CONTRATO Nº 48000.003155/2007-17: DESENVOLVIMENTO DE ESTUDOS PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DUODECENAL (2010 - 2030) DE GEOLOGIA, INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO MINERAL MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA - MME
CONTRATO Nº 48000.003155/2007-17: DESENVOLVIMENTO DE ESTUDOS PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DUODECENAL (2010 - 2030) DE GEOLOGIA, INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO MINERAL
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA - MME
SECRETARIA DE GEOLOGIA, INDÚSTRIA E TRANSFORMAÇÃO MINERAL-SGM
BANCO MUNDIAL
BANCO INTERNACIONAL PARA A RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO - BIRD
PRODUTO 37
CADEIA DO COBRE
Relatório Técnico 63
Perfil do Cobre
CONSULTOR
Xxxx Xxxxx Xxxxxxxxx xx Xxxxxx
PROJETO ESTAL
PROJETO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA AO SETOR DE ENERGIA
Agosto de 2009
(Versão 04 – Janeiro de 2010)
ÍNDICE
- SUMARIO EXECUTIVO 2
- APRESENTAÇÃO 6
- INDÚSTRIA DE COBRE NO BRASIL: SUAS CARACTERISTICAS E EVOLUÇÃO RECENTE 7
- LOCALIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA INDÚSTRIA DE COBRE 7
- As Plantas Metalúrgicas 7
- Universo de Clientes 8
- ESTRUTURA EMPRESARIAL DA INDÚSTRIA DE COBRE 8
- PARQUE PRODUTIVO 11
- Caraíba Metais 11
- Mineração Caraíba 12
- Usina Hidrometalúrgica de Carajás (UHC/Vale) 12
- Infraestrutura Elétrica e de Transporte de apoio ao Parque Produtor 13
- RECURSOS HUMANOS DA INDÚSTRIA DE COBRE 16
- ASPECTOS TECNOLÓGICOS DA INDÚSTRIA DE COBRE 19
- ASPECTOS AMBIENTAIS 21
- Aspectos Gerais 21
- Resíduos líquidos e sólidos na Caraíba Metais 21
Sistema de Gestão Ambiental na Caraíba Metais 22
- EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE COBRE E DO SEU VALOR 24
- EVOLUÇÃO E TENDÊNCIA DO PREÇO DE MERCADO 25
- INVESTIMENTOS NA INDÚSTRIA DE COBRE 26
- USOS E DESTINAÇÃO DOS PRODUTOS DA INDÚSTRIA DE COBRE 29
- INDÚSTRA MUNDIAL DE COBRE: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS 32
- RESERVAS MUNDIAIS 32
- PRODUÇÃO E CAPACIDADE DAS MINAS 33
- CONSUMO MUNDIAL DE CONCENTRADO 37
- COMÉRCIO INTERNACIONAL DE CONCENTRADO 40
- PRODUÇÃO DE COBRE REFINADO E CAPACIDADE INSTALADA 42
- CONSUMO MUNDIAL 46
- COMÉRCIO INTERNACIONAL DE COBRE REFINADO 48
- PERSPECTIVAS DO MERCADO MUNDIAL DE COBRE REFINADO 52
- CONSUMO ATUAL E PROJETADO DE COBRE NO BRASIL 53
- PROJEÇÃO DA PRODUÇÃO DE COBRE 57
- BALANÇO PRODUÇÃO-CONSUMO DE COBRE 58
- PROJEÇÃO DAS NECESSIDADES DE RECURSOS HUMANOS 61
- PROJEÇÃO DAS NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS 62
- ARCABOUÇO LEGAL, TRIBUTÁRIO E DE INCENTIVOS FINANCEIROS E FISCAIS 63
LEGAL 63
TRIBUTÁRIO 63
ACESSO A FINANCIAMENTOS E INCENTIVOS 64
- ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA 65
- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 67
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 70
1 - SUMARIO EXECUTIVO
A indústria de transformação de cobre brasileira, que ultrapassou o patamar de produção de 225.000 toneladas anuais de cobre primário em 2008, concentra-se quase que exclusivamente na planta da Caraíba Metais S/A (98% da oferta interna), que se encontra instalada em Dias D`Ávila, na área do pólo de Camaçari, estado da Bahia. A planta, cuja capacidade atual é de 220.000 toneladas/ano de cobre eletrolítico, atenderia tão somente a pouco mais de 50% do cobre consumido no país, estimado em cerca de 409.000 toneladas/ano.
A única produtora brasileira de cobre primário, por via pirometalúrgica, caracteriza-se por não ser integrada a montante na cadeia produtiva, tendo, contudo, forte integração a jusante no segmento de trefilados – vergalhões e fio trefilado. A Caraíba Metais destina sua produção de catodo de cobre primário e de trefilados tanto para o mercado interno quanto o externo.
No mercado interno, a planta da Caraíba Metais tem como clientes do seu catodo os fabricantes de semimanufaturados – trefilados, extrudados e laminados, a maioria deles localizados no estado de São Paulo. Já os vergalhões e fios trefilados destinam- se essencialmente ao parque produtor de condutores elétricos. Externamente, a aplicação dos produtos da Caraíba Metais segue o mesmo padrão do mercado interno.
Certamente, nos próximos cinco anos a indústria de cobre primário brasileira virá a ter uma mudança significativa em seu porte e estrutura, caso um dos novos players, a Vale (Cia. Vale do Rio Doce), obtenha sucesso na produção de catodo por via hidrometalúrgica, a partir de concentrado sulfetado em sua recém comissionada Usina Hidrometalúrgica de Carajás. A nova tecnologia, em fase de comprovação de eficácia, poderá levar a Vale a implantar uma nova usina com capacidade para tratar todo o concentrado sulfetado por ela produzido na Província Mineral de Carajás, estimado em cerca de 300.000 t/ano de cobre contido, até 2020.
Por tempo limitado, o terceiro e último player, a Mineração Caraíba S/A, opera desde dezembro de 2006 uma planta hidrometalúrgica de 5.000 t/ano de catodo SX/EW1, usando minério oxidado de sua mina em Jaguarari, estado da Bahia. Embora seja de
pequena escala, a planta da Mineração Caraíba representa um avanço tecnológico, na medida em que incorpora à indústria uma nova tecnologia de produção não convencional, mais amigável ambientalmente e de custos de investimento e operacional baixos.
A indústria de cobre brasileira é moderna, atualizada e gerencialmente bem conduzida e vis-à-vis as suas concorrentes caracteriza-se por ter custos competitivos.
A partir de 2013 e sem considerar o possível impacto das operações da Vale em Carajás, a produção interna de cobre primário ficará estabilizada no patamar de
270.000 t/ano, tão logo a Caraíba Metais conclua a última etapa de sua anunciada expansão para aquele ano.
1 Solvent Extraction/Electrowinning - processo de extração por solvente do cobre dissolvido em lixívias ácidas, seguida de eletrodeposição do metal, que permite obter catodo com pureza de 99,9%.
Ressalte-se que inexiste para o período em tela qualquer projeto de novo smelter para o país, seja anunciado, firme ou de mera intenção, cabendo à importação cobrir o déficit esperado no balanço produção-consumo brasileiro, qualquer que seja o cenário macroeconômico cotejado no Projeto ESTAL.
Conforme apresentado nas Tabelas I, II e III, as projeções do consumo de cobre no Brasil, estimado pelo consumo aparente, apontam para 2030 os valores de 590.000,
700.000 e 1.000.000 de toneladas de cobre, de acordo, respectivamente, com os cenários Frágil, Vigoroso e Inovador, com taxas anuais de crescimento do consumo no entorno de 1,7%, 3,0% e 4,2%, entre 2008 e 2030.
Em 2030, o consumo per capita brasileiro atingiria o nível de 4,6 kg/hab., no Cenário Inovador, equivalendo a 75% do consumo per capita americano de 2008.
