Clipping 26/06/2024 IMPRESSO
Clipping 26/06/2024 IMPRESSO
Jornal do Comércio | Pensar a cidade | p. 21
Catadores sem contrato precisam de ajuda
Foto: Bruna Suptitz /Especial/JC
Xxxxxxx e a irmã Xxxxxxx em frente ao galpão onde trabalhavam: local ficou totalmente debaixo d’água
Xxxxxxx Xxxxxxxxx xx Xxxxxxxx é catadora de materiais recicláveis desde os 9 anos de idade. Hoje com 45, preside a Associação Socioambiental Das Evinhas, que tem como sede e espaço de trabalho um pequeno galpão alugado na avenida Voluntários da Pátria, no bairro Farrapos, de frente para a freeway e pertinho da nova ponte do Guaíba.
Na tarde do dia 3 de maio, Xxxxxxx xxxxxxx a grade do galpão e desde então não conseguiu mais entrar lá. O resíduo que seria triado para a venda ficou mais de três semanas submerso na maior enchente que já atingiu Porto Alegre. Quando a água baixou, ficou tudo espalhado pelo chão. Sem ter como acessar o lugar em segurança e sem ter como retirar o que agora é um amontoado de lixo encharcado e pesado, a catadora espera receber ajuda da prefeitura para limpar o local.
Com o trabalho parado há quase dois meses, as 12 pessoas que fazem parte da associação – além de Xxxxxxx e da irmã Xxxxxxx, outras oito mulheres e dois homens – dependem da venda dos resíduos para ter alguma renda, e estão sem nenhuma.
Como são moradores das vilas do entorno, igualmente alagadas, perderam também o que tinham em casa. E estão prestes a perder o lugar que serve de sede da associação: sem trabalhar, não conseguiram dinheiro para pagar a mensalidade de R$ 500,00 ao dono do galpão, atrasada há dois meses. Para seguir com a reciclagem, precisarão procurar outro espaço.
Para Xxxxxxx, será como reviver um drama pelo qual passou cerca de 10 anos atrás. Antiga moradora da Ilha Grande dos Marinheiros, teve que sair de casa e deixar o galpão para trás para dar passagem à nova ponte do Guaíba. Recomeçou a jornada não tão longe de onde partiu: ela e a família vivem hoje sob a ponte que antes os desabrigou, agora no “continente”, na Vila Cobal.
Para a moradia, a expectativa é receber do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) o recurso da compra assistida, uma alternativa ao reassentamento dos moradores das vilas Cobal, Areia e Tio Zeca. Retirar as famílias é condição para finalizar quatro alças de acesso à estrutura, e assim concluir a obra.
O plano de Xxxxxxx é ir não muito longe, mesmo com o receio de novos alagamentos: é no entorno que ela pretende seguir trabalhando com reciclagem. Mas nem ela, nem os demais integrantes da associação querem continuar no galpão alugado. “Não temos condição de voltar”, sustenta: o lugar é pequeno, não tem estrutura adequada para a triagem, nem é totalmente fechado, o que os deixa expostos à chuva. Além disso, tem a dependência do aluguel, muito caro para quem só recebe pela venda do reciclável.
A reivindicação do grupo é para recuperar o que foi perdido na migração forçada: um galpão para ser gerido pelos catadores. Eles apontam como alternativa instalar a nova sede num terreno disponível que fica bem perto do atual, na mesma avenida, a Voluntários, pouco antes de chegar na altura da nova ponte do Guaíba.
A área fica nos fundos da Cooperativa Sepé Tiaraju, contratada pelo município. “É uma ironia do destino”, na visão da Xxxxxxx, as pessoas que formavam o
primeiro grupo organizado de catadores de materiais recicláveis de Porto Alegre hoje não terem nem galpão, nem contrato com o poder público. A referência é ao grupo que
se formou na década de 1980, com apoio do Irmão Xxxxxxx Xxxxxxx, na Ilha Grande dos Marinheiros, do qual sua família fazia parte.
Ao sair da Ilha, o grupo não recebeu um espaço onde pudesse continuar a fazer a separação dos resíduos para a venda. Assim, o trabalho seguiu informalmente. A criação da Associação Socioambiental Das Evinhas aconteceu apenas cerca de três anos atrás, e logo passou a receber cargas da coleta seletiva feita na Capital. Mas, como não tem contrato formalizado, não recebe nem a ajuda de custo para manter o galpão.
A prefeitura informa que acompanha o galpão e a alternativa apresentada é que as catadoras e os catadores passem a integrar algum grupo já estruturado que já tenha contrato com o poder público para atuar como unidade de triagem.
Série Caminhos da Reciclagem
Para a reciclagem dos resíduos (lixo) acontecer, é preciso o envolvimento de uma cadeia composta por inúmeros atores, da extração do recurso natural à indústria que faz a transformação em um produto final, passando pelo transporte, a venda, o consumo. E o ciclo se repete.
Parte importante deste trabalho é realizada por catadoras e catadores de recicláveis, que formam uma verdadeira ponte entre quem descarta um material e a reciclagem propriamente dita. São eles os responsáveis pela triagem, que é a separação por tipo de material – por exemplo, papel, plástico, alumínio e as suas variações –, que faz a reciclagem acontecer.
A série de reportagens Caminhos da Reciclagem se propõe a contar a história destes trabalhadores e dar espaço para as demandas da categoria. Também foi elaborado e disponibilizado o “Mapa das cooperativas de catadoras e catadores de materiais recicláveis de Porto Alegre”, que indica a localização das cooperativas que recebem os resíduos da coleta seletiva da cidade.
Desde fevereiro, 10 conteúdos especiais foram publicados na coluna Pensar a cidade e no blog, em trabalho realizado com apoio da Bolsa de Produção Jornalística sobre Reciclagem Inclusiva 2023, concedida pela Fundação Gabo em parceria com a plataforma Latitud R.
A marca Caminhos da Reciclagem seguirá sendo utilizada na publicação de novos conteúdos sobre o assunto e sobre as pessoas que fazem a reciclagem acontecer.
INTERNET
Site Brasil de Fato
‘A gente já previa que alguma coisa ia dar errado’, afirma Xxxx Xxxxxxx sobre crise ambiental no RS
Foto: Arquivo Pessoal
Xxxx Xxxxxxx e seu livro que narra mais de meio século de lutas pelo meio ambiente
A primeira secretaria municipal de meio ambiente, em Porto Alegre, a primeira lei para controlar os agrotóxicos e o mais avançado código ambiental do Brasil, no Rio Grande do Sul. Boa parte desse pioneirismo se deve à Associação Gaúcha de Proteção do Ambiente Natural. O advogado e ambientalista Caio Lustosa, 90 anos, é o último dos históricos da Agapan, fundada por Xxxx Xxxxxxxxxxxx, Xxxxxxx Xxxxxxxx, Xxxxx Xxxxxxxxxx e outros desbravadores em 1971 no auge da ditadura.
