Plano Nacional de Capacitação em Arranjos Produtivos Locais
Plano Nacional de Capacitação em Arranjos Produtivos Locais
Plano Nacional de Capacitação em Arranjos Produtivos Locais (PNC/APLs)
Versão Final Contrato de Prestação de Serviços Nº 22/2012 Convite Nº 007/2012 – Processo Nº 3754/2012
Contrato firmado entre a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI e Savi E Geremia Planejamento, Consultoria & Auditoria LTDA.
Plano Nacional de Capacitação em Arranjos Produtivos Locais (PNC / APLs)
(Versão Final)
Execução:
SAVI E GEREMIA PLANEJAMENTO, CONSULTORIA & AUDITORIA LTDA.
Equipe Técnica:
Prof. Dr. Xxxxx Xxxxxxxxxxx (coordenador técnico) Prof.ª Drª. Xxx Xxxxx Xxxxxx
Prof. Dr. Xxxx Xxxxxxx Xxxxxxxxxx; Profª. Drª. Xxxxxx Xxxxxxx;
Prof. Dr. Xxxxx Xxxxxx
Sumário
1. Referencial Analítico e Metodológico 6
1.1 Uma Retomada do Debate sobre Aglomerações Industriais 7
1.2 O Enfoque Analítico e Metodológico de Arranjos Produtivos Locais 11
1.3 Definição do Objetivo, Diretrizes e Metodologia. 21
2. Tendências Gerais relativas à Capacitação de Agentes Gestores de APLs 24
2.1 Evidências da Experiência Internacional na Capacitação de Agentes em
APLs 24
2.2 Evidências da Experiência Brasileira na Capacitação de Agentes em APLs 55
3. Identificação e Definição dos Públicos-Alvo 62
3.1 Definição de Públicos-Alvo e Competências a Serem Desenvolvidas 66
3.1.1 Formuladores e executores de política 67
3.1.1.1 Competências a serem desenvolvidas pelos formuladores e executores de
política 68
3.1.1.2 Metas de Atendimento do público-alvo de formuladores e executores de
política 70
3.1.2 Gestores e multiplicadores locais 71
3.1.2.1 Competências a serem desenvolvidas pelos gestores e multiplicadores
locais 71
3.1.2.2 Metas de atendimento do público-alvo de gestores e multiplicadores
locais 72
3.1.3 Agentes Produtivos Locais 72
3.1.3.1 Competências a serem desenvolvidas pelos empreendedores e agentes
produtivos locais 73
3.1.3.2 Metas de Atendimento do público-alvo de empreendedores e agentes
produtivos locais 74
4. Definição dos Módulos e das Disciplinas 75
4.1 Curso para Formuladores e Executores de Políticas para APLs 75
4.1.1. Definição dos módulos para os cursos de formuladores e executores de
políticas 75
4.1.2 Definição das disciplinas e bibliografia sugerida para os módulos para os
cursos de formuladores e executores de políticas 80
4.1.3 Disposições gerais e mecanismos de avaliação dos cursos de formuladores
e executores de políticas 94
4.2 Curso para Gestores e Multiplicadores Locais 97
4.2.1. Definição dos módulos para os cursos de gestores e multiplicadores locais 97
4.2.2 Definição das disciplinas e bibliografia sugerida para os módulos do curso de gestores e multiplicadores locais
4.2.3 Disposições gerais e mecanismos de avaliação do curso de gestores e multiplicadores locais
99
108
4.3 Curso para Empreendedores e Agentes Produtivos Locais 110
4.3.1. Definição dos módulos para o curso de empreendedores e agentes produtivos locais
4.3.2 Definição das disciplinas e bibliografia sugerida para o módulo do curso de empreendedores e agentes produtivos locais
4.3.3 Disposições gerais e mecanismos de avaliação do curso de empreendedores e agentes produtivos locais
5. Instrumentos de Monitoramento e Avaliação do Plano Nacional de Capacitação em APLs
110
112
115
117
REFERÊNCIAS 128
Anexos 138
Apresentação
Este documento refere-se à versão final do Plano Nacional de Capacitação em Arranjos Produtivos Locais (PNC/APLs). A proposta aqui apresentada foi discutida e validada pelas instituições que integram o Grupo de Capacitação do Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos Locais (GTP / APLs) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
O PLC/APLs esta estruturado em 5 capítulos. O primeiro capítulo apresenta o referencial analítico e metodológico que embasa o plano, bem como os procedimentos metodológicos adotados e os objetivos do mesmo. O segundo capítulo desenvolve uma análise das principais tendências referentes à implementação de estratégias de capacitação em agentes atuantes em APLs, tanto no âmbito das ações União Europeia, quanto nas ações implementadas por instituições brasileiras. A identificação dos Públicos-Alvo, das competências demandas pelos mesmos, em função do referencial analítico e metodológico adotado e as metas de atendimento de cada público são apresentadas no capítulo três. O capítulo quatro identifica os módulos que integram cada um dos cursos, para os diferentes públicos-alvo, bem como as disciplinas destes módulos e os demais procedimentos pedagógicos. Por fim o último capítulo apresenta alguns procedimentos relacionados à avaliação do plano Nacional de Capacitação em Arranjos Produtivos locais. 0
1. Referencial Analítico e Metodológico
A partir da década de 80, a busca de um novo marco analítico e metodológico voltado para o estudo da dinâmica competitiva e da dimensão localizada do aprendizado tecnológico e da inovação resultou no desenvolvimento de múltiplas abordagens e enfoques sobre aglomerações territoriais de empresas. Tais contribuições lograram demonstrar a importância de fatores culturais, políticos e institucionais associados à dimensão territorial nos padrões de aprendizado tecnológico e de inovação, numa clara contraposição aos argumentos sobre a crescente desterritorialização da economia contemporânea induzida pelo fenômeno da globalização.
No Brasil, a partir do final dos anos 1990, foi concedida atenção especial a estas aglomerações. A ênfase no local levou ao desenvolvimento do termo, amplamente difundido, de Arranjos Produtivos Locais (APLs). O foco analítico em APLs foi desenvolvido como um novo instrumental para entender e orientar o desenvolvimento industrial e tecnológico. Entende-se a produção e a inovação como processos sistêmicos, que resultam da articulação de distintos atores e competências. Isso explica porque as novas políticas de desenvolvimento produtivo e inovativo visam mobilizar esses elementos, com o objetivo de ampliar a capacidade de gerar, assimilar e usar conhecimentos. Esta terminologia tem sido crescentemente utilizada t anto por grupos de pesquisa, preocupados em entender os processos de desenvolvimento característicos do atual estágio do capitalismo, como por diversas agências de políticas públicas e privadas encarregadas de promover o desenvolvimento da produção de bens e serviços. De fato, no Brasil, as políticas de apoio e desenvolvimento regional têm incorporado de forma crescente o conceito de APLs.
Este capítulo busca resgatar os principais conceitos referentes à análise das aglomerações produtivas, ressaltando a importância do território como f onte de dinamismo e de geração de novos conhecimentos. Para tanto este capítulo está dividido em duas seções. A primeira seção destaca as principais referências teóricas referentes ao conceito de aglomerações produtivas, resgatando as concepções originais de Xxxxxxxx e demonstrando a evolução apresentado no entendimento destas estruturas. Na segunda
seção destaca-se o referencial metodológico e analítico de Arranjos Produtivos Locais, ressaltando os fatores que geram dinamismo nestas estruturas.
1.1 Xxx retomada do debate sobre aglomerações produtivas
O debate sobre aglomerações industriais remete ao conceito de distrito industrial (DIs) originalmente desenvolvido por Xxxxxxxx (1988). Xxxxxxxx destacava que pequenas empresas agrupadas regionalmente e atuando num mesmo setor produtivo podem obter economias de escala antes somente acessíveis às grandes empresas. Corò (2002) acrescenta que o conceito de distrito industrial ficou à margem de análise econômica por quase um século após a concepção original de Xxxxxxxx. Este fato deriva das condições históricas, dadas pelo paradigma fordista para o qual aglomerações produtivas só podiam representar um papel complementar em relação à grande corporação, trabalhando nas linhas de subfornecimento e buscando espaços de produção excluídos da lógica das economias de escala.
A passagem de produção em massa para a produção flexível, somado ao impulso contínuo da ciência e da inovação tecnológica, alteram constantemente os fatores de vantagens competitivas, favorecendo os sistemas produtivos com características técnicas, organizacionais e sociais mais flexíveis.
A globalização das relações produtivas e dos mercados, cujo resultado é um crescimento tanto das pressões competitivas, quanto das potencialidades de divisão técnica e social do trabalho, reforça a importância de um posicionamento vantajoso das aglomerações produtivas, graças a características marcantes dos espaços locais, como sua tradição manufatureira, alta qualidade e reputação crescente (CORÒ, 2002).
Cassiolato (2002) destaca que, na análise de aglomerados produtivos, as visões não são somente diversas, mas também conceitualmente difusas, sendo possível desenvolver diferentes taxonomias. Markussem (1996) salienta quatro tipos de aglomerações produtivas em sua tipologia: o distrito industrial Marshalliano do tipo italiano, o distrito industrial ancorado pelo Estado, o distrito industrial had and spoke, com uma, ou mais, grande empresa âncora e o distrito industrial “plataforma satélite”, tendo como uma de suas formas as zonas de processamento de exportações, por exemplo. Já Stoper (1997), destaca na sua taxionomia a ideia de territorialização, em
que a proximidade geográfica desenvolve ativos específicos, gerando spillovers e externalidades positivas.
Assim, o êxito destas estruturas decorre não tanto do acesso vantajoso a fatores de produção a baixo custo, como mão-de-obra, insumos e capital barato, mas, sobretudo, de uma organização social e econômica eficaz. Os habitantes locais devem apresentar características socioculturais, valores e instituições em simbiose com o processo de desenvolvimento próprio das atividades relacionadas à aglomeração produtiva.
As aglomerações produtivas espacialmente localizadas são uma alternativa para proporcionar um desenvolvimento regional endógeno, reduzindo a dependência de fatores exógenos. A competitividade destes sistemas depende da capacidade de responder a estímulos externos sem perder a sua própria identidade. Quando a estrutura interna do sistema local – envolvendo padrões de especialização produtiva, o acumulo de competências distintas, a estruturação de instituições reguladoras e consolidação da cultura da sociedade local - entra em sintonia com as transformações do cenário econômico global, há uma compatibilização da estrutura interna do sistema local, com a externa, a global. Esta abordagem acentua tanto os recursos específicos do local, quanto os processos de interação e troca no nível global. O sucesso competitivo dessas aglomerações é resultado de um processo de acoplamento estrutural com a economia global, facilitado pela integração versátil e mantendo a identidade do sistema local (CORÒ, 2002).
Além destas características, e numa visão mais abrangente sobre a competitividade tanto de firmas, quanto de países e regiões, nota-se a importância crescente atribuída à consolidação de práticas cooperativas e aos processos de aprendizado por interação vinculada à visão sistêmica do processo de inovação. Nesta perspectiva, a capacidade de geração, difusão e utilização de novos conhecimentos consolida-se como um processo que transcende a esfera da firma individual e passa a depender da contínua interação entre firmas e destas com outras organizações e instituições que constituem sistemas de inovação em diferentes âmbitos (XXXXXX, 2002). Em particular, esse modelo interativo de inovação ressalta a relevância da cooperação entre firmas e demais instituições e, portanto, o papel dos vínculos e redes envolvendo diferentes organizações.
A aglomeração territorial de empresas tende a facilitar o engajamento destes
atores em processos de aprendizado interativo. Neste tipo de ambiente, o conhecimento
tende a se tornar incorporado não somente nas qualificações individuais e nos procedimentos e rotinas das organizações, como também no próprio ambiente local ou nos vínculos de interação entre os diferentes atores e desenhos institucionais. A habilidade das empresas em criar conhecimento vai capacitá-las a interagir com os demais atores locais num processo de aprendizado coletivo, no qual conhecimentos que são em parte codificados e em parte tácitos são trocados e utilizados. Neste aspecto, capacitações localizadas se refletem no conhecimento incorporado em indivíduos, empresas e na própria estrutura institucional presente na aglomerações produtivas.
Não obstante essa percepção sobre a importância crescente que assumem as práticas cooperativas o aprendizado localizado no âmbito de aglomerações produtivas, verifica-se que existem ainda lacunas consideráveis na análise tanto das formas de mensuração destes processos como do seu impacto efetivo sobre o desempenho inovativo de empresas articuladas em torno destas estruturas. Neste sentido, é possível ressaltar algumas “dimensões” fundamentais do processo de consolidação de práticas cooperativas e seus desdobramentos em termos do fortalecimento de mecanismos coletivos de aprendizado.
Como ponto de partida para esta discussão, cabe destacar três suposições básicas que orientam o esforço de investigação realizado. A primeira delas baseia-se na constatação de que as aglomerações produtivas constituem um lócus de aglutinação e criação de competências, por meio de processos coletivos de aprendizado institucionalmente condicionados. A segunda suposição decorre da anterior e pressupõe que o mapeamento e avaliação das práticas interativas são fundamentais para a compreensão das características dos processos de aprendizado em aglomerações produtivas. A terceira suposição procura instrumentalizar a anterior, ressaltando a articulação existente entre consolidação de práticas cooperativas, aprofundamento do aprendizado por interação e o fortalecimento da competitividade e capacitação dos agentes.
A hipótese que as aglomerações produtivas são estruturas intrinsecamente heterogêneas afeta diretamente a possibilidade dos mesmos operarem como instância de mediação entre a firma e o ambiente externo, que amplia a capacidade de absorção de conhecimentos potencialmente úteis para o reforço da eficiência e da competitividade dos agentes. Nesse sentido, é útil considerar distinção entre fontes internas e externas de conhecimentos apropriados no processo de aprendizado, ressaltada na análise de Xxxxx e Xxxxxxxxx (1989). Nesta análise, a ampliação do estoque de conhecimentos é definida
como uma função dos investimentos em P&D da firma e de “fontes externas” de conhecimentos, a qual pode ser expressa através da seguinte equação:
Z = Mi + Yi (∗∗ Mj + T), onde:
Z = ampliação do estoque de conhecimentos da firma i; Mi = investimento da firma em P&D;
Yi = capacidade de absorção do conhecimento externo; Mj = investimentos de outras firmas em P&D;
∗ = medida de spill-over (0 ∗ ∗ ∗ 1);
T = conhecimento externo à indústria potencialmente absorvível pela firma.
Xxxxx e Xxxxxxxxx ressaltam que a importância dos gastos em P&D realizados por uma firma particular refere-se não apenas ao reforço da sua “capacidade de absorção” de conhecimentos externos, mas também à possibilidade dela identificar oportunidades tecnológicas capazes de aumentar sua eficiência e lucratividade1. Dois fatores que afetam a exploração de oportunidades tecnológicas são inco rporados ao modelo. O primeiro deles diz respeito a uma determinada “quantidade” de conhecimentos externos, que podem se converter em fontes de novas oportunidades. Essa possibilidade se expressa no valor da variável T, cuja definição é suficientemente ampla para abarcar conhecimentos provenientes de laboratórios públicos, universidades e de fornecedores de insumos e equipamentos. O segundo fator, não captado diretamente na equação e sim na relação que articula a expansão do estoque de conhecimentos da firma à ampliação de sua rentabilidade, refere-se à maneira como novos conhecimentos afetam o desempenho tecnológico dos produtos e processos da firma em questão.
Com base no modelo de Xxxxx e Xxxxxxxxx (1989), é possível tecer alguns comentários sobre impactos da consolidação de aglomerações produtivas em termos do aprofundamento de mecanismos de aprendizado. Basicamente, estas aglomerações redefinem a dicotomia entre fontes “internas” e “externas” de conhecimentos, na medida em que conformam uma instância intermediária de interação entre agentes que
1 Algumas observações relativas aos componentes da equação são ilustrativas. Quanto à capacidade de absorção, verifica-se que ela localiza-se no intervalo 0 ∗ Y ∗ 1, o qual expressa duas situações-limite: na primeira (Y=1), a firma é capaz de absorver todo conhecimento que se encontra disponível como domínio público; na segunda (Y=0), nenhum conhecimento externo é absorvido. Esta capacidade de absorção é função não apenas dos investimentos em P&D realizados in-house, mas também de uma variável ∗ que expressa a “adequação” do conhecimento externo às necessidades da firma. Assim, a apropriação do conhecimento externo é modulada pelos valores de Y e ∗, que expressam, respectivamente, uma determinada capacidade de absorção (que é função dos próprios gastos em P&D realizados internamente) e a “adequação” do conhecimento externo às necessidades da firma.
possibilita uma “formatação” desses conhecimentos em função das exigências do processo competitivo, através da integração de competências complementares. Considerando o modelo proposto, três impactos principais podem ser mencionados. Em primeiro lugar, o estabelecimento de laços sistemáticos entre firmas aumenta a capacidade de absorção de cada uma delas para um mesmo montante de esforço inovativo realizado, na medida em que favorece a compatibilização dos padrões cognitivos e dos procedimentos de busca adotados pelos diferentes agentes. Em segundo lugar, o efeito “vazamento” (spillover) associado às fontes externas de conhecimento tende a ser reforçado, devido à existência de canais sistemáticos de interligação entr e os diversos agentes locais. Em terceiro lugar, o intercâmbio sistemático de informações entre agentes ao nível local favorece uma maior coordenação das estratégias implementadas localmente. Em consequência, os conhecimentos gerados tendem a estar melhor calibrados em relação às necessidades das firmas inseridas em aglomerações, o que favorece o processo de absorção. Portanto, resumidamente, as referências destacadas apontam que agentes inseridos em aglomerações produtivas possuem maiores possibilidades de elevarem suas capacitações produtivas e inovativas em função dos diversos fatores destacados.
1.2 O enfoque analítico e metodológico de Arranjos Produtivos Locais:
Segundo os trabalhos desenvolvidos pela RedeSist2, a abordagem metodológica de Arranjos Produtivos Locais - APLs - destaca o papel central da inovação e do aprendizado interativo, como fatores de competitividade sustentada, e constitui uma alternativa ao foco tradicional de setores econômicos e empresas individuais (LASTRES e CASSILATO, 2003, p.3). Neste sentido, arranjos e sistemas produtivos locais podem ser definidos da seguinte maneira:
Arranjos produtivos locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais - com foco em um conjunto específico de atividades econômicas - que apresentam vínculos mesmo que
2 A Rede de Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – RedeSist é uma rede de pesquisa interdisciplinar, formalizada desde 1997, sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e que conta com a participação de várias universidades e institutos de pesquisa no Brasil, além de manter parcerias com outras instituições do exterior (LASTRES e CASSIOLATO, 2003).
incipientes. Geralmente envolvem a participação e a interação de empresas - que podem ser desde produtores de bens e serviços finais até fornecedores de insumos e equipamentos, prestadoras de consultorias e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros - e suas várias formas de representação e associação. Incluem também diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos, como escolas técnicas e universidades; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento.
Sistemas produtivos e inovativos locais são aqueles arranjos produtivos em que a interdependência, articulação e vínculos consistentes resultam em interação, cooperação e aprendizagem, possibilitando inovações de produtos, processos e organizacionais, gerando maior competitividade empresarial e capacitação social (LASTRES, et al. 2002, p.13).
Embora existam várias abordagens3 que tratam destas aglomerações de forma similar, este trabalho privilegia os conceitos acima descritos4. A ideia de aglomeração espacial está associada à competitividade, valorizando a cooperação entre os agentes e a capacidade de gerar inovações, fator-chave no sucesso de empresas e nações. O aumento da interdependência entre os atores, como fomento da competitividade local, conduz à especialização, num ambiente socioeconômico comum, gerando capacitações em nível da firma, que permitem a ela (e aos demais agentes com os quais ela interage) competir num mundo cada vez mais sem fronteiras (XXXXXX, 2002).
Estas aglomerações industriais são caracterizadas por fatores relacionados à dimensão territorial, à diversidade de atividades e atores econômicos, políticos e sociais, existentes no local, aos conhecimentos tácitos que circulam no arranjo, aos processos específicos de inovação e aprendizado interativo, e às formas de governança existentes (LASTRES e CASSIOLATO, 2003). Conforme Cassiolato e Xxxxxxx (2002) e Lastres e Cassiolato (2003), a governança, no caso específico dos APLs, refere-se aos diferentes modos de coordenação entre os agentes e atividades, que envolvem da produção à distribuição de bens e serviços, assim como o processo de geração, disseminação e uso de conhecimentos e de inovações. Existem diferentes formas de governança e hierarquia nos sistemas e arranjos produtivos. Para Xxxxxx (2002), a dinâmica dos arranjos não deve ser desvinculada das formas de governança. A governança permite analisar a influência de atores locais e externos na coordenação dos sistemas de produção e na
3 Cadeias produtivas, clusters, distritos industriais, mileu inovativo, polos e parques científicos e tecnológicos, entre outras.
4 Desenvolvidos no escopo dos trabalhos da RedeSist.
trajetória de desenvolvimento da capacitação produtiva e da capacidade inovativa das empresas.
Cassiolato e Xxxxxxx (2002) relacionam duas formas de governança nos arranjos produtivos: formas hierárquicas, em que a autoridade é internalizada dentro de grandes organizações; e as formas de redes, constatando-se um elevado número de relações externas entre um amplo número de agentes, sem que nenhum deles seja dominante. Deve-se entender sob que sistemas de coordenação se estabelecem as relações de caráter local entre empresas e instituições.
O grau de territorialização (dimensão territorial) da atividade produtiva local também influencia na configuração e dinâmica do arranjo, pois se refere aos ativos específicos do local que podem diferenciá-lo de outras aglomerações. Segundo Lastres e Cassiolato (2003, p.4), na abordagem de APLs, a dimensão territorial constitui o recorte específico de análise de ação de política, definindo o espaço onde os processos produtivos, inovativos e cooperativos têm lugar, tais como: municípios ou áreas de municípios, conjunto de municípios, microrregiões; conjunto de microrregiões, entre outros. A proximidade ou concentração geográfica leva ao compartilhamento de visões e valores econômicos, sociais e culturais, constituindo-se em fonte de dinamismo local, bem como de diversidade e de vantagens competitivas em relação a outras regiões. Na ideia de territorialização, a proximidade geográfica desenvolve ativos específicos, gerando spillovers5 e externalidades positivas.
Quanto ao conhecimento, cabe salientar que a solução de problemas tecnológicos implica o uso e aplicação de conhecimentos adquiridos. Estes conhecimentos podem ser tanto formais, de fácil codificação e transmissão, quanto informais, que não são facilmente transferidos e são adquiridos através de prát icas cotidianas. Eles também podem ser universais, aplicáveis a uma ampla gama de tecnologias, ou específicos, aplicáveis a uma tecnologia em particular; de caráter público, disponível a todos os agentes, ou privado, apropriado e construído por agentes individuais. O conhecimento não deve ser visto somente como informação processada, mas também como um processo de busca de respostas a problemas identificados pelos agentes, estimulando, pela cumulatividade, o desenvolvimento de novas soluções (FRANSMAN, 1994).