Tabela I
BALANÇO PRODUÇÃO-CONSUMO DE COBRE METÁLICO
CENÁRIO FRÁGIL
(EM TONELADAS DE COBRE)
ANO |
PRODUÇÃO DE COBRE PROJETADA
PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TOTAL |
CONSUMO APARENTE |
SALDO IMPORTAÇÃO OU EXPANSÃO DA EXCEDENTE PRODUÇÃO EXPORTÁVEL INTERNA |
COBRE PRIMÁRIO REQUERIDO* |
|||
2008p |
225.440 |
25.000 |
250.440 |
409.200 |
158.760 |
0 |
127.008 |
2009 |
210.000 |
42.000 |
252.000 |
446.421 |
194.421 |
0 |
155.537 |
2010 |
240.000 |
48.000 |
288.000 |
472.555 |
184.555 |
0 |
147.644 |
2015 |
270.000 |
54.000 |
324.000 |
492.222 |
168.222 |
0 |
134.578 |
2020 |
270.000 |
54.000 |
324.000 |
530.295 |
206.295 |
0 |
165.036 |
2025 |
270.000 |
54.000 |
324.000 |
563.792 |
239.792 |
0 |
191.834 |
2030 |
270.000 |
54.000 |
324.000 |
597.677 |
273.677 |
0 |
218.942 |
Fonte: Caraíba Metais S/A e Anexo I deste relatório. * Corresponde a 80% do total da importação ou expansão da produção interna.
Tabela II
BALANÇO PRODUÇÃO-CONSUMO DE COBRE METÁLICO
CENÁRIO VIGOROSO
(EM TONELADAS DE COBRE)
ANO |
PRODUÇÃO DE COBRE PROJETADA
PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TOTAL |
CONSUMO APARENTE |
SALDO IMPORTAÇÃO OU EXPANSÃO EXCEDENTE DA PRODUÇÃO EXPORTÁVEL INTERNA |
COBRE PRIMÁRIO REQUERIDO* |
|||
2008p |
225.440 |
25.000 |
250.440 |
409.200 |
158.760 |
0 |
127.008 |
2009 |
210.000 |
42.000 |
252.000 |
449.479 |
197.479 |
0 |
157.983 |
2010 |
240.000 |
48.000 |
288.000 |
477.420 |
189.420 |
0 |
151.536 |
2015 |
270.000 |
54.000 |
324.000 |
516.360 |
192.360 |
0 |
153.888 |
2020 |
270.000 |
54.000 |
324.000 |
586.224 |
262.224 |
0 |
209.779 |
2025 |
270.000 |
54.000 |
324.000 |
674.980 |
350.980 |
0 |
280.784 |
2030 |
270.000 |
54.000 |
324.000 |
779.367 |
455.367 |
0 |
364.294 |
Fonte: Caraíba Metais S/A e Anexo I deste relatório. * Corresponde a 80% do total da importação ou expansão da produção interna.
Tabela III
BALANÇO PRODUÇÃO-CONSUMO DE COBRE METÁLICO
CENÁRIO INOVADOR
(EM TONELADAS DE COBRE)
ANO |
PRODUÇÃO DE COBRE PROJETADA
PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TOTAL |
CONSUMO APARENTE |
SALDO IMPORTAÇÃO COBRE OU EXPANSÃO EXCEDENTE PRIMÁRIO DA PRODUÇÃO EXPORTÁVEL REQUERIDO* INTERNA |
||||
2008p |
225.440 |
25.000 |
250.440 |
409.200 |
158.760 |
0 |
127.008 |
2009 |
210.000 |
42.000 |
252.000 |
452.016 |
200.016 |
0 |
160.013 |
2010 |
240.000 |
48.000 |
288.000 |
481.468 |
193.468 |
0 |
154.774 |
2015 |
270.000 |
54.000 |
324.000 |
537.150 |
213.150 |
0 |
170.520 |
2020 |
270.000 |
54.000 |
324.000 |
641.306 |
317.306 |
0 |
253.845 |
2025 |
270.000 |
54.000 |
324.000 |
797.972 |
473.972 |
0 |
379.178 |
2030 |
270.000 |
54.000 |
324.000 |
1.001.147 |
677.147 |
0 |
541.718 |
Fonte: Caraíba Metais S/A e Anexo I deste relatório. * Corresponde a 80% do total da importação ou expansão da produção interna.
À luz do contexto do mercado global, não se antevêem quaisquer problemas no abastecimento do mercado interno no período 2010-2030, em que pese a crise mundial, ora vivida por todas as economias, não permitir inferir com razoável acuidade o comportamento futuro do mercado internacional. Contudo, há uma expectativa generalizada de ajustes na oferta e na demanda, por conta da nova locomotiva mundial representada pela China.
No tocante aos preços, deve-se considerar que as perspectivas são ainda nebulosas por conta da crise mundial, mas visualizam-se patamares de preços capazes de manter a rentabilidade do negócio no longo prazo.
Na hipótese de o país vir a expandir a capacidade interna de produção de cobre primário pari passo com o aumento do consumo, a indústria necessitará de um contingente adicional de 900 a 2.000 profissionais de diversos níveis de formação, dependendo do cenário considerado.
Embora não haja barreiras relevantes ao crescimento da indústria de cobre brasileira nos dias atuais, é importante que algumas questões aqui abordadas sejam devida e seriamente tratadas e equacionadas pelos Governos Federal e Estaduais, como apoio efetivo à iniciativa privada. São elas:
no plano educacional, urge que os Governos Federal e Estaduais, notadamente, nos estados do Pará, Goiás e Bahia, busquem ampliar e consolidar a oferta de profissionais de nível médio com perfil próprio para a mineração e a metalurgia do cobre, visto que até hoje, em grande parte, a preparação destes profissionais tem cabido às empresas, quando, na realidade, é um papel de governo, Assim sendo, recomenda-se que o Ministério de Minas e Energia - MME interceda junto ao Ministério da Educação - MEC para ampliar a rede de escolas profissionalizantes e criar centros de treinamento para qualificação de pessoal voltado à atividade mínero-metalúrgica nas principais regiões de interesse do cobre, principalmente em Carajás e seu entorno, no estado do Pará, no estado de Goiás, nos pólos produtores de cobre e níquel; e na Bahia, junto ao Pólo de Camaçari, por conta da Caraíba Metais e também na região cuprífera do Vale do Curaçá;
no plano fiscal, urge que o Conselho Nacional de Política Fazendária - CONFAZ, conselho que reúne os Secretários de Fazenda dos Estados e delibera sobre conflitos fiscais entre as unidades da Federação, analise a questão dos incentivos às importações pelos portos do Espírito Santo e Santa Catarina, uma vez que esses benefícios ao importador trazem desvantagens competitivas para qualquer produtor local de cobre metálico e seus produtos, principalmente quando se avizinha a necessidade do país de expandir a oferta interna do metal; e
no plano da infraestrutura de transporte e portuária, urge que ações governamentais sejam implementadas, de forma a ampliar e modernizar a malha ferroviária nas regiões de interesse do cobre (Bahia e Goiás), bem como aparelhar e expandir os portos da Bahia, notadamente Aratu e Salvador, de maneira que haja redução do chamado “Custo Brasil”, tomando-se como referência os portos operados pela Vale, que situam-se entre aqueles de melhor desempenho operacional e competitividade no país.
- APRESENTAÇÃO
O presente relatório analisa a evolução, a situação atual e as perspectivas do segmento da indústria de transformação mineral da cadeia produtiva do cobre no Brasil e a sua inserção no mercado internacional, objetivando subsidiar, no concernente a este metal, a elaboração do Plano Duodecenal (2010-2030) de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, a cargo do Ministério de Minas e Energia - MME, através de sua Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, com o apoio do Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD (Banco Mundial).
O segmento da transformação do cobre é caracterizado e analisado sob múltiplos aspectos, principalmente, no que concerne a usos, consumo, produção e demanda de metal, atual e futura, projeção das necessidades de investimentos e de recursos humanos, tecnologia, capacitação gerencial e empresarial, bem como gargalos legais, acesso a financiamento, aspectos ambientais e logísticos de escoamento. A partir dessa caracterização e da análise dela decorrente, são tiradas conclusões e feitas recomendações, de forma a lastrear as proposições do Plano Duodecenal relativamente a esse segmento da cadeia.
Para fins de caracterização e de análise, a transformação de cobre é aqui entendida como o conjunto de atividades metalúrgicas que objetivam extrair o metal de seus minerais, indo desde a fundição do concentrado de cobre (30% Cu) para obtenção do matte de cobre (60% Cu), seguido da conversão deste em cobre blister (90% Cu), na forma de placa de anodo, até o seu refino eletrolítico, chegando-se ao cobre eletrolítico refinado ou cobre refinado (99,99%), também conhecido como cobre primário. No cobre primário, inclui-se também o metal obtido a partir do refino a fogo para purificação do cobre do anodo, sem passar por qualquer processo eletrolítico. O produto resultante é conhecido como cobre refinado a fogo.