Vice-presidente daquela que era, então, a mais conhecida organização de combate à pilhagem ambiental do país, Lustosa foi também o primeiro vereador com uma plataforma ecológica e secretário municipal do meio ambiente da capital gaúcha. Parte de sua jornada está descrita em Luta Ambiental e Cidadania, livro que escreveu com a publicitária Xxx Xxxxxxx.
Retirado do front de batalha, continua militante debatendo a devastação da cidade e do estado, decorrência da ação ou inação dos gestores que não ouviram as advertências feitas lá nos anos 1970 sobre os riscos do assalto à natureza, exacerbado nos últimos anos pelo protagonismo dado ao mercado nos rumos ambientais de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul.
BdF RS: Em 1989, quando assumes a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, de Porto Alegre, qual era a tua proposta?
Xxxx Xxxxxxx: O meu lema era "Contra o poder da poluição e a poluição do poder". Fui apoiado pelo pessoal da Xxxxxx e do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), do Xxxx Xxxxxxxx.
Foi a primeira secretaria de meio ambiente do Brasil? Foi. Criada em 1976.
Quando te elegeste vereador?
Em 1982. Fui o primeiro vereador com uma proposta ecológica. Fiquei de 1983 a 1988. E, depois, em 1989, o [então prefeito] Olívio [Xxxxx] me chamou para ser secretário do meio ambiente.
E te elegeste por qual partido?
Pelo antigo MDB. Naquele tempo, o MDB era um frentão. Tinha comunistas que nem o Xxxxx Xxxxxxxx, a Xxxxxxx Xxxx...
E no período do Olívio...
Não houve enchente. Mas estávamos atentos à questão. Foi a primeira vez em que se falou em áreas de risco. Tive um coordenador na SMAM, o engenheiro, Xxxxxx Xxxxxxx que, depois, chegou a ser presidente do Ibama. Sempre tivemos uma visão interdisciplinar. Então, fizemos um trabalho de levantamento das áreas de risco na cidade, principalmente dos morros. Houve uma atuação dos diversos órgãos do município. Não era só a SMAM. Era o DEP (Departamento de Esgotos Pluviais), o DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Urbana)...
O extinto DEP.
Fizemos um trabalho para evitar os desmoronamentos. Outra coisa que nos preocupou muito foi a arborização do município. Inclusive foi nessa época em que o Olívio criou o parque Chico Mendes.
Foi na tua gestão?
Sim, na zona Norte. Lá não tinha nenhum parque. Foi o primeiro parque dirigido àquela população da periferia. Os parques que existiam, a Redenção e o Marinha eram mais para a classe média e a elite. E nós atentamos muito para isso, para a questão do parque Xxxxx Xxxxxx. E de outras áreas.
És fundador da Agapan?
Entrei logo depois. Nos anos 1960, eu me entrosei com essa questão ambiental após o problema da instalação da Borregaard [indústria de celulose da Noruega implantada em Guaíba em 1972, junto ao rio, e cujo mau cheiro que expelia motivou campanha massiva em Porto Alegre].
Ah, ali começou a luta mais ambiental com o [Xxxx] Xxxxxxxxxxxx...
É, aí eu me integrei. Primeiro entrei solitário, como advogado, em uma ação criminal contra a instalação da Xxxxxxxxxx. Foi a primeira ação.
Era uma ação criminal?
Criminal contra os diretores da Borregaard. Inclusive um deles era irmão do [futuro presidente Xxxxxxx] Xxxxxx. Era um engenheiro, Xxxxxxxx Xxxxxx, na verdade, era um dos acionistas da fábrica norueguesa, assim como Xxxxxxxx e Xxxx Xxxxxxxx Xxxxxx, ambos sobrinhos de Xxxxxxx Xxxxxx, além do ex-governador gaúcho Xxxxxxxx Xxxxxxxx.
Em que áreas advogavas?
Sempre advoguei para sindicatos, para o pessoal das periferias. Mas essa foi em teu nome?
Foi em meu nome. Uma ação criminal que acabou não dando em nada. O tribunal aqui entendeu que a poluição era de Guaíba, mandaram o processo para [a cidade de] Guaíba e lá morreu. Inclusive houve o episódio do comandante do 3º Exército [general Xxxxx Xxxxxx Xxxxxx] que, na época, saiu do comando para ser diretor da Xxxxxxxxxx. Inclusive com um desfile de tropas no dia que ele assumiu. Botaram ele para garantir a coisa. Xxxxxxx dez vezes mais como diretor do que no quartel...
Aí entrou a Xxxxxx Xxxxxx [companhia editora dos jornais Correio do Povo, Folha da Tarde e Folha da Manhã] na discussão...
É, eu tive muito apoio do doutor Xxxxx Xxxxxx [dono da Xxxxxx Xxxxxx]. Eles publicava as minhas petições na íntegra no Correio...
Xxxxx Xxxxxx também tinha interesse por conta do fedor que atingia seu haras em Belém Novo, não é?
Os cavalos deles sentiam...
E acabou com a vitória do movimento ambientalista, não? A história da Xxxxxxxxxx.
Não, acabou não.
O cheiro acabou, pelo menos.
É, mais tarde o Xxxx foi para lá (contratado como consultor da Xxxxxxx, sucessora da Xxxxxxxxxx). Foi para lá e fez um acordo de paisagismo com eles. Foi acusado de ter maneirado. Inclusive a Xxxxx Xxxxxx – que era nossa companheira, que tinha sido de direita e até apoiou a ditadura mas depois evoluiu – ela se virou para o Xxxx e disse assim: "Tu nos entregaste para os inimigos".
Numa reunião da Xxxxxx?
Não me lembro onde ela disse isso mas sei que disse.
Xxxxx Xxxxxx era da ADFG, a Ação Democrática Feminina Gaúcha que, na origem, surgiu para combater o governo Xxxx Xxxxxxx e que, nos anos 1970, passou a lutar pelo meio ambiente...
No início, elas participaram do golpe [de 1964]. Depois foram evoluindo. Ela e a Xxxxxxx Xxxxxx. E outras mulheres da elite. Tanto é que, certa feita nos anos 1980, a Xxxxx foi ameaçada de processo pelo então diretor-presidente da Volkswagen, o Xxxxxxxx Xxxxx.
Tinha havido um incêndio na Amazônia em área que pertencia à Volkswagen, junto ao rio Cristalino, com milhares de hectares. Meteram fogo. E a Xxxxx se posicionou. Denunciou para o próprio Xxxxxx, que era o presidente na época. E daí o Xxxxx ameaçou ela de processo por injúria e difamação. Então, a família Xxxxxx me convocou para uma reunião. Estavam temerosos que o Sauer processasse a Xxxxx. Aí eu tranquilizei, dizendo: "Não, quem cometeu o crime foram eles. Ela se rebelou contra o crime".
É uma tese que sustentei mais tarde: a legítima defesa ambiental. Ninguém tinha levantado isso. Sustentei em um processo que o [ex-governador] Xxxx Xxxxxx moveu contra o Xxxx.
Na época, o Xxxx era secretário de saúde e estavam fazendo uma aplicação de veneno em Porto Alegre. Jogavam o herbicida Paraquat [hoje de uso banido do Brasil por sua alta toxicidade].
