil. Here, as in the lottery – a national institution
– people count on luck full-time.
Lives could be saved
According to the ITU (International Telecommunication Union, a UN agency specialized in telecommunications), the radiocommunication is the most effective information tool in combating emergencies and disasters in general.
Among the features of the radiocommunication, the most important of all is the fact that it is instantaneous. Simply press a button to transmit a message in real time. It is not necessary to dial, to type sequences of numbers or letters or depend on towers, which may not work in an emergency, as in the case of mobile telephony.
In a situation where seconds make the difference between life and death, the use of radiocommunication can mitigate damage and save lives. In the tragedy in the nightclub Kiss, most young people died suffocated, by not reaching the exit quickly. If the club had a system of radio communicators, the security guards who were near the stage and his colleagues posted on the door to the street could exchange information and guide customers. And of course, the doors would be opened for the exit of people and also the smoke.
To learn from their own mistakes, Brazilians need to rethink the security laws of the country, build solid safety legislation and create safer conditions for night clubs and event places.