Ainda faz parte do universo do cobre primário, o catodo de cobre SX/EW (99,9%), ou cobre grau electrowon, metal este obtido a partir do tratamento hidrometalúrgico de minérios oxidados e silicatados, ou sulfetados de baixo teor considerados antieconômicos e não susceptíveis à concentração industrial, e de rejeitos, nas minas de cobre. (Vide “Relatório Técnico nº 23 - Perfil da Mineração de Cobre”).
- INDÚSTRIA DE COBRE NO BRASIL: SUAS CARACTERISTICAS E EVOLUÇÃO RECENTE
- LOCALIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA INDÚSTRIA DE COBRE
- As Plantas Metalúrgicas
A indústria de transformação mineral do cobre brasileira se confunde com a Caraíba Metais S/A2, única produtora de cobre primário refinado por eletrólise3 do país, cuja planta pirometalúrgica, com capacidade nominal de 220.000 toneladas por ano, está
localizada junto ao Xxxx Xxxxxxxxxx xx Xxxxxxxx, xx xxxxxxxxx xx Xxxx XxXxxxx, Xxxxxx xx Xxxxx.
A Caraíba responde pela quase totalidade (mais de 98%) do cobre primário produzido no país, seja ele obtido por refino eletrolítico, seja pelo processo hidrometalúrgico.
A Caraíba é uma fundição/refinaria de cobre não integrada a montante e parcialmente integrada a jusante na cadeia produtiva do cobre, no segmento dos semimanufaturados, pois além do catodo de cobre eletrolítico produz vergalhão, fio trefilado, e vergalhão oxygen-free. Por imposição de seu processo pirometalúrgico, a Caraíba é também produtora de ácido sulfúrico.
Em 2008, a empresa produziu 225.440 toneladas de catodo de cobre eletrolítico, oriundo de concentrados nacionais de 3 minas situadas nos estados da Bahia, Pará e Goiás, e de outros importados do Chile, Argentina e Portugal, participando os primeiros com cerca de 20% no blend de matéria-prima da planta.
Ainda no rol do cobre primário, o país conta, desde dezembro de 2006, de forma incipiente, com a produção de catodo de cobre SX/EW obtida em uma planta hidrometalúrgica de 4.500 toneladas por ano de catodo a partir de minério oxidado, implantada pela Mineração Caraíba S/A em Jaguarari, Estado da Bahia. Em 2009, espera-se alcançar a produção de 4.500 toneladas de catodo SX/EW com 99,9% de pureza e de amplo uso na cadeia produtiva
Além de planta de catodo SX/EW, a cadeia do cobre conta também com a Usina Hidrometalúrgica de Carajás (UHC), em Canaã dos Carajás, Estado do Pará, pertencente à Vale (Cia. Vale do Rio Doce). A planta tem capacidade nominal de produção de 10.000 toneladas anuais de catodo, a partir de 35.000 toneladas de concentrado e é voltada essencialmente para tratar concentrados sulfetados da região de Carajás, como alternativa ao tratamento pirometalúrgico
Para maiores detalhes sobre a história do cobre no Brasil, sugere-se consultar o Balanço Mineral Brasileiro 2001, publicado pelo DNPM, e o site da Caraíba Metais S/A, em xxx.xxxxxxxxxxxx.xxx.xx.
Também chamado cobre eletrolítico ou cobre refinado, ou ainda simplesmente cobre primário.
- Universo de Clientes
Por ser orientada a aproveitar as melhores oportunidades de mercado, a Caraíba Metais destina sua produção tanto para o mercado interno quanto para o externo. No mercado interno, a planta da Caraíba Metais tem como clientes do seu catodo os fabricantes de semimanufaturados – trefilados, extrudados e laminados, a maioria deles localizados no Estado de São Paulo. Já os vergalhões e fios trefilados destinam- se essencialmente ao parque produtor de condutores elétricos também ali localizado.
Externamente, os produtos da Caraíba têm a seguinte destinação: catodo de cobre - Europa, Ásia (China) e América do Norte (EUA); e vergalhões e fios trefilados - Europa e Ásia.
Já o catodo SW/EW produzido pela Mineração Caraíba destina-se tanto ao mercado interno – indústria de semimanufaturados de cobre da Grande São Paulo -, quanto ao mercado externo. Neste caso, a União Européia é o principal destino. No tocante ao catodo da UHC, a Vale pretende colocá-lo tanto no mercado interno quanto no externo.
- ESTRUTURA EMPRESARIAL DA INDÚSTRIA DE COBRE
A indústria de transformação mineral do cobre brasileira caracteriza-se por ter um elevado nível de concentração, estando sob controle de apenas uma empresa a quase totalidade da produção de metal primário no país.
A Caraíba Metais S/A é a líder do segmento e responde por mais de 98% da produção de metal primário no país, sendo seguida, por dois novos players - a Mineração Caraíba S/A e a Vale, que se incorporam à esta indústria com a produção de cobre primário por via hidrometalúrgica, ainda de forma muito incipiente.
A Caraíba Metais, empresa genuinamente de capital nacional, é o único produtor de cobre primário eletrolítico no país e tem 98,14% do seu capital social controlado pela Paranapanema S/A. A controladora, por sua vez, é uma empresa holding de negócios de cobre metálico (Caraíba Metais), produtos de cobre (Eluma) e fertilizantes (Cibrafértil), cujo controle acionário é detido por fundos de pensão liderados pela Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil – PREVI e pela BNDESPAR. A Tabela 3.2.a apresenta a composição acionária da controladora da Caraíba Metais S/A.
Tabela 3.2.a
CONTROLE ACIONÁRIO DA PARANAPANEMA S/A
Posição acionária de 31/07/2009.
ACIONISTA |
% TOTAL |
% ON |
% PN |
Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil – PREVI |
24,37% |
24,44% |
0,00% |
Bndes Participações S/A - BNDESPAR |
17,52% |
17,58% |
0,00% |
Fundação Petrobras Seguridade Social – PETROS |
12,01% |
12,05% |
0,00% |
Ewz Investments LLC - Soc. Corr. Pauls. |
5,96% |
5,97% |
1,94% |
Banco UBS Pactual S.A. |
5,11% |
5,13% |
0,00% |
Banco Santander S.A. |
5,10% |
5,11% |
0,00% |
Fundação Sistel de Seguridade Social – SISTEL |
5,05% |
5,06% |
0,00% |
Ações em Tesouraria |
0,01% |
0,00% |
2,44% |
Outros |
24,87% |
24,65% |
95,62% |
TOTAL DAS AÇÕES |
100,00% |
100,00% |
100,00% |
Fonte: Site institucional da Paranapanema S/A, agosto de 2009. |
|
Com exceção da Mineração Caraíba, que é uma empresa de porte médio, tanto a Caraíba Metais quanto a Vale são empresas de grande porte, com faturamento superior a, respectivamente, R$ 3,0 bilhões/ano e R$ 15,0 bilhões/ano.
No que tange ao nível gerencial e organizacional, o segmento do cobre primário brasileiro se sobressai no setor mineral do país por contar com a participação expressiva de empresas conhecidas pela excelência gerencial e organizacional, de reconhecido padrão internacional, como nos casos da Caraíba Metais, da Vale e da Mineração Caraíba, esta a mais antiga e tradicional produtora de concentrado de cobre do país.
Cabe ressaltar que, a partir de 1991, o catodo eletrolítico de alta pureza (99,99%) produzido pela Caraíba Metais obteve da London Metals Exchange – LME, a conhecida bolsa de metais não ferrosos do mundo, o registro na categoria grau A, com a marca CbM, requisito essencial para ser comercializado livremente na LME, passando a ser considerado um produto commodity internacional.
Em 2009, a Xxxxxxx obteve o registro do catodo CbM na Shanghai Futures Exchange (SHFE), fato este que a coloca no mesmo patamar de outros grandes produtores, e faz com que o catodo Caraíba possa ser livremente negociado na SHFE, propiciando amplo acesso ao maior mercado consumidor de cobre do mundo – a China.
A Tabela 3.2.b sintetiza o perfil das principais empresas que atuam no segmento da indústria de cobre primário no país.