O Xxxx assistiu xxxxxx e chamou o Jair de "filho da p***". Depois, houve outra defumação na rua do Xxxx, a Xxxxxxx Xxxxx, no Bom Fim, e ele chamou de novo o Jair de filho da puta. E o Xxxx entrou com processo contra ele.
Chamou de filho da p*** de novo?
É, fui advogado de defesa do Xxxx. Sustentei que o criminoso, no caso, era o secretário que mandava fazer aquele tipo de aplicação. Arrolei como técnico, o doutor Xxxx Xxxxxx, uma criatura que me deu muito apoio. Era um químico, engenheiro civil, da Corsan [Companhia Riograndense de Saneamento]. No mérito do processo, eu tentava justificar essa questão. E o Millo Raffin foi testemunha do Lutz. Mas aí eles acabaram o processo com a minha intervenção, não sei exatamente...
Era um processo por injúria?
É, injúria, difamação, calúnia, essas coisas. O doutor Xxxx foi uma pessoa... Ele e o [geneticista] Xxxxxx Xxxxxx foram dois...
Foram testemunhas?
Não. Com o Xxxxxx xxxxx mais no projeto da Lei Estadual dos Agrotóxicos, do [deputado] Antenor Ferrari. O Xxxxxx me ajudou muito nisso. E o Raffin me acompanhou tanto na Câmara quanto na SMAM sem nunca receber um tostão. E foi vítima de demissão da Xxxxxx. Denunciava a poluição do Guaíba. E daí a Corsan, na época dirigida pela ditadura, afastou ele. Aí entrou na Justiça trabalhista. E sabe quem foi a juíza que decidiu a seu favor? A Xxxxx, essa que foi ministra.
Xxxx Xxxxx, ex-ministra do STF?
Xxxx Xxxxx. Uma sentença maravilhosa. Ela dizia que, inclusive, estava arriscando a posição dela e tudo, mas deu o ganho de causa ao Xxxxx e mandou reintegrar na Corsan. E ele se aposentou. Morreu mais ou menos moço, um ano depois. O governo Xxxxxx Xxxxx concedeu a ele o título de cidadão emérito de Porto Alegre.
Xxxx falou alguma vez do Xxxxxxxx Xxxx Xxxxxxxx para ti? Falou muito. Era um dos ídolos dele, o Xxxxxxxx.
Porque pouca gente sabe disso, mas o Roessler é dos anos 1950. Quando nem existia a palavra ecologia, ele já era um militante ambiental, tipo exército de um homem só.
Ele era de São Leopoldo, era fiscal do antigo IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal), que hoje é o Ibama.
Vendo este quadro de agora por que você acha que a gente regrediu tanto? Afinal, o Rio Grande do Sul teve a secretaria do meio ambiente que foi pioneira no Brasil.
É, Xxxxxxx Xxxxxxx Xxxxxx foi o primeiro secretário da Smam, criada em 1975, no governo do prefeito Xxxxxxxxx Xxxxxx.
Depois, teve a Lei Estadual de Agrotóxicos, que é pioneira também. Surgiu a Agapan que se tornou a entidade ambientalista mais conhecida no Brasil. Houve a luta contra a Xxxxxxxxxx. Xxxxxxxxxxxx virou uma figura nacional, foi ministro no governo Xxxxxx. E por que temos agora um processo de destruição de tudo isso?
Essa questão ambiental surgiu no início dos anos 1970 com o Xxxxx Xxxxxxxx, que era um cientista inglês. E o Xxxx se abeberou muito na chamada Teoria da Gaia.
Xxx, é o cara que formulou essa teoria.
Que é entender o planeta como um conglomerado tanto geológico como vegetal, animal, humano. Que é uma intersecção de todos esses fatores. Daí o Xxxx, o Xxxxx Xxxxx, na França, e outros se posicionaram. O Xxxxx Xxxxx tem até uma obra que se chama Ciência com Consciência, onde assumiu uma postura ambientalista.
E tem aquele livro famoso, Primavera Silenciosa, da Xxxxxx Xxxxxx. Também naquele momento – a Agapan é de 1971 – era muito difícil falar de outros temas. Então, o meio ambiente foi uma espécie de desaguadouro das insatisfações com a ditadura.
É. Era praticamente o único fórum... E eles botavam espiões lá nas nossas reuniões da Agapan. Depois, o governo federal até criou a Sema [Secretaria Especial do Meio Ambiente, implantada em 1974], onde o secretário era o Xxxxx Xxxxxxxx Xxxx.
Agora não tens militância, não?
Tenho. Agora, por exemplo, você está me entrevistando. Sim. Mas tu estás relacionado ainda com a Agapan e tal? Estou com 90 anos.
Noventa? Estás bem para 90. Na reta final.
Lembro que nos encontramos na frente da Assembléia Legislativa em uma manifestação contra o governo Xxxx Xxxxxxx. Ela queria fazer negócio com aquela área atrás do Asilo de Xxxxxxxx, defronte ao Beira-Rio. Havia ideia de fazer um monte de edifícios ali mas o pessoal da vila Cruzeiro se levantou contra. Lembro que perguntei como estavas e tu respondestes: "Batendo em retirada e com pouca munição".
É, uma frase daquele líder revolucionário, o Xxxxxxx Xxxxx: "Batendo em retirada e com pouca munição mas lutando sempre".
Como vês essa situação do Rio Grande do Sul hoje? Quem é que tem a culpa no cartório nessa história toda? É muita gente?
Todos e ninguém. Houve um descaso pelas medidas que podiam tornar paliativas a situação. No controle das bombas, dos diques e tudo. Aqui em Porto Alegre, uma das coisas erradas foi a extinção do DEP. Colocaram o DEP dentro do DMAE. Os técnicos do DEP até hoje não se fecham com os do DMAE. É um descaso total no controle. É isso que aconteceu. Houve uma falta de monitoramento da situação.
Já no ano passado, aconteceu algo horrível no Vale do Taquari. E agora se repetiu. O pessoal fala muito que isso tem a ver com a derrubada das matas ciliares, com o uso de agrotóxicos...
É, desrespeito às áreas que não deviam ser construídas, construções na beira de rio, tudo isso. Aqui nas nossas ilhas, por exemplo, é um flagelo, porque o pessoal fica à mercê dos alagamentos.
Como é que você vê o mundo todo hoje? Está pior do que você imaginava?
Agora mesmo deu uma enchente lá em Santos, em São Paulo. Em Minas também. É geral. Na Europa também está dando problema. Nos Estados Unidos nem se fala.
No Canadá, teve floresta devorada por fogo. Na Austrália e nos Estados Unidos também...
Fogo e água. É um horror isso aí.
Você acha que dá para a gente dizer que os ecologistas, há 50 anos, já estavam dando o recado que não foi ouvido?
É bem isso. Nos anos 1950, eu era partidário do desenvolvimento econômico.
Nem se falava em sustentabilidade.
Eras um desenvolvimentista...