5 Spillovers relacionam-se com o “efeito vazamento”, no qual, pela proximidade geográfica, certos conhecimentos “vazam” de uma empresa para outra.
Na concepção de Lastres e Cassiolato (2003) nos APLs, verificam-se processos de geração, compartilhamento e socialização de conhecimentos por parte de empresas, instituições e indivíduos, particularmente de conhecimentos tácitos6, que estão implícitos e incorporados em indivíduos, organizações e até regiões. Este tipo de conhecimento exibe forte especificidade local, decorrente da proximidade geográfica e / ou de identidades culturais, sociais e empresariais. Isto facilita sua circulação em organizações ou contextos geográficos específicos, mas dificulta ou mesmo impede seu acesso por atores externos a tais contextos, tornando-se, portanto, elemento de vantagem competitiva de quem os detém.
Para Dosi (1988), a inovação concerne à busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, processos e formas de organização. O autor ainda ressalta que o resultado técnico da inovação não pode ser conhecido ex-ante, que a atividade inovadora é motivada por lucros e envolve a percepção do inexplorado, e que a falta de conhecimento sobre resultados faz com que a inovação tenha fortes elementos de incerteza. A incerteza deriva de problemas técnico- econômicos, em que a solução e procedimentos são desconhecidos, assim como pela impossibilidade de traçar precisamente as consequências das ações precedentes.
Na história econômica, a grande parte das inovações que abriram novas oportunidades surgiram de avanços na ciência. O processo de busca tem mudado nas últimas décadas, aumentando a complexidade da pesquisa básica e requerendo uma organização formal da atividade inovativa, em laboratórios de P&D, no interior das próprias organizações, bem como o desenvolvimento de certas competências internas à firma, que a tornem apta a captar as mudanças tecnológicas, tanto em produtos, quanto em processos. Dosi (1988) acrescenta que o lócus do processo inovativo é a firma. Isto porque, parte das inovações e melhoramentos são orientados por meio dos processos de “fazer” e de atividades informais na solução de problemas enfrentados.
A evolução da firma não é simples, lenta e gradual, tampouco aleatória. Ela evolui num sentido determinado pelas competências acumuladas e pela natureza de suas atividades específicas. Mudanças são determinadas por oportunidades tecnológicas defrontadas pelas firmas, mas a “história conta” e a firma só aproveitará estas oportunidades se possuir uma base acumulada de conhecimentos adquiridos. Conforme Xxxxxxxxx (1994), o conhecimento científico e tecnológico segue um processo
6 Aquele tipo de conhecimento que não está codificado.
histórico (path-dependence) o qual, pela cumulatividade, traz fortes influências do passado e pode determinar, desta forma, novos caminhos para a mudança. O novo conhecimento não deixa de pertencer a um caminho que veio sendo percorrido no passado.
Xxxxxxxxx (1982) diz que a inovação tecnológica é um processo de aprendizagem de fato, com diferentes e distintos tipos de processo de aprendizado na geração de novas tecnologias. Malerba (1992) faz algumas considerações sobre o aprendizado: 1) aprendizado é um processo custoso e direcionado, que ocorre no interior das firmas no domínio da produção, designer, engenharia, P&D, etc.; 2) o aprendizado é ligado a diferentes fontes de conhecimento, tanto internas quanto externas; 3) aprendizado é cumulativo e amplia o estoque de conhecimento da firma, só que o tipo de aprendizado afeta o tipo de estoque de conhecimento que as firmas possuem; 4) os estoques de conhecimento específicos da firma geram o maior número de inovações locais e incrementais, inovações derivadas do de senvolvimento de avanços cumulativos dos estoques já existentes. A aprendizagem por meio das firmas é um dos mais significativos processos dinâmicos que ocorrem na indústria. Várias análises colocam o aprendizado como uma força de criação de barreiras à entrada.
Os processos de aprendizado não são homogêneos e mostram uma certa variedade (Malerba, 1992). O learning by doing requer conhecimentos internos e está relacionado à atividade produtiva. O learning by using exige conhecimentos internos e externos e relaciona-se ao uso de produtos, insumos, máquinas, resultando em melhoramentos no produto e nos processos. O learning from advances em S&T é externo à firma e diz respeito a avanços em C&T. O learning from inter-industry spillovers é externo à firma e tange à interação com fontes de conhecimento, tais como clientes, fornecedores de bens de capital e com outras firmas. O learning by searching é interno à firma e relaciona-se com atividades formais que geram novos conhecimentos. As firmas podem, e devem, inter-relacionar várias formas de aprendizado.
Malerba (1992) aponta que a raiz da mudança técnica incremental reside na aprendizagem das firmas. Neste sentido, as firmas seriam organizações de aprendizado, para a aquisição, acumulação e geração de conhecimentos. O autor ainda completa que o aprendizado não é um bem livre, mas, antes disto, é um bem caro, concentrado e multidimensional, e assinala que o aprendizado nas firmas não ocorre do nada, fontes externas de conhecimento desempenham uma grande força na acumulação de estoque de conhecimento da firma e na geração de trajetórias. Enfatiza -se, aqui, a crescente
importância das políticas públicas e do arcabouço institucional, no suporte de P&D e na difusão de tecnologias.
No contexto das firmas, a capacidade de construir novas competências tornou-se o principal fator para o estabelecimento de vantagens competitivas; a construção e a reconstrução das habilidades organizacionais e tecnológicas estão relacionadas ao processo de aprendizado; a firma é encarada como um “repositório de conhecimento”; e a inovação e o conhecimento são os elementos centrais da dinâmica e do crescimento de nações, regiões e organizações. O aprendizado tem um papel fundamental para a construção de novas competências e para a obtenção de vantagens competitivas, desenvolvendo habilidades tanto em nível organizacional quanto individual, e deriva de ações estratégicas coletivas, bem como individuais (CAMPOS, 2002).
De acordo com Lastres e Xxxxxxxxxx (2003, p.4), nos APLs, o aprendizado interativo7 constitui a fonte fundamental para a transmissão de conhecimentos e a ampliação da capacidade produtiva e inovativa das firmas e instituições. A capacidade inovativa possibilita a introdução de novos produtos, processos e formatos organizacionais, sendo essencial para garantir a competitividade dos diferentes atores locais, tanto individual como coletiva.
Sobre a diversidade de atividades e atores econômicos, políticos e sociais, Lastres e Xxxxxxxxxx (2003, p.4) mencionam que:
Os APLs geralmente envolvem a participação e a interação não apenas de empresas - que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de serviços, comercializadoras, clientes, entre outros - e suas várias formas de representação e associações, como também de diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento. Aí incluem-se, portanto, universidades, instituições de pesquisa, empresas de consultoria e de assistência técnica, órgãos públicos, organizações privadas e não governamentais, entre outros.
7 Dentre as diversas formas de aprendizado, o interativo é considerado fundamental para a transmissão de conhecimentos – particularmente o tácito - sendo, portanto, central à dinâmica de inovação. Ainda que as empresas permaneçam como centros de processos de aprendizado e de inovação, estes são influenciados por contextos mais amplos. A natureza e a intensidade da interação entre diferentes atores refletem as condições do ambiente econômico e também social, cultural e institucional. Assim, a análise da dinâmica institucional de arranjos e sistemas produtivos locais constitui-se em elemento crucial para a compreensão do processo de capacitação produtiva e inovativa local (LASTRES e CASSIOLATO, 2003, p.7).
Segundo Xxxxxxxxxx (2002) e Xxxxx (2001), em APLs, identificam-se diferentes tipos de cooperação, incluindo a cooperação produtiva que busca a obtenção de economias de escala e escopo e a cooperação inovativa, referente à redução de riscos, custos, tempo, dinamizando o potencial inovativo do arranjo. Cassiolato e Lastres (2003, p.12) destacam que a cooperação, nestes espaços, pode ocorrer mediante:
∗ Intercâmbio sistemático de informações produtivas, tecnológicas e mercadológicas (com clientes, fornecedores, concorrentes e outros);
∗ Interações de vários tipos, envolvendo empresas e outras instituições, por meio de programas comuns de treinamento, realização de eventos / feiras, cursos e seminários, entre outros;
∗ Integração de competências, por meio da realização de projetos conjuntos, incluindo desde melhoria de produtos e processos até
pesquisa e desenvolvimento propriamente dita, entre empresas e destas com outras instituições.
Xxxxxx (2002) aponta que a articulação das micro e pequenas empresas (MPEs) em arranjos produtivos locais reflete as maiores possibilidades de desenvolvimento deste segmento de empresas. Algumas contribuições recentes neste sentido (CASSIOLATO e LASTRES, 1999; SCHIMITZ, 1995) são de que a aglomeração de MPEs tem uma grande relevância para os países em desenvolvimento e consiste num fenômeno que afeta uma ampla gama de países e setores, e ainda que a participação neste formato de aglomerações tem auxiliado micro e pequenas empresas a ultrapassarem conhecidas barreiras ao crescimento das firmas, a produzir eficientemente e a comercializar produtos em mercados distantes.
A literatura sobre MPEs evidencia duas formas de inserção destas empresas na estrutura produtiva. Micro e pequenas empresas dependentes, que atuam em funções complementares das grandes empresas, executando alguma etapa do processo produtivo. Neste caso, a participação da pequena empresa é resultado da fragmentação das grandes unidades em estabelecimentos menores. Elas trabalham sob a égide das grandes, na produção de componentes diretamente utilizados nas grandes linhas de produção, ou comercializados no mercado de reposição. As pequenas empresas independentes não mantêm uma ligação com as grandes, operam em setores com baixas barreiras e entrada, cujo desempenho está atrelado à demanda. Elas concorrem com as grandes e se tornam competitivas graças a sua grande flexibili dade atuando, também, em nichos de mercado (XXXXX, 1995; XXXXXXX, 1999).
Além da compreensão das possibilidades de inserção das MPEs, através de suas relações com grandes empresas, cabe frisar que este porte de estabelecimento pode estabelecer inúmeras formas de interação com outros agentes econômicos e sociais. Análises empíricas destacam várias formas de inserção das MPEs em estruturas produtivas, nas quais os conceitos de inserção dependente e inserção independente parecem não serem suficientes para um melhor entendimento destes fenômenos. Uma forma de entender estas diversas formas de relações estabelecidas pode ser mediante a utilização do conceito de redes de empresas. Nas estruturas em rede, ressaltam-se as relações de cooperação horizontal, com exploração das vantagens de aglomeração e de ações coletivas em diversas áreas. O conceito de redes resulta da dimensão social das relações entre empresas e seus possíveis desdobramentos sobre a conformação institucional do ambiente econômico e sobre o padrão de conduta dos agentes. Estas redes possuem uma autonomia relativa em relação às forças externas, com um certo grau de auto-organização e com uma capacidade endógena de transformação, resultando do caráter dinâmico destas configurações (BRITTO, 1999).
Nas redes, segundo a abordagem evolucionista, as relações entre firmas estão condicionadas não apenas pela necessidade de coordenação das atividades para a redução dos custos de transação, mas também pela necessidade de coordenação relacionada à busca de assimetrias concorrenciais (HIRATUKA, 1997). Neste sentido, o perfil da estrutura em rede define os canais necessários para o estabelecimento de fluxos de informações entre os agentes, o que eleva as condições e oportunidades para o acúmulo de capacitações tecnológicas. Por conseguinte, a cooperação interindustrial, que caracteriza as redes de firmas, possibilita a aglutinação de múltiplas competências, impulsionando o potencial inovativo. No enfoque evolucionário, a consolidação de redes de firmas é referenciada não apenas à provisão de “externalidades positivas” ou à obtenção de eficiência estática, mas também a uma eficiência dinâmica, materializada no aumento do potencial inovativo dos agentes (BRITTO, 1999).
A montagem de redes de cooperação tecnológica, integrando vários agentes, é uma alternativa eficaz para a adequação das “configurações organizacionais” a um ambiente mutável e com informações fragmentadas. A configuração destas estruturas favorece o enfrentamento coordenado de turbulências ambientais, através do processo de elaboração de convergências, do processo coletivo de tratamento de informações e de busca de soluções e da consolidação, na rede, de um lócus de acumulação de recursos coletivos específicos.
Estas estruturas relacionam-se com a possibilidade de consolidar a apropriação de “quase-rendas compostas”, com requerimentos de reversibilidade dos recursos mobilizados. A formação de redes de empresas está relacionada a: adaptação a atributos de demanda, por meio da incorporação da compatibilidade entre produtos e componentes; montagem de sistemas de produção flexíveis; repartição da irreversibilidade associada a investimentos de maior portes com a adequação das complexidades associadas às trajetórias tecnológicas; redução da incerteza mercadológica; compatibilização dos esforços tecnológicos associados a diversos agentes; processo de terceirização das firmas de maior porte, de atividades específicas; possibilidade de adoção de estratégias defensivas; melhor monitoramento do movimento de mudanças técnicas; compatibilização das estruturas organizacionais; e pela superação de restrições que impedem a formalização de contratos (BRITTO, 1999). Na literatura sobre redes, podemos encontrar várias tipologias que tentam estabelecer uma classificação destas estruturas. Salientam-se nestas tentativas três caminhos distintos, sendo que o primeiro relaciona o grau de interdependência entre os agentes. Uma segunda forma vem no sentido de estabelecer uma classificação a partir da estrutura de coordenação / governança das redes. Uma terceira forma de classificar
estas estruturas seria dividi-las de acordo com o tipo de produto gerado em cada rede.
Xxxxxxx e Xxxxx (1997), a partir do grau de interdependência entre os agentes, relacionam dois tipos de redes, as verticais e as horizontais. As redes verticais envolvem a articulação estreita das atividades de um conjunto de fornecedores e distribuidores, por uma empresa coordenadora, que exerce considerável influência sobre as ações dos agentes que integram a cadeia produtiva. Estas redes estão fundamentadas na agregação de empresas, com especialidades complementares, que, pela própria existência da rede, reforçam a especialização de cada participante.
As redes horizontais são configuradas em respostas a dois desafios: o primeiro deles, em função da necessidade de um rápido reposicionamento, no que toca a um amplo conjunto de competências; o segundo, em virtude da administração da incerteza competitiva, iminente do contexto atual em que se dá a produção capitalista. Nestas estruturas, as empresas buscam estabelecer alianças com empresas concorrentes, dando origem a um formato de organização horizontal, em que no centro está a conciliação e centralização de recursos, para a execução de determinadas atividades, com a autonomia estratégica dos atores.
Conforme Xxxxxx (1999), quanto mais complexa for a configuração interna na rede, maior será a necessidade de uma coordenação coletiva eficaz dos agentes. Destaca-se que a lógica da coordenação é afetada pela hierarquização interna que caracteriza estas estruturas. Logo, uma tentativa de desenvolver uma taxonomia de redes deve incorporar a dimensão da estrutura de governança. Suzigan (2002) diz que o processo recente da evolução capitalista reforçou o poder econômico de determinadas empresas, impondo relações hierárquicas aos outros agentes, elevando a importância das assimetrias e da conformação de relações fortemente hierarquizadas, sendo que estas formas são as mais comumente encontradas no processo de coordenação de atividade produtiva. A existência de firmas coordenadoras ou líderes decorre da posse de ativos - chaves específicos (produtivos, comerciais, ...), que lhes permite impor seus interesses aos outros agentes.
Park, apud Xxxxxx (1999), na elaboração de sua tipologia redes, além de considerar a interdependência que se estabelece entre os agentes, procura incorporar as formas de controle / governança que se estabelece em cada tipo de estrutura. Para o autor, são dois os tipos de controle, as formas de controle bilaterais, em que o controle é exercido por uma agência, composta por membros representantes dos diversos agentes presentes no arranjo e formas de controle trilaterais, em que uma terceira parte exerce o controle.
A partir destas considerações, destacam-se quatro tipos de estruturas de governança. A primeira, estruturas verticais do tipo bilateral, com a existência de contratos de longo prazo entre clientes e fornecedores. A segunda, estruturas verticais do tipo trilateral, com redes envolvendo clientes e fornecedores especificamente montadas para viabilizar a instalação de uma nova planta. A terceira, estruturas horizontais do tipo bilateral, como cartéis e outros acordos colusivos, consórcios de P&D e “joint-venture”. E a quarta, estruturas horizontais do tipo trilateral baseadas na imediação de associações empresariais. Porém, verificam-se também estruturas em rede, nas quais o controle é exercido por um agente produtivo dominante, que, por possu ir ativos-chaves específicos e um maior poder de barganha, direciona as ações dos demais membros da rede. Um exemplo destas estruturas seriam as redes de subcontratação formadas pelas grandes empresas e nas quais os demais componentes são micro e pequenos estabelecimentos.
Xxxxxx (1999) salienta alguns problemas instrumentais presentes na transposição
destas metodologias para estudos de caso. O primeiro é que estas tipologias baseiam-se
num quadro estático não captando a evolução dinâmica das estruturas ao longo do tempo. O segundo consiste no fato de que, mesmo nas redes em que não se verifica uma hierarquização mais latente, é comum que se estabeleça uma hierarquia técnico - produtiva entre as diversas atividades realizadas. O terceiro problema associa-se aos objetivos que norteiam a montagem das configurações, sendo que a tipologia até aqui apresentada presta muito mais a análise de redes vinculadas à montagem de sistemas técnico-produtivos integrados do que a redes especificamente montadas para viabilizarem a integração de competências complementares. Logo, o tipo de produto gerado na rede também deve ser considerado na elaboração de uma tipologia destas estruturas.
O autor anteriormente citado acrescenta que a construção de uma tipologia de redes de cooperação técnico-produtivas pode ser bem sucedida, se for levada em consideração a diversidade setorial dos arranjos, referentes às características específicas que refletem o padrão de concorrência das indústrias nas quais eles se encontram e as especificidades das tecnologias, mobilizadas no nível da rede e da base de conhecimento a elas associadas. Assim, quanto maior a complexidade do ambiente tecnológico no qual as firmas operam, mais importante será o acesso a ativos e competências complementares, sendo que este acesso é facilitado pela inserção das firmas em estruturas de rede.
Portanto, resumidamente, destaca-se que o foco em APLs representa uma unidade de análise que vai além da visão baseada na organização individual (empresa), setor ou cadeia / complexo produtiva, permitindo o estabelecimento de uma ponte entre o território e as atividades econômicas. Para isso, parte-se do princípio que a noção de APLs engloba estas noções e pode ser estendida para uma ampla gama de espaços geográficos no qual ocorre a produção de algum tipo de bem, tangível ou intangível.
1.3 Definição do objetivo, diretrizes e metodologia:
Com base no referencial descrito, o objetivo deste trabalho consiste na elaboração do Plano Nacional de Capacitação em Arranjos Produtivos Locais (PNC/APLs). Este plano terá abrangência nacional, sendo implementado no período de
2012 a 2015. O PNC / APLs é voltado ao aperfeiçoamento da gestão em APLs, garantindo assim o aumento da competitividade e a modernização de suas ações.
A elaboração do Plano Nacional de Capacitação em Arranjos Produtivos Locais ocorreu 2 (duas) etapas. A primeira etapa refere-se à elaboração da minuta do Plano Nacional de Capacitação em Arranjos Produtivos Locais. Após a apresentação e discussão desta minuta e incorporação das sugestões e críticas foi elaborada a versão final do PNC / APLs, referente a este documento.
Com base no referencial analítico e metodológico de Arranjo Produtivos Locais desenvolvido pela RedeSist e descrito na seção anterior, foram implementadas um conjunto de ações que permitiram a elaboração do PNC /APLs. Estas ações podem ser assim detalhadas:
∗ Ação 1 – Elaboração do Plano de Trabalho do Estudo: contendo as principais referências conceituais, que serão utilizadas na análise, bem como, um
detalhamento dos produtos que serão desenvolvidos e da metodologia a ser utilizada.
∗ Ação 2 – Reunião de Trabalho I: reunião de trabalho de representantes da equipe
de pesquisadores responsável pelo estudo com membros do Comitê Temático de Capacitação do GTP APL, para apresentação, discussão e adequação do plano de trabalho.
∗ Ação 3 – Definição do Público Alvo: levantamento de informação secundárias que permitam identificar o público alvo potencial do plano de capacitação,
destacando as metas de atendimento quantitativas, bem como a delimitação do escopo do plano.
∗ Ação 4 – Definição dos Módulos: após a definição do público alvo, cabe identificar quais módulos devem ser ministrados em cada curso. Esta ação
referte-se a delimitação do conjunto de elementos didáticos focando: modalidades de ensino; objetivos específicos de cada módulo; disciplinas de cada módulo; mecanismos de avaliação e; potenciais parceiros para o desenvolvimento das atividades.
∗ Ação 5 – Reunião de Xxxxxxxx XX: reunião de trabalho de representantes da equipe de pesquisadores responsável pelo estudo com membros do Comitê
Temático de Capacitação do GTP APL, para apresentação dos resultados preliminares referentes ao desenvolvimento das atividades 3 e 4.
∗ Ação 6 – Definição do Tipo de Material Didático: estudo específico focando as características do material didático a ser desenvolvido para o plano de
capacitação. Este material deve estar adequado as características do público alvo e levar em consideração as especificidades de cada modulo.
∗ Ação 7 – Definição dos Instrumentos de Avaliação: esta ação está relacionada a o desenvolvimento de instrumentos de acompanhamento e avaliação do plano
nacional de capacitação para APLs.
∗ Ação 8 – Elaboração da Minuta do Plano Nacional de Capacitação em APLs: agrupando os principais elementos de cada uma das ações descritas
anteriormente, será elaborado uma minuta do PNC em APLs. Esta minuta foi apresentada na forma de um relatório extensivo detalhando os resultados obtidos em cada uma das ações.
∗ Ação 9 – Reunião de Xxxxxxxx XXX: reunião de trabalho da equipe de pesquisadores responsável pelo estudo com membros do Comitê Temático de
Capacitação do GTP APL para validação da minuta do Plano Nacional de Capacitação.
∗ Ação 10 – Elaboração da Versão Final do Plano Nacional de Capacitação em Arranjos Produtivos Locais: com base nos resultados da ação 9, foram
incorporadas as sugestões referentes a minuta do PNC/APLs e com isso elaborado o relatório final do estudo.
Portanto, o conjunto de ações destacadas permitiu o desenvolvimento do projeto pedagógico, aqui apresentado, que contemple a diversidade econômica e cultural da estrutura produtiva brasileira. Por outro lado, este programa também permite contemplar os diferentes estágios de desenvolvimento econômico e grau de maturidade do conjunto de APLs brasileiros. Estas características fazem do Plano Nacional de Capacitação, um elemento de extrema relevância para as ações voltadas aos Arranjos Produtivos Locais, nas mais diversas regiões do país.