Tabela 3.2.b
PERFIL DAS EMPRESAS PRODUTORAS DE COBRE PRIMÁRIO NO PAÍS
EMPRESA |
GRUPO EMPRESARIAL |
PRINCIPAIS ÁREAS DE ATUAÇÃO DO GRUPO |
PORTE DO GRUPO OU EMPRESA |
CONTROLE DO CAPITAL VOTANTE |
NOME DA PLANTA |
LOCALIZAÇÃO DA PLANTA (MUNICÍPIO/ESTADO ) |
CERTIFICAÇÃO DA MINA ISO (9000, 14000, 18000) OU EQUIVALENTES |
PRODUÇÃO DE COBRE PRIMÁRIO (2008p) |
PARTICIPAÇÃO NA OFERTA DOMÉSTICA |
CARAÍBA METAIS S/A |
Paranapanema |
Metalurgia de cobre, fabricação de produtos de cobre, de ácido sulfúrico e de fertilizantes fosfatados |
Grande |
100% Nacional (Paranapanema, empresa listada na Bovespa, detém 98,14% ) |
Caraíba |
Dias D`Ávila/BA |
Certificada nas normas NBR ISSO 9001 para todos os produtos desde 1996 e na ISO 14001 |
225.440 |
98,3% |
CIA. VALE DO RIO DOCE |
Vale |
Mineração de ferro, manganês, níquel, cobre, caulim, bauxita, carvão; metalurgia de alumínio, níquel, metais do grupo da platina, ouro, etc; produção de alumina;siderurgia (participão); logistica de transporte |
Grande |
100% Nacional (Empresa listada nas bolsas de valores de São Paulo e New York) |
UHC - Usina Hidrometalúrgica de Carajás |
Canaã dos Carajás/PA |
A certificação da UHC a ser implantada em médio prazo. |
Em fase de start- up de operação |
- |
MINERAÇÃO CARAÍBA S/A |
Mineração Caraíba |
Mineração de cobre e ouro |
Médio |
100% Nacional |
SX/EW |
Jaguarari/BA |
A certificação da planta SX/EW em processo de certificação. |
3.808 |
1,66% |
Fontes: Vale, 2009. Site institucional disponível em xxxx://xxx. xxxx.xxx/xxxx; Paranapanema, 2009. Site institucional disponível em xxxx://xxx.xxxxxxxxxxxx.xxx.xx/xxxxxxx; Mineração Caraíba, 2009. Site institucional disponível em xxxx://xxx.xxxxxxxxxxxxxxxx.xxx.xx.
p Preliminar
10
- PARQUE PRODUTIVO
A concentração da produção de cobre primário em um único produtor é também uma característica observada na indústria de transformação de cobre brasileira. A quase totalidade da produção de catodo provém essencialmente da planta da Caraíba Metais (98,3%), cabendo o restante a duas novas unidades hidrometalúrgicas: a planta de SX/EW da Mineração Caraíba e a Usina Hidrometalúrgica de Carajás (UHC) da Vale.
- Caraíba Metais
A única planta pirometalúrgica de cobre no país é a da Caraíba Metais S/A, que produz catodo de cobre eletrolítico. Parte do catodo destina-se à unidade de laminação junto à planta, onde são produzidos vergalhões e fios trefilados. A planta dispõe ainda de uma fábrica de ácido sulfúrico para aproveitamento dos gases de enxofre gerados no processo.
O processo pirometalúrgico da Caraíba é convencional e compreende duas etapas de fundição (smelting) do concentrado sulfetado de cobre, envolvendo as unidades de fusão mática (mate de cobre) em forno flash de tecnologia Outokumpu, conversão do mate em fornos conversores para obtenção do blister, refino a fogo do blister para elevar o teor do metal e sua moldagem em forma de anodo e, finalmente, refino eletrolítico com a obtenção de cobre de pureza 99,99% (refining).
A planta também é dotada de uma unidade de laminação para produção de vergalhão de cobre de 8 mm, consistindo basicamente de fusão do catodo em forno vertical, vindo o metal líquido a alimentar uma máquina de lingotamento contínuo, conjugado a um laminador, também contínuo. A partir do vergalhão, equipamentos da unidade de trefilação produzem os fios trefilados, que se destinam aos fabricantes de fios e cabos de cobre - clientes-alvo da Caraíba Metais neste mercado de trefilados. A planta ainda dispõe de uma unidade para obtenção do vergalhão oxygen-free, produto de maior valor agregado na laminação.
As unidades mais críticas e determinantes da planta da Caraíba têm as seguintes capacidades instaladas:
– refino eletrolítico: 220.000 toneladas/ano de cobre eletrolítico de pureza 99,99%, com previsão de expansão para 240.000, 255.000 e 270.000 toneladas/ano, respectivamente, nos anos de 2010, 2012 e 2013;
laminação: 211.000 toneladas/ano de vergalhão;
trefilação: 16.000 toneladas/ano de fio de cobre;
planta de ácido sulfúrico: 570.000 toneladas/ano de H2SO4 e 70.000 toneladas/ano de oleum.
No tocante aos consumos específicos mais relevantes da planta da Caraíba Metais, é importante frisar que a planta brasileira destaca-se entre suas concorrentes
internacionais pelos ganhos em redução de consumo e de geração de resíduos, conforme apresentado na Tabela 3.3.a. A Caraíba Metais é reconhecida pela sua escala de produção e pelos seus índices de desempenho entre as mais importantes metalurgias de cobre do mundo
Segundo a Brook Hunt, conceituada empresa internacional especializada em estudos de commodities metálicas, em estudo sobre custo na indústria do cobre mundial, datado de 2003, a Caraíba Metais situava-se no primeiro quartil da curva capacidade instalada acumulada da indústria de cobre versos custo cash, correspondendo a uma posição entre os 6 smelters de mais baixo custo. O seu custo à época era de 14,21 centavos de dólar/libra-peso, ou US$ 313,27/t para um TC/RC médio de US$187,39/t. Embora já se tenham decorrido mais de 5 anos, há indícios que a planta da Caraíba Metais continue a se posicionar no top dos smelters mais competitivos.
- Mineração Caraíba
A planta hidrometalúrgica para produção de catodo SX/EW localiza-se junto às instalações da mina da Mineração Xxxxxxx, xx Xxxxxxxx Xxxxxxxxx xx Xxxx xx Xxxxxx, em Jaguarari, Estado da Bahia. A unidade de SX/EW tem capacidade de produção de
5.000 toneladas por ano de catodo e destina-se ao tratamento das pilhas de minério oxidado ali existentes.
A operação dessa planta teve início em dezembro de 2006 e deve ser encerrada em 2012, por exaustão dos minérios oxidados e de seus estoques acumulados.
Em virtude de não se dispor de estatísticas de consumos específicos desta planta, a análise comparativa com similares externas fica prejudicada. Entretanto, pelos dados tornados públicos, a planta apresenta um bom desempenho operacional, o que pode refletir consumos específicos em faixas aceitáveis.
- Usina Hidrometalúrgica de Carajás (UHC/Vale)
A Usina Hidrometalúrgica de Carajás (UHC), recém implantada pela Vale nas proximidades da mina de Sossego, em Canaã dos Carajás, no Estado do Pará, tem capacidade para tratar 35.000 toneladas por ano de concentrado sulfetado de cobre, gerando 10.000 toneladas por ano de catodo de cobre com pureza de 99,99% Cu.
Caso se confirme a eficiência do processo hidrometalúrgico em um período de 21 meses, contados do início de operação da unidade, dezembro de 2008, todos os concentrados sulfetados de cobre produzidos pela Vale em Carajás destinar-se-ão à produção de catodo. Nesta hipótese, uma nova planta será implementada em escala maior e adequada à capacidade de geração de concentrados das minas de cobre da Vale.
Trata-se de uma planta com tecnologia canadense desenvolvida pela Cominco Engineering Services Ltd. (CESL), empresa de engenharia do grupo de mineração Cominco. Os investimentos na UHC montaram a mais de U$ 90 milhões, segundo relatórios da Vale.
Como se trata de uma unidade recém entrada em operação, não há dados históricos para se analisar a evolução dos consumos específicos da planta.
É provável que a indústria de cobre no país esteja está no limiar de um evento tecnológico (breakthrough) de grande repercussão na produção do cobre primário, ao se criar uma rota tecnológica alternativa de custos de investimento e operacional mais baixos à rota pirometalúrgica convencional, além de mais amigável ambientalmente, na medida em que não gera gases com forte impacto no meio ambiente.
- Infraestrutura Elétrica e de Transporte de apoio ao Parque Produtor
No tocante à energia elétrica, os sistemas da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – CHESF e das Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A - ELETRONORTE vêm suprindo adequadamente bem às necessidades, respectivamente, da Caraíba Metais S/A e da Mineração Caraíba S/A, ambas situadas no Estado da Bahia, e da Usina Hidrometalúrgica de Carajás (UHC), implantada pela Vale em Carajás, Estado do Pará.