É. Depois eu reneguei isso aí, como várias pessoas, vários pensadores. Tem que mudar o modelo, a dominação. Por exemplo, Porto Alegre. Quer ver? Aqui perto, o Morro do IPA. Quando eu estudei ali, de 1946 a 1952, só tinha aquela construção do IPA [Instituto Porto Alegre, que fechou as portas neste ano].
O resto era tudo mata...
Hoje aquilo é um paliteiro, cheio de construções. A lei impede a construção em topo de morro mas nada é obedecido. Esses prefeitos todos aí licenciam essas obras. Agora mesmo queriam fazer um espigão ali ao lado do Museu Xxxxx xx Xxxxxxxxx, na rua Duque de Caxias. A Justiça barrou. O Internacional, por exemplo, está numa área alagadiça.
E o Grêmio também.
E o Grêmio também. E depois ficam reclamando 'ah, isso é coisa dos céus, castigo de Deus'. Deus não tem nada a ver com isso. O que tem que mudar é o modelo urbanístico. A [construtora] Xxxxxxx fez um espigão na [avenida] Xxxxxxxx Xxxxx, a 100 metros daqui. São dezenas de apartamentos. Inclusive estão ao léu pois não se consegue alugar nem vender. Esse sistema...
O sistema é muito materialista, no pior sentido da palavra?
Esse neoliberalismo está levando o mundo à breca. Isso aí tem que superar, tem que trocar de foco. A base está aí.
Ficaste surpreso com o que aconteceu no Rio Grande do Sul? Não, a gente já previa que alguma coisa ia dar errado.
Que outra memória você tem da Xxxxxx? Havia reuniões semanais? Semanais. Na rua da Praia, na Associação dos Orquidófilos.
E quantas pessoas juntavam no início? Em 1971, por exemplo, você já estava lá.
Trinta pessoas?
Às vezes mais. E sempre vigiados pelo sistema. Vigiados? Como é que era essa vigilância?
Os penetras iam lá para vigiar. Apareciam do nada. O cara aparecia e a gente desconfiava dele
Você chegou a ser preso alguma vez?
Não. Eu não sei se eles me... Porque eu fui secretário de Câmara no Tribunal de Justiça, né? Eu acho que isso aí...
Olhas a situação de hoje com pessimismo, então?
Eu me guio por aquela frase do Xxxxxx Xxxxxxxx que dizia que ele era um pessimista esperançoso. Eu sou o pessimista esperançoso. Você é aposentado em alguma coisa?
Sou jornalista aposentado porém na ativa. É mais ou menos como um pessimista esperançoso.
Site Correio do Povo
Famílias arriscam a vida em meio a pilhas de resíduos gerados pela enchente em Porto Alegre
Foto: Xxxxx Xxxxxxxx
Morador do Porto Seco procurava objetos no topo de uma das pilhas de materiais descartados
É como estar de volta aos anos 1990. São toneladas de resíduos de todos os tipos, formando montes com cerca de cinco metros de altura, talvez até mais, e tantos outros de extensão. São pilhas volumosas que exalam um cheiro relaxante e preenchem o horizonte de quem vê do chão barrento. No topo, as pessoas reviram os descartes em busca de algo que possa ser revendido ou até mesmo reaproveitado, às vezes muito próximo do maquinário pesado que movimenta as cargas que chegam uma atrás da outra.
A comparação com os lixões urbanos ao céu aberto do passado, atualmente proibidos por legislação, é tão involuntária quanto automática. Consequência da inundação que atingiu Porto Alegre em maio deste ano, os pontos de transbordo montados de forma emergencial pela prefeitura da Capital têm a seu favor receberem apenas os chamados resíduos inertes. Na concepção, esses locais concentram tudo o que é retirado das ruas e não podem ser direcionados para aterros ocasionais, que recebem, por exemplo, a coleta orgânica domiciliar.
O levantamento atualizado do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) aponta que desde o dia 6 de maio, quando foi iniciada a força-tarefa para limpar a cidade, 81.547 toneladas de resíduos foram coletadas. Este volume foi distribuído entre os depósitos temporários, nas áreas centrais e nas zonas Norte e Sul, de onde posteriormente será encaminhado para o aterro de inertes em Gravataí, na região Metropolitana.
Por questões contratuais (a empresa inicialmente contratada pela prefeitura desistiu de prestar o serviço e uma nova seleção foi necessária), o transporte até o destino final começou apenas nesta semana. Neste ínterim e com pilhas de resíduos cada vez maiores, pessoas que vivem da cata surgiram a oportunidade.
Um destes pontos de transbordo está montado junto ao Complexo Cultural do Porto Seco, na zona Norte. Por lá o movimento é constante, com caçambas do DMLU chegando praticamente sem parar. Ao passo em que esses veículos descarregam, cinco retroescavadeiras enchem caminhões maiores que partem para Gravataí.
Entre as operações, alguns moradores do entorno tentam garimpar objetos de todo tipo. “Tem bastante alumínio e cobre. Esses dias, achei até panelas, com caixa e tudo; 'tava' amassada, mas deu boa”, contou o Xxxx Xxxxxx Xxxxx, 26 anos, que passou a usar os recipientes na cozinha de casa, apesar do risco à saúde.
A área em questão no Porto Seco é extensa e aberta, o que dificulta o controle. Mesmo com a presença de uma viatura da Guarda Municipal no acesso pela avenida Élvio Antônio Filipetto, bolsas de pessoas circulam pelo local, ainda que parte delas apenas satisfazendo a curiosidade, observando o trabalho ou postando fotos em redes sociais. Contudo, enquanto os agentes controlam um lado, os catadores se aproximam do outro.
Ainda no mesmo ponto de transbordo, os agentes da Guarda tentaram fazer com que dois jovens, ambos aparentemente com menos de 18 anos, apagassem o fogo colocado em fios retirados da pilha de resíduos. De imediato, um grupo avançou pelo lado oposto. Surgiu até catador puxando carrinho.
No fim da semana, as crianças estavam entre os resíduos. Dois garotos corriam felizes com brinquedos sujos de lama, retirados dos rejeitos.
Na avenida Voluntários da Pátria, próximo à Arena do Grêmio, um homem usava calças laranjas idênticas às do uniforme usado pelos garis que trabalhavam na Capital caminhava entre os resíduos. Ele segurava um saco plástico de cor preta já
parcialmente cheio, e, com a mão livre, esfregava os olhos, incomodado com uma fumaça branca que sai da pilha de xxxxxxxxx. Sem se identificar, revelou que trabalha na varrição das ruas e tenta obter dinheiro extra com a coleta de materiais recicláveis no tempo livre. “A gente precisa se mudar para viver”, justificou o gari, morador do bairro Humaitá.
A mensagem emitida pelos materiais acumulados há mais de um mês no local é visível em trechos da Avenida Voluntários e da BR-290. Apesar de chamar a atenção dos motoristas, não chega a oferecer prejuízo ao trânsito.