2. Tendências Gerais relativas à Capacitação de Agentes Gestores de APLs
Em função do objetivo deste estudo, qual seja elaborar um plano nacional de capacitação em APLs, torna-se fundamental identificar as principais tendências em programas de capacitação para estas estruturas. Neste sentido, este capítulo refere-se a um extenso levantamento das iniciativas voltadas a capacitação de agentes inseridos em APLs, tanto no Brasil, quanto no exterior. Para facilitar o entendimento a análise é apresentada em duas seções. A primeira seção destaca as principais iniciativas identificadas nos países da OCDE, apesar do conceito adotado por estes países não ser idêntico ao enfoque metodológico e analítica de APLs, assume-se que as experiências identificadas podem contribuir para a agenda proposta no estudo. A segunda seção destaca as iniciativas desenvolvidas por instituições nacionais, em termos de formação de capacitação em arranjos produtivos locais.
2.1 Evidências da Experiência Internacional na Capacitação de Agentes em APLs:
Na delimitação de uma agenda de intervenção pública no apoio a APLs, é possível identificar um conjunto de orientações mencionadas em publicações de organismos internacionais que constituem uma espécie de “guia” para a operacionalização dessas ações. Apesar dessas proposições terem sido formuladas como princípios gerais para a operacionalização de “clusters policies”, estando, portanto, baseadas em um objeto - os clusters industriais - qualitativamente diferente do conceito de APLs, as mesmas podem ser incorporadas, com pequenas qualificações, na definição de políticas de apoio àqueles arranjos. Neste sentido, estas orientações podem ser sistematizadas de forma a se diferenciar três características. A primeira delas refere -se à necessidade dos objetivos e ações serem definidos de “baixo para cima”, de modo a se adaptarem aos problemas e necessidades inerentes às realidades locais. Alguns
princípios gerais mencionadas em diversos estudos dos organismos citados – “meso- xxxxx”, “xxxxxx-xx” – refletem diretamente esta perspectiva. Uma segunda característica refere-se à necessidade das políticas serem, de certo modo, formatadas em função de especificidades setoriais e locais, o que também está implícito em alguns princípios gerais mencionadas por aqueles organismos – vinculados à noção de políticas “tailor- made”, “decentralized” e “flexible”. Por fim, uma terceira característica diz respeito à necessidade daquelas políticas incorporarem uma visão “direcionada para o mercado”, o que também está implícito em alguns princípios orientadores de “clusters policies” – podendo-se mencionar as noções de “marked-led”, “upgrading” e “high road” enquanto princípios gerais a serem incorporados àquelas políticas.
Este módulo procura identificar, à luz de experiências internacionais, tendências relevantes relativas à adoção de práticas de gestão orientadas à criação de estímulos à formação, estruturação e desenvolvimento de arranjos produtivos e os reflexos decorrentes no perfil de qualificações e competências dos agentes responsáveis pela implementação dessas práticas. Inicialmente, cabe ressaltar que, no âmbito internacional, estas práticas referem-se a um conjunto bastante amplo de modelos de articulação associado a nomenclatura variadas – redes produtivas, tecnológicas e de conhecimento, clusters industriais, polos de competitividade, etc. Como pontos de convergência dessas estruturas, destacam-se algumas características gerais: i) a presença de uma estrutura densa de articulações produtivas; ii) a presença de formas governança e de mecanismos de coordenação inter-firmas; iii) a presença de interações entre as estruturas produtivas e o território no qual as mesmas se encontram inseridas; iv) a presença de um determinado padrão de inserção no mercado, que determina a competitividade dos agentes iv) a presença de fluxos intangíveis associados aos processos de aprendizado e à construção de competências produtivas e inovativas, envolvendo diversos tipos de agentes e instituições.
Os diversos tipos de estruturas descritos pela literatura envolvem processos interativos complexos, articulados a sistemas nos quais se destaca a presença de múltiplas relações verticais e horizontais. Os impactos gerados manifestam-se em diferentes subsistemas e diferentes níveis, com muito deles estando vinculados a aspectos intangíveis, difíceis de observar e mensurar. O contexto cultural, político, social e econômico deve ser considerado tanto na identificação dos estímulos à consolidação dessas estruturas, como na análise da forma como as mesmas operam e na avaliação dos resultados gerados. O caráter essencialmente singular dessas estruturas
dificulta sobremaneira a caracterização de modelos “ideais” capazes de orientar a definição de “melhores práticas” associadas ao gerenciamento de seus processos internos. Na medida em que tais estruturas são concebidas como “comunidades”, reforça-se a importância da geração e disseminação de conhecimentos e os possíveis impactos em termos da integração de qualificações e competências retidas por diferentes agentes. Outro desdobramento importante refere-se à consolidação de convenções e instituições socialmente construídas que afetam a evolução e transformação dessas estruturas, através de processos de experimentação e aprendizagem.
Considerando estas características gerais, a discussão sobre tendências internacionais relativas ao “estado da arte” das práticas de gestão de aglomerações produtivas deve ser articulada a diversas concepções sobre os estímulos que conduzem á estruturação desses arranjos, aos fatores que condicionam a operação dos mesmos e aos determinantes da sua performance produtiva e inovativa. Uma caracterização geral dessas práticas, e dos possíveis impactos em termos de um perfil “ideal” para gestores desses arranjos, capaz de orientar a formatação de programas de qualificação, constitui uma tarefa bastante complicada. Em especial, identifica-se uma diferenciação mais geral entre programas e práticas de gerenciamento de “redes de cooperação” mobilizando diferentes tipos de agentes e programas relacionados à operação de “cluster policies” (utilizando-se uma nomenclatura bastante geral) cujo recorte recai no apoio ao fortalecimento da aglomeração espacial de atividades.
No esforço de sistematização dessas práticas realizado a seguir optou-se por considerar uma distinção entre contribuições provenientes de três grupos distintos de agentes. O primeiro deles compreende agências de financiamento e fomento internacionais que tem recorrido à utilização daquelas estruturas como recorte importante para a formatação de programas de apoio e de linhas de fomento. Dentre agências, destacam-se o Banco Mundial, UNIDO, UNCTAD e BID. O segundo grupo compreende organismos estruturados como redes de instituições que atuam na implementação de programas de apoio à consolidação desses arranjos, particularmente no âmbito da comunidade europeia (UE), que procuram também definir orientações gerais no sentido da adoção de “boas práticas” relativas ao gerenciamento daqueles arranjos. Um terceiro grupo refere-se especificamente a empresas de consultoria especializadas com atuação internacional que atuam no apoio a agências de fomento e redes de instituições responsáveis pela operação de “cluster policies”, em especial
através da formatação de metodologias de ação e programas de capacitação de gestores responsáveis pela implementação daquelas políticas.
No que se refere especificamente à atuação de agências de financiamento e fomento internacionais, identificam-se perfis distintos de atuação, tanto em termo do foco dos programas como em termos das metodologias de ação. No caso do Banco Mundial, a concepção dominante é de que a consolidação de arranjos produtivos (ou clusters industriais, na denominação utilizada) constitui um elemento importante de fortalecimento da competitividade empresarial, utilizando -se como justificativa a visão esquemática dos estudos de Xxxxxxx Xxxxxx. No estudo “Clusters for Competitiveness - A Practical Guide & Policy Implications for Developing Cluster Initiatives” (2009), estabelece-se uma diferenciação entre quatro estágios a serem percorridos na operacionalização de iniciativas de apoio à consolidação desses arranjos (ver Figura 2.1 e Box A.1 no Anexo): 1) mapeamento do arranjo e a busca de um engajamento inicial de agentes; 2) a elaboração de um diagnóstico e a formulação de estratégia de atuação, com base em ferramentas de apoio tradicionais; 3) implementação de uma estratégia visando a montagem de uma base institucional adequada; 4) a busca de uma garantia em termos da sustentabilidade do projeto, através da implementação de procedimentos sistemáticos de monitoramento e avaliação.
Figura 2.1 – Enfoque para Desenvolvimento de Iniciativas de Apoio a Clusters
Fonte: Clusters for Competitiveness - A Practical Guide & Policy Implications for Developing Cluster Initiatives” (2009), World Bank, disponível em: xxxx://xxxxxxxxxxxxx.xxxxxxxxx.xxx/XXXXXXXXXXXXX/Xxxxxxxxx/xxxxxxx_xxxxxxxxxx_xxx_xxx_xxx.xxx
Dentre as ferramentas de apoio mencionadas, em relação às quais se supõe que haveria um processo de capacitação dos gestores dos arranjos, destacam-se ferramentas tradicionais, como a análise SWOT, em relação à qual um conjunto de questões gerais são identificadas, conforme ilustrado pela Figura A.1 em anexo.
No âmbito da OCDE, também se identificam estudos que procuram sistematizar procedimentos de apoio à consolidação de clusters industriais, conforme detalhado nos estudos “Competitive Regional Clusters - National Policy Approaches” (2007) e “Cluster, Innovation and Entrepreneurship”(2009). Nestes estudos, são desenvolvidos estudos de caso comparativos entre países, nos quais aquelas estrutura são articuladas ao conceito de “sistemas regionais de inovação”, cuja dinamização estaria articulada a um “novo enfoque” e à mobilização de instrumentos – e de gestores – que buscam integrar os campos das Políticas de Desenvolvimento Regional, C&T e Industrial (ver Quadro 2.1). No tocante à formatação de políticas de apoio à consolidação desses arranjos identificam-se, com base na integração das três dimensões mencionadas, as seguintes linhas de ação (ver Quadro 2.2): 1) a organização de serviços produtivos; 2) a realização de investimentos orientados; 3) o fortalecimento de redes e articulações entre agentes e instituições; 4) o desenvolvimento de recursos humanos especializados. Em termos dos instrumentos de apoio, identifica-se uma diferenciação entre instrumentos vinculados especificamente ao estímulo ao engajamento de atores, à provisão de serviços coletivos e articulações empresariais e à dinamização de atividades de P&D de natureza cooperativa (ver Quadro A.1 em anexo). Apesar dos estudos da OCDE não avançarem no detalhamento dos perfis de competência dos gestores responsáveis pela operacionalização dessas políticas, a sinalização das linhas de ação a serem mobilizadas fornece indicações importantes nessa direção.
Quadro 2.1 – Dimensões de Políticas e Programas com foco em clusters:
Fonte: Clusters for Competitiveness - A Practical Guide & Policy Implications for Developing Cluster Initiatives” (2009), World Bank, disponível em: xxxx://xxxxxxxxxxxxx.xxxxxxxxx.xxx/XXXXXXXXXXXXX/Xxxxxxxxx/xxxxxxx_xxxxxxxxxx_xxx_xxx_xxx.xxx
Quadro 2.2 – Linhas de Ação associadas à Apoio a Clusters
Fonte: “Competitive Regional Clusters - National Policy Approaches” (2007), OCDE, p.121, disponível em: xxxx://xxx.xxxxxxx.xxx/xxx/xxxxxx/xxx/xxxxx_xxxxxxxxxxxxxxxx.xxx
Uma terceira agência internacional com atuação importante na formatação de políticas de apoio à consolidação de arranjos produtivos – ou de formas relativamente análogas – é o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), cuja atuação encontra - se fortemente direcionada para países em desenvolvimento. A principal característica da linha de atuação dessa agência refere-se ao seu caráter pragmático, envolvendo a mobilização de programas com diferentes origens diferentes focos, muitos dos quais associados a uma experiência pré-existente em termos de modelos de articulação. Estes programas buscam responder a diferentes objetivos de políticas públicas, procurando definir "espaços" de articulação entre as esferas pública e privada mais ou menos institucionalizados, para negociar, elaborar e implementar projetos com benefícios compartilhados e expressivo potencial de geração de externalidades. Na implementação desses programas, destaca-se a o papel do setor público na liderança do processo em termos de capacidade de liderança, na mobilização de ferramentas e na provisão de pelo menos uma parte do financiamento. A implementação de programas e instrumentos seria guiada pela demanda de empresas e regiões, com o setor público definindo um "menu" de opções em termos de linhas de ação e o setor privado selecionando-as e pondo-as em movimento. Destaca-se também o papel de intermediários institucionais entre governos e agentes privados que muitas vezes ajudam a superar a "apatia" dos agentes e a corrigir lacunas de informação. Cabe mencionar também, como aspectos adicionais relevantes, a mobilização de organizações de pesquisa e universidades no sentido de oferecer novos serviços relevantes para o setor produtivo, mobilizando infraestruturas e conhecimentos anteriormente inexplorados, assim como a promoção da formação técnica de profissionais capacitados á operacionalização dos programas selecionados.
A experiência do BID no apoio a estes programas aponta também para algumas
lições importantes em termos do gerenciamento dos mesmos. O gerenciamento de projetos complexos requer a criação de estruturas de governança adequadas, com capacidade para tomar decisões e coordenar ações coletivas, através da mobilização de novas instâncias de articulação entre as esferas pública e privada. A Figura 2.2 ilustra a estrutura institucional de operação de projetos preconizada pelo BID, destacando -se o papel de comitês de articulação público-privado para a definição das necessidades dos atores locais e da mobilização de agências públicas executoras com capacidade de direcionar recursos para a provisão de serviços adequados àquelas necessidades. Neste sentido, boa parte das recomendações do BID refere-se à necessidade dos programas
implementados contarem com a prioridade dos governos, vinculando-se à elaboração de uma visão conjunta bem definida para o curto, médio e longo prazo, o que muitas vezes pode requereria o apoio de consultores especializados, capazes de estimular processo de aprendizado e melhoramento contínuos. Além da preocupação com a estrutura de governança dos programas, as orientações do BID referem-se à mobilização de esforços de avaliação do impacto desses programas sobre a produtividade das empresas que constituem o seu público-alvo, através da utilização de um conjunto adequado de ferramentas. Estas avaliações compreenderiam a utilização de ferramentas econométricas para avaliar os impactos sobre o desempenho das empresas objeto das ações e outros grupos de controle através da utilização de técnicas de Propensity Score Matching (PSM). Destaca-se também a análise da estrutura de vínculos (ou das “redes sociais”) entre os agentes e sua influência sobre o desempenho das empresas e sobre a possibilidade de agrupamento das mesmas segundo atributos comuns. Por fim, destaca- se a importância da realização de estudos de caso comparativos para explorar os efeitos das mudanças e os impactos das políticas implementadas.
Figura 2.2 - Estrutura institucional de operação de projetos de apoio a clusters
pelo BID
Fonte: Pietrobelli, P. “Competitiveness and Innovation: Strengthening Clusters and Vale Chain in LAC – Better institutions for productive development and innovation”, apresentação no 7th Latin America Cluster Conference (CLAC), Monterey, Mexico, 3a may, 2012 , disponível em : xxxx://xxx.xxxx0000.xxx/xxxx/XXX.xxx
Outro tipo de visão relativa à operacionalização das políticas de apoio a arranjos produtivos e formas similares é desenvolvido pela UNIDO em trabalhos como “Industrial Clusters and Poverty Reduction: Towards a methodology for poverty and social impact assessment of cluster development initiatives” (2004) e “Cluster development for pro-poor growth: the UNIDO approach” (2010). Na perspectiva desses trabalhos, a estruturação desses arranjos é vinculada diretamente a iniciativas direcionadas á redução da pobreza em países com menor nível de desenvolvimento. Em particular, busca-se discutir as possibilidades de desenvolvimento de arranjos com potencial de redução da pobreza, a partir da disponibilização de um mix particular de serviços produtivos e da estruturação de modelos de governança que possibilitem eliminar entraves institucionais ao aprofundamento de estratégias de desenvolvimento prioritariamente direcionadas para aquele objetivo. Define-se, desse modo, uma agenda de intervenção baseada em um conjunto de questões que deveriam nor tear a operacionalização de iniciativas à consolidação daqueles arranjos: 1) Em que tipos de clusters os impactos em termos de redução da pobreza manifestam-se de forma mais significativa? 2) Como os impactos em termo da redução da pobreza manifestam -se dentro de cada tipo de cluster? 3) Quais os tipos de empresas e tipos de trabalhadores são mais afetados por estas iniciativas? 4) Quais as evidências disponíveis sobre a efetiva capacidade de diversos tipos arranjos atenderem as metas de redução da pobreza? 5) Quais seriam as metodologias mais apropriadas para avaliar o impacto em termos de redução da pobreza associados a diferentes iniciativas de desenvolvimento de clusters?
A partir dessa perspectiva, propõe-se uma estratégia abrangente de atuação,
calcada na melhoria das condições do "capital social" ao nível local e na montagem de "estruturas de governança sustentáveis" nos arranjos assistidos. Ressalta-se, nesse sentido, um princípio de "não-substituição" em termos dos papéis desempenhados pelos setores público e privado, reforçando-se o papel "catalisador" das políticas em termos da sua capacidade de alavancar recursos financeiros e produtivos na escala local. As ações implementadas deveriam buscar integrar diferentes ferramentas, metodologias e habilidades disponíveis ao nível local, atuando no sentido da montagem e desenvolvimento de instituições locais,e do fortalecimento das habilidades e competências de associações empresariais, serviços de consultorias e dos agentes formuladores e gestores das políticas. Define-se, assim, uma metodologia de melhoria
contínua das articulações empresariais no âmbito desses arranjos, que vem sendo aplicada desde meados da década de 1990 em diversos mercados emergentes e os países menos desenvolvidos. Essa metodologia se adapta às características dos diferentes contextos locais (país, setor, tamanho da empresa, etc.), proporcionando um processo contínuo de aprendizagem, a partir do compartilhamento de conhecimentos e das soluções políticas inovadoras de fragmentação, tanto ao nível Norte-Sul como Sul-Sul. Em linhas gerais, identificam-se três grandes áreas prioritárias na implementação dessas ações – relacionadas á redução da pobreza, à construção de capacidades para incremento de negócios ao nível local e à adequação das condições ambientais e de suprimento de energia – que se articulariam a um conjunto de programas temáticos com potencial de dinamização do desenvolvimento local, conforme ilustrado pela Figura 2.3.
Figura 2.3 – Áreas prioritárias e programas temáticos mobilizados na implementação de políticas de apoio a clusters industriais na visão da UNIDO
Fonte: Xxxxxxxxx, Xxxxxxx “UNIDO cluster development approach: A win-win solution for SMEs, sustainable competitiveness and market access”, apresentação no encontro “Inspiring Clusters in the Beginning of the New Decade”, 30. -31. Xxxxx 0000, Xxxxxxx, Xxxxxxx, disponível em: xxxx://xxx.xxx- xxxxxxx.xxx/xxxxxxxxxx/xxxxxxxxxx_xxxxxxx
Ampliando o foco da análise das experiências internacionais, é possível destacar também o papel orientador na formatação das políticas de apoio à consolidação e fortalecimento de arranjos produtivos e formas similares desempenhado por redes de instituições que procuram repartir informações sobre as características, as formas de operação e as “boas práticas” relativas ao gerenciamento das políticas de apoio àqueles
arranjos. Como exemplo, é possível mencionar ações da CLOE (Clusters Linked Over Europe) estruturada como uma “Rede Europeia de Intercâmbios de Experiências, em Gestão, Adequação e Promoção de Clusters Industriais”. Por meio da publicação “Cluster Management Guide – Guidelines for the Development and Management of Cluster Initiatives” (2006), esta rede propõe uma metodologia de abordagem das ações de apoio a estes arranjos. Essa metodologia se desdobra em quatro etapas de desenvolvimento das iniciativas de apoio – envolvendo a uma análise prévia da sua factibilidade, a definição das características das estruturas de apoio, da estrutura de financiamento e o processo de lançamento da iniciativa – e em cinco campos de gerenciamento das ações de apoio – envolvendo atividades de informação-comunicação, treinamento-qualificação, cooperação, marketing e internacionalização (ver Box A.2 em anexo). A Figura 2.4 apresenta um fluxograma das etapas e ações a serem percorridas na viabilização dessas iniciativas, enquanto a Figura 2.5 apresenta um detalhamento das cinco campos de gerenciamento dessas ações.
Figura 2.4 – Fluxograma de etapas das iniciativas de apoio a clusters
Fonte: CLOE: Clusters linked over Europe “Cluster Management Guide – Guidelines for the Development and Management of Cluster Initiatives” (2006), p. 9, disponível em : xxxx://xxx.xxxxxxxx0x.xx/0_Xxxxxxx_Xxxxxxxxxx_Xxxxx_XXXX.xxx
Figura 2.5 – Características dos campos de gerenciamento das ações de apoio a clusters
Fonte: CLOE: Clusters linked over Europe “Cluster Management Guide – Guidelines for the Development and Management of Cluster Initiatives” (2006), p. 10, disponível em : xxxx://xxx.xxxxxxxx0x.xx/0_Xxxxxxx_Xxxxxxxxxx_Xxxxx_XXXX.xxx
Em particular, observa-se no âmbito da União Europeia a proliferação de iniciativas de apoio à formação de arranjos produtivos (clusters industriais) estruturadas como em redes interinstitucionais que procuram avançar no detalhamento de “boas práticas” relacionadas ao gerenciamento das ações de apoio a estes arranjos. Funcionando como um tipo de benchmarking, a adequação a estas práticas constituiria uma espécie de chancela que facilitaria a captação de fundos através de programas comunitários. Estas redes funcionariam também como núcleos de sistematização de informações e de realização de estudos e levantamentos comparativos sobre as características dos diversos arranjos distribuídos pelo território europeu. A Figura 2.6 identifica as principais iniciativas estruturadas com esse intuito no âmbito da UE, podendo-se distinguir aquelas mais vinculada ao levantamento sistemático de informações, como o European Cluster Observatory e outras mais vinculadas à normalização de “boas práticas” no tocante ao gerenciamento do apoio a estes arranjos, como a ECEI – European Cluster Excellence Initiative.
Figura 2.6 – Iniciativas de suporte a clusters industriais
Policy Cooperation
Expertise
Newand better
tools
Quality
support
FP7
INTERREG
Structural Funds
Analysis
European Cluster Excellence Initiative
Cluster Partnerships (Cluster-IP)
European Cluster Observatory
Fonte: xxxx://xxx.xxxxxx-xxxxxx.xx/xxx/xxxxx/xxxxxxx-xxxxxxxxxxx/xxxxxxxx
Uma das atividades da ECEI compreende a identificação de indicadores de qualidade no tocante às práticas de gerenciamento de clusters industriais, o que deveria orienta a formatação de programas de treinamento adequados às necessidades dos gestores desses clusters. Procura, assim, definir um determinado “padrão de qualidade” para as práticas de gerenciamento desses arranjos, a ser complementada por enquetes entre gestores visando indicar as habilidades necessárias para alcançar melhores resultados. Além disso, provê materiais e metodologia de ensino autoexplicativas para formar gestores de cluster e ajudá-los a alcançar um nível de excelência no gerenciamento de suas atividades. Neste sentido, destacam-se as orientações gerais apresentadas no estudo European Cluster Excellence BASELINE - Minimum Requirements for Cluster Organisations (2011), relacionadas a cinco dimensões básicas apresentadas no Box 2.1: i) conformação da estrutura do arranjo em termos de seus membros participantes; ii) composição e qualificação da estrutura de governança subjacente; iii) gerenciamento dos financiamento das ações de apoio; iv) aspectos relacionadas à implementação de estratégias de ação; v) práticas de avaliação do reconhecimento das ações, nos âmbitos interno e externo aos clusters apoiados. Adicionalmente, busca também promover um intercâmbio de conhecimentos e experiências entre estes gestores através do European Club of Clusters Managers, fornecendo também acesso à ECCP – European Cluster Collaboration Platform, que oferece informações on-line e suporte de rede para organizações de responsáveis pelo gerenciamento desses arranjos.