Não se antevêem quaisquer problemas de abastecimento de energia elétrica para o parque produtivo de cobre atual e para suas expansões futuras, segundo informações colhidas no setor. É claro, que o monitoramento da questão elétrica é crucial quando da tomada de decisão para qualquer empreendimento minero-metalúrgico do cobre no país.
A logística de escoamento do metal e do concentrado de cobre no país está baseada no transporte intermodal, conforme descrito a seguir:
Caraíba Metais S/A - o concentrado importado, descarregado no Porto de Aratu e estocado em armazém da própria empresa, é daí retirado e transportado em caminhões até a planta metalúrgica. Já o concentrado doméstico é transportado pela Ferrovia Centro-Atlântica - FCA, quando procedente da Mineração Caraíba, ou por caminhão quando é suprido pela Mina Chapada (Goiás). No que diz respeito aos produtos metálicos da Caraíba Metais, o principal meio de transporte é o rodoviário, em caminhão carreta, quer seja destinado ao parque consumidor doméstico (localizado principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro), quer destinado ao mercado externo, cujo embarque em navios se dá preferencialmente no Porto de Salvador;
Vale – tanto o concentrado quanto o catodo de cobre têm transporte intermodal: caminhão das minas até a Estrada de Ferro Carajás (EFC), que os descarrega em São Luís para embarque em navios, tanto para o mercado internacional, quanto para o mercado doméstico;
Mineração Caraíba S/A - o concentrado é transportado em caminhões da usina de concentração até uma área de armazenagem junto à Ferrovia Centro Atlântica, em Jaguarari, de onde segue até a planta da Caraíba Metais, em Dias D`Ávila, na área do Pólo de Camaçari, Estado da Bahia. O catodo é enviado para o mercado interno em caminhão. Segue também em caminhão até o Porto de Salvador para ser embarcado para o mercado externo.
Sem dúvida, as condições da infraestrutura de transporte e portuário no país, ainda carentes de melhorias e modernização, constituem-se em um dos principais itens do chamado “Custo Brasil”. E urge que ações concretas sejam implementadas para sua redução, sob pena da competitividade brasileira, ainda existente, ficar seriamente comprometida.
Tabela 3.3.a
CONSUMO DE INSUMOS E GERAÇÃO DE RESÍDUOS DA PLANTA DA CARAÍBA METAIS S/A
DISCRIMINAÇÃO 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009*
Produção de Catodo (t de cobre)
Cátodo 174.362 208.027 199.040 218.171 218.285 225.440 225.440
Consumo de Energia (1.000 kWh) |
|||||||
Consumo Total de Energia |
301.403 |
346.978 |
327.941 |
362.290 |
337.229 |
355.857 |
325.183 |
Consumo Unitário (kWh/t cobre produzido) |
1.728,6 |
1.667,9 |
1.647,6 |
1.660,6 |
1.544,9 |
1.578,5 |
1.442,4 |
Consumo de Gás Natural (1.000 m3) |
|||||||
Consumo Total de Gás Natural |
31.527 |
35.973 |
33.387 |
34.845 |
36.130 |
36.802 |
34.323 |
Consumo Unitário (1.000 m3/t cobre produzido) |
180,8 |
172,9 |
167,7 |
159,7 |
165,5 |
163,2 |
152,2 |
Consumo de Água (1.000 m³) |
|||||||
Consumo de Água (m³) |
2.069 |
2.687 |
1.941 |
2.511 |
2.732 |
2.995 |
2.435 |
Consumo Unitário (m³/t de cobre produzido) |
11,9 |
12,9 |
9,8 |
11,5 |
12,5 |
13,3 |
10,8 |
Geração de Efluentes Líquidos (1.000 m3) |
|
||||||
Geração Total de Efluentes para Cetrel |
1.679 |
1.683 |
1.797 |
2.008 |
1.494 |
1.760 |
801 |
Geração Unitária (m³/t de cobre produzido) |
9,6 |
8,1 |
9,0 |
9,2 |
6,8 |
7,8 |
3,6 |
Geração de Resíduos Sólidos (t) |
|||||||
Geração Total de Resíduos para disposição final |
322.560 |
365.035 |
256.131 |
282.574 |
223.775 |
131.935 |
55.760 |
Geração Unitária (t/t de cobre produzido) |
1,8 |
1,8 |
1,3 |
1,3 |
1,0 |
0,6 |
0,2 |
Fonte: Caraíba Metais S/A. * Ritmo (acumulado até junho/2009)
15
- RECURSOS HUMANOS DA INDÚSTRIA DE COBRE
A Figura 3.4.a mostra a evolução da produtividade média na indústria de cobre primário no Brasil, no período de 1990 a 2005. Note-se que a produtividade na indústria tem crescido de forma consistente a uma taxa de 4,6% a.a. desde o início do período de observação, vindo de 114,7 t para 257,8 t de metal/empregado/ano, como reflexo da contínua modernização da planta da Caraíba Metais.
FIGURA 3.4.a
EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE NA PRODUÇÃO DE COBRE PRIMÁRIO
300,0
t de Cu/empregado/ano
250,0
200,0
150,0
100,0
50,0
0,0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
FONTES: Banco de Dados MINERALDATA do Centro de Tecnologia Mineral – CETEM; Caraíba Metais S/A.
O contingente de pessoal diretamente vinculada à indústria de cobre primário4, cuja evolução pode ser observada na Figura 3.4.b, tem decrescido desde 1990 (quando tiveram início os registros), vindo de um patamar de 1.370 para 800 empregados em 2009, fato este decorrente do processo de modernização e de inovações tecnológicas introduzidas na planta, além da racionalização de atividades, com a consequente redução do quadro de pessoal. De qualquer forma, a indústria de cobre atual é cada vez menos intensiva em mão de obra.
Visto que a indústria de cobre primária, qualquer que seja a rota tecnológica (piro ou hidrometalurgia), é intensiva em capital, e não em mão de obra, não se espera demanda de pessoal em níveis como aqueles do passado.
4 Toda a análise relativa a recursos humanos foi feita com base nos dados estatísticos da Caraíba Metais, que abrange praticamente 100% do universo destes recursos.
FIGURA 3.4.b
MÃO DE OBRA EMPREGADA NA PRODUÇÃO DE COBRE PRIMÁRIO NO BRASIL
1.600
1.400
1.200
1.000
800
600
400
200
0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Mão-de-Obra Empregada (Empregos)
FONTES: Banco de Dados MINERALDATA do Centro de Tecnologia Mineral – CETEM; Anuário Mineral Brasileiro.
Como pode ser observado na Figura 3.4.c, o índice de coeficiente de ocupação de mão de obra na indústria do cobre, expresso em número de empregos por mil toneladas de cobre metálico, no sentido inverso ao aumento da produtividade e em decorrência desta, vem caindo sistematicamente nos últimos 19 anos (início dos registros pelo Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM). Este índice variou de 8,7 empregos por 1.000 toneladas de cobre em 1990, para praticamente 3,9 em 2009, uma queda de 55% no período considerado. Denota essa queda uma significativa otimização e racionalização no uso da mão de obra empregada na indústria. O gráfico da mencionada figura mostra uma nítida tendência de estabilização do índice no patamar de 4,0 empregos por 1.000 t.
FIGURA 3.4.c
COEFICIENTE DE OCUPAÇÃO DE MÃO DE OBRA NA PRODUÇÃO DE COBRE PRIMÁRIO
Empregos / 1.000 t Cu
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
FONTES: Banco de Dados MINERALDATA do Centro de Tecnologia Mineral – CETEM; Anuário Mineral Brasileiro.
No que concerne ao nível de formação da mão de obra, a Xxxxxx 3.4.a mostra a distribuição do quadro de pessoal da líder do segmento, de acordo com o nível de escolaridade.
Tabela 3.4.a
QUADRO DE PESSOAL DA XXXXXXX METAIS: NÍVEL DE FORMAÇÃO
|
NÍVEL DE FORMAÇÃO |
|||||||
BÁSICO |
TÉCNICO |
SUPERIOR |
TOTAL |
|||||
SETOR |
QTD. |
% |
QTD. |
% |
QTD. |
% |
QTD. |
% |
Operação |
317 |
93% |
14 |
4% |
10 |
3% |
341 |
100% |
Manutenção |
118 |
65% |
53 |
29% |
11 |
6% |
182 |
100% |
Administrativo |
82 |
34% |
46 |
19% |
114 |
47% |
242 |
100% |
Comercial |
13 |
38% |
0 |
0% |
21 |
62% |
34 |
100% |
TOTAL |
531 |
66% |
112 |
14% |
156 |
20% |
799 |
100% |
Fonte: Caraíba Metais S/A
Pode-se observar que, de um contingente de 799 pessoas trabalhando hoje na planta, a maioria (531 pessoas) tem nível de formação considerada básica. De nível médio, somam apenas 112 pessoas, enquanto o contingente de nível superior alcança 156 pessoas (20% do total). Esse fato é ilustrado na Figura 3.4.d a seguir apresentada.