O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) afirma que os locais usados como ponto de transbordo são monitorados pela Guarda Municipal e por equipes de vigilância contratadas. De acordo com o diretor-geral, Xxxxxx Xxxxxxx Xxxxxxxxxxxxx, já foram identificados problemas relacionados ao acesso de pessoas no depósito temporário do Porto Seco. “A área é aberta e acaba ficando mais vulnerável”, mas estamos reforçando a vigilância, pela própria segurança daquelas pessoas”, destacou.
A Hundertmarker lembra que os materiais depositados nestes locais estão contaminados, e que portanto o inerente oferece risco à saúde. Também por este motivo, o gestor do DMLU revelou que os profissionais envolvidos na força-tarefa de limpeza da Capital foram vacinados contra a gripe e o tétano.
“A saúde das equipes é uma preocupação constante, por isso, além dos equipamentos de proteção adequados (EPIs), promovemos a vacinação.”
A Sobre a fumaça gerada pelos resíduos, o diretor do departamento garante que não há perigo, uma vez que tem, segundo ele, origem na evaporação da água acumulada sobre os materiais. “São resíduos inertes, como chamamos, não é feito o orgânico que emite gases pelos resíduos, e também não há chorume. Importante dizer que todos os locais, mesmo sendo temporários, receberam licença da Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental).
Ao todo, 1.040 garis atuam nos bairros afetados pela cheia do Guaíba Em Porto Alegre. Estes trabalhadores são auxiliados por 477 equipamentos, entre caminhões e retroescavadeiras, que contam também com equipe de motoristas e operadores das máquinas, entre fiscais e apontadores, em atividades coordenadas pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb). Apesar da mobilização, Xxxxxx Xxxxxxx
Hundertmarker diz ainda não ser possível estimar prazo para a desativação de depósitos temporários.
“Vivemos uma guerra nas ruas da Capital. O que posso garantir é que estamos trabalhando para deixar a cidade limpa o mais breve possível”, completou o diretor do DMLU.
Site Correio do Povo
“Cada vez que chove, é um medo”, diz morador do bairro Navegantes
Foto: Xxxxx Xxxx
Xxxx xx Xxxxx ficou assustado diante da magnitude da inundação
As marcas da enchente que atingiu Porto Alegre no mês de maio ainda são visíveis nas paredes das casas, prédios comerciais e na vida de quem frequenta o bairro Navegantes. Xxxx xx Xxxxx aproveitou o dia ensolarado desta terça-feira para continuar a limpeza da sua casa, que ele não vai mais morar depois de 54 anos.
"Nós vamos reformar a casa e alugar, isso que aconteceu é muito triste. Nós estamos levando a vida. O que importa é a saúde. Mas eu nunca imaginei que ia passar por isso”, diz o aposentando que afirma que a dor dos seus amigos e vizinhos se mistura com a sua.
“Esse meu vizinho aqui do lado teve um prejuízo de 600 mil, outro vizinho, meu amigo perdeu a mãe em dezembro e agora perdeu tudo xxx. Não vai abrir mais”, lamentou.
"Perdi casa, perdi carro. Não tem muito o que dizer, não esperava uma situação dessa", disse, refletindo a incredulidade diante da magnitude da inundação. O aposentado também lembrou que a água invadiu a sua casa de uma forma muito rápida e que sentiu uma profunda tristeza ao ver os danos causados pela água dentro da residência.
“Nós saímos as duas e meia e a água já estava no portão. Precisou de dois caminhões para tirar tudo da casa”. Mesmo saindo do bairro, ele espera que o sistema de drenagem seja melhorado para evitar futuras tragédias semelhantes. "Cada vez que chove, é um medo", confessou, destacando o impacto emocional contínuo das lembranças da enchente.
Site Correio do Povo
Crianças vivem sob risco de contaminação em meio a ratos e baratas nas Ilhas de Porto Alegre
Foto: Xxxxxx Xxxxx
Proliferação de doenças ameaça crianças na região das Ilhas
Aproximadamente 80% dos moradores na região das Ilhas permanecem fora de casa após a enchente em Porto Alegre. Quem já conseguiu voltar ao bairro Arquipélago, no entanto, enfrenta doenças causadas pelo acúmulo de lixo.
A situação ficou ainda mais grave com o aumento do nível do Rio Jacuí e do Guaíba nos últimos dias. Além do vento Sul represar a água e gerar novos alagamentos, o rastro de entulhos que o dilúvio deixou acaba por se misturar a outros resíduos arrastados pela correnteza.
Além material pútrido, as montanhas de lixo acumulado atraem ratos e baratas e, consequentemente, há proliferação de doenças. O maior risco são as crianças que, acostumadas a brincar livremente na região, acabam ficando com a saúde exposta.
Na Ilha dos Marinheiros, a aposentada Xxxx Xxxxx Xxxxx , de 67 anos, é responsável por cinco bisnetos, todos com idades entre dois e quatro anos. A mulher afirma que não poupa cuidados em relação a eles, vigiando de perto todas as brincadeiras deles na rua.
“Não deixo mais eles brincarem sem supervisão. Está tudo coberto de lixos. Há ratos e baratas por todos os lados. Mantenho as crianças sempre por perto, todo o cuidado é pouco.
A aposentada tem bom humor e chega a dizer que os ratos são “criados a Toddy”, se referindo ao tamanho dos animais. Ela perdeu tudo o que tinha, mas
conseguiu retornar para casa após ficar alojada na casa da irmã, no bairro Passo das Pedras, durante um mês. Desde então, o problema com o excesso de roedores tem sido constante.
“Há ratos gigantescos que entram em casa durante a noite. As vezes acordo com eles andando na minha cama. A situação está muito ruim, a Ilha dos Marinheiros está coberta por lixo e doenças. Parece que fomos esquecidos”, lamentou a mulher.
A grave crise sanitária na Ilha dos Marinheiros fez com que a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) , em parceria com a Marinha do Brasil, realizasse uma força-tarefa de atendimentos, incluindo ações de vacinação, distribuição de medicamentos, renovação de receitas e acolhimento da população vulnerável. Foram identificados casos suspeitos de leptospirose e administrados antibióticos para tratamento imediato.
"Nos deparamos com uma população extremamente carente e amedrontada com o risco de novas enchentes. Conseguimos realizar todas as atividades, desde o acolhimento até a distribuição de medicações, o que foi essencial para atender às necessidades locais", explicou Xxxxxxx Xxxx xx Xxxxxx, consultora técnica da Força Nacional do SUS.
Site Correio do Povo
Fúria do Guaíba ameaça moradores no extremo Sul de Porto Alegre
Foto: Xxxxxx Xxxxx
Xxxx Xxxxxxx, que mora na frente da orla do Lami, perdeu tudo na enchente
A Orla do Lami, no extremo Sul de Porto Alegre, foi engolida por água. No início da tarde desta quarta-feira, o Guaíba revolto avançou sobre a areia, encobrindo bancos e arrancando pedaços do piso do calçadão.
A avenida Beira-Rio é um registro da violência da água. O rastro de destruição ali acumula imóveis que tiveram paredes inteiras despedaçadas e cujo a estrutura está comprometida desde o dilúvio.