Box 2.1 – Dimensões a serem consideradas na avaliação da qualidade das práticas de gerenciamento de clusters.
1. STRUCTURE OF THE CLUSTER
1.1. Committed Cluster Participation
1.1.1 Composition of the Cluster Participants
1.1.2 Number of Committed Cluster Participants in Total
1.2 Geographical Concentration of the Cluster Participants
2. TYPOLOGY, GOVERNANCE, COOPERATION
2.1 Maturity of the Cluster Management
2.2 Human Resources Available for the Cluster Management
2.2.1 Qualification of the Cluster Management Team
2.2.2 Life Long Learning Aspects for the Cluster Management Team
2.2.3 Stability and Continuity of Human Resources of the Cluster Management Team
2.3 Stability of Cluster Participation
2.4 Clarity of Roles – Involvement of Stakeholders in the Decision Making Processes
2.5 Direct Personal Contacts Between the Cluster Management Team and the Cluster Participants
2.6 Degree of Cooperation within the Cluster
2.7 Integration of the Cluster Organisation in the Innovation System
3. FINANCING CLUSTER MANAGEMENT
3.1 Prospects of the Financial Resources of the Cluster Organisation
3.2 Share of Financial Resources from Private Sources
4 STRATEGY, OBJECTIVES, SERVICES
4.1.1 : Strategy Building Process
4.1.2 : Documentation of the Cluster Strategy 4.1.3: Implementation Plan
4.1.4 : Financial Controlling System
4.1.5 : Review of the Cluster Strategy and Implementation Plan 4.1.6: Performance Monitoring of Cluster Management
4.2 : Focus of the Cluster Strategy
4.3 : Activities and Services of the Cluster Management 4.4: Performance of the Cluster Management
4.5: Working Groups
4.6.1: Communication of the Cluster Organisation 4.6.2: Cluster Organisation’s Web Presence
5 ACHIEVEMENTS, RECOGNITION .
5.1 : Recognition of the Cluster in Publications, Press, Media 5.2: Success Stories
5.3: Customer and Cluster Participants’ Satisfaction Assessment
Fonte: Xxxxxxxxx, Xxxxxx; Xxxxxx, Xxxxxx; Xxxxxxxxxxxx Xxxxxx; European Cluster Excellence BASELINE - Minimum Requirements for Cluster Organisations, Document for Publication, European Cluster Excellence Initiative (ECEI), - Nov 17, 2011, disponível em:
xxxx://xxx.xxxxxxx-xxxxxxxxxx.xx/xxxxxxxxx/_xxxxxxx- excellence/grafiken/20111128_European_Cluster_Excellence_BASELINE_web.pdf
Como exemplo de ações baseadas nessas orientações gerais é possível mencionar a elaboração de “estratégias nacionais” de desenvolvimento de clusters industriais em países europeus menos desenvolvidos. O estudo-piloto elaborado para a definição desse tipo de estratégia no caso da Bulgária (2006) ressalta a importância de
se adaptar o tipo de assistência, os critérios de seleção dos arranjos, os objetivos básicos das ações e os critérios para o seu monitoramento em função do estágio de desenvolvimento dos arranjos, conforme ilustrado pelo Quadro A.2 em anexo. Ademais, neste estudo piloto são detalhadas também diferentes ações vinculadas ao gerenciamento das iniciativas de apoio, vinculadas a nove dimensões distintas, apresentadas no Quadro 2.3: 1) a caracterização das particularidades das economias regionais e do seu potencial em termos da formação de arranjos; 2) ações vinculadas ao engajamento de atores locais; 3) ações para organização e provisão de serviços de apoio; 4) ações para a formação de uma força de trabalho qualificada; 5) ações de estímulo à inovação e ao empreendedorismo; 6) ações de marketing da região; 7) ações para alocação de recursos e investimentos; 8) ações de desenvolvimento contínuo; 9) ações direcionadas à coleta de informações.
Quadro 2.3 – Ações vinculadas ao gerenciamento das iniciativas de apoio \ formação de clusters industriais
A. | ACTIONS FOR UNDERSTANDING & BENCHMARKING REGIONAL ECONOMIES |
A1 | Identify clusters |
A2 | Model & map schematic relationships |
A3 | Benchmark against competitors |
A4 | Assess training needs to achieve Actions B to I |
B | ACTIONS FOR ENGAGEMENT |
B1 | Recognise (or where an unmet need exists – create) cluster entity |
B2 | Formalise communications channels (within cluster) |
B3 | Foster inter-firm collaboration |
B4 | Agree „early‟ leader in SME and Government/NGO bodies |
B5 | Develop Annual Action Plan |
C | ACTIONS FOR ORGANISING AND DELIVERING SERVICES |
C1 | Perform Services Need Analysis |
C2 | Organise & disseminate information within cluster |
C3 | Establish one-stop cluster office |
C4 | Form cross-institution “cluster” amongst stakeholders |
C5 | Form Cluster Working Groups (dominated by SMEs) |
C6 | Facilitate external connections (by e -mail, newsletters, contacts etc) |
D | ACTIONS FOR BUILDING A SPECIALISED WORKFORCE |
D1 | Initiate Skills Survey |
D2 | Perform Company TNAs within cluster |
D3 | Use cluster as basis for joint learning projects |
D4 | Form partnerships between educational institutions and clusters |
D5 | Establish cluster skill centres |
D6 | Support regional skills alliances |
D7 | Create inter-regional cluster alliances |
D8 | Implementation, certification of training |
D9 | Annual or bi-annual evaluation of training |
E | ACTIONS FOR STIMULATING INNOVATION & ENTREPRENEURSHIP |
E1 | Engage appropriate universities in innovation schemes |
E2 | Invest in innovation and business start -ups |
E3 | Support cluster based incubators |
E4 | Encourage entrepreneurs‟ networks |
E5 | Develop innovation networks (via hub and regionally) |
E6 | Establish cluster-based hubs as Technology Transfer Centres |
E7 | Organise periodic institutions/SMEs consultation |
E8 | Bi-annual survey of EU funding opportunities |
F | ACTIONS FOR MARKETING & BRANDING A REGION |
F1 | Develop Marketing Branding Strategy |
F2 | Assess current positioning of cluster and materials/ communications plan |
F3 | Promote clusters as regional brand |
F4 | Introduce strict guidelines for use and exploitation of regional brand |
F5 | Form Export Networks |
F6 | Target inward investment to match Regional Branding Strategy |
G | ACTIONS FOR ALLOCATING RESOURCES & INVESTMENTS |
G1 | Assess funding needs and priorities |
G2 | Fund critical cluster activities (from Annual Action Plan) |
G3 | Set aside funds specifically for multi -firm projects only |
G4 | Invest in cluster R&D |
G5 | Set up assessment filter for projectsG6 |
G6 | Set up periodic sub-group to develop new projects and follow -on projects |
H | ACTIONS FOR PROGRESSIVE DEVELOPMENT |
H1 | Map systemic relationships |
H2 | Conduct International Competitor Analysis |
H3 | Introduce/achieve regional agreement on cluster mini -hubs (one stop centres) |
H4 | Reassess Cluster Development Training Needs |
H5 | Capacity build cluster and mini -hub for more successful project development |
I | ACTIONS FOR INFORMATION COLLECTION |
I1 | Set up database with basic impact measures |
I2 | Collect company data annually from cluster members |
I3 | Collect impact statistics from cluster projects |
I4 | Collect value-chain analysis information and competitiveness evaluation information to feed into Cluster action planning process |
Fonte: Phare - The Programme of Community aid to the countries of Central and Eastern Europe. Introduction of Cluster Approach and Establishment of a Pilot Cluster Model, National Strategy For Cluster Development, National Clusters Strategy: Bulgaria, July 2006
Além das redes colaborativas estabelecidas entre instituições responsáveis pela gestão de iniciativas de apoio a arranjos produtivos, é possível identificar também ações implementadas por instituições de caráter público e semi-público que também procuram atuar no sentido da definição de “boas práticas” de gestão direcionadas naquela direção. O International Organisation for Knowledge Economy and Enterprise Development (IKED) é uma instituição independente especializada na discussão de aspectos associados à consolidação de uma economia “baseada no conhecimento” que também aborda o apoio à formação de arranjos produtivos através de uma publicação de referência intitulada “The Cluster Policies Whitebook” (2003). Nesta publicação, são identificadas quatro dimensões básicas do processo de “clusterização”, associadas à criação de capital social e confiança, ao desenvolvimento de vínculos estratégicos, à definição de uma estratégia geral de atuação e à implementação de ações concretas (ver Box A.3 em anexo e Figura 2.7). Além disso, essa publicação discute as ações e competências a serem mobilizadas, as circunstâncias específicas a serem consideradas na implementação de ações e os procedimentos gerais de avaliação dessas ações (ver Box A.3 em anexo). Adicionalmente, o estudo procura também sistematizar um conjunto de ações direcionadas à atuação sobre duas dimensões básicas: o incremento de processos internos associados á dinâmica de operação desses arranjos (“cluster dynamics”) e a melhoria das condições ambientais e de infraestrutura a partir das quais se estruturam esses arranjos (“cluster environment”), conforme ilustrado pelo Quadro
A.2 em anexo. A primeira dimensão refere-se, fundamentalmente, à incorporação de novas tecnologias e aos impactos decorrentes sobre o crescimento dos agentes, bem como ao estabelecimento de múltiplos tipos de vínculos, à provisão de serviços coletivos e à consolidação de um grau de articulação interna que confira, à luz da percepção do mercado, uma vantagem competitiva diferencial para os participantes do arranjo. Já a segunda dimensão refere-se, basicamente, a uma atuação sobre condições locais em termos de dotação de fatores, condições de infraestrutura e base institucional local que proporcionam os estímulos ambientais necessários à dinamização dos arranjos.
Figura 2.7 – Etapas do processo de formatação de políticas de apoio á formação de clusters
Xxxxx: Xxxxxxxxx, Xxxxxx; Xxxxxx, Xxxxxx Xxxxxxx; Xxxxxx, Xxxx; Xxxxxxx, Xxxxx Xxxx The Cluster Policies Whitebook, International Organisation for Knowledge Economy and Enterprise Development (IKED), p.76, 2004 Disponível em: xxxx://xxxxxx.xxx.xxx/xxxx/xxxxxxx%00xxxxxxxx%00xxxxxxxxx.xxx
Outra iniciativa importante é aquela desenvolvia pela Global Cluster Initiative Survey (GCIS), um projeto que desenvolve uma análise sistemática de iniciativas de apoio a formação de arranjos produtivos, que conta com o suporte da Swedish Agency for Innovation Systems (VINNOVA). Os resultados desse esforço de sistematização são apresentados em duas publicações importantes: “The Cluster Initiative Greenbook” (2003) e “Clusters: Balancing Evolutionary and Constructive Forces” (2008). Nestes estudos, procura-se, a partir do levantamento de ações implementadas por inic iativas de apoio à formação de arranjos distribuídos por todo o mundo, definir uma metodologia geral ação intitulada Cluster Initiative Performance Model (CIPM), na qual são identificados objetivos comuns dessas iniciativas (apresentados na Figura 2.8), que poderiam ser associados a seis dimensões básicas apresentadas na Figura 2.9: 1) Pesquisa e Networking; 2) Ações Políticas de Mobilização; 3) Ações para Expansão do Cluster; 4) Educação e Treinamento; 5) Cooperação Comercial; 6) Inovação e Tecnologia. No estudo de 2008 procura-se também avançar na direção da identificação de um perfil de competências para os gestores das iniciativas de apoio à formação desses arranjos, sendo destacados os seguintes aspectos: i) a capacidade de estimular processos de mudança; ii) a criação de um ambiente aberto indutor do aprofundamento da aprendizagem; iii) a possibilidade de se cruzar fronteiras, a partir de uma elevada capacidade de comunicação; iv) a capacidade de se manter relacionamentos colaborativos no interior do arranjo e com o exterior; v) a atuação como agente
motivador, indutor de capacitações e formador de talentos; vi) a capacidade pra adaptação à velocidade dos negócios; vii) a capacidade de gerenciar um amplo portfólio de iniciativas.
Figura 2.8 – Iniciativas de apoio à formação de clusters
Fonte: Xxxxxxx, Xxxxx; Xxxxxxxxx, Xxxxx; Ketels, Christian. The Cluster Initiative Greenbook, p. 10, 2003. Disponível em: xxxx://xxx.xxxxxx- xxxxxx.xx/x/xxxxxxxx_xxxxxxx/xxx_xxxx?xxxxxxXxx000000&xxxxxXXXX-0000.xxx
Figura 2.9 – Dimensões Básicas das Políticas de Apoio à Formação de Clusters
Fonte: Xxxxxxx, Xxxxx; Xxxxxxxxx, Xxxxx; Ketels, Christian. The Cluster Initiative Greenbook, p. 36, 2003. Disponível em: xxxx://xxx.xxxxxx- xxxxxx.xx/x/xxxxxxxx_xxxxxxx/xxx_xxxx?xxxxxxXxx000000&xxxxxXXXX-0000.xxx
Algumas análises elaboradas por organismos de caráter público ou semi-público caminham na mesma direção. O estudo “The Cluster Benchmarking Project: Pilot Project Report - Benchmarking clusters in the knowledge based economy” (2007) elaborado pelo Nordic Innovation Centre desenvolve um modelo de análise baseado num conjunto de instrumentos e indicadores sistematizados na Figura 2.10. No relatório “Benchmarking as a Tool for Cluster Analysis Cluster Excellence Makes the Difference” (2012), desenvolvido pela European Secretariat for Cluster Analysis (ESCA) sediada em Berlim, é apresentada uma metodologia para a aferição de qualidade das práticas de gerenciamento de clusters, a qual procura incorporar evidências coletadas desde 2007 junto a mais de 250 organizações que atuam nessa direção. O estudo “Perfect Cluster Policy and Cluster Program” (2012) elaborado para a NGPExcellence (Cluster Excelence in the Nordic Countries, Germany and Poland) também propõe uma sistematização das principais categorias de ser viços prestados por organizações de gerenciamento de clusters, conforme ilustrado pela Figura 2.11. Neste estudo desenvolve-se também uma sistematização das dimensões a serem operacionalizadas e dos indicadores a serem utilizados nesse processo de gerenciamento, ilustrada pelo Quadro A.7 em anexo.
Figura 2.10 – Instrumentos e indicadores para gerenciamento do apoio a clusters
Fonte: Xxxxxxxx, Xxxxxxx; Xxxxxx, Xxxxxx; Xxxxxxx, Xxxxx Xxxx. The Cluster Benchmarking Project: Pilot Project Report - Benchmarking clusters in the knowledge based economy, Xxxxxx Xxxxxxxxxx Xxxxxx, x. 00, Xxxx, 0000. Disponível em: http://xxx.xxxxxxxxxxxxxxxx.xxx/Global/_Publications/Reports/2007/The%20cluster%20benchmarking% 20project%20-%20Benchmarking%20clusters%20in%20the%20knowledge%20based%20economy.pdf
Figura 2.11 – Serviços oferecidos por organizações de gerenciamento de clusters
Fonte: Xxxxxxxxxxx, Xxxxxx X.; Xxxxxx-Xxxx, Xxxxxx; Xxxxxx, Xxxx Xxxxx zu. Perfect Cluster Policy and Cluster Program - The Cluster League – Some Food for Thought, Discussion paper, Berlin/Copenhagen, NPGExcellence – Cluster Excellence in the Nordic Countries, Germany and Poland.
p. 30. April 11th, 2012. Disponível em: xxxx://xxx.xxxx.xx/xxxxxxxxx/xxxx_xxxxxx/Xxxxxxx_Xxxxxxx_Xxxxxxx_xxxxx_000000.xxx
Alguns trabalhos recentes realizados por empresas internacionais de consultoria também sinalizam na direção de práticas importantes no gerenciamento de arranjos produtivos, as quais teriam importantes desdobramentos sobre um perfil ideal de competências a ser considerando na formação dos gestores dessas iniciativas. No estudo “Uncovering excellence in cluster management” (2011), a Pricewaterhouse & Xxxxxxx procura avançar na direção da caracterização de um “sistema adaptativo” orientado à mensuração da performance e ao gerenciamento dessas atividades. Assume-se que a implementação de sistemas de medição de desempenho representa uma ferramenta importante para permitir a sobrevivência de clusters indust riais em ambientes altamente competitivos. Neste contexto, os sistemas de medição de desempenho devem ser adaptados aos interesses dos diferentes grupos de agentes envolvidos no processo (por exemplo, indústria, academia, governo, investidores) e aos diferentes estágios do ciclo de vida desses clusters (incorporando uma diferenciação entre arranjos emergentes, em desenvolvimento, maduros e de “classe mundial”), ressaltando-se a importância de se experimentar e testar várias abordagens ao longo desse processo. Para viabilizar esse tipo de avaliação, os principais desafios gerenciais estariam associados à necessidade de superar resistências decorrentes de diferenças culturais e à necessidade de se mudar
mentalidades em função da adaptação do arranjo aos estímulos ambientais. Para viabilizar esta mudança, seria importante a criação de um ambiente colaborativo, que minimizasse conflitos de interesses entre as partes interessadas, permitindo a realização de adaptações positivas face a contextos marcados por instabilidades financeiras, por mudanças no ambiente regulatório, pelo acirramento da concorrência externa e pela ocorrência de rápidas mudanças tecnológicas. Esse ambiente permite também legitimar internamente as ações, o que se mostra importante num contexto marcado por crescentes pressões no sentido da necessidade dos gestores justificarem os investimentos públicos e privados direcionados para o desenvolvimento de tais arranjos.
No gerenciamento de iniciativas de apoio a clusters industriais, assume-se que um sistema eficaz de mensuração da performance dessas ações deveria contemplar seis dimensões sistematizadas na Figura 2.12: 1) Responsabilização (“accountability”) dos gestores em termos do uso de recursos; 2) Garantia de recursos (“funding”); 3) Aprendizado e Desenvolvimento, visando o ajustamento das ações em função dos resultados obtidos; 4) Planejamento de atividades futuras; 5) Motivação (“inspiring”) dos agentes participantes dos arranjos, no intuito de estimular soluções criativas e inovadoras; 6) Promoção externa das atividades do arranjo. Por outro lado, seria importante a montagem de um sistema de indicadores (ilustrados pela Figura A.2 em anexo) capazes de serem adaptados aos diferentes focos dos esforços de gerenciamento em cada uma das etapas evolutivas dos arranjos (organização, emergência, emergentes, desenvolvimento, maturidade e “classe mundial”), conforme ilustrado pela Figura 2.13.
Figura 2.12 – Princípios Gerais de Sistema de Mensuração da Performance em
Clusters Industriais
Fonte: Xxxxxxxxx, Xxxxxxxx. Competitiveness and Cluster Performance Measurement Systems- Survival of the Adaptive. 14th TCI Annual Global Conference, Pricewaterhouse & Coopers , Auckland, New Zealand, p. 4, 30 November 2011. Disponível em: xxxx://xxx.xxx0000.xxx/xxxxxxx/000/xxxxx/00%00Xxxxxxxx%00Xxxxxxxxx.xxx
Figura 2.15 – Focos principais do gerenciamento em diferentes estágios de desenvolvimento de clusters industriais
Fonte: Xxxxxxxxx, Xxxxxxxx. Competitiveness and Cluster Performance Measurement Systems- Survival of the Adaptive. 14th TCI Annual Global Conference, Pricewaterhouse & Coopers , Auckland, New Zealand, p.9, 30 November 2011. Disponível em: xxxx://xxx.xxx0000.xxx/xxxxxxx/000/xxxxx/00%00Xxxxxxxx%00Xxxxxxxxx.xxx
O estudo “Uncovering excellence in cluster management” aborda também um tópico particularmente importante, associado à distinção entre a governança (cluster governance) e o gerenciamento (cluster management) de arranjos, ilustrada pelo Quadro
2.4. A primeira dimensão – relacionada à esfera da governança – refere-se à adoção de ações coletivas, ao desenvolvimento de uma visão estratégica e à estruturação de um sistema de indicadores para avaliar os resultados obtidos. A segunda dimensão – relacionada especificamente ao campo do gerenciamento – refere-se à organização e coordenação de ações práticas do dia-a-dia relacionadas à mobilização de recursos e competências em função da estratégia definida. Nesse sentido, enquanto a esfera da governança estrutura-se a partir de um conjunto de princípios gerais que deveriam nortear a articulação de empresas, academia e governo, ilustrados pela Figura 2.16, a esfera do gerenciamento refere-se a um ciclo no qual se articulam esforços que visão atingir os seguintes objetivos (ilustrados pela Figura 2.17): 1) “definir” a visão estratégica, a missão e as incertezas-chave a serem enfrentadas; 2) “projetar” (design) um plano de ação, uma plataforma de comunicação e um sistema de coleta de dados; 3) “implementar” um sistema em rede que forneça informações e incentivos, estimulando a colaboração, favorecendo o aprendizado e a qualificação dos agentes e realizando atividades promocionais; 4) “monitorar” o processo de coleta e registro de informações sobre o progresso conjunto, implementando ações de revisão em função da identificação de problemas no planejamento e/ou na execução as ações; 5) “avaliar” os processos de gerenciamento, identificando os objetivos dessa avaliação, elaborando as questões fundamentais a serem avaliadas, compatibilizando avaliações interna e externa e operando como agente facilitador do processo; 6) “revisar” o processo de gerenciamento, a partir da análise dos objetivos e dos riscos e incertezas, reportando-se às partes interessadas.