Conforme fontes da indústria do cobre, há dificuldade para contratação de mão de obra qualificada para a operação de plantas metalúrgicas, visto inexistir curso especializado na Bahia, além de haver forte competição com o pólo industrial de Camaçari.
Figura 3.4.d
DISTRIBUIÇÃO DO PESSOAL POR NIVEL EDUCACIONAL
20%
14%
66%
SUPERIOR TÉCNICO BÁSICO
Fonte: Caraíba Metais S/A
- ASPECTOS TECNOLÓGICOS DA INDÚSTRIA DE COBRE
Em que pese ser uma planta do início da década de 1980 e baseada na rota convencional da pirometalurgia, a Caraíba Metais, a maior e a mais tradicional produtora de cobre primário do país, investe continuamente em sua unidade produtiva, objetivando mantê-la atualizada tecnologicamente na rota adotada e mitigar os efeitos ambientais advindos de sua atividade industrial.
Conforme estudos da Xxxxx Xxxx, a planta da Caraíba Metais tem um padrão tecnológico avançado e adota as melhores práticas operacionais e ambientais, que a colocam entre as 10 top da indústria mundial. Este fato vem corroborar a visão que se tem dela como uma produtora de baixo custo cash, situando-se também entre as 10 mais competitivas no conjunto dos produtores mundiais de cobre.
Embora ainda seja incipiente, a indústria de cobre primário brasileira ingressou definitivamente no rota hidrometalúrgica com dois processos distintos. O primeiro foi introduzido pela Mineração Caraíba em sua planta de 5.000 toneladas/ano de catodo de cobre com a tecnologia SX/EW, que visa tratar minério oxidado de cobre e obter catodo de cobre, junto à sua mina em Jaguarari, Estado da Bahia. As soluções com cobre dissolvido, resultantes de lixiviação ácida do minério oxidado empilhado, são submetidas à operação conjunta de extração por solventes (Solvent Extraction) e eletrodeposição (Electrowinning) do cobre, sem necessidade de fundição ou refino eletrolítico. O catodo de cobre, também conhecido como cobre SX/EW, ou cobre grau electrowon, tem pureza superior a 99,9% e é de amplo uso na cadeia produtiva.
A tecnologia SX/EW, hoje responsável por 25% da produção de metal no mundo, tem como desvantagem o não aproveitamento dos subprodutos como ouro e prata e, em
alguns casos, não atingir a pureza 99,9% requerida por determinados segmentos de consumo. Neste caso, o catodo SX/EW é submetido a refino. O custo de investimento da planta SX/EW equivale entre 30% e 40% ao de uma planta pirometalúrgica, além de permitir escalas menores e flexibilidade operacional. O aproveitamento dos metais nobres associados ao cobre é uma questão meramente de tempo, pois na medida em que a tecnologia se espraiar, como de fato vem ocorrendo no mundo, fatalmente novos processos surgirão para remover esta desvantagem do processo SX/EW.
O segundo processo hidrometalúrgico, denominado CESL (iniciais da empresa canadense Cominco Engineering Services Ltd.) pode ser um novo marco tecnológico, na medida em que criará uma alternativa à pirometalurgia no tratamento de concentrados sulfetados. Esse processo está consubstanciado na Usina Hidrometalúrgica de Carajás (UHC), implantada e posta em marcha pela Vale em dezembro de 2008, em Carajás/Pará.
A UHC é uma iniciativa inovadora e revolucionária na indústria de cobre que merece registro e reflete a nova fase da indústria doméstica de cobre. Trata-se de uma planta hidrometalúrgica com tecnologia desenvolvida pela CESL, do grupo Teck-Cominco, ainda com caráter experimental em escala industrial, e tem capacidade para tratar
35.000 toneladas de concentrado de cobre sulfetado, gerando 10.000 toneladas de catodo de cobre com 99,99% de pureza, sem que haja necessidade de fundição ou refino eletrolítico. Os investimentos nesta unidade foram da ordem de U$ 90 milhões. Prevê-se que a operação da planta dar-se-á por um período de 21 meses, a partir de dezembro de 2008, ao fim do qual se espera que seja comprovada a eficiência do processo. Caso afirmativo, a Vale partirá para a construção de uma nova planta industrial em escala de tamanho adequado para tratar o concentrado de cobre de suas minas, a atual e as futuras, localizadas na Província Mineral de Carajás. O sucesso desta iniciativa, segundo a empresa, a colocará em posição bastante competitiva no mercado internacional do cobre metálico.
O desenvolvimento tecnológico trazido pela Vale poderá mudar e redirecionar a indústria do cobre no Brasil, em particular, e impactar a mundial, no geral.
O grande impacto será nos custos do investimento e operacional do segmento da transformação mineral, visto que um projeto hidrometalúrgico, com a tecnologia CESL, ora em comprovação industrial, demandará investimentos menores, segundo fontes da indústria, do que um projeto convencional pirometalúrgico com a mesma capacidade. Por conta de ser implantado junto à mina/concentração ou nas suas proximidades, o projeto metalúrgico propiciaria ganhos em sinergia com a mina no tocante à infraestrutura, à parte administrativa e à flexibilidade operacional, além de ganhos com a redução em mais de 2/3 do custo de transporte (metal versus concentrado com 30% Cu). E mais ainda, e de forma relevante, as vantagens relativas ao meio ambiente, diante da inexistência de emissão de gases poluentes.
Graças ao maior grau de abertura e interação da economia brasileira com o exterior, o segmento da produção de cobre primário tem plena liberdade e não sofre quaisquer restrições para acessar e adquirir tecnologias necessárias à modernização de suas unidades, bem como comprar equipamentos e serviços de qualquer natureza, ou ainda adquirir outros fatores de produção, tanto interna quanto externamente. Por outro lado, ressalte-se que a indústria nacional de bens de capital é hoje competitiva e está
perfeita e globalmente integrada, atuando de forma bastante competitiva vis-à-vis a indústria do exterior.
A área de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da indústria do cobre conta com centros de pesquisa de excelência no país, podendo ainda buscar alternativas no exterior.
- ASPECTOS AMBIENTAIS
- Aspectos Gerais
A despeito de ser uma planta do início dos anos 80, quando os padrões de exigências ambientais ainda eram incipientes no país, a Caraíba Metais é uma unidade industrial que se encontra no estado da arte no tocante a processos, equipamentos e gerenciamento das questões ambientais, nos seus múltiplos aspectos. O mesmo se verifica na planta hidrometalúrgica da Mineração Caraíba e na Usina Hidrometalúrgica de Carajás da Vale.
Todas as plantas estão ambientalmente licenciadas de conformidade com os rigores da Legislação Ambiental vigente nos níveis federal, estadual e também municipal, além de terem seus condicionantes estabelecidos por suas licenças de operação plenamente atendidos.
- Resíduos líquidos e sólidos na Caraíba Metais
De acordo com a Caraíba Xxxxxx, os seus efluentes líquidos são gerados, coletados e tratados em regime de sistema “separador”, um para os orgânicos e outro para os “inorgânicos”, não havendo mistura entre eles (Tabela 3.6.a).
Os efluentes orgânicos são formados pelas águas servidas dos sanitários e cozinha e são conduzidos por sistema de tubulações até um Poço de Estação Elevatória e por bombeamento são transferidos para a rede coletora de orgânicos da CETREL – Central de Tratamento de Efluentes Líquidos, empresa de tratamento de efluentes do Complexo Industrial de Camaçari (Bahia), onde são tratados pelo sistema de lodos ativados e posteriormente lançados ao oceano através de um emissário submarino com 5 km de extensão.
Já os efluentes inorgânicos gerados nos processos industriais são coletados e enviados a uma UTE (Unidade de Tratamento de Efluentes) interna, onde recebem tratamento para retirada dos metais e neutralização da acidez inicial. A parte líquida já tratada é reaproveitada (reciclada) parcialmente nos processos internos e o excedente é encaminhado à rede coletora do sistema de inorgânicos da CETREL, juntamente com as águas de blow down das Torres de Resfriamento e precipitações pluviométricas. Antes de irem para a CETREL, passam por uma bacia de sedimentação.