A verdade é que quase todas as casas no bairro Lami estão vazias, após a água forçar a saída de mais de 300 pessoas na região. Há poucos moradores que, na tentativa de evitar furtos, não foram embora.
Um deles é o pescador Xxxx Xxxxx Xxxxx Xxxxxxx, de 60 anos. Como se não bastasse ter os pertences levados embora, ladroes ainda furtaram a fiação e deixaram lugar sem energia elétrica.
“Mesmo com o avanço do Guaíba, vou resistir e tentar ficar em casa. Se eu sair, vai roubar o pouco que restou”, disse o pescador.
Ondas invadem praça em bairro alagado há 45 dias na zona Sul de Porto Alegre
Foto: Xxxxxx Xxxxx
Praça Xxxx Xxxxx está parcialmente submersa
Os alagamentos parecem estar longe do fim no bairro Guarujá, na zona Sul de Porto Alegre. Se os moradores vivenciaram uma leve trégua da água no última final de semana, eles tornaram a ser alvo da fúria do Guaíba na manhã desta quarta-feira.
A Praça Xxxx Xxxxx está parcialmente submersa. Séries de ondas atingem o local e invadem gramados, churrasqueiras, rampas de skate e áreas de lazer. A correnteza arrasta entulhos que acabam ficando espalhados no chão ou presos em galhos de árvores.
Um dos pontos mais atingidos fica entre as ruas Oiampi e Jacipuia, próximo à avenida Guaíba. Alagado há 45 dias seguidos, o trecho mistura água do Guaíba com esgoto extravasado, formando uma imensa poça de líquido contaminado. Xxx, a inundação toma conta de pelo menos seis quarteirões e torna inviável a passagem de veículos.
Quase todas as residências ostentam marcas da enchente. Alguns imóveis permanecem recobertos por lodo, enquanto outros foram destruídos pela força da água e se resumem a destroços. Além da inundação, quem caminha no bairro Guarujá ainda encontra pedaços de muros, portas e portões caídas.
Força-tarefa de limpeza pós-enchente chega a 18 locais nesta quarta
Foto: Xxxxxxx Xxxxx/Defesa Civil/ PMPA
A força-tarefa do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) chega a 18 locais nesta quarta-feira. Desde 6 de maio, quando o trabalho começou nos pontos de resgate, até a noite dessa terça-feira, foram retiradas 83.305 toneladas de resíduos das ruas, como restos de móveis estragados, raspagem de lodo acumulado e lixo de varrição. Locais de coleta e varrição:
– Menino Deus
– Cidade Baixa
– São Geraldo
– Sarandi
– Rua 25 de Outubro (Sarandi)
– Ilha da Pintada
– Ilha Grande dos Marinheiros
– Ilha do Pavão
– Vila Elizabeth (Sarandi) – Vias internas do bairro
– Navegantes
– Vila Farrapos (Humaitá)
– Vila Asa Branca (Sarandi)
– Ipanema
– Avenida Guaíba (Ipanema)
– Avenida Guaíba (Assunção)
– Avenida Orleaes (Guarujá)
– Vila dos Sargentos (Serraria)
– Guarujá
Cerca de 1.040 garis estão atuando nos bairros mais afetados pela cheia do Guaíba. Os trabalhadores são auxiliados por 444 equipamentos, entre caminhões e retroescavadeiras, que contam também com equipe de motoristas e operadores das máquinas, entre fiscais e apontadores, somando um efetivo de cerca de 1,5 mil pessoas na força-tarefa de limpeza. As atividades são coordenadas pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Smsurb).
Site Sul 21
Sem prazo para concluir limpeza na zona norte, DMLU diz que novo contrato agiliza remoção de entulhos
Foto: Xxxxxxxx Xxxxxx/Sul21
O recolhimento de resíduos sólidos provenientes da enchente que estão alocados nos terrenos de bota-espera foi iniciado pela empresa MCT Transportes nesta segunda-feira, 24
Quem passa pelos bairros Humaitá, Navegantes, Sarandi e Arquipélago — composto pelas ilhas de Porto Alegre –, na zona norte da Capital, ainda pode encontrar pilhas de entulhos e outros resíduos das enchentes que atingiram a cidade de maio ao início de junho. Responsável por fazer a gestão do processo de limpeza, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) acredita que a entrada em vigor, nesta segunda- feira (24), da contratação de uma empresa responsável por fazer o transporte desse material para um aterro sanitário em Gravataí deve agilizar a limpeza da cidade, mas não há prazo para conclusão deste trabalho.
Durante a manhã desta terça-feira (25), a reportagem do Sul21 esteve na zona norte e acompanhou o segundo dia de trabalho da empresa MCT Transportes, que foi contratada para levar para o aterro de Gravataí os entulhos que estão acumulados em três terrenos, espaços chamados de bota-espera, na Av. Voluntários da Pátria, 3522, na Av. Voluntários da Pátria esquina com a rua Seis e na Av. Xxxxxxxx xx Xxxxx, nas proximidades da Receita Federal. No primeiro desses terrenos, visitado pela
reportagem, era possível ver máquinas carregando e descarregando caminhões com os entulhos.
Na vizinhança, era possível ver ainda alguns locais com entulho acumulado e mesmo pontos de alagamentos. Proprietário da loja Emafer Ferramentas, Xxxxxxx Xxxxx explica que há muitos comércios da região que ainda não concluíram o trabalho de limpeza e, portanto, ainda possuem resíduos contaminados pelas enchentes — chamados de inertes — que precisam ser colocados na rua. Ele, no entanto, precisava reabrir o seu comércio, que ficou fechado entre os dias 2 e 25 de maio. “Lá nos fundos [da loja], tá tudo sujo. Limpamos só a frente para atender o cliente. O meu drama é esse: eu tinha que ver a rua limpa. Em algum lugar, eles têm que colocar esse lixo”, diz.
Em conversa com o Sul21, o Diretor-geral do DMLU, Xxxxxx Xxxxxxx Xxxxxxxxxxxxx diz que, no momento, tem adotado a cautela em divulgar dois indicadores referentes ao processo de limpeza da cidade após as enchentes: o volume máximo de resíduos que serão recolhidos das ruas e a data final do trabalho.
“Por quê? A zona norte foi a área que as águas baixaram por último. Os bairros passaram praticamente 45 dias completamente alagados. Baixando a água, nós entramos e nos deparamos, inclusive, com casas que caíram, casas que foram arrastadas pelas correntezas das águas. Então, é um volume muito grande de resíduos ali do bairro Sarandi e também do Arquipélago, ali na Ilhas. Com a força das águas, temos ali casas com dois metros de altura de areia, então nós estamos trabalhando ali, o DMLU junto com a Marinha do Brasil, para fazer o recolhimento desses resíduos”, diz.
Além disso, Xxxxxxxxxxxxx destaca justamente o problema de muitos resíduos continuarem sendo descartados. “Na zona norte, [ainda tem] muito entulho, muita madeira das casas, muito material de construção e, claro, respeitando o tempo das pessoas. Muitas pessoas voltaram de casas de familiares, voltaram de viagens e voltaram também dos abrigos, onde a Prefeitura acompanhou e fez o acolhimento durante esses mais de 40 dias”, diz.