Quadro 2.4 – Diferenciação entre governança (cluster governance) e o gerenciamento (cluster management) de arranjos
Fonte: Schretlen, Xxx-Xxxxxxx; Xxxxxxxxx, Xxxxxxxx; Xxxxxx, Xxxxxx; Schaffmeister, Xxxxxx. Uncovering excellence in cluster management, Pricewaterhouse & Xxxxxxx, p. 20, 2011. Disponível em: xxxx://xxx.xxxxxx-xxxxxx.xx/x/xxxxxxxx_xxxxxxx/xxx_xxxx?xxxxxxXxx000000&xxxxxXXXX-00000.xxx
Figura 2.16 – Princípios gerais de modelo de governança em clusters industriais
Fonte: Schretlen, Xxx-Xxxxxxx; Xxxxxxxxx, Xxxxxxxx; Xxxxxx, Xxxxxx; Schaffmeister, Xxxxxx. Uncovering excellence in cluster management, Pricewaterhouse & Xxxxxxx, p. 21, 2011. Disponível em: xxxx://xxx.xxxxxx-xxxxxx.xx/x/xxxxxxxx_xxxxxxx/xxx_xxxx?xxxxxxXxx000000&xxxxxXXXX-00000.xxx
Figura 2.17 – Atividades integradas em ciclo de gerenciamento de clusters industriais
Fonte: Schretlen, Xxx-Xxxxxxx; Xxxxxxxxx, Xxxxxxxx; Xxxxxx, Xxxxxx; Schaffmeister, Xxxxxx. Uncovering excellence in cluster management, Pricewaterhouse & Xxxxxxx, p. 8, 2011. Disponível em: xxxx://xxx.xxxxxx-xxxxxx.xx/x/xxxxxxxx_xxxxxxx/xxx_xxxx?xxxxxxXxx000000&xxxxxXXXX-00000.xxx
A preocupação em identificar as “boas práticas” no gerenciamento do apoio à consolidação de arranjos produtivos (ou clusters industriais) pode também ser identificada no estudo “Cluster Management: a Practical Guide” (2007) elaborado pela GTZ Consultoria, no qual também se identifica uma diferenciaçã o entre a fase de “preparação” das ações – associada à definição de metas e de um plano de ação - e de “implementação” – vinculada à montagem de uma estrutura de oferta de serviços, intercâmbio de informações, montagem e gerenciamento de projetos. Além des sas fases, identifica-se uma etapa de promoção da “mudança”, na qual se procuraria monitorar e avaliar os resultados gerados e incorporar os efeitos de processo de aprendizado, de maneira a promover-se os ajustes necessários nas práticas de gerenciamento (ver Box
A.4 em anexo).
Em função da análise desenvolvida é possível caminhar em duas direções importantes. A primeira delas refere-se à identificação do perfil de competências de possíveis gestores do apoio à consolidação de arranjos produtivos. Nesse sentido, é útil considerar as evidências coletadas no estudo “CMQ – Cluster Manager Qualification: Results of a comprehensive survey on tasks, skills & training needs of European cluster managers” (2009) elaborado pela rede de instituições de apoio a estes arranjos da União Européia. Com base num levantamento de 107 iniciativas apoiadas, procura-se identificar o perfil de qualificação formal dos gestores desses arranjos e as
competências que se mostram mais importantes para o desenvolvimento das suas ações. A partir das informações coletadas, é possível identificar as principais tarefas realizadas por estes gestores, as áreas de competências necessárias para a realização das mesmas e os possíveis desdobramentos em termos dos objetivos de programas de treinamento a serem estruturados visando o fortalecimento dessas capacitações. A Figura 2.18 apresenta as principais tarefas desenvolvidas por estes gestores, enquanto a Figura 2.19 refere-se às áreas de competências necessárias para realização das mesmas, identificadas em função da importância atribuída às mesmas pelos próprios gestores (cluster managers – CM) e pelos gerentes gerais (cluster stakeholders – CS) desses arranjos. Com base na identificação dessas competências, procura-se avançar no sentido das áreas de competência nas quais seria importante implementar programas de treinamento e de aspectos específicos a serem incorporados a este programas, destacando-se a importância do intercâmbio de experiências, da incorporação da experiência prática e da busca de algum tipo de certificação.
Figura 2.18 – Principais tarefas atribuídas a gestores de arranjos (clusters)
Fonte: Pro INNO Europe CMQ – Cluster Manager Qualification - Results of a comprehensive survey on tasks, skills & training needs of European cluster managers. Pro INNO Europe, 2009. Disponivel em xxxx://xxx.xxxxxxx-xxxxxx.xx/xxxxx/xxxxxxxx_xxxxxxxxx/XXX-xxxxxxx-xxxxxx_XXX-XX_000000.xxx
Figura 2.19 – Habilidades e competências requeridas de gestores de arranjos (clusters)
Fonte: Pro INNO Europe CMQ – Cluster Manager Qualification - Results of a comprehensive survey on tasks, skills & training needs of European cluster managers. Pro INNO Europe, 2009. Disponivel em xxxx://xxx.xxxxxxx-xxxxxx.xx/xxxxx/xxxxxxxx_xxxxxxxxx/XXX-xxxxxxx-xxxxxx_XXX-XX_000000.xxx
Em função dos aspectos mencionados, observa-se, principalmente no âmbito da Comunidade Europeia, a estruturação de programas de treinamento e qualificação de gestores de arranjos (clusters) estruturados por empresas de consultoria especializada. Como exemplo, é possível mencionar o curso o International Cluster Course (2012), montado pela Oxford Research‟s (sediada na Dinamarca) para atender demandas de qualificação desses gestores. Esse curso procura transmitir conhecimentos teóricos e práticos sobre iniciativas de apoio a formação desses arranjos, apresentando ferramentas e técnicas de planejamento e avaliação possíveis de serem utilizada na formatação de ações de apoio adaptadas às especificidades de cada uma das situações concret as a serem enfrentadas por aqueles gestores na sua atuação profissional. O Box A.4 em anexo, apresenta a estrutura desse programa de capacitação estruturado em 10 módulos ou passos.
A partir da análise realizada, é possível destacar também, como orientação geral para as políticas de apoio a APLs, a necessidade das mesmas estarem inseridas em um arcabouço mais geral de planejamento. Cabe mencionar, em primeiro lugar, a relevância
do planejamento estratégico e da prospecção tecnológica e regional como fundamentos para a operacionalização de uma política efetiva de apoio a APLs. Em segundo lugar, cabe ressaltar a importância de uma avaliação regular dos APLs a serem apoiados, inclusive através da utilização de procedimentos de benchmarking para comparar a evolução de distintos arranjos ao longo do tempo, o que implica o monitoramento de ações a partir de perspectiva comparativa. Como fator adicional, destaca -se a necessidade das políticas incorporarem uma perspectiva de adaptação (updating) da visão estratégica no âmbito do APL, o que implica um ajustamento das ações e instrumentos no sentido de garantir o necessário upgrade de produtos, processos, rotinas organizacionais e procedimentos de gestão no âmbito do APL, visando consolidar uma trajetória “high road” de incremento de capacitações inovativas e reforço da competitividade. Por fim, de modo a garantir que estas ações não sofram soluções de continuidade, é fundamental garantir-se um apoio regular, na forma de montantes estáveis de recursos, acrescida a uma estabilidade dos instrumentos e a uma perenidade do arcabouço institucional.
Outra orientação geral a ser perseguida na definição de políticas de apoio a APLs refere-se à importância que assume a estruturação de uma articulação público- privada bem azeitada, visando garantir uma estrutura sustentável de governança e a adoção de práticas gerenciais com maiores possibilidades de sucesso.. Isto implica, por um lado, a organização de APLs e dos instrumentos de apoio a serem mobilizados em torno de líderes locais, articulados com instâncias de governo responsáveis pela implementação daquelas políticas. O aspecto chave desse tipo de articulação deve ser a criação e reforço de capacitações coletivas, que possibilitem a formulação de uma estratégia coerente e sustentável de dinamização do APL ao longo do tempo. Em determinadas circunstâncias, pode também ser importante a implementação de ações por organizações intermediárias nas quais se observa uma interpenetração das lógicas pública e privada. Deve-se também ter em mente que os arranjos a serem apoiados constituem meios para atingir determinados objetivos (maior competitividade, dinamização das realidades locais, etc), não devendo ser vistos como resultados cuja estruturação se justifica per-se. Esta perspectiva implica um permanente balanceamento entre o reforço/aceleração de trajetórias já exploradas pelos arranjos e a introdução de descontinuidades e exploração deliberada de patamares não automáticos.
Uma dimensão importante refere-se à mobilização de instrumentos de política
que possam fortalecer a capacidade de liderança e articulação local, de modo a gerar
uma estrutura de governança dinâmica e sustentável para o conjunto do arranjo. Visando consolidar uma visão comum que possibilite a integração de ações no âmbito do arranjo, é possível destacar o apoio à montagem de instâncias institucionais de articulação (conselhos, fóruns, etc.) que favoreçam a disseminação de princípios de solidariedade e reciprocidade nas relações entre agentes. O reforço da interação e do associativismo em escala local pode ser favorecido através da mobilização de programas governamentais para coordenação das estratégias dos agentes. A identificação e o apoio a líderes do arranjo (flagship firms) pode ser também uma estratégia interessante, assim como o apoio governamental à provisão de serviços de consultoria cujos benefícios se disseminem entre os diversos agentes locais. Em determinadas atividades de menor conteúdo tecnológico, este papel pode ser desempenhado por consultores especializados contratados por agências públicas, que funcionariam na identificação de novas oportunidades e na disseminação de best- pratices produtivas, tecnológicas e organizacionais.
Uma questão fundamental para a sua legitimação e continuidade refere -se à necessidade de avaliação das ações implementadas e dos resultados alcançados. Neste sentido, quatro dimensões distintas do processo de avaliação devem ser consideradas e equacionadas. A primeira dimensão refere-se à necessidade de se definir e limitar as políticas relativas a arranjos para fins de avaliação. Esta questão não é trivial, uma vez que os arranjos são impactados por diversas dimensões da política econômica que podem entrar em conflito entre si, gerando problemas para aquele tipo de avaliação. Uma segunda dimensão refere-se a quais os resultados das políticas que se pretende mensurar e avaliar e em qual horizonte de tempo esta avaliação deve ser realizada. Neste caso, dois problemas recorrentes podem ser identificados. Por um lado, a identificação de resultados é contingente em relação a determinados objetivos gerais que devem ter norteado a concessão de apoio ao arranjo – o incremento da competitividade, a maior capacitação tecnológica e inovativa, a dinamização de economias locais, etc. Por outro lado, para que essa avaliação possa ser realizada, é necessária a identificação de um conjunto de indicadores que possam ser utilizados para monitorar a obtenção dos resultados perseguidos ao longo do tempo. Uma terceira dimensão importante do processo de avaliação das políticas de apoio a APLs refere-se à necessidade de captar-se determinadas transformações estruturais desses arranjos, as quais, em determinadas circunstâncias, podem se mostrar necessárias. Neste caso, um problema adicional decorre do fato de que, ao avaliar-se estas mudanças, é necessário
identificar indicadores que possam captá-las. Por fim, uma última dimensão do processo de avaliação refere-se à definição da unidade básica desse processo, podendo-se estabelecer uma diferenciação entre processos de avaliação que elegem as firmas, estas em conjunto com outras organizações e instituições, o ambiente local (isto é, a região subjacente) ou até as próprias agências de governo como unidades básicas a serem avaliadas de forma a medir a eficácia das ações implementadas.
Desse modo, a operacionalização de uma política eficaz de apoio à consolidaçã o e fortalecimento de APLs requer que algumas pré-condições sejam atendidas. Em especial, é necessário estabelecer critérios para definir as prioridades destas políticas em função dos impactos previstos sobre as economias locais. Neste sentido, é importante que estes programas sejam definidos em função do potencial efetivo de dinamização da base produtiva local, numa perspectiva de reforço da competitividade alicerçada na melhoria da qualidade e nível tecnológico dos produtos e processos. A definição de prioridades deve também ter como marco de referência o padrão de crescimento econômico que se pretende viabilizar em determinada região e os incentivos e instrumentos à disposição das diversas instâncias de governo para induzir uma eventual re-configuração da estrutura produtiva local. É também particularmente importante identificar e explorar “janelas de oportunidade” potencialmente importantes para a dinamização das economias locais, a partir da construção de visões de longo prazo para as políticas implementadas pelas diversas instâncias de governo. Neste sentido, a experiência internacional indica que, no tocante à operacionalização de ações concretas orientadas ao fortalecimento de arranjos produtivos,algumas tendências gerais podem ser destacadas:
∗ O estímulo ao reconhecimento das possibilidades de interação entre agentes, visando solucionar problemas de falta de informação que dificultam a
montagem desses arranjos, particularmente em estágios embrionários (ou pré- competitivos) nos quais existe uma dicotomia entre os custos iniciais elevados de formação de articulações cooperativas e a tendência à disseminação ampla dos benefícios gerados (o que confere um caráter de “bem público” ao arranjo);
∗ O estímulo à consolidação de redes de relacionamentos entre agent es, através da mobilização de instrumentos indutores do estabelecimento de contatos e
articulações entre diferentes organizações (muitas vezes provenientes de
ambientes distintos, como empresas; universidades; instituições de pesquisa, etc.), de forma possibilitar o reconhecimento mútuo de competências, problemas, expectativas e interesses.
∗ O apoio à integração de recursos complementares no âmbito destes arranjos,
seja através da montagem de instâncias institucionais de articulação de estratégias (conselhos, fóruns, etc.), seja através da provisão de recursos críticos para operação de arranjos cooperativos, como recursos humanos; infra-estrutura física; infra-estrutura de comunicações; condições de acesso ao sistema financeiro; acesso a mercados consumidores; normas de tecnologia industrial básica, etc.
∗ A importância da formação de gestores com perfis de competências que vão
além da capacitação formal, incluindo informações mais detalhadas sobre o seu complexo objeto de ação, uma efetiva capacidade de lideran ça para mobilizar diferentes tipos e uma capacidade de manipular diferentes ferramentas para avaliar os resultados das ações adotadas e para realizar os ajustamentos necessários, quando os mesmo se mostrarem pertinentes.
2.2 Evidências da Experiência Brasileira na Capacitação de Agentes em APLs:
Como destacado, este capítulo pretende identificar as principais estratégias desenvolvidas em relação à capacitação de agentes inseridos ema APLs. A seção anterior destacou as ações na União Europeia. Esta seção apresenta as principais características das ações implementadas no Brasil. Cabe destacar que o foco do levantamento remete-se as ações postas em prática pelas instituições do GTP APL. Neste sentido, este estudo privilegia as respostas obtidas destas intuições8.
Em relação às ações de capacitação implementadas em APLs, no Brasil estas podem ser divididas em dois grandes grupos. Um primeiro grupo, no qual se verifica uma maior concentração de ações, estas referem-se à capacitação dos agentes produtivos inseridos nos arranjos. Mais especificamente estas visam aprimorar as
8 A coordenação do GTP APL solicitou que as instituições membro descrevessem as ações implementadas relacionadas à capacitação de agentes em APLs. Um conjunto reduzido de instituições se manifestou sobre o tema, e esta seção apresenta os resultados obtidos.
capacitações relacionadas ao empreendedorismo dos agentes, fornecendo elementos que propiciem uma melhor inserção no mercado das empresas do APL. Um segundo grupo de ações, está relacionado ao desenvolvimento de gestores para arranjos produtivos locais, estas ações são mais fragmentadas, sendo realizadas pro um número mais reduzido de instituições.
Em relação às ações voltadas para o incremento da capacidade empreendedora, nos APLs, se destacam as instituições que integram o Sistema S. Segundo o Portal Brasil, para ajudar na qualificação e na formação profissional, os empresários têm no Sistema S um forte aliado. Formado por organizações criadas pelos setores produtivos (indústria, comércio, agricultura, transportes e cooperativas), as entidades oferecem cursos gratuitos em áreas importantes da indústria e comércio.
O Sistema S conta com uma rede de escolas, laboratórios e centros tecnológicos espalhados por todo o território nacional. Também há ofertas de cursos pagos, geralmente com preços mais acessíveis do que oferecidos por instituições particulares de ensino.
Qualificar e promover o bem-estar social e disponibilizar uma boa educação profissional é a finalidade do Sistema S, que conta com 11 instituições, entre elas o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), que dá orientações sobre como abrir e gerenciar uma empresa e contratar funcionários. Veja as outras:
∗ SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) - a quem cabe a
educação profissional e aprendizagem industrial, além da prestação de serviços de assistência técnica e tecnológica às empresas industriais.
∗ SESI (Serviço Social da Indústria) – promove a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e de seus dependentes por meio de ações em
educação, saúde e lazer.
∗ IEL (Instituto Xxxxxxx Xxxx) – capacitação empresarial e do apoio à pesquisa e à inovação tecnológica para o desenvolvimento da indústria.
∗ As três instituições acima são subordinadas à Confederação Nacional da Indústria. Além dessas, outras organizações do Sistema S são:
∗ SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) – educação profissional para trabalhadores do setor de comércio e serviços.
∗ SESC (Serviço Social do Comércio) – promoção da qualidade de vida dos trabalhadores do setor de comércio e serviços.
∗ SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) – educação profissional para trabalhadores rurais.
∗ SENAT (Serviço Nacional de Aprendizagem em Transportes) – educação profissional para trabalhadores do setor de transportes.
∗ SEST (Serviço Social de Transportes) – promoção da qualidade de vida dos trabalhadores do setor dos transportes.
∗ SESCOOP (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo) – aprimoramento e desenvolvimento das cooperativas e capacitação
profissional dos cooperados para exercerem funções técnicas e administrativas.
Cabe destacar que as ações desenvolvidas por estas instituições referem-se a formação de recursos humanos qualificadas, mas não são especificas para APLs, sendo voltadas para a estrutura produtiva como um todo. Mais especificamente, em relação ao SEBRAE cabe destacas as ações relacionadas ao SEBRAE Mais. Segundo o site do SEBRAE, o SEBRAE Mais oferece diversas soluções para empresas que buscam a evolução de seus negócios.
Com o programa, o empreendedor tem a oportunidade de implantar modelos avançados de gestão empresarial, ampliar sua rede de contatos, implantar estratégias para estimular a inovação na sua empresa, analisar os aspectos fundamentais da gestão financeira e melhorar o processo de tomada de decisões gerenciais. O programa é composto por conjunto de soluções que são aplicadas conforme as necessidades da empresa. O programa reúne diversas modalidades – consultoria individualizada por empresa, workshops, capacitação, palestras e encontros – direcionadas para o empreendedor que busca práticas mais avançadas de gestão.
As soluções que fazem parte do programa são:
∗ Estratégias empresariais
∗ Gestão da inovação - inovar para competir
∗ Planejando para internacionalizar
∗ Gestão Financeira - do controle à decisão
∗ Encontros Empresariais
∗ Empretec
∗ Gestão da Qualidade
∗ Ferramentas de Gestão Avançada
Ainda buscando ao aprimoramento das capacitações empresariais, o IEL possui dois níveis de cursos. O Curso de Capacitação Empresarial tem o objetivo de proporcionar oportunidades de fortalecimento dos negócios por meio de cursos que desenvolvem competências em temas prioritários como gestão empresarial, finanças, marketing, logística, custos, legislação e lideranças, entre outros. Em contrapartida o programa de Educação Executiva foi concebido para aperfeiçoar o conhecimento empresarial na área de gestão estratégica, o programa do IEL oferece capacitação de excelência para dirigentes das empresas brasileiras dentro dos mais moder nos conceitos e práticas de gestão empresarial, permitindo sua aplicação à realidade e às suas necessidades.
Em relação ao segundo grupo, mais especificamente as estratégias voltadas para a formação de gestores em APLs, ressalta-se que estas ações são identificadas numa escala mais reduzida. Para este grupo destaca -se a Oficina Gestão de Negócios em APL, desenvolvida pelo Banco do Brasil. Segundo o Banco do Brasil, esta oficina tem por objetivo consolidar a estratégia de atuação do Banco do Brasil junto aos Arranjos Produtivos Locais visando evidenciar a oportunidade de geração de negócios e a inserção da empresa nas políticas e ações de desenvolvimento sustentável, de forma que os funcionários possam perceber a importância da atuação em APLs e desenvolver habilidades e atitudes que lhes permitam:
∗ Ter maior visão de negócios coletivos e de finanças de proximidade;
∗ Participar ativamente na Governança do Arranjo Produtivo Local;
∗ Atuar em articulação com entidades parceiras;
∗ Ampliar sua capacidade de planejamento e interação com os atores locais;
∗ Desenvolver espírito cooperativista e associativista;
∗ Conhecer o papel do Banco do Brasil na promoção do desenvolvimento sustentável do País.
Diante disso, pretende-se que essa opção sistematizada de treinamento possa capacitar os funcionários do Banco do Brasil a atender as demandas dos empreendimentos participantes dos APLs. Como destacado o foco da oficina consiste na capacitação dos funcionários do BB a atuarem nos arranjos. Cabe destacar que parte desta oficina é oferecida para o publico em geral, mais especificamente a parceiros do
banco nos APLs. Segue um resumo da estrutura da oficina, segundo informações disponibilizadas pelo Banco do Brasil:
Objetivos da Oficina:
Atuar em Arranjos Produtivos Locais, contribuindo para a estruturação de negócios sustentáveis e relacionando as questões conceituais com as práticas administrativas e negociais cotidianas.
Desempenho Esperado:
∗ Prospectar Arranjos Produtivos Locais a serem apoiados pelo Banco.
∗ Aprofundar conhecimentos sobre as atividades apoiadas pela estratégia de negócios em Arranjos Produtivos Locais – APL.
∗ Participar da governança dos Arranjos Produtivos Locais apoiados pelo Banco
como representante da Empresa, contribuindo para a promoção do protagonismo local.
∗ Realizar negócios sustentáveis com visão coletiva, articulando-se com outros
agentes econômicos e de desenvolvimento.
∗ Buscar sinergia na relação com os parceiros, promovendo a convergência de ações e potencializando conhecimentos.
Conteúdo Programático:
Unidade 1: Arranjos Produtivos Locais
Objetivo da Unidade: Identificar as razões que levaram diversos países, inclusive o Brasil, ao desenvolvimento e implementação de estratégias de atuação em Arranjos Produtivos Locais.
∗ Histórico e Microcenário
∗ Conceito
∗ Documentos legais e relações interinstitucionais no Brasil
∗ Associativismo, Cooperativismo e Redes de Cooperação.
Unidade 2: Sustentabilidade, Estratégia Corporativa do BB e Governança do APL. Objetivo da Unidade: Relacionar sustentabilidade com algumas das estratégias
do BB.
∗ Documentos institucionais de governança corporativa
∗ Compromissos públicos do BB
∗ Desenvolvimento sustentável no BB
∗ Compartilhamento de experiências em APL
∗ Governança de APL
Unidade 3: Arranjos Produtivos Locais no BB.
Objetivo da Unidade: Reconhecer os norteadores de atuação do BB em Arranjos Produtivos Locais, como instrumento para realização de negócios sustentáveis.
∗ Experiências de atuações do BB em Arranjos Produtivos Locais
∗ Papel do gestor do BB na governança do APL
∗ Estratégia de atuação Carga horária da oficina: 16 horas Público Alvo:
∗ Gerente Geral e Gerente de Módulo UN
∗ Gerente de Segmento e Analista “A” de UT
∗ Superintendente Regional e Analista “A” de UT
∗ Parceiros – Participação no primeiro dia
Número de participantes: 24, sendo 18 internos e 6 convidados externos.