No que tange à geração de resíduos sólidos - rejeitos dos processos produtivos (Tabela 3.6.b), o processo metalúrgico do cobre tem como principais rejeitos a escória granulada do forno elétrico e a lama de gesso do tratamento de efluentes (UTE). A empresa desenvolveu o processo de aproveitamento comercial da escória como subproduto para a indústria cimenteira, para a indústria da construção civil e para a
indústria de jateamento, no tratamento de superfícies metálicas. O excedente da escória é conduzido a um aterro específico, em terreno da própria empresa. Essa disposição, bem como seu uso como subproduto, é aprovada pelo órgão ambiental do estado, na licença de operação. A lama de gesso é coletada e transportada em caçambas para um aterro especial na própria unidade, onde é disposta. Este aterro possui várias camadas impermeabilizantes, visando a proteção do solo e águas subterrâneas, sendo licenciado pelo órgão ambiental do estado.
- Sistema de Gestão Ambiental na Caraíba Metais
A empresa possui um Sistema de Gestão Ambiental voltado à otimização do uso dos recursos naturais e a prevenção à poluição, através dos princípios da produção mais limpa e do gerenciamento dos seus efluentes líquidos, sólidos e gasosos. Os gases (SO2) gerados nos fornos flash e conversores são coletados e enviados para uma planta de ácido sulfúrico, onde são purificados e processados para a produção do ácido sulfúrico e oleum, com eficiência superior a 99,5%. Os gases residuais desta unidade são enviados à atmosfera através de chaminé, com monitoramento on-line. A região de influência é monitorada através de nove estações de qualidade do ar, operadas pela CETREL e os níveis, tanto de emissão, quanto de qualidade atmosférica, atendem aos padrões da legislação vigente. Os processos também são monitorados e atendem aos padrões de qualidade ambiental e legislações vigentes. O Sistema de Gestão Ambiental é certificado pela Norma NBR ISO 14001. .
Tabela 3.6.a
EFLUENTES LÍQUIDOS DA PLANTA DA CARAÍBA METAIS
Geração de Efluentes Líquidos (1.000 m3)
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009*
Sistema Orgânico |
108 |
136 |
96 |
117 |
76 |
54 |
28 |
Sistema Inorgânico |
1.571 |
1.547 |
1.701 |
1.891 |
1.418 |
1.706 |
772 |
Geração Total de Efluentes para Cetrel |
1.679 |
1.683 |
1.797 |
2.008 |
1.494 |
1.760 |
801 |
Geração Unitária (m³/t de cobre produzido) |
9,6 |
8,1 |
9,0 |
9,2 |
6,8 |
7,8 |
3,6 |
Fonte: Caraíba Metais S/A. * Ritmo (acumulado até junho/2009) |
|
|
|
|
|
|
|
Tabela 3.6.b
EFLUENTES SÓLIDOS DA PLANTA DA CARAÍBA METAIS
Geração de Resíduos Sólidos (t)
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009*
Geração de Escória |
299.955 |
331.812 |
315.754 |
377.377 |
338.835 |
357.962 |
164.948 |
Escória comercializada |
107.597 |
87.281 |
181.000 |
214.836 |
209.143 |
251.852 |
121.275 |
Escória para disposição final |
192.358 |
244.531 |
134.754 |
162.541 |
129.692 |
106.110 |
43.673 |
Geração de Lama de Gesso |
130.202 |
120.504 |
121.377 |
120.033 |
94.083 |
25.825 |
12.087 |
Geração Total de Resíduos para disposição final |
322.560 |
365.035 |
256.131 |
282.574 |
223.775 |
131.935 |
55.760 |
Geração Unitária (t/t de cobre produzido) |
1,8 |
1,8 |
1,3 |
1,3 |
1,0 |
0,6 |
0,2 |
Fonte: Caraíba Metais S/A. * Ritmo (acumulado até junho/2009) |
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23
- EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE COBRE E DO SEU VALOR
A Tabela 3.7.a apresenta a evolução da produção brasileira de cobre primário e o seu valor, no período de 1990 a 2008, o qual retrata o ambiente de volatilidade e instabilidade da indústria doméstica de 1990 a 2003. A partir de 2004, tanto a produção quanto o seu valor experimentam forte incremento, em razão não apenas do aumento da tonelagem, mas também da melhoria do preço do metal no mercado internacional, notadamente no período de 2006 a 2008 (vide Figura 3.8.a).
Tabela 3.7.a
EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO E DO VALOR DO COBRE PRIMÁRIO
-
COBRE - PRODUÇÃO VALOR DA
ANO PREÇO LME DE COBRE PRODUÇÃO
(US$/t) PRIMÁRIO (U$ Milhões)
1990 2.668 157.117 419.188.156
1991 2.339 141.443 330.835.177
1992 2.284 157.950 360.757.800
1993 1.914 161.108 308.360.712
1994 2.307 170.033 392.266.131
1995 2.936 164.966 484.340.176
1996 2.295 172.075 394.912.125
1997 2.294 177.060 406.175.640
1998 1.617 167.205 270.370.485
1999 1.573 193.014 303.611.022
2000 1.789 185.345 331.582.205
2001 1.578 212.243 334.919.454
2002 1.571 189.651 297.941.721
2003 1.778 173.378 308.266.084
2004 2.860 208.020 594.937.200
2005 3.676 199.043 731.682.068
2006 6.722 219.700 1.476.823.400
2007 7.116 218.367 1.553.877.735
2008 6.954 225.440 1.567.739.067
Fonte: DNPM, Caraíba Metais
A evolução do faturamento no período 2003 a 2008 da líder do segmento, a Caraíba Metais, é apresentada na Tabela 3.7.b. Cabe salientar que o faturamento da empresa engloba as vendas de catodo de cobre, vergalhão, fios trefilados, ácido sulfúrico e outros subprodutos. Destaque-se o bom desempenho da empresa, com reflexos positivos no crescente valor do seu faturamento.
Tabela 3.7.b
EVOLUÇÃO DO FATURAMENTO DA CARAÍBA METAIS
-
ANO
FATURAMENTO
R$ Mil
U$ Mil
2003
1.390.879
453.055
2004
2.200.636
752.226
2005
2.301.596
945.486
2006
3.735.054
1.716.793
2007
3.506.687
1.800.609
2008
3.008.937
1.640.463
Fonte: Caraíba Metais
- EVOLUÇÃO E TENDÊNCIA DO PREÇO DE MERCADO
O ano de 2008 marca o fim de um longo período de demanda crescente e alta de preço de todas as commodities metálicas, sem exceção, que teve início em 2002. Até então, o mercado experimentava volatilidade nos preços, porém dentro de uma faixa sem grande amplitude, conforme pode ser visto na Figura 3.8.a, que apresenta a evolução do preço do cobre na Bolsa de Metais de Londres (London Metal Exchange – LME).
A deterioração do ambiente econômico em decorrência da grave crise vivida pela economia mundial, a partir do 2º semestre de 2008, desestabilizou os mercados das commodities metálicas, provocando a erosão dos preços a patamares, até agora verificados, um pouco acima daqueles realizados em 2005.
No curto e médio prazos, a volatilidade dos preços do cobre será a tônica no mercado internacional, onde a demanda e a oferta encontram-se completamente desestabilizadas, sem tendências claras por parte dos agentes econômicos.
Até haver sinais claros e firmes de saída da recessão por parte da maioria das economias do primeiro mundo – EUA, União Européia e Japão - e de retorno da China a taxas de crescimento históricas observadas antes da crise, a volatilidade do preço do cobre na LME, bem como dos demais metais, como já mencionado anteriormente, marcará e predominará no mercado por muito tempo.
Alguns analistas do mercado internacional de metais arriscam prever que os preços do cobre se situem na faixa de U$ 3.500,00 a U$ 5.500 nos próximos 5 anos, caso não haja pressão de demanda exageradamente forte por parte da China, com redução de estoques, e sem que ocorram ajustes da oferta mundial. De qualquer sorte, há uma crença generalizada de que a os preços no após crise tenderão a experimentar flutuações de forma mais sustentável e consistente, refletindo as condições de oferta x demanda, visto que aos agentes econômicos não interessam ambientes instáveis e de
alto risco, ainda ressentidos com as perdas ocorridas pela maioria deles com a crise internacional.