Por outro lado, ele afirma que a entrada em vigor do contrato com a MCT Transportes, com a retirada do atual contingente de resíduos que estão nos três bota- espera que ela está operando, irá permitir agilizar o trabalho de limpeza.
“Isso vai contribuir, porque, fazendo essa limpeza, nós já estamos desafogando também essas áreas. Então, essa é a nossa prioridade neste momento. É de trabalhar lá na zona norte, com mais rapidez, com mais agilidade. Inclusive, neste final de semana,
sábado e domingo, nós trabalhamos ali no bairro Sarandi e também no Humaitá na limpeza dessas áreas”, diz.
A MCT Transportes tem até 45 dias para a conclusão das limpezas dos três bota- espera, mas a expectativa do DMLU é de que ela conclua o serviço antes. O trabalho, contudo, deveria ter sido iniciado anteriormente, uma vez que a primeira empresa anunciada como vencedora do edital para atender esses três lotes acabou desistindo de prestar o serviço.
Hundertmarker explica ainda que a cidade chegou a ter nove bota-espera, mas que eles foram gradativamente sendo fechados à medida que a limpeza da cidade foi avançando. “Nós tivemos um bota-espera na frente do Gasômetro que serviu muito para receber os resíduos da zona central de Porto Alegre, Centro Histórico e Cidade Baixa. Ali, já não tem mais finalidade, nós já limpamos e já entregamos aquela área. Esse final de semana, nós fizemos alguma raspagem ali e também varremos o que tinha sobrado de pouco, então ali é uma área que nós já entregamos. Foi o primeiro bota-espera a ser entregue”, diz.
Site Zero Hora
Edital recebe propostas e limpeza de ruas com hidrojateamento deve começar na próxima semana
Quatro empresas participaram do chamamento público da prefeitura de Porto Alegre que buscou prestadores de serviço de hidrojateamento para limpeza de ruas e avenidas atingidas pela enchente histórica na Capital durante o mês de maio.
Conforme a secretária de parcerias de Porto Alegre, Xxx Xxxxxxx, duas delas devem ser desclassificadas por não oferecerem caminhões hidrojato com sucção à vácuo em todas frentes de trabalho, uma exigência do edital.
Xxx prevê a análise dos documentos enviados pelas empresas e assinatura do contrato até sexta-feira (28), buscando dar mais agilidade ao processo e iniciar o serviço de limpeza na próxima semana.
A limpeza começa imediatamente após a ordem de início, com prazo de execução de até 45 dias. O equipamento será utilizado para limpar o lodo acumulado em pontos da Capital.
A prefeitura de Porto Alegre dividiu os 30 bairros atingidos pela enchente em quatro lotes. Cada lote vai contar com cinco equipes de trabalho, e cada uma das 20 frentes utilizará um caminhão hidrojato.
Das duas empresas interessadas e com propostas de acordo com o exigido pelo edital, uma ofereceu serviço para os quatro lotes, e outra para apenas um. No entanto, a proposta para apenas um dos lotes tem valor menor, proporcionalmente. Com isso, a prefeitura pretende habilitar as duas e dividir o serviço entre elas — três setores para uma, um para outra. A possibilidade de as empresas fazerem propostas para os quatro lotes ou para cada um separadamente estava prevista no chamamento público.
MONITORIA
Rádio Bandeirantes | O Pulo do Gato Data: 26/06/2024
Cléber Bevegnú fala sobre desassoreamento dos rios
Destaca que muitos rios e lagos transbordaram, porém não foi o caso do Arroio Dilúvio. Conta que a prefeitura investiu mais de 36 milhões nos últimos dois anos em desassoreamento, que no caso do Dilúvio não era feito desde 2012 na foz e também a retirada de areia, resíduos e acúmlo dos leitos dos rios.
Acredita que isso explica muito o motivo de não ter transbordado. Menciona que a retirada das areias da Região das Ilhas teria sido proibida por um órgão federal e o prefeito Xxxx tem reclamado disso.
Entretanto, agora há um projeto do deputado Xxxxxxxxx Xxxxx para que seja implementado uma política de estado de desassoreamento. Cita vereadora Xxxxxxxx Xxxxx, que cobrou de quem é responsabilidade financeira e operacional referente a dragagem e o desassoreamento rotineiro do Guaíba e seus principais afluentes, além de porque elas não estão sendo feitas.
Destaca que segundo o deputado Xxxxx, vivemos de decreto e não há um marco legal para isso, abrindo margem para interpretações de fiscais, técnicos e acadêmicos.
Pasin também menciona que existe uma vontade de certos setores para que as coisas não aconteçam, pois já há acadêmicos justificando que seria caro, além de um mercado muito forte "puxando para trás".
Xxxxxx acredita que precisamos falar a sério sobre esse assunto e do projeto de Pasin, que é um bom mote para colocar em pauta.
Pelo link: xxxxx://xxxxxxx.xxx/xxxxx0xx
Rádio Gaúcha | Gaúcha Atualidade Data: 26/06/2024
Reportagem fala sobre os diques e a recuperação dos comércios do Sarandi
Repórter Xxxxx Xxxxx destaca que a questão da recomposição dos diques do Sarandi demanda uma urgência por parte das autoridades. Lembra que o sistema de macrodrenagem e proteção contra as cheias foi feito com base nos parâmetros da enchente de 1941, e que agora, além da recomposição desse sistema, é obrigatório que as autoridades atualizem ele.
Conta que muitos moradores com quem conversou nas últimas semanas são comerciantes informais e os imóveis não possuem matrícula porque a regularização fundiária não foi plenamente feita na região da Vila Brasília.
Acredita que essa falta de documento e questão burocrática possa estar emperrando o processo de crédito dos governos para os comerciantes.
Pelo link: xxxxx://xxxxxxx.xxx/0xx0xx0x
Rádio Bandeirantes | Tempo Real Data: 26/06/2024
Moradores da Zona Norte e Arquipélago seguem relatando demora no recolhimento de entulhos; DMLU afirma que já retirou 25 mil toneladas
Repórter Xxxxx Xxxxxx destaca que pontos da Zona Norte e Arquipélago ainda registram acúmulo de entulhos. Por sonora, diretor-geral do DMLU, Xxxxxx Xxxxxxxxxxxxx, explica que o bairro Sarandi ficou mais de 40 dias submersos e que muitas pessoas ainda estão retornando para iniciar a limpeza das casas. Enfatiza que o DMLU irá voltar a essas regiões quantas vezes for necessário. Salienta que três áreas de "bota-espera" começaram a ser descontinuadas nesta semana e os resíduos levados ao
aterro de Gravataí. Destaca que a força-tarefa do DMLU recolhe diariamente mais de 2 mil toneladas.