Ainda nos sentido de capacitação gerencial para APLs destaca-se as ações implementadas pela Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento do Estado do Rio Grande do Sul. Esta secretaria desenvolve em parceria com a UNISINOS um Curso de Capacitação de Agentes Gestores em APLs, com o objetivo de capacitar os participantes para atuarem como agentes gestores em Arranjos Produtivos Locais do estado do Rio Grande do Sul. O curso é organizado em dois módulos. No primeiro são apresentado e discutidos os conceitos fundamentais para compreensão dos elementos que constituem e caracterizam um APL. O segundo módulo objetiva capacitar os participantes para a gestão de APLs e, para isso, foram selecionados quatro temas relevantes: planejamento estratégico, elaboração e gestão de projetos, liderança e fontes de fomento a inovação. Tanto o módulo 1 quanto o módulo 2 a carga horária é de 16 horas/aula, sendo ainda prevista um total de 20 horas/aula na modalidade de ensino a distância.
Portanto, este capítulo identificou um conjunto de tendências relacionado ao processo de capacitação de agentes em APLs. Ressalta-se que no âmbito da União Europeia, o conceito utilizado na análise possui certas especificidades e está relacionado a ideia d e cluster industrial. Apesar desta especificidade, podemos tirar algumas lições importantes das estratégias de capacitação adotadas. Estas estão divididas em três níveis
distintos: 1) voltadas ao implemento da capacidade mercadológica e produtiva dos agentes; 2) relacionadas ao efeito demonstração, no sentido de expor as “melhores práticas‟ como exemplos a serem seguidos e; 3) capacitação de gestores para clusters. No Brasil as ações concentram-se em maior escala na capacitação dos agentes produtivos e não são restritas aos APLs, atendendo a estrutura produtiva como um todo. Em menor escala identificam-se ações voltadas especificamente para a formação de gestores de arranjos.
3. Identificação e Definição dos Públicos-Alvo
Como destacado, a utilização de um enfoque conceitual e metodológico baseado na identificação de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais e na avaliação dos fatores que condicionam a inovação e a competitividade no plano setorial e espacial tem assumido grande importância tanto na literatura econômica como na implementação de políticas públicas voltadas para a dinamização da estrutura produtiva de setores e regiões.
Num plano mais geral, a importância crescente atribuída a este tipo de enfoque parte do pressuposto de que a capacidade de geração, difusão e utilização de novos conhecimentos consolida-se como um processo que transcende a esfera da firma individual e passa a abarcar uma dimensão, claramente sistêmica, mediante o estabelecimento de diferentes formas de interação entre as firmas e destas com universo de clientes, fornecedores, bem como com as demais organizações como centros de pesquisa, escolas técnicas, e demais atores públicos e privados, que desempenham um papel relevante na capacitação de arranjos produtivos.
Uma das questões centrais relativas ao enfoque sobre arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais reside nos benefícios que este tipo de configuração gera no sentido de induzir o engajamento de empresas em processos de aprendizado interativo (Cassiolato, Lastres e Maciel, 2005). Em outras palavras, a habilidade das empresas de criar conhecimento vai capacitá-las a interagir com os demais agentes do sistema local de inovação num processo de aprendizado coletivo no qual conhecimentos que são em parte codificados e em parte tácitos são difundidos no âmbito da aglomeração. Tais capacitações são territorialmente localizadas e se refletem no conhecimento incorporado em indivíduos, empresas e na própria estrutura institucional presentes nos arranjos produtivos locais (Vargas, 2002).
Considera-se, portanto, que o uso do referencial conceitual, analítico e metodológico sobre APLs apresenta vantagens do ponto de vista da sua aplicação normativa, tendo em vista os seguintes critérios destacados por Lastres e Cassiolato (2005):
∗ O conceito de APLS representa uma unidade prática de investigação que vai além da tradicional visão baseada na organização individual (empresa), setor ou
cadeia produtiva, permitindo estabelecer uma ponte entre o território e as atividades econômicas, as quais também não se restringem aos cortes clássicos espaciais como os níveis municipais e de microrregião;
∗ Na medida em que parte de uma concepção neo-schumpeteriana de sistemas de inovação, a abordagem de APLs focaliza um grupo de diferentes agentes
(empresas e organizações de P&D, educação, treinamento, promoção, financiamento, etc.) e atividades conexas que usualmente caracterizam qualquer sistema produtivo e inovativo local;
∗ Do ponto de vista empírico o estudo sobre APLs abrange o espaço que simboliza o lócus real, onde ocorre o aprendizado, são criadas as capacitações
produtivas e inovativas e fluem os conhecimentos tácitos; e representa, portanto, o nível no qual as políticas de promoção do aprendizado, inovação e criação de capacitações podem ser mais efetivas.
∗ Por reconhecer que todo sistema local de inovação é, pela sua própria natureza, aberto e permeável, esse conceito permite estabelecer uma ponte entre
condicionantes que operam nas esferas micro, mexo e macro; sociais, econômicas e políticas e entre estas e o território.
Portanto, é sugerida uma visão sistêmica da atividade produtiva e inovativa, considerando-se assim toda uma multiplicidade de atores econômicos, políticos e sociais que contribuem para dar contornos específicos às atividades desenvolvidas neste ambiente. Levando em consideração este leque de atores e as muitas possibilidades de inter-relações entre os mesmos, é incorporado na análise o espaço, no qual ocorre o aprendizado, são criadas as capacitações produtivas e inovativas e fluem os conhecimentos tácitos. O uso do conceito de Arranjos Produtivos e Inovativos Locais – ao destacar o papel central do conhecimento e da aprendizagem – exige a elaboração de mecanismos de análise que possam captar dimensões não encontradas nas estatísticas baseadas em divisões territoriais e setoriais tradicionais.
A análise de um arranjo e sistema produtivo e inovativo local, deve necessariamente considerar as atividades principais que norteiam a produção no APL; o conjunto de atividades de apoio, prestação de serviços e de fornecimento de matérias primas e bens de capital; as organizações de apoio, representação, ensino, tr einamento,
pesquisa e promoção; os atores locais ou externos que exercem o papel de coordenação das atividades; e as instituições públicas. Ou seja, a análise deve ir além da cadeia e do complexo produtivo e abarcar todos os atores, que direta ou indiretamente, interagem com os agentes produtivos locais. Além destas características, a análise deve considerar também as especificidades locais, sendo possível que, em algumas circunstâncias, a quantidade e os tipos de atores relacionados ao arranjo sejam reduzidos, bem como, em outras esta quantidade e tipo possam ser de uma amplitude maior. A Figura 3.1 procura resumir, de forma genérica, o desenho de um APL.
Infra-Estrutura Produtiva Nacional
Contexto Geo-Político,
Social e Internacional
Infra-Estrutura Nacional
de Ciência e Tecnologia
Políticas de Financiamento e
Comércio Exterior (ambiente
macroeconômico)
Políticas e Ações das
Agências Nacionais de
Promoção e Fomento a Inovação
APL
Cadeia / Complexo Produtivo
Agentes Sociais, Políticas e
Fluxos de Informações para
Fluxo de Bens e Serviços
Prestadores de Serviços
Mercado, Representantes, Distribuição e Comercialização
Atividade Produtiva Principal
/ “Núcleo Central”
Fornecedores de Matérias- Primas, Bens
Intermediários, Equipamentos e Outros
Poder Público e Organizações Não Governamentais
Organizações de Treinamento, Ensino e Pesquisa
Organizações de Financiamento
Organizações de Apoio e Promoção
Figura 3.1: Desenho de um Arranjo / Sistema Produtivo e Inovativo Local:
Fonte: RedeSist.
Um APL engloba além da cadeia / complexo produtivo, outros atores sociais, políticos e econômicos presentes no local. Em relação à cadeia / complexo produtivo, destaca-se a importância analítica de se identificar e analisar os diversos fluxos tangíveis e intangíveis. Quanto ao arcabouço institucional, verifica-se que os APLs geralmente contam com a participação e a interação não apenas de empresas e suas variadas formas de representação e associação, como também de diversas outras organizações. Neste conjunto estão agrupadas as organizações públicas e privadas voltadas para a formação e capacitação de recursos humanos, pesquisa, desenvolvimento e engenharia e de políticas de promoção e financiamento, incluindo um amplo conjunto de agentes. Entre os quais é possível citar as universidades, organizações de ensino e pesquisa, empresas de consultoria e de assistência técnica, órgãos públicos, organizações privadas e não governamentais, entre outros (Glossário RedeSist, 2005, p.2).
Ressalta-se que a inexistência, nos espaços locais, de um ou mais elementos apresentados na Figura 3.1, não descaracteriza a presença de um arranjo ou sistema produtivo e inovativo local. O foco analítico adotado neste trabalho não possui um caráter excludente, ao contrário disso, uma de suas principais características é incluir na mesma análise as estruturas com baixo grau de articulação e desfragmentadas. Ou seja, a existência de apenas alguns dos elementos apresentados na tentativa de desenhar um APL, inclui este espaço no referencial adotado. Portanto, o entendimento dos processos de aprendizagem, cooperação e inovação nos APLs, deve incluir na análise a ampla gama de atores presentes no local e as formas como estes interagem.
Ainda com base na Figura 3.1, podemos identificar os agentes relevantes que integram a estrutura de um arranjo em seus diversos níveis. Na cadeia produtiva local e na prestação de serviços, encontram-se os estabelecimentos produtivos do APL, ou seja, neste nível os agentes relevantes referem-se aos empreendedores locais. A articulação entre estes empreendedores e a infraestrutura institucional local geralmente é realizada a partir de formas específicas de governança. Esta articulação pode estar materializada na figura de um gestor local no APL, cujo papel refere-se à liderança, direcionamento e apoio as atividades do arranjo. Por fim, identifica-se o papel relevante assumido pelos executores e formuladores de política para APLs, tanto a nível local quanto a níve4l estadual e federal. Este conjunto de agentes é responsável pela elaboração e implementação de politicas para APLs numa esfera mais ampla, que vai além do espaço
específico de um arranjo e busca sugerir medidas de apoio específicas ao conjunto de APLs.
Portanto, com base no enfoque metodológico e analítico, adotado para o entendimento dos APLs, parte-se que os agentes relevantes para estas estruturas podem ser subdivididos em três grupos distintos, quais sejam: agentes produtivos e empreendedores locais, gestores e multiplicadores locais e e xecutores e formuladores de política para APLs. Neste sentido, sugere-se que as ações de capacitação nos arranjos tenham como foco os três públicos destacados. Em função das especificidades assumidas por cada um dos grupos, as ações de capacitação devem necessariamente levar em consideração as demandas especificas de cada um dos grupos, referentes ao tipo de competência a ser desenvolvida nos diversos níveis de agentes. A próxima seção deste capítulo destaca as competências a serem desenvolvidas pelos três “públicos -alvo” destacados.
3.1 Definição de Públicos-Alvo e Competências a Serem Desenvolvidas:
Para facilitar o entendimento, a identificação dos diferentes públicos e as respectivas competências as serem desenvolvidas, esta seção será subdividida. Esta subdivisão assume as especificidades de cada público alvo, no sentido de que as competências a serem desenvolvidas estão relacionadas a inserção dos mesmos na estrutura dos APLs. Parte-se do principio de que a diferentes grupos destacados, necessitam desenvolver competências distintas, relacionadas à função assumidas pelos mesmos nos APLs.
A identificação dos Públicos-alvo do plano nacional de capacitação em APLs, parte das especificidades assumidas pelo referencial metodológico e analítico de arranjos produtivos locais, descritos no primeiro capítulo deste estudo, além da seção introdutória apresentada neste capítulo. Com base nas evidências apresentadas, identificam-se três Públicos Alvo Distintos, quais sejam:
1. Formuladores e Executores de Política para APLs;
2. Gestores e Multiplicadores locais e;
3. Empreendedores e Agentes Produtivos Locais.
3.1.1 Formuladores e executores de política:
A formulação e implementação de políticas para APLs demanda um entendimento pormenorizado dos critérios que levam a seleção dos APLs a serem apoiados, bem como clareza quanto aos objetivos das ações publicas e privadas implementadas nestas estruturas. Tais políticas, não podem ser concebidas de forma isolada, na medida em que estas devem representar os rebatimentos locais dos atividades, setores, cadeias produtivas e demais prioridades elencadas a partir de projetos mais amplos de desenvolvimento local e nacional de longo prazo. A articulação e coordenação das políticas em nível local, regional, nacional e até supranacional torna - se fundamental para o sucesso das mesmas.
Neste aspecto, a proposição de políticas para APLs, que atendam às necessidades do atual contexto de desenvolvimento brasileiro, devem requerer tanto a criação de novas formas de operacionalização dos instrumentos de apoio existentes como também a construção de novos instrumentos e, particularmente de indicadores de avaliação.
Tal esforço, além de envolver a parceira e atuação complementar de uma ampla gama de organismos e agências em diferentes âmbitos de governo demanda a existência de quadros técnicos altamente qualificados em todos os estágios do processo de formulação e execução de políticas públicas para APLs. Entretanto, verifica-se que apesar da crescente adoção do conceito de APL no âmbito das políticas públicas ainda existem importantes lacunas no tocante à capacitação de recursos humanos ligados aos diferentes níveis de operacionalização de instrumentos de fomento e apoio à promoção desse tipo de aglomeração.
Assim, uma das questões centrais no processo de formulação e implementação de políticas para APLs no Brasil diz respeito às limitações do arcabouço institucional sobre os quais repousam a maior parte das ações de apoio ao desenvolvimento de arranjos produtivos locais nos estados, particularmente no que tange à carência de equipes qualificadas tendo em vista o esvaziamento dos quadros técnicos no setor público. A proposta de capacitação de formuladores e executores de políticas para APLs visa, portanto, familiarizar esse importante segmento de atores com o conjunto de conceitos que integram a abordagem analítica e metodológ ica sobre Arranjos e Sistemas Produtivos Locais.
O reconhecimento da importância do conceito de Arranjo Produtivo Local no decorrer das últimas décadas contribuiu para uma proliferação de esforços analíticos que, em última análise, propiciaram um maior entendimento dessas estruturas e, portanto, das possibilidades de intervenção sobre as mesmas.
No campo normativo o termo Arranjo Produtivo Local foi incorporado enquanto objeto de políticas públicas por diversas agências governamentais e não governamentais em âmbito federal, nacional e local passando, inclusive, a substituir outros conceitos supostamente análogos que já haviam sido incorporados na agenda política. A exemplo do que ocorreu no campo conceitual, a inclusão do conceito na agenda de políticas públicas foi acompanhada de um esforço de identificação e localização de aglomerações de norte a sul do país. (Xxxxxx et alii, 2010).
A análise da trajetória recente da aplicação normativa do conceito de APL demonstra, portanto, a insuficiência de procedimentos que se baseiam unicamente na construção de indicadores e mapas com vistas à identificação e quantificação de arranjos a partir de um modelo de referência único e generalizável. Por um lado, tal procedimento apresenta um risco elevado de negligenciar a existência de aglomerações informais de baixa visibilidade do ponto de vista estritamente econômico. Por outro lado, eventuais diferenças em termos da densidade de configurações produtivas tendem a ser erroneamente interpretadas ao serem utilizadas como parâmetros para hierarquização ou classificação em termos de estágios de desenvolvimento.
3.1.1.1 Competências a serem desenvolvidas pelos formuladores e executores de política
Em síntese, a operacionalização de políticas a partir do conceito de APL envolve um conjunto amplo e complexo de questões que devem ser compreendidas e equacionadas pelos formuladores e executores de políticas, dentre as quais convém ressaltar as seguintes:
∗ Em primeiro lugar, já está claro que a percepção do conceito de APL orienta as
formas de intervenção, entretanto, análise recente sobre políticas para APL adotadas nos estados brasileiros demonstrou uma grande diversidade na forma como o conceito de Arranjo Produtivo Local é percebido e utilizado para fins de implementação de políticas nos diferentes estados da federação. Em vários
casos, percebe-se um hiato considerável entre o conceito e práticas adotadas po r organizações de apoio e a concepção conceitual e analítica desenvolvida por grupos de pesquisa de referência como a RedeSist – na qual os objetivos centrais de políticas para APL estão orientados para a criação e difusão de conhecimentos e para o estímulo à consolidação de processos de aprendizado em âmbito local.
∗ Em segundo lugar, também como decorrência desse hiato, observa-se que, de uma maneira geral, as políticas públicas voltadas à promoção de Arranjos
produtivos Locais acabam implicando na manutenção de práticas baseadas em instrumentos tradicionais ainda que revestidos de novos conceitos e rótulos. Essa questão é enfatizada por Lastres (2007) que também destaca a importância de desenvolver referenciais analíticos e normativos que atendam a particu laridade de contextos específicos ao invés de induzir a adaptação da realidade complexa dos arranjos aos modelos disponíveis. Dessa forma, a formulação e adoção de enfoques e políticas uniformes ignora a existência de disparidades, que decorrem não só de fatores econômicos, mas também de diversidades nas matrizes sócio- políticas e das particularidades históricas9. Os formuladores e executores de políticas devem ter em conta, portanto, que a mobilização de um determinado APL geralmente implica conjuntos específicos de requerimentos que variam no tempo e podem levar a caminhos distintos de desenvolvimento.
∗ Em terceiro lugar, conforme já foi destacado, a identificação, quantificação e
identificação de APLs vem ocupando um espaço privilegiado e crescente no âmbito dos esforços de formulação e execução de políticas para APLs. Entretanto, a mera classificação de Arranjos Produtivos Locais a partir de tipologias apresenta limitações na medida em que representa uma forma estática de diferenciação entre realidades locais que estão em permanente processo de transformação e evolução. Assim, tipologias esquemáticas e genéricas assumem pouca relevância na elaboração de esquemas classificatórios que visem priorizar o apoio à APLs em função de critérios como “grau de maturidade” ou “densidade”. Em outras palavras as tipologias tradicionais não conseguem captar o processo de mudança estrutural associado à trajetória evolutiva de APLs.
9 Cassiolato e Lastres, 1999.
Por fim, considera-se que o estabelecimento de um programa de capacitação para gestores responsáveis pela formulação e execução de políticas para APLS deve ter em vista os seguintes objetivos em termos da formação de quadros técnicos:
∗ Propiciar o domínio de diferentes conceitos aplicáveis a políticas de
desenvolvimento baseadas na visão sistêmica e na dimensão regional e local presentes na abordagem sobre Arranjos Produtivos Locais.
∗ Fornecer aos gestores de política elementos analíticos que permitam diferenciar com clareza aquelas situações nas quais a política para APLs apresenta
relevância e validade de outras onde as ações de promoção podem assumem caráter genérico e/ou não se enquadram enquanto políticas para APL;
∗ Fornecer subsídios para formulação de mecanismos e indicadores de avaliação
que permitam uma conexão mais clara entre as politicas para APL e as estratégias sustentáveis de desenvolvimento local e regional.
∗ Fornecer subsídios para formulação e estabelecimento de critérios que permitam
avaliar o impacto decorrente do contexto regional e setorial sobre os limites e potencialidades das políticas para APL;
3.1.1.2 Metas de Atendimento do público-alvo de formuladores e executores de política:
O Programa de Capacitação de Formuladores e executores de políticas para APLs visa atender a crescente demanda de capacitação de quadros técnicos na formulação, implementação e avaliação de políticas voltadas para promoção de aglomerações produtivas.
Como será descrito no próximo capítulo da proposta do Plano Nacional de Capacitação em APLs, sugere-se que para o público-alvo de formuladores e executores de política, sejam desenvolvidos dois cursos distintos, um intermediário e um avançado. Propõe-se que, inicialmente, que as inscrições no programa atendam as seguintes disposições:
∗ Público Alvo: Gestores de políticas públicas que atuam em diferentes
âmbitos de governo (municipal, estadual, federal), que possuam envolvimento direto ou indireto com atividades de formulação, implementação e/ou avaliação de políticas para aglomerações territoriais.
∗ Vagas: sugere-se que semestralmente sejam oferecidas 45 vagas na modalidade de curso intermediário. Na modalidade de curso avançado
sugere-se 30 vagas anuais. Estas vagas deverão ser distribuídas de modo a atender de forma equilibrada as diferentes regiões do país:
Quadro 3.1: Distribuição das vagas / metas de atendimento do público-alvo formuladores e executores de política para APLs:
Região | Vagas Curso Intermediário | Vagas Curso Avançado |
Norte | 7 | 5 |
Nordeste | 10 | 8 |
Xxxxxx Xxxxx | 00 | 0 |
Xxxxxxx | 00 | 0 |
Xxx | 8 | 5 |
Total | 45 | 30 |
3.1.2 Gestores e multiplicadores locais:
O público-alvo em questão refere-se a profissionais atuantes em APLs no Brasil. Estes profissionais atuam como gestores destes arranjos, promovendo ações que elevem as capacitações produtivas, inovativas e mercadológicas dos agentes locais. A inserção destes atores nos espaços locais, se da pela participação dos mesmos na infraestrutura institucional do arranjo, ou pela participação dos mesmos nos núcleos estaduais de APLs. Em síntese os gestores e multiplicadores locais têm um importante papel na governança das atividades do APL.
3.1.2.1 Competências a serem desenvolvidas pelos gestores e multiplicadores locais
A partir da identificação destes agentes, demanda-se o desenvolvimento de competências de modo a contribuírem decisivamente para a melhoria da capacidade competitiva e inovativa dos APLs em que atuam. Neste sentido destacam-se as seguintes competências a serem desenvolvidas por gestores e multiplicadores em APLs:
∗ Capacidade de compreender e analisar os conceitos e teorias a respeito
da dinâmica e da competitividade das aglomerações produtivas;
∗ Capacidade para definir e estruturar o seu papel como líder para a
realização de metas;
∗ Capacidade para reconhecer seu papel como agente de mudanças no âmbito do APL;
∗ Capacidade para negociar com os diversos agentes e atores do APL;
∗ Capacidade para administrar situações profissionais complexas, interagindo, apoiando e negociando com os diferentes atores do APL;
∗ Capacidade para ampliar as relações entre os setores público, não- governamental e privado, promovendo a circulação do conhecimento
voltado à realização de projetos e parcerias;
∗ Capacidade para elaborar, implementar e gerir projetos estratégicos, avaliando impactos e resultados;
∗ Capacidade para entender a importância estratégica da inovação para a sustentabilidade das organizações no APL;
∗ Capacidade de identificar oportunidades em termos de editais e linhas de fomento;
∗ Desenvolver estratégias e atividades relacionadas à criação, busca,
compartilhamento, armazenamento e uso do conhecimento, a fim de alavancar a competitividade das organizações do APL.
3.1.2.2 Metas de Atendimento do público-alvo de gestores e multiplicadores locais:
Cada edição do Curso será formada por uma turma de 25 alunos. Como meta de atendimento do Curso, espera-se atender pelo menos três gestores de APLs de cada estado do Brasil que sejam apoiados por algum organismo seja federal seja estadual e um gestor por estado de APL ainda não apoiado, mas já mapeado.