Figura 3.8.a
EVOLUÇÃO RECENTE DO PREÇO DO COBRE NO MERCADO INTERNACIONAL
COBRE - PREÇO LME (US$ corrente/t)
8.000,00
7.000,00
6.000,00
5.000,00
4.000,00
3.000,00
2.000,00
1.000,00
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
0,00
Cobre - Preço LME (US$/t)
.
- INVESTIMENTOS NA INDÚSTRIA DE COBRE
O único investimento de monta na indústria de cobre primário no Brasil ocorreu no período de 1979 a 1982, quando foi implantado o projeto do smelter da Caraíba Metais. (greenfield project). Desde então, os investimentos realizados referem-se a pequenas expansões de capacidade, modernização e atualização tecnológica, substituição de equipamento e manutenção corrente da planta da Caraíba Metais.
A Figura 3.9.a mostra a distribuição dos investimentos realizados pela Caraíba Metais em sua planta de Dias D`Ávila. Os investimentos da Caraíba Metais previstos para o período de 2009 a 2013 são apresentados na Tabela 3.9.a. Praticamente, os investimentos se destinam à manutenção corrente e às expansões da planta, que em 2013 alcançará a capacidade de 270.000 toneladas por ano.
Com relação a investimentos em projetos de expansão (brownfield projects) e de novas unidades produtoras de cobre primário (greenfield projects), seja pela rota da pirometalurgia, seja pela rota da hidrometalurgia, pesquisa feita sobre projetos recém implantados e/ou com anúncio de implantação a curto e médio prazos, aponta para as faixas de valores mostrados na Tabela 3.9.b.
Figura 3.9
CARAÍBA METAIS: COMPOSIÇÃO DOS INVESTIMENTOS – 2003/2008
VALORES EM R$ MIL
Substituição / Recuperação de Equipamento; 93.600
Modernização / Melhorias; 55.715
Aumento de Capacidade; 93.600
Tabela 3.9.a
INVESTIMENTOS PREVISTOS DA CARAÍBA METAIS
-
ANO
VALOR DO INVESTIMENTO
(R$ Mil)
2009
55.715
2010
93.600
2011
93.600
2012
55.000
2013
55.000
Tabela 3.9.b
ESTIMATIVA DE INVESTIMENTO PARA PROJETOS DE EXPANSÃO E NOVA UNIDADE PRODUTORA DE COBRE PRIMÁRIO
TIPO DE PROJETO |
VALOR UNITÁRIO DO INVESTIMENTO (US$/ tonelada de metal) |
PRODUÇÃO DE COBRE PRIMÁRIO
(planta pirometalúrgica de 250.000/300.000 tpa e infraestrutura) |
|
Expansão |
3.000 / 5.000 |
Novo smelter (dependendo da localização) |
5.000 / 7.000 |
PRODUÇÃO DE CATODO SX/EW (planta hidrometalúrgica de 5.000/30.000 tpa de catodo e infraestrutura) |
|
Planta nova |
2.500 a 4.500 (dependendo da localização) |
4 - USOS E DESTINAÇÃO DOS PRODUTOS DA INDÚSTRIA DE COBRE
Em razão de suas excepcionais propriedades - alta resistência à corrosão, excelente condutividade elétrica e térmica, ótima maleabilidade e ductibilidade, excelente metal de liga, ótima durabilidade e reciclabilidade, micronutriente essencial, entre outras -, o cobre detém a 3ª posição como o metal mais usado nos dias atuais, após o ferro e o alumínio.
O cobre, tanto na forma de metal quanto como elemento de liga ou em compostos químicos, é empregado em uma enorme gama de aplicações nos mais diferentes setores da atividade humana. Em resumo, destacam-se entre suas aplicações:5:
Indústria elétrica e eletrônica - na transmissão de energia, na fabricação de equipamentos elétricos e eletrônicos e de aparelhos eletrodomésticos;
Engenharia industrial - para serviços de estampagem, forjamento e usinagem de peças e componentes, produção de peças fundidas para corpos de bomba, válvulas, aparelhos para a indústria química e a petroquímica, tubos e chapas para trocadores de calor, refrigeradores e condicionadores de ar;
Construção civil - em coberturas, calhas, instalações hidráulicas e metais sanitários, fechaduras, ferragens, corrimões, juntas de vedação e de dilatação, luminárias e esquadrias, portas, painéis decorativos, adornos, dentre outros;
Transporte: (a) Indústria automobilística – utilizado em radiadores, carburadores, partes elétricas do veículo e em acessórios; (b) - Indústria naval - em hélices de propulsão, peças para comportas e ancoradouros, tubulações, tintas anticorrosivas para proteção dos cascos dos navios e em diversos equipamentos, máquinas e instrumentos de navegação; (3) Indústria aeronáutica – nos aparelhos de telecomunicações, nas linhas hidráulicas de pressão, mancais de trens de pouso e em equipamentos de precisão e controle de vôo; (4) Indústria ferroviária – em cabos condutores aéreos para estradas de ferro eletrificadas, motores e outros equipamentos.
Outros usos do cobre, - em cunhagem de moedas, na fabricação de armas e munições, na indústria alimentícia, na indústria de embalagens, na indústria de bebidas, na indústria farmacêutica, em galvanização, na indústria química em geral, na fabricação de cerâmica, na fabricação de equipamentos e produtos agrícolas, alimentício, pesticida e fungicida, na produção de tintas e pigmentos, na joalharia, etc.
Globalmente, os principais mercados de uso final do cobre são os setores da construção civil e da eletro-eletrônica-comunicação, que juntos respondem por mais de 60% do consumo mundial do metal. O padrão de consumo do cobre em seus diferentes usos finais varia de país para país em função, notadamente, do estágio de desenvolvimento, da maturidade econômica e do impacto do setor exportador na economia de cada um deles.
5 Fonte: DNPM - Balanço Mineral Brasileiro, 2001.
As Figuras 4.1.a, 4.1.b e 4.1.c mostram a distribuição do consumo do cobre por setor, respectivamente, nos Estados Unidos, China e Brasil. Cabe frisar que, em 2008, enquanto nos Estados Unidos o setor predominante era o da construção civil, com 49% do total, na China, o setor de eletrônica-comunicação respondia pela maior parcela do consumo, com 42% contra 26% da construção. Já no Brasil os dados disponíveis sobre o assunto, lamentavelmente datados de 2002, apontavam para o setor de construção civil como o dominante, respondendo por 32% do total, seguido pelos setores de eletro-eletrônica/telecomunicação com 10%, e pelo de transmissão- distribuição de energia, com 11% (ou seja, cabos e fios somavam apenas 21%).
Figura 4.1.a
CONSUMO DE COBRE NOS ESTADOS UNIDOS, POR SETOR INDUSTRIAL
2008
ELETRO- ELETRÔNICO & COMUNICAÇÃO 20%
CONSTRUÇÃO CIVIL 49%
BENS DURÁVEIS 11%
TRANSPORTE
11%
Fonte: International Copper Study Group - ICSG
Figura 4.1.b
CONSUMO DE COBRE NA CHINA, POR SETOR INDUSTRIAL
2008
CONSTRUÇÃO CIVIL 26%
ELETRO-ELETRÔNICO
& COMUNICAÇÃO 42%
TRANSPORTE
13%
BENS DURÁVEIS 10%
Fonte: International Copper Study Group - ICSG
Figuras 4.1.c
CONSUMO DE COBRE NO BRASIL, POR SETOR INDUSTRIAL
2000
TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA
7%
OUTROS 13%
CONSTRUÇÃO CIVIL
31%
TELECOMUNICAÇÕES
13%
AUTOMOTIVO 9%
REFRIGERAÇÃO E AR-
CONDICIONADO MÁQUINAS E
10%
EQUIPAMENTOS
6%
ELETRO-ELETRÔNICO
7%
ELETRODOMÉSTICOS
4%
2001
TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA
8%
OUTROS
15%
CONSTRUÇÃO CIVIL
34%
TELECOMUNICAÇÕES
9%
REFRIGERAÇÃO E AR- CONDICIONADO 10%
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 6%
ELETRO-ELETRÔNICO 6%
AUTOMOTIVO 8%
ELETRODOMÉSTICOS 4%
2002
TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA
11%
OUTROS 17%
REFRIGERAÇÃO E AR- CONDICIONADO 12%
CONSTRUÇÃO CIVIL
32%
AUTOMOTIVO
9%
TELECOMUNICAÇÕES 3%
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS 6%
ELETRO-ELETRÔNICO
7%
ELETRODOMÉSTICOS
3%
Fonte: SINDICEL - Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não-Ferrosos do Estado de Sã