Rádio Gaúcha | Madrugada Gaúcha Data: 26/06/2024
Ouvinte relata serviço de desentupimento de bueiros
Apresentador Xxxxxxx Xxxxx lê mensagem de ouvinte relatando que viu equipes desentupindo bueiros, removendo resíduos, lodo e areia durante a madrugada na Rua Xxxxx Xxxxxxxxxxx. Espera que aconteça o mesmo na zona norte. Xxxxx explica importância do trabalho para que não haja alagamento quando chove. Salienta a necessidade desse serviço em toda a cidade. Destaca a situação delicada dos Bairros Humaitá e Sarandi, mas pensa que a prefeitura está “se mexendo ao máximo”.
Pelo link: xxxxx://xxxxxxx.xxx/xx0xxxxx
Rádio Gaúcha | Gaúcha Atualidade Data: 26/06/2024
Xxxxxxxx Xxxxxx destaca entulhos não recolhidos no bairro Sarandi
Quanto ao recolhimento do lixo, relata que as avenidas principais do Sarandi estão mais limpas. Ressalta que na rua localizada atrás da Av. Dique ainda há muito entulhos na via. Xxxxx Xxxxxx frisa o risco de entupimento de bueiros com o retorno da chuva.
Pelo link: xxxxx://xxxxxxx.xxx/xxxxx000
Especialistas confirmam o rompimento do dique do Sarandi
Repórter Xxxxx Xxxxx fala, ao vivo, do dique do Sarandi. Afirma que teoricamente o bairro era para ser um dos mais protegidos de Porto Alegre devido ao dique e por possuir o maior número de casas de bombas da cidade. Por sonora, comerciante conta que ficavam apreensivos olhando as notícias na qual a prefeitura falava que não havia rompimento e poderia haver apenas um pequeno extravasamento. Repórter acredita que talvez o termo rompimento teria deixado um pouco mais claro e agilizado a saída dos moradores da região. Relata que no ponto que está são 35m de rompimento.
Por sonora, hidrólogo da UFRGS explica processo de ruptura que ocorreu no dique. Repórter afirma que segundo hidrólogos, houve 3 rompimentos de dique no bairro.
Por sonora, diretor-geral do Dmae, Xxxxxxxx Xxxx, admite falha no processo de cuidado dos diques da região. Repórter conta que o problema que ocorreu no bairro escancara um problema histórico, onde aos poucos as pessoas foram ocupando as margens dos diques, escavando e deixando a estrutura mais frágil.
Salienta que até então, a região da Vila Brasília nem chegava a constar como uma área de risco, segundo técnicos. Entretanto, agora já há um estudo que trabalha com o cenário de que a Vila Brasília passe a ser uma área de risco, consequentemente crescendo a possibilidade de que muitas dessas casas teriam que ser retiradas após uma avaliação da defesa civil. Menciona estimativa do DEMHAB que aponta para cerca de 500 casas que tem chancse de terem que ser removidas posteriormente, deixando mais entulhos acumulados.
Andressa Xavier atualiza a situação do bairro Sarandi
Xxxxxxx e comerciante relata prejuízos com lixo e lodo em locais onde a água chegou no 2º andar dos imóveis. Conta que quase não sobreviveu ao rompimento do dique, que destruiu a parede de seu estabelecimento. Fala sobre a necessidade de créditos dos governos Estadual e Federal para a recuperação dos comerciantes do bairro.
Pelo link: xxxxx://xxxxxxx.xxx/0xx0xxxx
Rádio Gaúcha | Sala de Redação Data: 25/06/2024
Bancada comenta sobre entulhos na Voluntário da Pátria e dificuldades no recolhimento
Xxxxx Xxxxxxx comenta que as prefeituras do RS estão enfrentando escassez de máquinas e equipamentos de limpeza disponíveis para contratação. Frisa que a situação na região da Arena do Grêmio ainda é complicada. Xxxxxxxx Xxxxxxx e Xx Xxxxxxx Xxxxxxx mencionam um ponto da Voluntários da Pátria em que há uma montana de entulhos do tamanho de uma casa de dois andares, que ainda não foi recolhido pelo DMLU talvez pela falta de equipamentos e funcionários. Xxxxxxx Xxxxxx acrescenta que a Prefeitura de Porto Alegre está com dificuldade de contratar caminhões, pois o preço e a demanda subiram, e que talvez os caminhões tenham que vir de outro Estado.
Pelo link: xxxxx://xxxxxxx.xxx/xx0xx0x0
Moradores de Gravataí protestam contra aterro sanitário
Reportagem mostra situação de moradores de Gravataí, que estão sofrendo com o aumento do tráfego nas ruas Xxxxxx xx Xxxxx Xxxx e Xxxx xx Xxxxx Xxxx, devido ao encaminhamento dos resíduos da enchente de Porto Alegre para um aterro sanitário em Gravataí. Moradores destacam que as estradas estão ruins, pois não aguentam todo o peso dos caminhões. Criticam a prefeitura de Gravataí, que apenas promete resolver o problema e não age. Destacam que entendem a situação e que os resíduos tem que ir para algum lugar, mas que estão sendo prejudicados com a falta de linhas de ônibus, ônibus escolares, dificuldade de transitar nas vias.
A prefeitura de Porto Alegre informou que o aterro sanitário possui as licenças ambientais e autorizações para funcionar. A prefeitura de Gravataí disse que irá asfaltar as ruas. Apresentador Xxxxxx Xxxxxxx diz que o protesto é justo, pois apesar das pessoas entenderem a situação, elas não podem ser prejudicadas.
Pelo link: xxxxx://xxxxxxx.xxx/000xxxxx
Pampa FM | Atualidades Pampa Data: 25/06/2024
DMLU faz levantamento de 80 mil toneladas retiradas das ruas de Porto Alegre
Apresentador informa que o levantamento divulgado pelo DMLU mostra que já foram retiradas mais 80 mil toneladas de resíduos de todas as espécies. Ressalta que, ainda assim, transitar por algumas regiões da cidade dá a sensação de que os transtornos causados pelas inundações ainda vão seguir. As equipes do DMLU estão ocupando as ruas do bairro Sarandi, mas a população que habita o bairro ainda convive com muito
lixo nos portões de casa. Destaca que o trabalho de limpeza conduzido pela prefeitura foi intensificado desde o último sábado na região, e ainda assim não há perspectiva de quando a normalidade será restabelecida. O mesmo cenário vale para Humaitá, São Geraldo e Vila Farrapos. Destaca que a força tarefa do DMLU está atuando nas vias do bairro, mas algumas vias ainda não foram alcançadas.
Pelo link: xxxxx://xxxxxxx.xxx/xxx00xxx
Ulbra TV | Fala Rio Grande Data: 25/06/2024
Moradores das Ilhas seguem enfrentando problemas
Reportagem de Xxxx Xxxxxxxxxx mostra o acumulo de areia que tomou conta das ruas do bairro Arquipélago. Residências que haviam sido afetadas pela enchente seguem inundadas com pilhas de entulho. A Defesa Civil precisou resgatar mais 11 pessoas desde a semana passada, por conta do aumento do nível do Guaíba.
Segundo a Prefeitura, cerca de 80% da população local segue fora de casa. Pelo link: xxxxx://xxxxxxx.xxx/0xxxx0xx