3.1.3 Empreendedores e Agentes Produtivos Locais:
Como destacado na sistematização de um APL apresentado no inicio deste capítulo, uma dimensão de extrema relevância refere-se à cadeia produtiva do arranjo. Esta cadeia é formada por agentes produtivos e empreendedores que atuam nas atividades produtivas principais, bem como em atividades de apoio e na prestação e serviços. Portanto, este público-alvo é composto pelos agentes produtivos que atuam no
APL, ou seja, os empreendedores locais. Este público é responsável pela produção de bens e serviços no APL e representa o elo central destas estruturas. Estes agentes possuem uma série de capacitações produtivas, inovativas e mercadologias que os permitem atuarem na estrutura produtiva do APL. Estas capacitações são idênticos às desenvolvidas por demais agentes produtivos, que não necessitam necessariamente estarem localizados em APLs.
Em contrapartida, por estarem inseridos num arranjos, estes empreendedores necessitam desenvolver uma série de capacitações, que os habilitem a „tirar‟ melhor proveito das estruturas nas quais eles estão localizados. Estas capacitações são sim especificas e referem-se à localização destes agentes em APLs.
3.1.3.1 Competências a serem desenvolvidas pelos empreendedores e agentes produtivos locais:
Como destacado, além das capacitações produtivas, inovativas e mercadológicas inerentes aos agentes produtivos inseridos ou não em arranjos produtivos locais, para o público-alvo aqui destacado é necessário o desenvolvimento de um conjunto de competências complementares que permitam a apropriação das vantagens relacionadas a inserção nestas estruturas. Portanto, destacam-se as seguintes competências a serem desenvolvidas pelos agentes produtivos e empreendedores dos APLs:
∗ Desenvolver a capacidade de compreender e analisar os conceitos e ao enfoque analítico e metodológico de APLs;
∗ Capacidade de identificar a sua forma de inserção na estrutura produtiva
do arranjo, em termos de participação na estrutura produtiva e na geração de conhecimentos;
∗ Identificar parcerias locais para implementação de estratégias produtivas e inovativas;
∗ Compreender as diversas formas de cooperação e o impacto das mesmas nas capacitações produtivas e inovativas;
∗ Aprimorar a noção de aprendizado interativo, ações cooperativas e desenvolvimento local;
∗ Identificar oportunidades do desenvolvimento conjunto de capacitações produtivas e inovativas;
∗ Desenvolver a capacidade cooperativa e de trabalhar de forma conjunta com demais agentes produtivos.
3.1.3.2 Metas de Atendimento do público-alvo de empreendedores e agentes produtivos locais:
Com base no curso apresentado no próximo capítulo desta proposta, sugerem-se metas de atendimento específicas para cada região do país. Parte-se do princípio que os respectivos cursos, por serem de curta duração, podem ser aplicados com uma periodicidade mensal. Neste sentido, a aplicação dos mesmos deve privilegiar, num primeiro momento, os APLs que são foco de alguma ação institucional. Para facilitar a realização dos cursos, as turmas devem ser formadas por no máximo 40 agentes produtivos locais / empreendedores. Neste sentido, o quadro abaixo sintetiza as metas de atendimento do curso em termos de números de APLs atendidos no decorrer de um ano:
Quadro 3.2: Distribuição das vagas / metas de atendimento do público-alvo de empreendedores e agentes produtivos locais:
Região | Número de APLs a serem atendidos | Número total de Vagas a serem oferecidas |
Norte | 21 | 840 |
Nordeste | 27 | 1080 |
Xxxxxx Xxxxx | 00 | 000 |
Xxxxxxx | 00 | 000 |
Xxx | 9 | 360 |
Total | 81 | 3240 |
4. Definição dos Módulos e das Disciplinas
De forma similar ao capítulo anterior, para facilitar o entendimento este capítulo está dividido em três subseções, cada subseção apresenta de forma pormenorizada as características dos módulos e das disciplinas sugeridas para o processo de capacitação de cada um dos públicos-alvo destacados.
4.1 Curso para Formuladores e Executores de Políticas para APLs:
Esta seção propõe o detalhamento do Programa de Capacitação de Formuladores e executores de políticas para APLs, tendo em vista uma proposta inicial para estruturação do programa em torno de módulos, conteúdos programáticos e disciplinas, a serem ofertadas em duas modalidades de curso: intermediário e avançado.
As atividades desenvolvidas tanto no curso intermediário como no curso avançado terão por objetivo articular e integrar as temáticas teóricas com os casos práticos; promover a reflexão crítica e a participação ativa dos alunos, favorecer o intercâmbio entre os participantes e fornecer ferramentas para ope racionalização das políticas para APLs. Para tanto, as aulas serão implementadas com base em uma proposta de aprendizagem participativa, incluindo métodos ativos de ensino a partir de aulas expositivas (presenciais e não presenciais), oficinas baseadas em estudos de casos; trabalhos em grupos e de painéis de discussão.
4.1.1 Definição dos módulos para os cursos de formuladores e executores de políticas:
Como destacado, para este público-alvo sugerem-se duas modalidades de curso. A modalidade de curso intermediário é destinada a candidatos com qualquer nível de formação e visa promover o nivelamento de gestores de políticas públicas em termos do aparato conceitual e instrumental necessário para promover intervenções qualificadas no
âmbito de APLs. Sugere-se que o processo de seleção nessa modalidade de curso envolva a análise de currículos, realização de entrevistas e a elaboração de uma proposta de trabalho relacionada com a identificação de gargalos e de formas de intervenção em um APL.
Para o curso intermediário propõe-se uma carga horária total de 164 horas-aulas, distribuídas em três módulos que compreendem aspectos teóricos e práticos da gestão de políticas públicas em APLs, conforme descrito na Figura 4.1.
Figura 4.1 – Módulos do curso intermediário para formuladores e executores de políticas
Módulo I
• Discussão da abordagem conceitual e metodológica sobre APLs
• Aplicação dos conceitos sobre APLs
Módulo II
• Ferramentas de gestão para formulação, implementação e avaliação de políticas para
Módulo III promoção de APLs
O primeiro módulo destina-se à discussão e elaboração da abordagem conceitual e metodológica sobre arranjos e sistemas produtivos locais. Este módulo visa o nivelamento do grupo no tocante às vantagens, desafios e aplicabilidade das políticas para promoção de arranjos produtivos no Brasil. Além da discussão sobre o caráter sistêmico da inovação, considera-se que os principais temas e conceitos que devem ser trabalhados neste módulo básico incluem: aprendizado, construção de capacitações, cooperação, interação e governança.
O segundo módulo visa fomentar a discussão sobre a aplicação dos conceitos apresentados no Módulo 1. O módulo contempla tanto a análise dos princípios gerais para operacionalização de políticas para APLs como a discussão de experiências de implementação de políticas nacionais e internacionais de APLs. Dentre os temas relativos à operacionalização de políticas nesse tipo de aglomeração destacam -se, entre outros, o estímulo à cooperação e à integração de competências, a compatibilização e
integração de estratégias e provisão de recursos críticos e instrumentos de financiamento.
O terceiro módulo é composto por disciplinas instrumentais que visam capacitar os participantes no uso de ferramentas de gestão que auxiliem na formulação, implementação e avaliação de políticas para promoção de APLs. Dentre os conteúdos instrumentais a serem ministrados neste módulo estão a elaboração de diagnósticos setoriais; planejamento Estratégico, elaboração de Planos de Negócios para APLs; estratégias de negociação e gestão de conflitos.
A Figura 4.2 busca sintetizar o conjunto de disciplinas que integram cada módulo do curso intermediário, bem como a carga horária prevista.
Figura 4.2 – Disciplinas que integram cada módulo do curso intermediário para formuladores e executores de políticas:
Módulo I
• Discussão da abordagem conceitual e metodológica sobre APLs
• Oficina / Disciplina I: Proximidade territorial, inovação e competitividade (8 h-a)
• Oficina / Disciplina II: Arranjos Produtivos Locais: Conceitos e enfoques (8 h-a)
• Oficina / Disciplina III: Inovação e cooperação em redes e outras formas de cooperação interempresarial (8 h-a)
• Oficina / Disciplina IV: Identificação e caracterização de APLs para fins de política (8 h-a)
Módulo II
• Aplicação dos conceitos sobre APLs
• Oficina / Disciplina I: Implicações normativas do conceito de APL (16 h-a)
•Oficina / Disciplina II: Políticas para a Promoção de APLs: síntese da experiência brasileira e internacional (16 h-a)
•Oficina / Disciplina III: Financiamento de APLs: mecanismos, formatos organizacionais e instrumentos (16 h-a)
•Oficina / Disciplina IV: Novos Formatos Institucionais e Instrumentos para Promoção de APLs (8 h-a)
Xxxxxx XXX
• Ferramentas de gestão para formulação, implementação e avaliação de políticas para promoção de APLs
• Oficina / Disciplina I: Planejamento Estratégico (20 h-a)
• Oficina / Disciplina II: Elaboração de planos de negócios para APLs (20 h-a)
• Oficina / Disciplina III: Gestão de Políticas Públicas para APLs (20 h-a)
• Oficina / Disciplina IV: Implementação e avaliação de políticas para APLs: foco, instrumentos e impactos (16 h-a)
Em contrapartida, a modalidade de curso avançado é destinada a candidatos que já tenham concluído um curso superior (independentemente da área de conhecimento) e estejam aptos a participar de um programa de formação em nível de pós-graduação. A formação de gestores de políticas públicas nesse nível pressupõe o domínio de um aparato conceitual e instrumental que permite uma reflexão mais ampla sobre os aspectos teóricos e práticos que colocam as políticas de promoção de APLs no âmbito de estratégias mais amplas de desenvolvimento regional. Neste nível de formação além da exigência de formação em nível superior, sugere -se que o processo de seleção envolva a análise de currículos, realização de entrevistas e a elaboração de um projeto de qualificação que aborde a situação atual de um APL e apresente uma anál ise sobre estratégias de fortalecimento da base produtiva local e regional.
A estrutura do curso avançado segue a mesma lógica de organização do curso básico com a distribuição dos conteúdos a partir de três módulos (formação teórico- conceitual, formação aplicada e formação instrumental), e um quarto módulo destinado ao acompanhamento do processo de elaboração de monografia por parte dos alunos. A Figura 4.3 destaca os módulos que integram o curso avançado.
Figura 4.3 – Módulos do curso avançado para formuladores e executores de políticas:
• Formação teórico-conceitual
Módulo I
• Formação aplicada
Módulo II
Xxxxxx XXX
• Formação instrumental
Módulo IV
• Monográfia
O primeiro módulo destina-se à discussão e elaboração da abordagem conceitual e metodológica sobre a relação entre as políticas para Arranjos Produtivos Locais e políticas para desenvolvimento econômico local e regional. Assim, além do
nivelamento do grupo no tocante às vantagens, desafios e aplicabilidade das políticas para promoção de APLs, o módulo visa propiciar aos candidatos fundamentação teórica no tocante aos aspectos teóricos do desenvolvimento local e regional e de padrões setoriais de competição e inovação. O segundo módulo visa fomentar a discussão sobre a políticas industriais e tecnológicas e suas formas de articulação com as políticas para promoção de APLs bem como discutir outras questões centrais como a questão do financiamento. O terceiro módulo é composto por disciplinas instrumentais que visam capacitar os participantes no uso de ferramentas de gestão que auxiliem na formulação, implementação e avaliação de políticas para promoção de APLs. Dentre os conteúdos instrumentais a serem ministrados neste módulo estão a elaboração de diagnósticos setoriais; planejamento Estratégico, elaboração de Planos de Negócios para APLs; estratégias de negociação e gestão de conflitos. O quarto módulo é destinado ao estág io supervisionado para elaboração de monografia.
Comparativamente ao curso intermediário, o curso avançado conta com uma carga horária maior e com algumas disciplinas diferenciadas que visam fornecer aos candidatos elementos conceituais que permitam aprofundar a reflexão sobre a relação entre as políticas para promoção de APLs e as estratégias mais amplas de desenvolvimento local e regional.
O curso avançado conta com uma carga horário total de 410 horas-aulas, sendo 290 horas aula organizadas em três módulos de disciplinas e 120 horas destinadas ao estágio supervisionado para elaboração de monografia. A Figura 4.4 apresenta as disciplinas que integram cada um dos módulos.
Figura 4.4 - Disciplinas que integram cada módulo do curso avançado para formuladores e executores de políticas:
Módulo I
• Formação teórico-conceitual
• Oficina / Disciplina I: Arranjos Produtivos Locais: Conceitos e enfoques (30 h-a)
• Oficina / Disciplina II: Inovação, Território e Políticas de Desenvolvimento Local (30 h-a)
• Oficina / Disciplina III: Padrões de concorrência, sistemas de inovação e competitividade (30 h-a)
Módulo II
• Formação aplicada
•Oficina / Disciplina I: Política Industrial e Tecnológica e sistemas locais de inovação (30 h- a)
• Oficina / Disciplina II: Teorias do Desenvolvimento Regional e Teoria da Inovação (30 h-a)
•Oficina / Disciplina III: Financiamento de APLs: mecanismos, formatos organizacionais e instrumentos (30 h-a)
• Oficina / Disciplina IV: Avaliação de políticas públicas para APLs (20 h-a)
Xxxxxx XXX
• Formação instrumental
• Oficina / Disciplina I: Planejamento Estratégico (20 h-a)
• Oficina / Disciplina II: Elaboração de planos de negócios para APLs (20 h-a)
• Oficina / Disciplina III: Gestão de Políticas Públicas para APLs (20 h-a)
• Oficina / Disciplina IV: desenvolvimento de projetos de monografia (30 h-a)
Módulo IV
• Monografia
• Elaboração de monografia (120 h-a)
4.1.2 Definição das disciplinas e bibliografia sugerida para os módulos dos cursos de formuladores e executores de políticas:
Como destacado para o público-alvo referente a formuladores e executores de políticas para APLs, sugere-se a implementação de dois cursos de capacitação distintos, um intermediário e outro avançado. Para facilitar o entendimento as disciplinas serão apresentadas de forma separada para cada um dos cursos.
Curso Intermediário:
Módulo I - Discussão da abordagem conceitual e metodológica sobre APLs
∗ Oficina / Disciplina I: Proximidade territorial, inovação e competitividade
A disciplina visa discutir a relação entre proximidade territorial, aprendizado e inovação em APLs a partir de um marco analítico que busca articular os determinantes setoriais da inovação e da competitividade com elementos que emergem das especificidades territoriais e locais.
Ementa: Dimensão local do aprendizado e da inovação; conhecimento e aprendizado sob as novas condições de desenvolvimento; o global, o local e o caráter sistêmico da inovação no território.
Carga Horária: 8 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
Xxxxxxxxxx X. E; Lastres H. M. M. (Eds.) (1999). Globalização e Inovação Localizada: experiências de sistemas locais do Mercosul, Brasília: IBICT/MCT.
Xxxxxx, X. X. (2002) Proximidade territorial, aprendizado e inovação: Um estudo sobre a dimensão local dos processos de capacitação inovativa em arranjos e sistemas produtivos no Brasil. Tese de Doutorado, Instituto de Economia/UFRJ, Rio de Janeiro. Capítulos 1 e 2.
Xxxxxxx, Xxxxxxx. (1997). The Regional World. New York: The Guilford Press.
∗ Oficina / Disciplina II: Arranjos Produtivos Locais: Conceitos e enfoques
Busca-se propiciar aos participantes uma visão mais homogênea sobre a temática, esclarecendo possíveis discrepâncias comumente identificadas em relação ao enfoque conceitual, metodológico e analítico de APLs a partir da diferenciação das variantes do conceito de APL (clusters, distritos industriais marshalianos, sistemas locais de produção, millieux, etc.).
Ementa: Proximidade territorial, inovação e competitividade: diversidade de enfoques; Polos e Distritos Industriais e Tecnológicos; Clusters industriais nos países em
desenvolvimento; Millieu Inovativo; Sistemas Produtivos Locais; Redes, Sistemas Locais de Inovação; vantagens e desvantagens da diversidade de enfoques conceituais; o enfoque em APLs.
Carga Horária: 8 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
Xxxxxxx, X.(Comp.). Local enterprises in the global economy: Issues of Governance and Upgrading. Cheltenham,RU: Xxxxxx Xxxxx, 2004.
MAILLAT, D. (1996) Territorial dynamic, innovative mileux and regional policy. Entrepreneurshipand Regional Development, n.7, p.157-65.
XXXXXXX, X.; XXXXX, X. (1999) Clustering and Industrialization: Introduction. World Development, v. 27, n.9, p.1503-1514.
Xxxxxxx, W; Xxxxxxx, X.; Garcia, R.; Xxxxxxx, S.”Clusters ou Sistemas Locais de Produção: Mapeamento, Tipologia e Sugestões de Políticas”, Revista de Economia Política, vol. 24, nº 4 (96), outubro-dezembro/2004.
∗ Oficina / Disciplina III: Inovação e cooperação em redes e outras formas de cooperação interempresarial
A disciplina pretende discutir a governança, formas de organização e cooperação em APLS, a partir do conceito de redes de empresas e diferentes formas de cooperação interempresarial, e suas implicações em termos de formulação de políticas.
Ementa: O conceito de redes e sua aplicação na análise de APLs, redes de firmas; sistematização de abordagens teóricas; redes de firmas: elementos morfológicos e dimensões internas; tipologias de redes e redes baseadas na aglomeração espacial de agentes produtivos.
Carga Horária: 8 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
Xxxxxx, X.X. xx X. Cooperação interindustrial e redes de empresas. In. Xxxxxx, D. e Xxxxxxxxxxx L. Economia Industrial: fundamentos teóricos e práticas no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
Xxxxxx, X.X. xx X. Características estruturais e modus-operandi das redes de firmas em condições de diversidade tecnológica. Rio de Janeiro (tese doutorado em economia) – Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1999.
Xxxxxxxxxx, X. X.; Xxxxxx, X. X.; Xxxxxx, M. A.. Arranjos Cooperativos e Inovação na Indústria Brasileira. In: De Negri, Xxxx Xxxxxxx e Salerno, Xxxxx Xxxxxx (org). Inovações, Padrões Tecnológicos e Desempenho das Firmas Industriais Brasileiras. Brasília: IPEA, 2005.
∗ Oficina / Disciplina IV: Identificação e caracterização de APLs para fins de política
A oficina visa propiciar aos participantes, a partir do referencial conceitual e analítico apresentado no módulo, elementos para elaboração de diagnósticos para identificação e caracterização de APLs. Portanto trata-se dse uma disciplina aplicada, na qual os participantes realizarão diagnósticos a partir da experiência acumulada no decorrer do módulo.
Carga Horária: 8 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial.
Módulo II – Aplicação dos conceitos sobre APLs
∗ Oficina / Disciplina I: Implicações normativas do conceito de APL
A disciplina pretende apresentar e discutir elementos de um arcabouço analítico para implementação de políticas para APLs. Analisar políticas capazes de estimular ou restringir o aprofundamento de processos de aprendizado e inovação no âmbito de APLs.
Ementa: O conceito de APL e suas implicações normativas; tipologias e taxonomias: desafios e oportunidades; arcabouço analítico e sistemas classificatórios para APLs.
Carga Horária: 16 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
XXXXXX, Xxxxxx Xxxxx ; XXXXXXXXXXX, Xxxxx ; XXXXXX, Xxxxx Xxxxxxx . As experiências estaduais de políticas para Arranjos Produtivos Locais. In: XXXXXX, Xxxxxx Xxxxx; XXXXXXXXXXX, Xxxxx; XXXXXX, Xxxxx Xxxxxxx; Xxxxx, Xxxxxxx. (Org.). Políticas Estaduais para Arranjos produtivos Locais no Sul, Sudeste e Centro- Oeste do Brasil. 0xx.Xxx de Janeiro: E-papers, 2010, v. 1, p. 41-54.
Xxxxxxxxxx, X.X. e Xxxxxxx, M. “Uma caracterização de arranjos produtivos locais de micro e pequenas empresas”, Capítulo 2 do livro “Pequena empresa: cooperação e desenvolvimento local”, organizado por Xxxxxx X.X. Xxxxxxx, Xxxx X. Cassiolato e Xxxxx Xxxxx Xxxxxx, Relume Dumará Editora, julho de 2003.
∗ Oficina / Disciplina II: Políticas para a Promoção de APLs: síntese da experiência brasileira e internacional
Analisar diferentes experiências de promoção de APLs a partir da perspectiva da gestão de políticas públicas, identificando mecanismos e instrumentos utilizados, bem como fatores que podem contribuir ou restringir o desenvolvimento de APLs
Ementa: Políticas para APL no Brasil; visão geral; experiências estaduais de políticas para APL no Brasil: análise comparativa; a nova geração de políticas para APLs no Brasil.
Carga Horária: 16 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
Xxxxxxxxxx, X.X. and Lastres, H.M.M, (1999), „Inovação, Globalização e as Novas Políticas de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico‟, in Cassiolato, J.E. and Lastres,
H.M.M (eds) Globalização e Inovação Localizada: Experiências de Sistemas Locais no Mercosul, Brasília: MCT/IBICT.
Xxxxxxxxxx, X.X.; Lastres, H. M. M.; Xxxxxxxxxxx, X. Arranjos Produtivos Locais, uma alternativa para o desenvolvimento: experiências de política. V.2. Rio de Janeiro, E- papers, 2008.
∗ Oficina / Disciplina III: Financiamento de APLs: mecanismos, formatos organizacionais e instrumentos
Pretende-se na disciplina, discutir os instrumentos financeiros e os formatos institucionais voltados ao financiamento APLs e seus impactos na formulação de políticas para estas estruturas.
Ementa: Limitações relacionadas á inadequação dos formatos organizacionais e instrumentos de financiamento para APLs, tendências do arcabouço institucional dos relacionamentos entre APLs e o setor financeiro; avaliação da experiência nacional e internacional; novos formatos organizacionais e instrumentos para financiamento de APLs.
Carga Horária: 16 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
XXXXXX, M; XXXXXXXXXX, J. E..; XXXXXX, X. Formatos Organizacionais para Financiamento de Arranjos e Sistemas de MPME. In: Lastres et al (org) (2002). Interagir para competir: promoção de arranjos produtivos e inovativos no Brasil. Brasília, SEBRAE: FINEP: CNPq, 2002.
XXXXXX, Xxxxx Xxxxxxx; XXXXXXXXXX, Xxxx Xxxxxxx; XXXXXX, Xxxxx xx Xxxxx. Instrumentos Financeiros para Arranjos e Sistemas de MPME. In: Lastres et al (org) (2002). Interagir para competir: promoção de arranjos produtivos e in ovativos no Brasil. Brasília, SEBRAE: FINEP: CNPq, 2002.
∗ Oficina / Disciplina IV: Novos Formatos Institucionais e Instrumentos para Promoção de APLs
Esta oficina, de caráter aplicado, visa promover uma discussão, com base no conteúdo do módulo, sobre a adequação dos instrumentos e mecanismos de apoio ao desenvolvimento de APLs, tendo em vista casos concretos de intervenção, vivenciados pelos alunos.
Carga Horária: 8 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial.
Xxxxxx XXX – Ferramentas de gestão para formulação, implementação e avaliação de políticas para promoção de APLs
∗ Oficina / Disciplina I: Planejamento Estratégico
Pretende-se com a disciplina, proporcionar aos participantes os conhecimentos indispensáveis para desenvolver o planejamento estratégico em APLs, por meio do conhecimento dos principais conceitos, das técnicas e ferramentas de elaboração de um plano estratégico.
Ementa: Conceitos, parâmetros e fundamentos, importância do planejamento estratégico governamental como instrumento de gestão;. etapas do planejamento estratégico governamental: avaliação do ambiente externo e interno da organização, Estabelecimento da visão organizacional para o futuro.
Carga Horária: 20 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
XXXXX, Xxxxx X. Administração Estratégia de Mercado. 7ª Edição. Porto Alegre : Bookman, 2007.
XXXXXX, Xxxxxxx X. Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 7ª Edição. Rio de Janeiro : Campus, 1986.
∗ Oficina / Disciplina II: Elaboração de planos de negócios para APLs
A disciplina busca Capacitar os participantes na elaboração e análise de um plano de negócios tanto do ponto de vista da sua viabilidade econômica e comercial. Fornecer os elementos para avaliação de planos de negócios de empreendimentos que integram APLS
Ementa: conceitos básicos, estrutura do Plano de negócios, gestão de projetos, rede Pert/COM, gestão de custos, análise e melhoria de processos.
Carga Horária: 20 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
DEUTSCHER, J. A.; XXXXXX, X. et al. Plano de Negócios: planejando o sucesso de seu empreendimento. Rio de Janeiro: Lexikon, 1999.
XXXX, X. O plano de negócios definitivo. São Paulo: Market Books, 2001. VALERIANO. Gerência em Projetos. Makron Books, 1998.
∗ Oficina / Disciplina III: Gestão de Políticas Públicas para APLs
Busca-se Prover conhecimento e estimular a reflexão crítica, para uma visão estratégica da gestão pública tendo em vista a dinamização de APLs.
Ementa: O ciclo da política pública (formulação, implementação, acompanhamento e avaliação) e o vínculo entre o processo de formulação e implementação. Papel dos diversos atores na definição e implementação de políticas públicas.
Carga Horária: 20 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
XXXXXXXX, X.X.X.X. x XXXXXXXX. M.C.B. (Orgs.). Tendências e perspectivas na Avaliação de Políticas e Programas Sociais. São Paulo, IEE/PUC
-SP, 2001.
XXXXXX, Xxxxxx Xxxxx ; XXXXXXXXXXX, Xxxxx ; XXXXXX, Xxxxx Xxxxxxx . As experiências estaduais de políticas para Arranjos Produtivos Locais. In: XXXXXX, Xxxxxx Xxxxx; XXXXXXXXXXX, Xxxxx; XXXXXX, Xxxxx Xxxxxxx; Xxxxx, Xxxxxxx. (Org.). Políticas Estaduais para Arranjos produtivos Locais no Sul, Sudeste e Centro- Oeste do Brasil. 0xx.Xxx de Janeiro: E-papers, 2010, v. 1, p. 41-54.
∗ Oficina / Disciplina IV: Implementação e avaliação de políticas para APLs: foco, instrumentos e impactos
A oficina, de caráter aplicado, visa dar continuidade ao processo de capacitação dos candidatos no tocante ao processo de avaliação de políticas públicas para APL, através da discussão sobre instrumentos e indicadores de avaliação, elaborados a partir da experiência empírica dos participantes de dos conhecimentos adquiridos durante o módulo.
Carga Horária: 1.6 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial.
Curso Avançado:
Xxxxxx X - Formação teórico-conceitual
∗ Oficina / Disciplina I: Arranjos Produtivos Locais: Conceitos e enfoques
Busca-se propiciar aos participantes uma visão mais homogênea sobre a temática, esclarecendo possíveis discrepâncias comumente identificadas em relação ao enfoque conceitual, metodológico e analítico de APLs a partir da diferenciação das variantes do conceito de APL (clusters, distritos industriais marshalianos, sistemas locais de produção, millieux, etc.).
Ementa: Proximidade territorial, inovação e competitividade: diversidade de enfoques; Polos e Distritos Industriais e Tecnológicos; Clusters industriais nos países em desenvolvimento; Millieu Inovativo; Sistemas Produtivos Locais; Redes, Sistemas Locais de Inovação; vantagens e desvantagens da diversidade de enfoques conceituais; o enfoque em APLs.
Carga Horária: 30 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
Xxxxxxx, X.(Comp.). Local enterprises in the global economy: Issues of Governance and Upgrading. Cheltenham,RU: Xxxxxx Xxxxx, 2004.
MAILLAT, D. (1996) Territorial dynamic, innovative mileux and regional policy. Entrepreneurshipand Regional Development, n.7, p.157-65.
XXXXXXX, X.; XXXXX, X. (1999) Clustering and Industrialization: Introduction. World Development, v. 27, n.9, p.1503-1514.
Xxxxxxx, W; Xxxxxxx, X.; Garcia, R.; Xxxxxxx, S.”Clusters ou Sistemas Locais de Produção: Mapeamento, Tipologia e Sugestões de Políticas”, Revista de Economia Política, vol. 24, nº 4 (96), outubro-dezembro/2004.
• Oficina / Disciplina II: Inovação, Território e Políticas de Desenvolvimento Local
Busca-se discutir os elementos conceituais básicos relativo s à relação entre proximidade territorial inovação e desenvolvimento.
Ementa: A revitalização do conceito de região como espaço de planejamento e políticas públicas; a relação Global-Local e os dilemas e perspectivas do desenvolvimento
regional brasileiro frente à globalização; disparidades regionais e os desafios das políticas de desenvolvimento.
Carga Horária: 30 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
XXXXXXX, Xxxxxx. Globalização e espacialidade: o novo papel do local. In: XXXXXXXXXX, Xxxx Xxxxxxx; LASTRES, Xxxxxx X. X. Martins (Org). Globalização & inovação localizada: experiências de sistemas locais no Mercosul. Brasília: IBICT/MCT, 1999
XXXXXXX, Xxxxxxx. (1997). The Regional World. New York: The Guilford Press.; XXXXXX, X. A natureza do espaço: técnica e tempo razão e emoção, 2ª edição, São Paulo: HUCITEC,1997.
Xxxxxxx, Xxxxxxx. (1994). “Desenvolvimento Territorial na Economia Global do Aprendizado: o Desafio dos Países em Desenvolvimento”. In Xxxx Xxxxx xx Xxxxxxx Xxxxxxx e Xxxxxxx Xxxxx xxx Xxxxxx Xxxxxx (orgs). Globalização, Fragmentação e Reforma Urbana: O Futuro das Cidades Brasileiras na Crise. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S.A.
∗ Oficina / Disciplina III: Padrões de concorrência, sistemas de inovação e competitividade
Pretende-se discutir o conceito de competitividade e seus fatores determinantes a partir de uma abordagem sistêmica. Analisar as diferenças nos padrões setoriais de inovação e concorrência e suas implicações para o desenho e implementação de políticas
Ementa: Determinantes estruturais da inovação. Inovação e concorrência. Regimes tecnológicos e padrões setoriais de inovação. A localização da inovação e sua construção social. Inovação e Território. Sistemas regionais e locais de inovação.
Carga Horária: 30 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
XXXXXX, X.X.; XXXXXX, X.; XXXXXXXXXX, U.(1997) Made in Brazil. Rio de
Janeiro: Campus.
XXXXXXX, X.(1995) The National System of Innovation in historical perspective. Cambridge Journal of Economics, v.19, n.1, Feb.
XXXXXXXX, X. X. (1995) National Systems of Innovation: Towards a theory of innovation and interactive learning. London: Pinter.
Módulo II - Formação aplicada
∗ Oficina / Disciplina I: Política Industrial e Tecnológica e sistemas locais de inovação
Pretende-se apresentar e analisar os conceitos e instrumentos de política industrial e de política de CT&I tendo em vista sua relação e articulação com as políticas de desenvolvimento local e regional
Ementa: política industrial conceitos e diferentes enfoques, política de CT&I e os sistemas locais de inovação, análise da experiência brasileira.
Carga Horária: 30 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
Xxxxxxxxxx, X.X. and Lastres, H.M.M, (1999), „Inovação, Globalização e as Novas Políticas de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico‟, in Cassiolato, J.E. and Lastres,
H.M.M (eds) Globalização e Inovação Localizada: Experiências de Sistemas Locais no Mercosul, Brasília: MCT/IBICT.
Xxxxx, Xxxxxx Xxxxxxxxx. (2000). “Global•Local: Interdependências e Desigualdade ou Notas para uma Política Tecnológica e Industrial Regionalizada no Brasil”. Nota Técnica 9.
∗ Oficina / Disciplina II: Teorias do Desenvolvimento Regional e Teoria da Inovação
A disciplina pretende propiciar a fundamentação teórica relativa à relação entre inovação e desenvolvimento local/regional.
Ementa: Desenvolvimento regional no Brasil: principais tendências. Inovação e desenvolvimento local; Padrões setoriais de inovação; Desenvolvimento local: conceitos e metodologia de análise; Distritos industriais, clusters e arranjos produtivos locais: conceitos e metodologia de identificação; Arranjos Produtivos Locais; descrição de experiências relevantes.
Carga Horária: 30 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
Xxxxx, Xxxxxxx (org) “ Desarrollo económico local y descentralización en América latina: Análisis comparativo”, Proyecto Regional de Desarrollo Económico Local y Descentralización CEPAL/GTZ Santiago de Chile, 2001.
Xxxxxxx, X. Teoria e política do desenvolvimento econômico. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
Xxxxxx, Xxxxxxx, Xxxxxx, Xxxxx, Xxxxx, Xxxxx X. (2002). “Arranjos e Sistemas Produtivos Locais em Espaços Industriais Periféricos”. Revista Economia Contemporânea, 6(2), p. 119•146.
∗ Oficina / Disciplina III: Financiamento de APLs: mecanismos, formatos organizacionais e instrumentos
A disciplina busca discutir os instrumentos financeiros e os formatos institucionais voltados ao financiamento APLs e seus impactos na formulação de políticas para estas estruturas.
Ementa: Limitações relacionadas á inadequação dos formatos organizacionais e instrumentos de financiamento para APLs, tendências do arcabouço institucional dos relacionamentos entre APLs e o setor financeiro; avaliação da experiência nacional e internacional; novos formatos organizacionais e instrumentos para financiamento de APLs.
Carga Horária: 30 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
XXXXXX, M; XXXXXXXXXX, J. E..; XXXXXX, X. Formatos Organizacionais para Financiamento de Arranjos e Sistemas de MPME. In: Lastres et al (org) (2002). Interagir para competir: promoção de arranjos produtivos e inovativos no Brasil. Brasília, SEBRAE: FINEP: CNPq, 2002.
XXXXXX, Xxxxx Xxxxxxx; XXXXXXXXXX, Xxxx Xxxxxxx; XXXXXX, Xxxxx xx Xxxxx. Instrumentos Financeiros para Arranjos e Sistemas de MPME. In: Lastres et al (org) (2002). Interagir para competir: promoção de arranjos produtivos e inovativos no Brasil. Brasília, SEBRAE: FINEP: CNPq, 2002.
∗ Oficina / Disciplina IV: Avaliação de políticas públicas para APLs
Oficina aplica, que busca apresentar e analisar indicadores quantitativos e qualitativos para avaliação de políticas para APLs a partir de critérios que contemplam tanto os impactos sobre o desempenho do APL (produção, emprego, mercados, inovação, etc.), como impactos sobre o desenvolvimento local e sobre a sustentabilidade econômica, política, social e ambiental do território.
Carga Horária: 20 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial.
Xxxxxx XXX - Formação instrumental
∗ Oficina / Disciplina I: Planejamento Estratégico
Pretende-se Proporcionar aos participantes os conhecimentos indispensáveis para desenvolver o planejamento estratégico em APLs, por meio do conhecimento dos principais conceitos, das técnicas e ferramentas de elaboração de um plano estratégico. Ementa: Conceitos, parâmetros e fundamentos, importância do planejamento estratégico governamental como instrumento de gestão; etapas do planejamento estratégico governamental: avaliação do ambiente externo e interno da organização, Estabelecimento da visão organizacional para o futuro.
Carga Horária: 20 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
XXXXX, Xxxxx X. Administração Estratégia de Mercado. 7ª Edição. Porto Alegre : Bookman, 2007.
XXXXXX, Xxxxxxx X. Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 7ª Edição. Rio de Janeiro : Campus, 1986.
∗ Oficina / Disciplina II: Elaboração de planos de negócios para APLs
A disciplina busca capacitar os participantes na elaboração e análise de um plano de negócios tanto do ponto de vista da sua viabilidade econômica e comercial. Fornecer os
elementos para avaliação de planos de negócios de empreendimentos que integram APLS
Ementa: conceitos básicos, estrutura do Plano de negócios, gestão de projetos, rede Pert/COM, gestão de custos, análise e melhoria de processos.
Carga Horária: 20 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
DEUTSCHER, J. A.; XXXXXX, X. et al. Plano de Negócios: planejando o sucesso de seu empreendimento. Rio de Janeiro: Lexikon, 1999.
XXXX, X. O plano de negócios definitivo. São Paulo: Market Books, 2001. VALERIANO. Gerência em Projetos. Makron Books, 1998.
∗ Oficina / Disciplina III: Gestão de Políticas Públicas para APLs
Pretende-se prover conhecimento e estimular a reflexão crítica, para uma visão estratégica da gestão pública tendo em vista a dinamização de APLs.
Ementa: O ciclo da política pública (formulação, implementação, acompanhamento e avaliação) e o vínculo entre o processo de formulação e implementação. Papel dos diversos atores na definição e implementação de políticas públicas.
Carga Horária: 20 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial. Bibliografia:
XXXXXXXX, X.X.X.X. x XXXXXXXX. M.C.B. (Orgs.). Tendências e perspectivas na Avaliação de Políticas e Programas Sociais. São Paulo, IEE/PUC
-SP, 2001.
XXXXXX, Xxxxxx Xxxxx ; XXXXXXXXXXX, Xxxxx ; XXXXXX, Xxxxx Xxxxxxx . As experiências estaduais de políticas para Arranjos Produtivos Locais. In: XXXXXX, Xxxxxx Xxxxx; XXXXXXXXXXX, Xxxxx; XXXXXX, Xxxxx Xxxxxxx; Xxxxx, Xxxxxxx. (Org.). Políticas Estaduais para Arranjos produtivos Locais no Sul, Sudeste e Centro- Oeste do Brasil. 0xx.Xxx de Janeiro: E-papers, 2010, v. 1, p. 41-54.
∗ Oficina / Disciplina IV: desenvolvimento de projetos de monografia
Com base nos conhecimento adquiridos no decorrer do módulo serão realizados seminários para apresentação das propostas de trabalho a serem desenvolvidas pelos candidatos na monografia de conclusão do curso.
Carga Horária: 30 horas/aula.
Modalidade de ensino: Encontro presencial.
Módulo IV – Monografia
∗ Elaboração de monografia
Busca-se na única disciplina deste módulo, estabelecer a conexão entre os módulos teórico, analítico e prático do curso a partir da elaboração de uma monografia que vincule a sistematização dos conceitos e abordagens vistos nas disciplinas, com uma proposta de implementação de um programa de apoio vinculada a um APL específico.
Carga Horária: 120 horas/aula.
Modalidade de ensino: atividades desenvolvidas a distância.
4.1.3 Disposições gerais e mecanismos de avaliação dos cursos de formuladores e executores de políticas:
Após a descrição dos objetivos, ementas, bibliografias das disciplinas de cada módulo, parte-se para a descrição de algumas disposições gerais em relação aos cursos propostos para formuladores e executores de políticas. Em relação às Metodologias das Oficinas / Disciplinas, destaca-se que além das aulas expositivas os cursos preveem a realização de uma oficina de trabalho ao final de cada módulo. A oficina de trabalho visa estimular a discussão em grupos e apresentações em plenário das experiências dos alunos com instrumentos e operações em APLs e/ou em Desenvolvimento Regional.
As oficinas de trabalho realizadas ao final de cada módulo na modalidade de curso intermediário e no módulo 2 do curso avançado, conforme detalhado a seguir:
Curso intermediário
∗ Módulo 1: Identificação e caracterização de APLs para fins de política
∗ Módulo 2: Novos Formatos Institucionais e Instrumentos para Promoção de APLs
∗ Módulo 3: Implementação e avaliação de políticas para APLs: foco, instrumentos e impactos
Curso avançado
∗ Módulo 2: Avaliação de políticas públicas para APLs
O principal objetivo das oficinas é o de promover, a partir das experiências e competências individuais dos participantes, o debate sobre aspectos conceituais e analíticos da abordagem de APLs e os formatos possíveis de políticas voltadas para promoção de arranjos produtivos. As oficinas temáticas serão estruturadas em torno de três momentos distintos.
No primeiro momento, os participantes do curso estarão reunidos em grupos de trabalho para discussão prévia do tema. Os grupos de trabalho contarão com, no máximo, cinco (5) componentes. A conformação dos grupos será orientada pela coordenação do curso de modo a privilegiar a maior diversidade dos componentes do grupo, em termos das suas áreas de especialização e setores de atuação. Para o desenvolvimento das atividades nos grupos será distribuído previamente pela coordenação do curso um roteiro de questões que visa orientar o debate.
No segundo momento, será feita a apresentação de propostas pelos grupos de trabalho. O tempo para a apresentação de cada grupo será de aproximadamente 15 minutos. Num terceiro momento, as conclusões e recomendações dos trabalhos em grupos serão consolidadas em uma plenária ao final da oficina.
Material de apoio:
Todos os participantes receberão como material de apoio:
i) o plano de aulas detalhado e os recursos didáticos (transparências) utilizados pelos docentes nas diversas apresentações e;
ii) uma seleção de textos bibliográficos associados aos conteúdos abordados pelos professores do curso.
iii) postilas especificas para cada módulo (no caso em questão 3 postilas, uma para cada módulo) e desenvolvidas exclusivamente para o Plano Nacional de Capacitação em APLs e com o objetivo de dar apoio ao conteúdo do módulo proposto. Ressalta-se que estas postilas serão desenvolvidas exclusivamente para o curso intermediário, sendo que no curso avançado serão utilizados apenas livros e textos bibliográficos, conforme a bibliografia indicada para cada disciplina.
Avaliação:
Sugere-se uma avaliação especifica para cada uma dos cursos propostos (intermediário e avançado). Em relação ao curso intermediário a avaliação será feita ao final de cada módulo e terá caráter individual, exceto no caso das oficinas de trabalho onde a avaliação será feita por grupo, conforme já destacado.
Para fins de avaliação nos módulos conceituais será exigido um trabalho individual ao final do módulo envolvendo uma sistematização dos principais conceitos e uma discussão preliminar da sua aplicação em algum caso específico de análise de experiências de APLs. A estrutura do trabalho poderá variar em função das orientações de cada responsável pelo módulo de disciplina, entretanto, a aprovação do aluno estará condicionada à obtenção nota igual ou superior a 7 (sete) na avaliação individual do módulo.
No curso avançado, além dos procedimentos já destacados, o aluno irá redigir um trabalho de conclusão do curso, no módulo referente a mon ografia. Esta monografia será apresentada para uma banca avaliadora composta de três membros (orientador mais dois avaliadores). A aprovação do aluno estará condicionada à obtenção nota média igual ou superior a 7 (sete).
4.2 Curso para Gestores e Multiplicadores Locais:
Esta seção propõe o detalhamento do Programa de Capacitação para Gestores e Multiplicadores Locais em APLs. Destaca-se, nesta seção, a proposta dos módulos, do conteúdo programático das disciplinas e os demais detalhes relevantes para a proposta do curso.
O Curso de Capacitação de Gestores e multiplicadores de Arranjos Produtivos Locais (APLs), enquadra-se na modalidade de curso de extensão, tem o objetivo de capacitar os participantes para atuarem como agentes gestores em APLs. Neste sentido os participantes do curso são profissionais atuantes em APLs no Brasil.
4.2.1. Definição dos módulos para os cursos de gestores e multiplicadores locais:
O curso na modalidade de curso de extensão está organizado em três módulos, totalizando uma carga horária de 216 horas-aula. Sugere-se que o processo de seleção nessa modalidade de curso envolva a análise de currículos e realização de entrevistas. Serão candidatos ao curso, os gestores de APLs indicados pelos próprios arranjos, isto é, os gestores reconhecidos pela institucionalidade local, e chancelados pelos Núcleos Estaduais. Uma vez indicados, os candidatos devem fornecer uma carta de apresentação e apresentar seu curriculum vitae. Uma entrevista será realizada com cada candidato, mesmo que de forma virtual (via Skype, por exemplo).
Como destacado, a proposta sugere que um curso estruturado em torno de três módulos, conforme apresentado na Figura 4.5. No primeiro módulo, são apresentados e discutidos conceitos fundamentais para a compreensão dos elementos que constituem e caracterizam os APLs, bem como o ambiente competitivo e inovativo em que se inserem e discutem-se as políticas de apoio aos APLs no Brasil. Para tanto, o primeiro módulo organiza-se em oficinas. Já o segundo e o terceiro módulos objetivam capacitar os participantes para a gestão em APLs e, para isso, foram selecionados temas considerados relevantes: liderança, planejamento estratégico, elaboração e gestão de projetos, negociação, fontes de fomento à inovação, entre outros. Esses módulos também foram organizados em oficinas.
Figura 4.5 – Módulos do curso para gestores e multiplicadores locais:
• APLs: dinâmica e políticas de apoio
Módulo I
• O Papel do Gestor de APLs
Módulo II
• Planejamento e Gestão de APLs
Xxxxxx XXX
A partir dessa estrutura, pretende-se que os participantes tenham condições de compreender elementos conceituais e operacionais que explicam a dinâmica de APLs, bem como instrumentaliza-los com ferramentas de gestão necessárias para a função da gestão estratégica e de projetos nos APLs.
A Figura 4.6 a carga horária e as disciplinas / oficinas que integram cada um dos módulos. A seguir, a carga horária e os temas a serem desenvolvidos ao longo dos módulos são detalhados.
• O Módulo I - APLs: dinâmica e políticas de apoio – compreende quatro oficinas com um total de 24 horas-aula presenciais.
• O Módulo II - O papel do gestor de APLs - compreende quatro oficinas com um total de 48 horas-aula presenciais.
• O Módulo III - Planejamento e Gestão de APLs - compreende seis oficinas com um total de 144 horas-aula presenciais.